quarta-feira, 23 de abril de 2014

Santo Acácio, Bispo (1º século) - 16 de abril

Santo Acácio, Bispo (1º século)



Comem. litúrgica:  16 de abril.

Também  nesta data: Santa Bernardete , São Marçal, Calisto e Júlia

Agatangelo, isto é, bom Anjo, viveu como bispo de Antioquia quando  Décio era imperador romano. Em Antioquia existiam muitos Marcionitas, que abandonaram a religião, quando os católicos guiados pelo bispo, ficaram firmes na fé. O próprio bispo, por motivos de  religião, foi citado perante o tribunal de  Marciano.  Este lhe disse:  " Tens  a  felicidade de  viver sob a proteção das leis romanas. Convém, pois, que honres e  veneres nossos  príncipes, nossos  defensores". Acácio respondeu-lhe: "Quem  poderá ter nisso mais interesse que os cristãos e  por quem o imperador é mais amado, senão por eles? É a  nossa oração constante, que tenha longa  vida aqui no mundo, governe com justiça os povos  e lhe seja conservada a paz; nós rezamos pela  salvação dos soldados  e  de  todas as classes do império".
Marciano:  "Tudo  isto é muito louvável, mas para dar  ao imperador  uma  prova de submissão,  vem comigo e oferece  o sacrifício aos deuses".  Acácio: "Já  te disse  que faço oração ao supremo Deus pelo imperador;  este, porém, como  criatura nenhuma, não poderá exigir de nós que lhe sacrifiquemos".  Marciano: " Dize-me, pois, a que Deus adoras, para que possamos  acompanhar-te em tuas orações".  Acácio:  "Oxalá o conheças!"   Marciano:  "Que nome tem ele?" Acácio: "É o Deus  de  Abraão, Isaac e Jacó"   Marciano: "São deuses também?" Acácio: "Não são deuses, mas homens a  quem Deus se comunicou. Há um só Deus a quem é devida toda a oração".  Marciano:  "Afinal, quem é esse Deus?"  Acácio:  "É o Altíssimo, que tem seu trono sobre Querubins e Serafins"  Marciano:  "Que coisa é Serafim? " Acácio:  "Um mensageiro do altíssimo e príncipe dos mais distintos da corte  celestial" .  Marciano: "Deixa de  contar-nos as tuas  fantasias. Abandona aqueles seres invisíveis e  adora aos  deuses  visíveis".   Acácio: "Dize-me que deuses são"  Marciano: " É Apolo, o salvador dos homens, que nos defende contra  a peste e a fome, que ilumina e governa o mundo"  Acácio: "Eu adorar a Apolo, que não pode  salvar-se a  si mesmo; a Apolo, cujas paixões inconfessáveis  são conhecidas por  Dafne e Narciso; a Apolo que, como um companheiro de Netuno, trabalhou como pedreiro, para ganhar pão;  eu adorar  a Apolo?  Pelo  mesmo motivo podia queimar incenso a  Esculápio, vítima  do assassino  Júpiter, à lúbrica Venus e  a  outros aventureiros do vosso culto. Isto eu nunca farei, embora custe a  minha vida . como poderia adorar divindades, cuja imitação é uma vergonha e  cujos imitadores são punidos pela lei?"   Marciano:  "Sei que vós cristãos, injuriais os nossos  deuses. Por isso eu te ordeno que me acompanhes  ao banquete, que será dado em homenagem a  Júpiter e Juno"   Acácio: " Poderia eu adorar um homem , cujo túmulo ainda existe  na ilga de Creta?  Por acaso ressuscitou?" Marciano: "Basta de palavras:  escolhe entre o sacrifício ou a morte"  Acácio: "Esta é a linguagem dos saltadores na Dalmácia:  a bolsa ou a vida!  Nada. Nada receio;  se fosse eu um adúltero, salteador ou ladrão, eu mesmo me julgaria; se, porém,  me condenam por ter adorado a Deus vivo e  verdadeira,  a  injustiça  está ao lado do juiz".   Marciano: "Tenho ordem de obrigar-te ao sacrifício ou punir tua desobediência"  Acácio:  "Ordem  minha é não negar a  Deus; devo obedecer Deus poderoso e eterno que disse  que negará perante seu Pai àquele  que  negar diante dos homens"  Marciano: "Estás confessando o erro da tua seita, em dizer que Deus tem um filho". Acácio: "Sem dúvida, que tem".  Marciano:  "Quem é este Filho de Deus?"  Acácio: "A palavra da  verdade e  da graça".  Marciano: "Este é seu nome?"   Acácio:  "Não me perguntes pelo seu nome, mas quem era"  Marciano: " Qual é pois  seu nome?"  Acácio: " Jesus Cristo". Marciano: "De que esposa Deus teve este filho?" Acácio:  "Deus  tem seu filho, não de maneira humana, gerado de mulher;  pois o primeiro homem foi criado por suas mãos. De limo da  terra formou  o corpo  humano e deu-lhe um  espírito. O Filho de Deus,o Verbo da Verdade, saiu do coração de  Deus,  como está escrito:  meu coração produziu boa palavra". (S. 44,1).
Marciano insistiu que sacrificasse  aos deuses e  imitasse os exemplos  dos Montanitas, dando assim um bom exemplo de obediência. Acácio, porém, respondeu: " O povo obedece a Deus e não a mim"   Marciano:  "Dize-me os nomes daqueles  que compõem o teu povo"  Acácio:  "Estão escritos no livro da  vida"    Marciano:  "Onde estão os feiticeiros teus  companheiros e  pregadores  de nova doutrina?"    Acácio:  "Ninguém condena a feitiçaria mais do que nós a condenamos"  Marciano: "Esta nova religião, que introduzís, é  feitiçaria"   Acácio:  "É feitiçaria  atirar ao chão ídolos feitos por mão humana? Nós temos medo só daquele, que é Senhor do Universo, que nos ama como um Pai, que como Pastor misericordioso, nos salvou da morte e do inferno".   Marciano: "Dize-me os nomes que te pedi, se quiseres  poupar-te dos tormentos".  Acácio: "Aqui estou diante do tribunal. Desejas  saber o meu nome  e  dos meus companheiros. Como vencerás os outros, se eu sozinho te envergonho?  Pois seja feita a tua vontade. Eu me chamo Acácio, ou Agatangelo, e com este nome sou mais conhecido. Meus companheiros são Piso, bispo de Tróia e o sacerdote Menandro. Agora faze o que entenderes"   Marciano: "Hás de ficar preso, até que o imperador tenha tomado conhecimento do teu processo".
Décio  ficou comovido  pela leitura das atas  e concedeu a Acácio plena liberdade  no exercício da religião. Ignora-se a data da  morte do Santo. Os gregos, egípcios e  todas as Igrejas do Oriente celebram-lhe a festa no dia 31 de março.
Reflexões:
O nosso  século já não é mais  dos  tiranos,  que sob pena  de morte, procuraram extorquir-nos  a  confissão de nossa  apostasia. Cada qual tem bastante liberdade de  seguir a religião que mais lhe agrade. Entretanto dorme em nosso peito um tirano muito mais despótico e cruel, que todos os meios emprega, para de nós  conseguir uma transformação muito mais vergonhosa que a própria  apostasia. Esta transformação consiste em sacrificar a  convicção religiosa a  interesses  materiais. Pior que a apostasia  é o espírito de  utilitarismo, do vil interesse, que degrada  a  religião à simples coisa de conveniência. Para  não cairmos  neste  laço do inimigo de nossa  alma, é indispensável que instruamos solidamente  nos ensinamentos da nossa  religião;  tanto mais fidelidade lhe devotaremos. Nunca nos esqueçamos da palavra do divino Mestre: " Quem me negar diante dos homens, eu o negarei diante de meu Pai". Confessemos, pois, Cristo em nossas palavras e ações, e ele nos confessará  no dia do Juízo Final na presença de Deus e de todas as criaturas.

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