ANO B
Mc 1,40-45
Comentário do Evangelho
O segredo messiânico
No último dia 11, já apontamos a gravidade religiosa da lepra e como ela era tratada pelo sistema judaico de pureza. Se no texto paralelo ao de hoje, a saber, Lc 5,12-16, é o narrador quem diz da recomendação de Jesus de que o homem purificado não dissesse nada a ninguém, em Marcos é o próprio Jesus quem toma a palavra: "Não contes nada a ninguém.". Com isso estamos diante de uma das características do segundo evangelho: o "segredo messiânico". Esse recurso teológico-literário tem uma dupla finalidade: a) permitir que o ouvinte ou leitor do evangelho responda, ele mesmo, à pergunta central do evangelho segundo Marcos: "quem é Jesus?"; resposta que só pode ser dada ao fim da narração evangélica; b) não identificar Jesus com qualquer corrente messiânica do seu tempo, mas manter o ouvinte aberto à novidade de Jesus Cristo. Não obstante a recomendação, a fama de Jesus se espalha. Ele não é o promotor de sua fama, ao contrário, "ficava fora, em lugares desertos, mas de toda parte vinham a ele".
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Senhor Jesus, move meu coração para fazer o bem a quem precisa de misericórdia. Que eu seja tua presença amorosa junto deles.
Vivendo a Palavra
Jesus quebra preconceitos: a Lei proibia que pessoas sadias tocassem em leprosos e pecadores públicos, entre outros. Mas o Mestre se faz próximo daquele homem, para nos ensinar a quebrar distâncias entre os homens e a nos fazermos todos irmãos, como filhos do mesmo Pai.
VIVENDO A PALAVRA
Jesus quebra preconceitos: a Lei de Moisés proibia que pessoas sadias tocassem em leprosos e pecadores públicos, entre outros. Mas o Mestre se faz próximo daquele ser desprezado, para nos ensinar a quebrar distâncias entre os homens e a nos sentirmos irmãos, pois somos todos filhos do mesmo Pai, que é misericordioso.
vIVENDO A PALAVRa
Duas vontades se encontraram: a do leproso, que queria sarar e confiava no poder de Jesus; e a do Mestre, que tinha Poder e amava os irmãos sem excluir ninguém. Hoje essas duas vontades ainda se encontram: o mundo doente que quer ser curado, e Jesus Cristo – através dos discípulos, a quem foi dado o poder de curar e libertar. A oração, o jejum e a esmola – compreendidos e vividos como nosso Mestre ensinou – nos darão força para ocupar o lugar que é nosso.
Reflexão
Uma das promessas que sempre estão presentes nas profecias do Antigo Testamento a respeito dos tempos messiânicos é a cura da lepra. Isso acontece porque a lepra era uma das doenças mais temidas entre as pessoas, principalmente porque uma das suas conseqüências era a exclusão social e religiosa. Ao curar uma pessoa da lepra, Jesus não apenas o livra da doença em si que a faz sofrer como também a reintegra na vida social e religiosa. Por isso entendemos a alegria do homem que foi curado, que fez com que ele não fosse capaz de guardar o fato só para si, mas passou a divulgá-lo de tal modo que Jesus não podia mais aparecer em público.
Reflexão
No tempo de Jesus, a lepra era considerada contagiosa e sinal de pecado; por isso, o leproso era afastado do convívio social e, conforme o ensinamento da sinagoga, sentia-se excluído do acesso ao Reino de Deus. O sistema marginalizava os que mais precisavam de ajuda. Isso provoca a ira de Jesus, que faz exatamente o contrário. Não só acolhe o leproso, mas toca nele, sem reservas nem medo de se contaminar, devolve-lhe a saúde e o reintegra na sociedade. A repercussão do fato poderia provocar a euforia da população e chegar aos ouvidos dos dirigentes, cuja preocupação urgente seria abafar a popularidade de Jesus. Daí a proibição de Jesus ao ex-leproso, para não espalhar a notícia. Por achar a cidade um ambiente hostil à sua presença e obra, Jesus ficava em lugares desertos e aí acolhia as multidões.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)
Reflexão
No tempo de Jesus, a lepra era considerada contagiosa e sinal de pecado; por isso, o leproso era afastado do convívio social e, conforme o ensinamento da sinagoga, sentia-se excluído do acesso ao Reino de Deus. O sistema marginalizava os que mais precisavam de ajuda. Isso provoca a ira de Jesus, que faz exatamente o contrário. Não só acolhe o leproso, mas toca nele, sem reservas nem medo de se contaminar, devolve-lhe a saúde e o reintegra na sociedade. A repercussão do fato poderia provocar a euforia da população e chegar aos ouvidos dos dirigentes, cuja preocupação urgente seria abafar a popularidade de Jesus. Daí a proibição de Jesus ao ex-leproso, para não espalhar a notícia. Por achar a cidade um ambiente hostil à sua presença e obra, Jesus fi cava em lugares desertos e ali acolhia as multidões.
ORAÇÃO
Ó Jesus, bondoso Mestre, compreendemos o motivo de tua ira diante do leproso. Tua indignação é contra a instituição religiosa que marginaliza as pessoas e despreza as vítimas da lepra. O Deus que revelas para nós é um Deus misericordioso, compassivo e que acolhe a todos. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2021 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp e Pe. Nilo Luza, ssp)
Meditando o evangelho
OS LUGARES DESERTOS
O assédio das multidões fazia Jesus evitar as cidades e preferir os lugares desertos, para onde acorria quem precisava de sua ajuda. Esta opção explica-se pelo desejo de realizar sua missão com plena liberdade, sem ser pressionado pelos ideais messiânicos, largamente difundidos nos meios populares. O deserto era apropriado para ele se proteger.
Mas é possível fazer uma interpretação simbólica desta opção de Jesus. O imaginário da época reportava-se às agruras do êxodo do Egito, quando pensava no deserto. Sendo desabitado, sem vegetação, este se torna perigoso e mortífero. O deserto é lugar de provação. Nele é preciso escolher entre confiar em Deus ou confiar em si mesmo e nas capacidades pessoais de vencer os desafios.
A configuração terrível do deserto gerou a crença de que, nele, habita o Diabo, como se fosse o lugar escolhido, por ser neutro, para o confronto com Deus. As cenas evangélicas da tentação são, por isso, situadas no deserto, para onde Jesus é conduzido pelo Espírito.
Escolhendo o deserto como lugar de ação, Jesus combatia o inimigo da humanidade, dentro dos domínios deste. Esta luta sem trégua marcou a ação do Mestre, pois a implantação do Reino supunha a derrota das forças diabólicas. Ele as enfrentou e venceu, com destemor. Sinal disto foram as curas e os milagres realizados nas regiões desertas. Com a chegada de Jesus, o Diabo perdeu o poder de oprimir o ser humano.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Pai, dá-me forças para combater e vencer as forças do mal que impedem o Reino acontecer na minha vida e na história humana.
Meditando o evangelho
JESUS COMPADECIDO
É comovente contemplar a sensibilidade de Jesus, em relação aos sofredores. Tem-se a impressão de que, quanto maior o sofrimento humano, tanto maior sua capacidade de comover-se. Nestas horas, a misericórdia falava mais alto.
O encontro com o leproso tocou, fundo, no coração de Jesus. Imaginemos aquele homem deformado e repelente, lançando-se aos pés do Mestre, em cujas mãos colocava a própria cura: "Se queres, tu tens o poder de curar-me!"
A reação natural seria a de censurá-lo, e ordenar que se afastasse, pois os leprosos não podiam conviver com as pessoas sadias. Outra reação seria a de afastar-se sem demora, para evitar o risco de contágio e o da impureza adquirida pelo simples contato com o doente.
Tudo se passa de forma diferente com Jesus. A presença daquele homem sofredor move-o à compaixão. Daí o gesto inesperado: Jesus toca o leproso. Sem dúvida, houve quem se escandalizasse e passasse a considerá-lo como impuro, como faziam com quem entrava em contato com os portadores da lepra.
Este tipo de tradição não tinha nenhum valor para Jesus. Seu único desejo era ver aquele infeliz livre de sua doença. E o cura!
A reação do ex-leproso é compreensível. Apesar da advertência de Jesus, saiu gritando o que lhe acontecera. A compaixão do Senhor deixou-o maravilhado.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Espírito de compaixão, que a presença das pessoas sofredoras comova-me até às entranhas, e me faça solidário com elas.
COMENTÁRIO DO EVANGELHO
1. Cheio de compaixão, Jesus tocou no leproso e a lepra desapareceu
Um dia, um leproso disse a Jesus: “Se queres, tens o poder de purificar-me!”. A resposta foi: “Eu quero…”. Cheio de compaixão, Jesus tocou no leproso, e a lepra desapareceu. A notícia corre. Muita gente procura Jesus. Nele, palavra e ação se unem. Ele fala e faz, ou faz e fala. Jesus falou e agiu. Disse: “Eu quero”, e tocou no leproso. A lepra desapareceu. O ser humano é constantemente interrogado e deve responder às perguntas que a vida coloca. O leproso interroga, afirmando: “Se queres, tens o poder…”. A resposta de Jesus é sonora: “Eu quero”, mas se verifica no gesto – ele toca no leproso – e no acontecimento – o leproso é curado. Podemos curar como Jesus curou? Certamente, se tivermos fé. Certamente também se usarmos para o bem a inteligência que ele nos deu e agirmos de forma solidária. Ministro e secretários da saúde, médicos preparados, medicamentos, espaços hospitalares adequados, apoio, presença, atenção, alegria, tudo concorre para o bem dos enfermos. Podemos pedir um milagre depois de termos feito a nossa parte com um sonoro “Eu quero”.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. SENTIU COMPAIXÃO...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
A nossa compreensão da palavra “compaixão”, nunca será completa, pois, na Sagrada Escritura, “sentir compaixão” é uma virtude própria de Deus e na maioria das vezes, esse sentimento pelo próximo, que o nosso coração define como “compaixão” não passa na verdade de um, gesto de piedade, que também é um atributo Divino, porem em seu sentido mais amplo, que o coração humano nunca será capaz de alcançar. O evangelho de hoje nos ajuda a aprofundar o sentido dessa ação de Jesus, presente em momentos significativos, quando ele se defronta com a miséria humana, motivando-nos a rever se a estamos aplicando na relação com o próximo, em seu sentido autenticamente cristão.
Pelo conteúdo normativo de Levíticos, Jesus tinha mil e uma razões para nem sequer se aproximar de um leproso, que pertencia a classe dos “irrecuperáveis” daquele tempo, na ótica religiosa. A lepra era incurável e vista como consequência do pecado e assim, o leproso era considerado um maldito, que além da dor física, sofria também a dor moral da exclusão, sendo esta, bem mais dolorosa porque o colocava à margem da salvação, banindo-o do convívio social e da comunidade, além de saber que a sua condenação no pós-morte, era tida como certa e definitiva.
Em uma sociedade marcada pelo ateísmo moderno, onde a fé é subjetiva e Deus é perfeitamente dispensável, esse quadro não é tão tenebroso, mas no contexto histórico e religioso daquele tempo, esse desprezo tinha um peso muito maior, o leproso era tido como um lixo, escória da sociedade, confinado em acampamentos fora da cidade, tendo que mostrar a sua desgraça e miséria, mantendo uma aparência monstruosa, e quem se aproximasse dele e o tocasse, estaria violando os preceitos da lei, tornando-se também um impuro e tendo de isolar-se, até que pudesse oferecer um sacrifício de expiação, como prescrevia a lei de Moisés, para só então ser reconhecido como “purificado”.
Podemos então compreender a compaixão Divina, como uma ação coordenada não por normas legalistas, mas por uma lei nova, ensinada por Jesus: a Lei do amor, que não revoga a Lei antiga, mas lhe dá plenitude resgatando o seu sentido verdadeiro, que é a defesa e a preservação da vida humana. O evangelista Marcos faz questão de mostrar, da parte de Jesus essa “quebra de protocolo”, quando permite que o leproso se aproxime, é verdade que este o faz movido pelo desespero, infligindo também as normas do Levítico, e aqui percebe-se que o leproso é um homem diferente, uma vez que crê muito mais na misericórdia de Jesus, do que no cumprimento da Lei, determinada por uma instituição que não tem o poder da cura, mas apenas declara que ele está “impuro”, ao contrário de Jesus, que permite a aproximação, derrubando assim o preconceito.
Muito mais do que um simples encontro de Jesus com um leproso, este versículo sintetiza de forma brilhante o amor e a ternura de Deus pelo ser humano, permitindo uma reaproximação, após a queda do pecado, é o Deus que se deixa tocar, que se encarna e assume a natureza humana, com toda sua miserabilidade, o leproso se prostra diante dele, por uma razão muito simples: primeiro porque reconhece a sua insignificância, e em segundo porque não vê outra saída para sua dor, senão a de recorrer àquele que é diferente da instituição religiosa que o havia condenado, no fundo crê que Jesus de Nazaré é o seu Salvador e libertador, no sentido de ter o poder de resgatar a sua dignidade perdida, aquele leproso considerado um maldito, é na verdade alguém que consegue vislumbrar o verdadeiro messianismo de Jesus, em contradição com o Poder religioso, que o rejeita, mostrando uma fé madura, pois não pede simplesmente a cura física, mas a “purificação”.
Diante de uma fé assim, tão fiel e humilde, note-se que o leproso não impõe e nada exige e nem coloca a sua vontade como fator determinante, mas abandona-se à vontade de Deus: “Senhor, se queres...”. Que comovedora profissão de fé, para o homem arrogante e presunçoso de nossos tempos! Homem que a exemplo dos nossos primeiros pais, ousa ocupar o lugar que é de Deus, marginalizando e excluindo certas categorias sociais consideradas malditas, abandonadas em presídios de sistemas carcerários, que em quase nada contribuem para a recuperação de quem errou, de idosos, jovens, adolescentes e crianças, amontoados em asilos e instituições de caridade, gente que não tem mais esperança de nada, e que há muito tempo nem é mais contada na “aldeia global”, que só considera quem produz e consome.
Podemos encontrar com esse leproso no seio de nossas famílias e comunidades, onde isolamos certas pessoas em “acampamentos”, consideradas pervertidas, geniosas, temperamentais, desequilibradas, poderíamos incluir os aidéticos, efeminados, casais em segunda união, dependentes químicos, prostitutas, mães solteiras, pessoas que, como naquele tempo, sempre temos uma certa reserva, mantendo a necessária distância por medo de sermos “contaminados”, e a sua presença em nosso meio, causa asco e mal estar.
Como cristãos, temos que ter essa consciência do grave pecado da exclusão, e o evangelho nos mostra por onde devemos começar, é bem verdade que Jesus afrontou as instituições do seu tempo, mas em primeiro lugar, em sua relação com as pessoas, usou sempre da lei do amor, deixando de lado normas de conduta e formalismos religiosos, ao tocar no leproso. Poderíamos começar no nosso dia a dia, acolhendo com gestos cordiais, amizade e carinho, os “leprosos” que muitas vezes excluímos, por conta de preconceitos e até intolerância.
2. Eu quero, fica purificado - Mc 1,40-45
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)
Curou doentes, libertou possessos, curou a sogra de Pedro, purificou leprosos. Sem propaganda. “Não contes nada a ninguém!”. Jesus quer o bem da pessoa, e o quer com sinceridade. “Eu quero, fica purificado!”. “Se queres, tens o poder de purificar-me!”. Se queres, podes purificar a minha mente e o meu coração. Coração pesado de tantos sentimentos. Mente povoada de pensamentos que não se aquietam. Um pobre leproso. A Lei não podia curá-lo. Podia apenas declarar a enfermidade e impor limites ao enfermo. A Lei foi dada por Moisés. A graça e a verdade vieram por Jesus Cristo. Ele pode e quer. Eu posso ser purificado hoje, partir, proclamar, divulgar. Posso começar uma vida nova em todos os sentidos. Até mesmo na doença. Releio o texto e me uno ao leproso. Ajoelho-me. Suplico. Jesus o adverte com energia para que não conte nada a ninguém. É na compaixão que Deus mostra o seu poder. O leproso curado deve se apresentar ao sacerdote e fazer a oferenda para cumprir a Lei, não para confrontá-la. O confronto é com quem desvirtua a Lei.
HOMILIA DIÁRIA
Peçamos a Jesus que nos cure da lepra do pecado
Postado por: homilia
janeiro 17th, 2013
A Bíblia – especialmente no Antigo Testamento – fala, muitas vezes, sobre o problema da lepra. Quando se fala de pessoas leprosas, a palavra significa uma doença da pele que pode abranger tipos diferentes de doenças. Em outros casos, a mesma palavra fala de manchas em roupas ou paredes, algo que nós poderíamos chamar hoje de fungo ou mofo.
Na lei que Deus deu aos israelitas, uma pessoa leprosa era considerada imunda (Lv 13,2-3). A doença era vista como uma praga: “Às vezes, a praga foi enviada por Deus para repreender o povo desobediente” (Lv 14,34).
As instruções sobre a lepra, obviamente, serviam para conter uma doença maligna, mesmo séculos antes de cientistas compreenderem como as doenças se espalhavam.
Mas há um segundo – e mais importante – motivo para falar tanto sobre a lepra no Antigo Testamento. Há, pelo menos, duas lições espirituais das ordens sobre a lepra:
1. A importância da obediência. Entre as últimas orientações dadas por Moisés ao povo de Israel são estas palavras: “Guarda-te da praga da lepra e tem diligente cuidado de fazer segundo tudo o que te ensinarem os sacerdotes levitas; como lhes tenho ordenado, terás cuidado de o fazer” (Deuteronômio 24,8).
2. A necessidade de distinguir entre o limpo e o imundo. A chave ao entendimento deste significado da lepra aparece em Levítico 14,54-57: “Esta é a lei de toda sorte de praga da lepra, da lepra das vestes, das casas, da inchação, da pústula e das manchas lustrosas para ensinar quando qualquer coisa é limpa ou imunda. Esta é a lei da lepra.”
Deus usou coisas físicas – sejam doenças, questões de higiene ou diferenças entre animais – para ensinar princípios espirituais.
Quando foi descoberta a imundície da lepra, não mediam esforços para se livrarem dela. Pessoas leprosas foram publicamente identificadas e afastadas da congregação para não contaminar outros. Quando as tentativas de purificar as casas não foram bem sucedidas, foi necessário derrubar casas inteiras para não deixar a praga se espalhar (Levítico 14,43-45).
O leproso que se aproxima de Jesus pede por sua purificação e não por sua cura. Marcos destaca o sentimento humano de compaixão que Jesus sente pelo leproso em sua exclusão. Jesus transgride a Lei, toca o leproso e o liberta de sua lepra e de sua impureza. Envia o homem, já purificado, ao sacerdote como testemunho contra o poder religioso que reivindicava para si o direito de purificar. Fica caracterizada a ação de Jesus: libertadora e infratora da Lei.
Esta narrativa revela o empenho de Jesus não na simples cura, mas na inclusão social dos marginalizados. O leproso representa os excluídos e marginalizados por um sistema elitista e opressor, no qual o explorador humilha o explorado para inibi-lo e submetê-lo à sua exploração.
As mesmas leis sobre a lepra não se aplicam hoje, mas os princípios que aprendemos delas têm muita importância para nós.
Devemos ser obedientes a todas as instruções que o Senhor nos deu. E quando a imundície do pecado invade a nossa vida, devemos agir com urgência para eliminá-lo, mesmo se forem necessárias medidas radicais: “E se o teu olho direito te serve de escândalo, arranca-o e lança-o fora de ti; porque melhor te é que se perca um de teus membros, do que todo o teu corpo ser lançado no inferno. E se a tua mão direita te serve de escândalo, corta-a e lança-a fora de ti; porque melhor te é que se perca um dos teus membros, do que todo o teu corpo ir para o inferno.” (Mt 5,29-30).
Sejamos santos para a glória do nosso Senhor, que é perfeito e santo (1 Pd 1,14-16; 2 Cor 6,17-18).
Padre Bantu Mendonça
HOMILIA DIÁRIA
Deus age em nós por meio das virtudes da fé e da humildade
Deus nos concede a fé e a humildade, virtudes necessárias para andarmos sempre no Seu caminho
“Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele, e disse: “Eu quero: fica curado!” (Marcos 1,41).
Acompanhamos a esse leproso que se aproxima de Jesus, e duas virtudes tomam conta do coração daquele homem. A primeira delas é a humildade de reconhecer a sua fragilidade, a sua lepra; reconhecer aquilo que estava nele. A segunda virtude é a fé, pois humildemente ele professa a sua fé. Ele exclama “Senhor, se queres, tens o poder de curar-me”. E Jesus disse: “Eu quero: fica curado!”.
Quando somos humildes e quando temos fé, a graça de Deus age em nós e nos liberta, purifica, restaura; a graça de Deus nos renova. Podemos ter fé, mas não temos a humildade. Fé e orgulho; fé e soberba não produzem frutos.
Podemos ter humildade, graça essa mais que necessária, pois o Reino do Céus é dos humildes, mas o humilde precisa ter, também, a fé. Ter confiança e fé em Jesus. Saber que é Ele quem cuida de nós, pois podemos até sermos humildes, mas se somos aqueles humildes negativos, pessimistas, desanimados, sem esperança, sem confiança, nos entregamos à prostração, sem saber que rumo tomar na vida.
Humildemente reconhecemos as nossas situações, misérias, fragilidades; os nossos pecados, erros, limites. Reconhecemos as coisas que não deram certo, mas humildemente tenhamos fé e confiança n’Ele. Não tiremos o nosso olhar d’Ele. Não tiremos de Jesus a nossa confiança, porque sabemos tudo o que Ele pode fazer por nós. É n’Ele que colocamos o nosso coração.
Aconteça o que acontecer não vamos desanimar ou desesperar, pois só tem desespero quem não confia e chega ao limite da desconfiança, por isso se desespera. Aconteça o que acontecer, coloquemos sempre o nosso coração em Jesus.
Mas, muitas vezes, nós somos pessoas de muita fé, falamos a nós mesmos: “Nossa! Eu confio em Jesus, falo de Jesus”. Porém, somos tomados por uma arrogância, por um orgulho, uma soberba terrível, e não vemos a graça de Deus acontecer em nós, na nossa vida, naquilo que fazemos, porque temos a fé, mas temos a humildade, isto é, se humilhar, não temos a humildade de ver a nossa miséria. Pois humilde é aquele que mergulha na sua miséria humana, toca nela e se coloca totalmente dependente de Deus. O humilde não se faz melhor do que os outros; não se faz o mais importante; não confia em si próprio. Não é não ter autoconfiança, o problema está com o excesso dela; é achar que somos “o senhor” deste mundo. Quando reconhecemos que Jesus é o Senhor e somos o Seus humildes servos, a graça de Deus age em nós.
Que Deus nos conceda a fé e a humildade necessárias para andarmos sempre no Seu caminho.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova
Oração Final
Pai Santo, dá-nos a consciência de que não somos donos, mas cuidadores da Verdade, do Caminho e da Vida. Que nós sejamos para os companheiros peregrinos desta terra canais que lhes possibilite chegar até a fonte do teu Amor inefável. Por Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, dá-nos a consciência de que não somos donos, mas cuidadores da Verdade, do Caminho e da Vida. Que nós sejamos, para os companheiros peregrinos desta terra, caminhos que lhes possibilitem chegar até o Cristo, fonte do teu Amor inefável. Pelo mesmo Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.
oRAÇÃO FINAl
Pai da Sabedoria e do Amor, ensina-nos a reconhecer a verdadeira lepra que nos torna indignos de seguir a Jesus: o nosso pecado. Dá força à nossa oração, para que ela mostre gratidão e confiança em teu Poder e Misericórdia. Ensina-nos a jejuar, que significa dominar nossos instintos e procurar a pureza do corpo. E nos ensina, também, a prática da esmola, que é cuidar do irmão carente com generosidade e carinho. Por Jesus, nosso Irmão, o Cristo, que contigo vive e reina na unidade do Espírito Santo.