ANO A
Mt 17,1-9
Comentário do Evangelho
Transfiguração de Jesus.
O relato da transfiguração de Jesus é uma prolepse da sua glorificação escatológica. A montanha é o lugar do encontro com Deus, lugar da revelação de Deus (cf. Ex 3,1ss). É na comunhão com Deus que o rosto de Jesus é transfigurado e que o Pai revela o Filho. A nuvem é símbolo da presença de Deus (Ex 16,10; 19,9; 24,15-16; 33,9). Dela sai a voz que interpreta a visão. A voz da transfiguração é idêntica à do Batismo (Mt 3,17); ela evoca tanto o Messias (Sl 2,7) como o servo de Deus (Is 42,1; 44,2). A intervenção de Pedro cai no vazio, pois precipitada. A nuvem luminosa que os envolve é o que os faz entrar na intimidade divina para conhecer o mistério de Jesus a quem eles seguem. Esconderam o rosto e foram tomados de “medo”, pois eles sabiam estar na presença de Deus; sabiam que ver Deus é morrer (Jz 6,23; 13,22; Ex 33,20). Agora, Pedro e os outros dois podem compreender que a verdadeira tenda, isto é, o lugar da habitação de Deus, é Jesus, a quem eles são convidados a escutar, isto é, a aderir incondicionalmente.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, que eu seja capaz de contemplar a cena patética de Jesus pendente da cruz, sem me deixar abater pela estupefação, para poder contemplá-lo glorioso na ressurreição.
Vivendo a Palavra
Pedro rompe o silêncio imposto por Jesus e, cumprida a exigência da ressurreição, lembra em sua carta a voz que ouviu: «Este é o meu Filho amado, que muito me agrada. Escutem o que ele diz.» Que importância nós temos dado em nossa vida à voz do Pai que nos pede para escutar o Filho Amado?
VIVENDO A PALAVRA
Diante da grandiosa manifestação da divindade de Jesus Cristo, o Filho do Homem antevisto pelo profeta Daniel, parece natural que os Apóstolos quisessem construir tendas e permanecer ali. Mas era preciso descer da montanha para cumprir a missão. Hoje, também nós somos tentados a construir tendas em ‘montes sagrados’, mas o nosso lugar é junto dos irmãos de caminhada pelos campos do mundo.
Reflexão
Hoje subimos juntos com Jesus para fazermos a experiência da transfiguração e assim também descermos com Ele para restaurarmos as realidades com as quais somos desafiados a viver os valores do reinado de Deus.
O relato da transfiguração de Jesus é uma apresentação antecipada da realidade gloriosa da ressurreição do Senhor na qual os discípulos são preparados pedagogicamente para enfrentarem o drama da paixão sem, entretanto correrem o risco de esmorecerem pelo caminho, mas terem presente em seus corações este momento de revelação gloriosa de Cristo!
A narrativa da transfiguração acontece no “sétimo dia”, portanto, seis dias depois (v.1) do primeiro anúncio da paixão. Num lugar retirado, numa alta montanha – representação da experiência de maior intimidade, de maior sintonia com Deus por meio da elevação; tomando consigo três de seus discípulos (e não diante de todos os que o seguiam) a figura de Jesus mudou: rosto brilhante como o Sol e vestes brancas como a luz. Além disso, o fato contou com a presença de Moisés e Elias, personagens emblemáticos do contexto bíblico representando todo o ensinamento da Lei e toda a força da profecia.
Outros elementos também aparecem: Pedro, que chama Jesus de “Senhor” (Identificação do Ressuscitado) em nome dos discípulos sugere a construção de tendas para permanecer nesta experiência prazerosa e agradável. Contudo, a manifestação da presença divina aqui representada pela voz saída da nuvem que a todos cobriu confere uma tarefa importante para as testemunhas desse fato: o reconhecimento de quem é Jesus (“Este é o meu filho amado, nele está o meu agrado” – Identidade) e a nossa responsabilidade diante d’Ele: “…escutai–o! – Missão”.
O medo que se apoderou de todos – os discípulos com o rosto em terra e assustados (v. 6) é anulado por meio das atitudes de Jesus que aproxima-se, toca e lhes fala: “Levantai-vos, não tenham medo” (v.7). O Senhor também lhes recomenda reservar o conteúdo dessa experiência apenas no momento oportuno, enquanto descem do monte.
Reunidos como família de Deus somos convidados a sair das nossas comodidades e numa atitude de peregrinos, romeiros, povo itinerante nos colocarmos a caminho confiantes em Deus e tomando posse de sua promessa, assim como fez Abraão (Gn 12,1-4). Conscientes desta presença divina nós suplicamos essa graça sobre nós (Sl 32/33) a fim de correspondermos dignamente a nossa vocação à santidade por meio de sua eterna bondade (2Tm1,8-10).
Neste tempo quaresmal o Senhor nos convoca a romper com todas as estruturas que desfiguram o seu rosto por meio da opressão dos pequenos e da constante destruição da natureza e que portanto impedem a manifestação gloriosa do filho do Homem. Somos convidados a subir com o Senhor e, uma vez transfigurados pela sua presença redentora, vencermos os nossos medos para então ajudarmos na construção de um mundo melhor.
Pe. Fernando Antonio Carvalho Costa
Reflexão
Jesus, junto com Pedro, Tiago e João, sobe a montanha e lá se transfigura (transforma) diante deles. O Mestre aparece na sua glória (seu rosto brilha e suas roupas ficam brancas) e se mostra vitorioso contra as forças do mal. Moisés e Elias simbolizam o Antigo Testamento: a lei e os profetas. Os discípulos caem na tentação de permanecer nessa realidade fascinante, mas precisam voltar à missão, que se realiza na planície. Da nuvem sai a confirmação de que Jesus é o Filho amado de Deus. É necessário ouvi-lo, pois ele revela o projeto de seu Pai. O desejo de Pedro é a grande tentação de todos os tempos: buscar na religião conforto e segurança. Eles precisam levantar-se e abandonar o medo para enfrentar a realidade da missão, nem sempre fácil. O medo é grande obstáculo que paralisa a Igreja e a impede de assumir sua missão profética, acomodando-a a uma vida tranquila e desobrigando-a de se preocupar com a realidade do povo.
Oração
Ó Jesus, Filho do Homem, pela transfiguração, revelaste aos apóstolos que a tua vida não caminha para o fracasso, mas para a glória eterna. Revelaste também que és o Filho amado do Pai, a quem devemos sempre escutar. Concede-nos coração receptivo e ouvidos atentos aos teus ensinamentos. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2020 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp (dias de semana) Pe. Nilo Luza, ssp (domingos e solenidades))
Recadinho
Você se apresenta diante dos irmãos como um transfigurado pela graça de Deus? - Sua presença é alegria? - Seus olhos espelham o brilho de Deus que habita em seu coração? - Cite uma tarefa que sua comunidade faz para ajudar a transfigurar o mundo. - Em seus sofrimentos e lutas do dia a dia Deus está sempre presente?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Meditando o evangelho
O DESTINO DO MESSIAS
Pedro, Tiago e João, os mais destacados do grupo dos discípulos, tiveram o privilégio de “ver” a glória do Messias, antecipada na cena da transfiguração. Este estava destinado a ser glorificado por Deus, e revestido de imortalidade divina.
O episódio evangélico está todo envolvido pela presença divina. O monte, para o qual Jesus e seus discípulos se dirigiram, simboliza o lugar da presença e da comunicação divinas. Dirigiram-se para o alto monte, porque o ser humano deve elevar-se para poder contemplar a manifestação da glória divina.
O rosto de Jesus, “brilhante como o sol”, apontava para a glória dos justos no reino do Pai. Igualmente, o esplendor luminoso de suas vestes.
A presença de Moisés e Elias indicava que as Escrituras – Palavra de Deus – estão todas centradas na pessoa de Jesus. Tudo quanto Deus havia falado a seu povo eleito tinha sido em função do seu Filho amado. Moisés e Elias evocavam o monte Sinai, lugar da manifestação de Deus, onde ambos estiveram.
O auge da presença divina revela-se quando uma nuvem luminosa envolveu Jesus, e a voz celeste se fez ouvir: “Este é o meu filho amado, que muito me agrada. Escutem o que ele diz!”.
Assim, os discípulos estavam em condições de compreender a verdadeira identidade de Jesus, na sua condição humana e divina. Este seria um dado importante para quem haveria de ver o Mestre tornar-se vítima da incompreensão das lideranças religiosas do povo.
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total).
Oração
Pai, que a transfiguração leve-me a confessar Jesus como teu Filho amado, e a reconhecer que sou chamado a expressar o esplendor divino que trago dentro de mim.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O AMOR QUE TRANSFIGURA
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Para quem não conhece o Monte Tabor onde teria ocorrido a transfiguração de Jesus, é uma alta colina localizada no Leste do Vale de Jizreel, 17 km a oeste do Mar da Galiléia e o seu topo está a 575 metros acima do nível do mar. Entretanto, não se pode afirmar com absoluta certeza, que essa referência geográfica no episódio da Transfiguração do Senhor, é verdadeira, principalmente quando se sabe que o evangelista São Mateus escreveu para os Judeus e sempre há em seus relatos, uma forte relação entre Jesus Cristo e Moisés.
De qualquer forma o texto nos revela que os discípulos Pedro, Tiago e João, fizeram essa profunda experiência, onde Jesus lhe revelou a sua Divindade. Não é por acaso que na narrativa de Mateus, aparecem ao lado de Jesus o Libertador Moisés e Elias, uma das maiores referências como profeta do Antigo Testamento, é uma catequese que tem como pano de fundo o Judaísmo, comprovando que Jesus é de fato o Messias, aquele que havia sido prometido na Escritura Antiga, e até prefigurado em alguns personagens da História de Israel. A partir de agora, a humanidade não irá mais precisar da Lei e dos Profetas, Jesus não trouxe uma nova Lei ou Aliança, Ele próprio é a Nova Aliança, aquele que de modo único e excelente nos revela o Pai.
Mas o que esse fato refletido no evangelho pelas comunidades de Mateus, tem a ver com a realidade das nossas comunidades cristãs? Sabemos que Jesus é Nosso Deus e Senhor, mas quais as consequências que esta Fé traz em nossa vida? A cada domingo, Dia do Senhor, Jesus convida todos os cristãos a “subirem a montanha”, isso é, a fazerem essa “ascese” nas nossas celebrações. Embora humana, com uma Liturgia que comporta elementos culturais, cada celebração é envolvida pelo Mistério de Deus, como a nuvem que desceu sobre a montanha.
No ambiente celebrativo de nossas igrejas cristãs, de muitos modos Jesus manifesta a glória da sua Divindade, mas de modo excelente na Eucaristia e na Palavra, onde mediante a Fé, podemos sim contemplar a sua glória, sentir a sua presença a conduzir, animar e alimentar os seus, em comunhão com Ele em torno de uma mesa que é a Mesa da Palavra ou da Eucaristia. Moisés e Elias são uma referência importante para todos nós, não como meros personagens históricos, mas como homens que fizeram a experiência de Deus, enquanto anunciadores de uma Libertação que em Jesus atinge a sua plenitude e transcende o meramente histórico, libertando-nos do mal do pecado. O profetismo de Elias anuncia a Palavra Libertadora, o homem nasceu para ser livre, mas a sua liberdade está em Deus, que não permanece impassível diante do sistema opressor que não considera o dom da Liberdade, por isso, a Palavra libertadora se faz ação em Moisés deus vê, ouve, desce e liberta o seu povo. Jesus eleva essa liberdade á sua plenitude, concretizando as promessas de Deus nesse sentido.
O entusiasmo de pertencer a uma comunidade cristã, o privilégio de poder fazer essa experiência com os irmãos e irmãs nas celebrações dominicais, pode nos levar a cometer o mesmo erro de Pedro: o de querermos permanecer apenas na dimensão celebrativa- contemplativa, acomodar-se na Mística e fazer da experiência com Cristo algo muito particular, é esse o significado de querer fazer tendas, e de fato muitos fazem, isolando-se na comunidade ou no seu grupo ou pastoral, achando que a vivência cristã se resume apenas nessa experiência religiosa.
Quando contemplamos a Divindade de Jesus e ficamos só nisso, sentimos medo, porque é impossível compreender um Deus revestido de glória, encarnado em nossa miséria humana. O Sagrado sempre e Sagrado sempre exerceu essa ambiguidade sobre o homem, o encanta, o atrai e fascina, mas também causa medo, quando se está diante do Mistério. Mas Jesus, que tocou nos discípulos, toca também em cada membro da comunidade: “Levantai-vos, não tenhais medo”. E ao descer da montanha, só veem Jesus caminhando com eles pela encosta da montanha. Eis aqui o grande desafio, vermos Jesus no irmão ou irmã da comunidade, que caminha com a gente, perceber esse Deus extremamente humano, percorrendo nossos mesmos caminhos, sem nunca deixar de ser o “Outro”, o Transcendente.
E assim, pela sua encarnação recebemos a Graça Divina, e podemos nos abrir para que o Espírito Santo nos renove nos transforme e nos transfigure no dinâmico processo da conversão, e diferente dos apóstolos Pedro, Tiago e João, ao término da celebração, quando descemos da “montanha”, somos enviados para proclamar bem alto as maravilhas de Deus, a darmos testemunho do evangelho, mostrando que somente na Ressurreição do Senhor encontramos o sentido para a nossa vida terrena.
Derrubemos, portanto, as tendas do nosso comodismo, de uma Fé desvinculada da Vida, nesse segundo domingo da quaresma, e como o Patriarca Abraão, coloquemo-nos á caminho dessa Terra das Promessas, onde cada homem e cada mulher, vivendo em Deus, atingirá a felicidade em seu sentido mais pleno, irradiando em si, a mesma luz fulgurante do Cristo, Homem Deus e Deus Homem, o novo Moisés que nos conduz com segurança a esta terra, cuja estrada passa exatamente na experiência humana, estrada que nosso Deus feito homem também percorreu, e que nos conduz á glória de uma Vida em comunhão definitiva com Ele, que em Cristo nos aceitou também como “Filhos e Filhas, em quem Ele põe todo o seu agrado”.
2. Senhor, é bom ficarmos aqui! - Mt 17,1-9
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)
Um frade agostiniano morreu. Chegando à porta do céu, viu Santo Agostinho parado diante da porta entreaberta. O frade se assustou quando viu o santo ainda na porta do céu. Ele, tão santo, ainda não tinha entrado depois de tantos anos? O que seria então do pobre frade que não era tão santo? Chegando perto de Santo Agostinho, perguntou-lhe suavemente: “Pai, o senhor ainda não entrou no céu?”. Santo Agostinho movimentou-se, como alguém acordando do sono, e exclamou: “Estava tão bom e tão bonito que me esqueci de entrar”. O frade podia fazer uma tenda para Santo Agostinho, mas os dois decidiram entrar e se abrigar sob a única tenda do amor de Deus misericordioso.
HOMILIA
ESTE É O MEU FILHO AMADO; OUVI-O
Em Mt 17, 1-9, Jesus nos mostra sua Majestade e seus sofrimentos para nos ensinar que não há triunfo se não houver batalha.
Pouco depois de explodir o coração de S. Pedro em cesárea, quando proclamou Jesus Cristo como Filho de Deus, a Transfiguração vem confirmar e vem dar aos três melhores discípulos um antegozo da glória definitiva antes das amarguras passageiras da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo.
Este Mistério é-nos contado por S. Marcos, S. Mateus e S. Lucas. O Divino Salvador, que recapitulava em Si todas as grandezas do povo eleito, conversa com Moiséis e Elias, os dois arautos que tinham parcialmente preferido a Sua Missão. Tem havido santos que numa hora decisiva da existência, ouviram uma voz divina. Assim Paulo então Saulo, perto de Damasco, ou tiveram aparições do céu.
Na Transfiguração temos isso e mais. A cena gloriosa do Tabor destina-se a colocar na sua verdadeira luz a bem-aventurada Paixão do Calvário. E a nossa vida quotidiana pode ser uma térmica de sofrimentos: oferecido a Deus, torna-se já um vestuário de glória.
Com esta visão sobrenatural Jesus dava uma confirmação à confissão de Pedro: Tu és o Cristo, Filho de Deus Vivo. Aquele instante de glória sobre-humana era o penhor da glória da ressurreição. O Filho do Homem vivia na glória do Seu Pai. O próprio tema do colóquio com Messias.
A Transfiguração que faz parte do mistério da Salvação, é bastante merecedora de uma celebração litúrgica, que a igreja, tanto do Ocidente como do Oriente celebrou de vários modos e em diferentes datas, até o papa Calisto II a estender à igreja universal.
Quando Deus veio à terra, na pessoa de Jesus, adotou uma forma humana. Fisicamente, Jesus se parecia como qualquer outro homem. Ele teve fome, sede, cansaço, etc. Sua divindade foi vista apenas indiretamente, em suas ações e suas palavras. Mas, numa ocasião, a glória divina interior de Jesus resplandeceu e se tornou visível. A história é contada em Mateus 17:1-8:
Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro e aos irmãos Tiago e João e os levou, em particular, a um alto monte. E foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandecia como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele. Então disse Pedro a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei aqui três tendas; uma será tua, outra para Moisés, outra para Elias. Falava ele ainda, quando uma nuvem luminosa os envolveu; e eis, vindo da nuvem, uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi. Ouvindo-a os discípulos, caíram de bruços, tomados de grande medo. Aproximando-se deles, tocou-lhes Jesus, dizendo: Erguei-vos e não temais! Então, eles, levantando os olhos, a ninguém viram, senão Jesus.
O mandato novo é de obediência ao representante de Deus na terra. Quem me ouve, ouve o Pai. Mais: quem a vós ouve é a mim que ouve(Lc 10, 16). Não somos divinos nem únicos para determinar nossas circunstâncias. Por isso todo aquele que quiser ter uma vida própria e independente não pode ser discípulo de Jesus: a da obediência. A regra da vida plena não é fazer o que convém mas a obediência manifestada nas palavras da nuvem. A vontade divina manifestada na Palavra que desceu do céu, demonstra a vontade divina que é a norma das vidas que dEle depende.
Pai, que a transfiguração me leve a confessar Jesus como teu Filho amado, e a reconhecer que sou chamado a expressar o esplendor divino que trago dentro de mim.
Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
HOMILIA DIÁRIA
Jesus nos aponta a luz, a direção e o caminho do céu
A transfiguração de Jesus nos aponta a luz, a direção e o caminho do céu. Permitamos que essa luz do alto resplandeça em nossa vida e nos dê ânimo, fé e coragem!
“E foi transfigurado diante deles; o seu rosto brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz” (Mateus 17, 2).
A Igreja nos dá a graça de celebrarmos hoje a Festa da Transfiguração de Jesus, que, de tão importante por ter um sentido tão profundo para a nossa fé, merece uma celebração à parte na liturgia. Mesmo que nós meditemos este mesmo Evangelho em outros domingos, em outro dia, vale a pena meditar e celebrar o dia em que Jesus, bem antes de Sua morte, subiu à montanha sagrada e diante dos apóstolos Pedro, Tiago e João transfigurou-se, isto é, mudou a figura diante de Seus discípulos, o Seu rosto brilhou como o sol e Suas vestes brancas ficaram como uma luz única.
Nós hoje celebramos a festa da luz, da luz que vem do céu, da luz que brota do Cristo vivo e ressuscitado, que ilumina a nossa vida. É importante dizer isso, porque, muitas vezes, no fundo da nossa alma, caminhamos na penumbra, na incerteza, no medo e na insegurança por não sabermos o que será da nossa vida depois. O pânico que a morte causa na vida de muitas pessoas! “O que vai ser de mim? Vou morrer um dia!”.
Eucaristia, que faz transfigurar e transparecer a vida nova do Cristo em nós, a nossa vida fica muito humana e terrena e perdemos a direção do céu. Ao transfigurar-se diante desses apóstolos Jesus lhes antecipa como será a ressurreição futura.
A transfiguração de Jesus, hoje, é para nos apontar a luz, a direção e o caminho do céu, e para que não percamos essa luz chamada Cristo Jesus. Permitamos que a luz, que vem do alto, resplandeça em nossa vida e nos dê ânimo, fé, coragem e a certeza de que, um dia, também estaremos gloriosos com Ele no céu!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Oração Final
Pai Santo, dá-nos um coração sensível, capaz de perceber tua presença na obra da Criação, nos irmãos do caminho, nos sinais dos tempos que vivemos. Faze-nos agradecidos por tanto carinho, especialmente pelo Cristo Jesus, teu Filho que se fez humano, habitou entre nós e, ressuscitado, contigo reina na unidade do Espírito Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai que tanto queremos adorar, também nós nos extasiamos diante do Mistério de Jesus Eucarístico, encantados com sua Glória. Dá-nos a consciência de nossa sublime missão: receber o próprio Corpo de Cristo – fazendo-nos um com Ele, – não para possuí-Lo, mas para leva-Lo aos irmãos, até onde a nossa presença os possa alcançar, com o testemunho de uma existência que exale Amor e compaixão. Por Jesus, o Cristo teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.