segunda-feira, 7 de março de 2022

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA - 04/03/2022

ANO C


Mt 9,14-15

Comentário do Evangelho

O sentido do jejum

O evangelho não nos informa de que jejum se trata. Dos fariseus, Lucas diz que jejuavam duas vezes por semana (Lc 18,12), mas dos discípulos de João nós não temos nenhuma informação. Quanto à prática do jejum, o texto parece associar os discípulos de João aos fariseus. O Levítico recomenda o jejum para o dia do perdão dos pecados (Lv 23,26-32). Havia, de fato, entre os fariseus a tendência de estender, como lei, para a vida cotidiana de todo o povo certa ascese individual ou de grupo. Jesus também, antes de iniciar o seu ministério público, jejuou durante quarenta dias (Mt 4,2; Lc 4,2). Os Profetas Isaías e Zacarias não abolem o jejum, mas o relativizam em face do amor e da misericórdia (Is 58,1-12; Zc 7). Jesus dá à prática do jejum um sentido cristológico: é em relação à ausência (morte) do "noivo" que ele deve ser praticado. Ver o comentário do último dia 21 de janeiro.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, desejo preparar-me bem para celebrar a Páscoa, tempo de reencontro com o Ressuscitado. Que o jejum me predisponha, do melhor modo possível, para este momento.
Fonte: Paulinas em 15/02/2013

Vivendo a Palavra

Jejum significa domínio sobre nós mesmos, ordenamento das prioridades pessoais: os apetites, as paixões e mesmo a busca de conhecimento devem estar subordinados ao espírito, conscientes de que já vivemos, ainda que não em sua plenitude, no Reino do Pai Misericordioso. O nosso jeito de existir refletirá esta disposição interior.
Fonte: Arquidiocese BH em 15/02/2013

VIVENDO A PALAVRA

Para Jesus, o jejum acontecia naturalmente. Decorria das prioridades que Ele elegia: o melhor do seu tempo era dedicado à oração, encontro pessoal com o Pai. Permanecia em silêncio, enlevado, até que fosse descoberto pela multidão que merecia dele atenção e cuidado. E não lhe restava tempo para cuidar das carências do próprio corpo. Isaías profetizou isto setecentos anos antes...
Fonte: Arquidiocese BH em 16/02/2018

Reflexão

As práticas religiosas não podem ser simples ritualismos que cumprimos por costume ou tradição. Os fariseus e os discípulos de João faziam jejum, cumprindo os valores tradicionais da religiosidade de sua época, mas o cumprimento desses valores não lhes foi suficiente para que se tornassem capazes de reconhecer o tempo em que estavam vivendo e por quem foram visitados, de modo que não puderam viver a alegria de quem tem o próprio Deus presente em suas vidas e nem puderam usufruir de forma mais plena essa presença de graça. Somente quem viver uma verdadeira religiosidade que seja capaz de estabelecer um relacionamento profundo e maduro com Deus e perceber os seus apelos nos dos sinais dos tempos pode colher os frutos dessa religiosidade.
Fonte: CNBB em 15/02/2013

Reflexão

Os discípulos de João Batista ainda não perceberam que é tempo de festa e não de jejum: o Messias, noivo da nova família de Deus está presente. “Dias virão em que o noivo será tirado deles”. A expressão pode se aplicar tanto à hora da paixão e morte de Jesus, quanto ao tempo após sua ressurreição. São os nossos dias. Tempo de disciplina espiritual e prontidão, enquanto “aguardamos a vinda do Cristo Salvador”. Indiretamente, Jesus resgata, a partir de Isaías, o significado do jejum que agrada a Deus: “Romper as amarras da injustiça, desfazer as correntes da canga, pôr em liberdade os oprimidos… repartir o pão com quem passa fome, hospedar em casa os pobres sem abrigo, vestir aquele que se encontra nu e não se fechar diante daquele que é sua própria carne” (Is 58,6-7).
(Dia a dia com o Evangelho 2018 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)
Fonte: Paulus em 16/02/2018

Reflexão

Jesus é muito prático em seus ensinamentos e tem plena consciência de quem ele é e do que está realizando. Jesus é o noivo, e seus discípulos precisam aproveitar sua presença ao máximo. Assim, vão aprender dele como devem agir para que o Reino aconteça entre as pessoas; porém, chegará o momento em que Jesus não estará mais presente e, mesmo assim, a missão deve seguir adiante. Nesse momento, os discípulos vão jejuar porque a realidade exigirá isso deles. Noutras palavras, não deveríamos fazer as coisas simplesmente por fazer ou por tradição ou por ouvir dizer; deveríamos aprofundar o sentido do nosso fazer e compreender as motivações que nos fazem tomar esse ou aquele caminho. É preciso dar atenção ao aqui e agora, para que nossa resposta de fé seja coerente e condizente com o momento vivido.
(Dia a dia com o Evangelho 2022)
https://www.paulus.com.br/portal/liturgia-diaria/4-sexta-feira-6/#.YibL3lvMI3E

Meditando o evangelho

O ESPOSO ESTÁ PARA PARTIR

Os discípulos de João, atrelados aos dos fariseus, ficavam incomodados com o comportamento dos discípulos de Jesus, no tocante à prática do jejum. Ao supervalorizar este ato de piedade, imaginavam estar dando mostras de santidade e de seriedade de vida. Não acontecendo o mesmo com o grupo de Jesus, concluíam faltar-lhes profundidade. Quiçá os considerassem levianos e desregrados.
Estas considerações não chegaram a influenciar a pedagogia de Jesus, no trato com os discípulos. Servindo-se da metáfora da festa de casamento, estabeleceu uma clara distinção entre o tempo de alegrar-se e o tempo de jejuar. O primeiro corresponderia ao tempo de sua presença, qual um noivo, junto dos que escolhera para estar consigo. Seria o tempo de festejar, comemorar, desfrutar de uma presença tão querida. O segundo diz respeito ao tempo de sua ausência, a ser consumada por meio da morte de cruz. Figurativamente, seria o tempo da ausência do noivo, no qual todos se preparam para sua chegada, e se privam de alimentos, em vista do banquete que será oferecido.
Portanto, os discípulos não jejuavam simplesmente pelo fato de terem ainda Jesus junto de si. O tempo em que o esposo lhes seria tirado estava se aproximando. Aí, sim, o jejum seria uma exigência, em vista de preparar-se para acolher a segunda vinda do Senhor.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Pai, desejo preparar-me bem para celebrar a Páscoa, tempo de reencontro com o Ressuscitado. Que o jejum me predisponha, do melhor modo possível, para este momento.
Fonte: Dom Total em 16/02/2018

Meditando o evangelho

É HORA DE ALEGRAR-SE!

Jesus não admitia intromissões na sua maneira de formar os discípulos. Por isso, muitas vezes foi obrigado a enfrentar os fariseus e outros grupos que queriam comparar-se com os discípulos de Jesus, apresentando-se como modelo. A questão da prática do jejum era um dos muitos pontos de conflito. Porque jejuavam, essas pessoas não podiam admitir que os discípulos de Jesus não fizessem o mesmo. Em última análise, não podiam aceitar que o Mestre os orientasse para um evidente desrespeito à prática já consagrada.
A resposta de Jesus deixa entrever que os seus adversários viviam num tempo de tristeza e de incerteza, preparando-se ainda para a chegada do Messias. Os discípulos estavam dispensados disto. Afinal, tinham junto de si o Messias esperado. Não era necessário que se entregassem a jejuns prolongados, pois viviam num tempo de alegria. Conseqüentemente, para eles não tinha valor o ultrapassado esquema farisaico.
O jejum cristão é outra coisa. Seu contexto é a espera da volta de Jesus. Num clima de preparação para acolhê-lo, é que os cristão jejuarão.
Só quem passou por uma radical renovação interior será capaz de compreender este ensinamento do Mestre.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Prece
Espírito que renova interiormente, torna-me apto para assimilar o ensinamento de Jesus, sem querer enquadrá-lo em esquemas humanos inconvenientes.
https://domtotal.com/religiao-meu-dia-com-deus.php?data=2022-03-4

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. A essência verdadeira
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Os Discípulos de João e os Fariseus representam aqui os cristãos que na comunidade são metódicos e fazem tudo bem “certinho”, porque o Padre mandou, e se julgam no direito de questionar os outros que não o fazem. O Jejum por aquele tempo fazia parte da prática penitencial e também como sinal da espera Daquele que haveria de vir. E assim, vendo que, enquanto eles se privavam de alimentos, enquanto que o grupo dos seguidores de Jesus se esbaldava em banquetes ou Ceias aonde o Mestre era convidado, certamente sentiram uma “Pontinha” de ciúmes e inveja, e decidiram questionar essa atitude.
A verdade é que, os discípulos de Jesus já estavam comendo e se arregalando em uma festança danada de boa, com a presença entre eles, do próprio Senhor, o Messias esperado por todos enquanto que os de João e os Fariseus ainda estavam á espera, fazendo jejum á espera do noivo e assim perdendo o melhor da festa... Enquanto estes vinham com o milho, os de Jesus já retornavam com o Fubá...
Por que isso acontecia? Não é porque os discípulos de Jesus eram mais espertos ou mais inteligentes, mas sim porque abriram o coração para acolher com alegria o Mestre Jesus que trazia algo de novo e inédito, que a velha religião não tinha para oferecer. Crer em Jesus de Nazaré e tornar-se discípulo exigia um desprendimento de todo pensamento antigo, da tradição religiosa do passado. E daí, os que se julgavam muito entendidos em religião, os Fariseus, não queriam abrir mão de suas convicções religiosas, era melhor ficar com o legalismo e o religiosamente correto do que correr o risco de perder a salvação.
Hoje o recado é muito válido a todos nós cristãos do segundo, a essência da verdadeira relação com Deus é o amor, a busca da justiça e da igualdade, o respeito e a valorização da vida humana, se não nos abrirmos e nos adequarmos para o método novo de evangelização e de anuncio do Reino na pós-modernidade, ficando fechados em nossas velharias religiosas, com a mente e o coração trancados, para quem pensa diferente, estamos pregando retalho de pano novo em roupa velha, o tecido não irá resistir.
A essência do Cristianismo é sempre a mesma, anunciamos Jesus Cristo, o mesmo de Ontem, de hoje e de sempre, mas precisamos usar os novos métodos nessa missão, senão vamos todos "mofar" em nossas igrejas, pastorais e movimentos, com nossas práticas espirituais que não levam a lugar nenhum repetindo assim o comportamento farisaico...

2. A questão do Jejum
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

Está em foco, nesta narrativa, a questão da observância religiosa do jejum, conforme os preceitos da Lei dos fariseus e sacerdotes do templo.
O jejum, no Primeiro Testamento, tinha vários sentidos: sinal de luto e pesar, penitência de arrependimento, reforço da oração para mover a Deus. Os fariseus, com muita piedade, jejuavam duas vezes por semana, apresentando-se assim como intercessores pelo povo junto a Javé. Era uma forma de ostentar ares de piedade e conquistar louvores e submissão dos humildes. São aparências que encobrem a hipocrisia, descartada por Jesus.
Jesus vem trazer alegria e felicidade, e não castigo e punição. A conversão que ele pede, diferentemente de fazer jejum e cobrir a cabeça com cinzas, é o desapego da riqueza, assumindo a prática da justiça, da fraternidade e da solidariedade, partilhando a vida e os bens com os famintos e excluídos, em uma comunhão de vida que alegra o coração.
A convivência de Jesus é como uma festa de núpcias, na qual o noivo está presente, e não falta ao banquete. Os convidados são os discípulos, entre publicanos e pecadores. A imagem do noivo presente entre nós indica a realidade da encarnação do Filho de Deus. A alusão final ao jejum, quando "o noivo lhes será tirado", parece ser um acréscimo tardio justificando a retomada do jejum após a morte de Jesus.
Fonte: NPD Brasil em 15/02/2013

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. Jejuar ou fazer Banquete?
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Vamos projetar o evangelho lá no seu tempo real em que foi escrito, cerca de 80 a 90 anos após a morte e ressurreição de Jesus, não nos esqueçamos de que são escritos pós-pascais...
Provavelmente havia alguma comunidade exagerando no Jejum sem saber o seu real significado. Jejum não significa tristeza (a pessoa pode até ficar com cara de triste, se na casa dela, justo no dia em que ele decidiu jejuar a esposa prepara uma bela de uma feijoada bem suculenta). O próprio Jesus exortou que quando se jejuasse, lavasse o rosto e usasse perfume, para não ficar com cara de quem está morrendo de fome.
Jejuar é preparar-se para algo grandioso que vem. Quando jejuamos, nos abstemos de alimento porque cremos que o nosso alimento essencial é a Graça de Deus dada através de Jesus. A Igreja orienta jejum em dois dias do ano: na quarta Feira de cinzas e na sexta Feira da paixão. Mas quem quiser jejuar todo dia, desde que saiba como fazê-lo e qual o seu sentido real, poderá fazê-lo pois é um ótimo exercício espiritual. Só lembrando, principalmente para quem trabalha e estuda, que o nosso organismo precisa de alimento com frequência e o exagero no jejum poderá ter consequências funestas na saúde e essa não é a vontade de Deus.
Mas voltemos ao evangelho, uma comunidade jejuava a outra não. Os discípulos de João e os Fariseus faziam Jejum mas os discípulos de Jesus não faziam. E agora, quem estava certo? Em nossos dias há pessoas que se habituaram a jejuar em um ou dois dias da semana. Depende de cada organismo e de cada espiritualidade. O evangelho não é uma manifestação contra o jejum, mas quer colocá-lo em seu devido lugar para que se possa compreender o seu sentido.
Os discípulos de João e o grupo dos Fariseus não tinham ainda percebido que o Messias esperado, o tempo novo prometido pelas profecias já havia chegado com Jesus. Não sei se os discípulos de Jesus chegaram a jejuar algum dia, mas o fato é que naquele momento, eles não estavam nem aí com as normas religiosas do Judaísmo e a observância da Lei, não porque fossem insensíveis e não respeitassem a tradição de Israel, mas é que em Jesus descobriram algo novo e inédito, que superava toda e qualquer prescrição. O que sentiam era uma imensa alegria por estarem com ele em suas andanças e pregações. Queriam era mais fazer banquetes para beber, comer e extravasarem sua alegria que tinha em Jesus a razão de ser.
A humanidade só ficou sem a presença de Deus encarnado em seu meio, nas horas em que Jesus estava no sepulcro (por esta razão que na igreja não se celebra eucaristia na sexta Feira Santa) Era esse Jejum que Jesus se referia, ao dizer que quando o noivo fosse tirado do meio deles, eles iriam jejuar, isso é, ter que esperar mais uma vez (mais um pouco de tempo e não me vereis, mais um pouco de tempo e tornareis a me ver...)
Nós todos que cremos e professamos nossa Fé em Jesus, vivemos esse "Já, mas não agora" do Reino de Deus, a nossa esperança escatológica nos anima a caminhar pela longa estrada, Jesus caminha conosco em nossa Igreja, sem dúvida nenhuma, entretanto, por causa de nossas fraquezas e limitações às vezes podemos nos desanimar e mudar o foco da nossa atenção. Para que isso não ocorra a Igreja tem o seu tempo forte na liturgia, principalmente na quaresma onde o Jejum, a esmola e a oração, são os elementos essenciais nesta vida, que nos ajuda a preparar melhor para este definitivo encontro com o Senhor, quando acontecer a Páscoa da nossa Vida…

2. Por que jejuamos e os fariseus não?
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

A Quaresma foi um tempo penitencial marcado pelo jejum. Hoje, as penitências foram deixadas à espontaneidade dos fiéis que, livremente, escolhem a mortificação que lhes convém neste tempo de conversão. O jejum prescrito se restringe à Quarta-feira de Cinzas e à Sexta-feira Santa. Os judeus observavam os dias de jejum previstos na Lei de Moisés, e num desses dias os discípulos de João Batista, que também jejuavam, questionaram Jesus quando viram que os discípulos dele não estavam jejuando. Jesus responde perguntando se os convidados de um casamento podem estar de luto enquanto o noivo está com eles. Ele não fala em jejum, fala em luto, porque naquele tempo o jejum acompanhava os dias de luto. O verdadeiro jejum, porém, é a ausência de Cristo. Quando ele não está, estamos jejuando. Quando estamos longe dele, estamos em jejum. Mas é bom jejuar. Jejuamos para ficar mais fortes. O jejum nos deixa mais leves, mais espertos e mais despertos. Jejum de alimentos, jejum de coisas, jejum de apegos, para subirmos livremente à colina do Calvário e com Jesus entregar nossa vida ao Pai. Unidos a ele sentimo-nos saciados e então podemos exercitar-nos com práticas de penitência para o fortalecimento da nossa vontade. O que não pode acontecer é que o jejum se torne “expressão de uma religiosidade afetada pela mortificação do corpo, mas não tem valor algum senão para satisfação da carne”, como se lê na carta aos Colossenses.
Fonte: NPD Brasil em 16/02/2018

HOMÍLIA DIÁRIA

O essencial que permanece e sustenta o nosso ser e agir

Postado por: homilia
fevereiro 15th, 2013

Estamos na Quaresma, tempo especial para treinarmos aquilo que precisa compor o dia a dia do cristão, como é próprio de cada tempo litúrgico: «A penitência se exprime de formas muito variadas, em particular com o jejum, a oração, a esmola. Essas e muitas outras formas de penitência podem ser praticadas na vida cotidiana do cristão, em particular no tempo da Quaresma e no dia penitencial da sexta-feira» (Compêndio CIC nº 301).
Um treinamento no essencial, que é recordado no Evangelho de Mt 9, 14-15, no qual, perante o questionamento dos discípulos do penitente João Batista, Jesus Cristo indica a presença do Esposo, como Aquele que dá sentido novo a todas as pessoas e práticas. Sinceramente, os judeus e os discípulos do Batista eram “profissionais” das penitências, mas, ao tratar de um sentido radical que pode tudo renovar, aí o Cristianismo tem algo fundamental a acrescentar: «Acaso os convidados do casamento podem estar de luto enquanto o noivo está com ele?» (Mt 9, 15).
Jesus é realmente o Emanuel esperado, a manifestação do Deus conosco (cf. Mt 1, 23), mas, ao mesmo tempo, é o Deus-esposo de Israel, numa linguagem esponsal e reveladora, bem conhecida pelo Antigo Testamento (cf. Is 54, 4-8; Jr 2,2; Os 1-3). Isto porque, no Mistério de Cristo, convergiram as promessas de um Deus fiel e próximo. O mais próximo e presente do que nunca: «Não mais terás o nome de abandonada, nem tua terra será chamada de Lugar Ermo. Ao contrário, serás chamada de Meu Bem e tua terra será chamada de senhora, pois o Senhor se apaixonou por ti, a tua terra estará casada» (Is 62, 4).
Voltemos, no entanto, a atenção para a expressão do Cristo que enfatiza a palavra «convidados» primeiramente, ou seja, não tiranizados nem laçados na rua. O amor próximo de Deus, revelado em Cristo Jesus, atrai e quer conquistar, converter, mas não se impor. Outra característica que precisa marcar todo e qualquer esforço quaresmal está implícito na expressão «o noivo está com ele». Pode-se fazer paralelo à definição de amor, ensinada por João, à Comunidade: «Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e enviou o seu Filho como oferenda de expiação pelos nossos pecados» (1Jo 4, 10).
O Pai das Misericórdias é quem quis, primeiramente, esta proximidade do Filho com cada um de nós. Equivale dizer: É da Vontade de Deus que o Esposo, Emanuel e Salvador, esteja conosco no tempo e seja a razão profunda do nosso ser e agir. Por isso, a razão da nossa penitência será sempre – precisa ser – uma resposta de amor que nos aproxima, converte-nos Àquele que, antes de tudo e todos, quis livremente aproximar-se de nós para nos amar e salvar. Nisto somos diferentes dos judeus e de todos os outros religiosos do mundo que fazem penitência, porque tudo para nós é por causa de Jesus! Por causa d’Ele vamos jejuar, dar esmolas e nos empenhar numa vida de oração durante a Quaresma e não só! Por amor tudo submetemos ao Senhorio de Cristo!
E a recompensa para tudo isto? Deus recompensará no oculto e na plenitude. Ele é a motivação mais profunda e o prêmio mais desejado: «E, quando tudo lhe estiver sujeito, então também o próprio Filho renderá homenagem àquele que lhe sujeitou todas as coisas, a fim de que Deus seja tudo em todos» (1Cor 15, 28). Por fim, na perícope que nos propomos meditar também lemos: «Dias virão em que o noivo lhes será tirado. Então jejuarão» (Mt 9, 15).
Como conjugar essa verdade com a garantia do Ressuscitado? «Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos» (Mt 28,20). Primeiramente, não esquecendo que a era apostólica, os responsáveis por acolher e testemunhar a Revelação fundante do Verbo Encarnado e Pascal foi única em sua experiência pessoal e comunitária com o Emanuel. Eles tiveram que realmente jejuar, não somente pela falta de apetite, causado da prisão, julgamento e morte física de Jesus na Cruz, causa de grande angústia e solidão, mas jejuaram naqueles dias do verdadeiro Pão e Alimento dado pelo Pai à humanidade (cf. Jo 6, 30-35). Por ocaisão da Ressurreição, aí sim, os últimos versículos do Evangelho de Mateus fundamentam que Jesus Cristo pode ser sempre o mesmo (cf. Hb 13, 8), em múltiplas formas de presença.
Sobre isso o Papa Bento XVI, em sua inesquecível primeira encíclica, quis também recordar: «Na sucessiva história da Igreja, o Senhor não esteve ausente; incessantemente, vem ao nosso encontro por meio de pessoas nas quais Ele se revela; por meio da Palavra, nos Sacramentos, especialmente na Eucaristia. Na liturgia da Igreja, na oração desta, na comunidade viva dos crentes, experimentamos o amor de Deus, sentimos a sua presença e também, deste modo, aprendemos a reconhecê-la na nossa vida cotidiana» (BENTO XVI, Deus caritas est nº 17). Por isto eles jejuaram e nós também podemos jejuar, dar esmolas, intensificarmos a nossa vida de oração e vivermos a Quaresma e toda a nossa vida.
Procuremos, com o auxílio do Espírito Santo, responder com amor o Amor que nos visitou, desposou-nos e quis ficar conosco para sempre no tempo e na eternidade.
Padre Fernando Santamaria – Comunidade Canção Nova
Fonte: Canção Nova em 15/02/2013

HOMÍLIA DIÁRIA

O jejum precisa fazer parte da nossa vida

O jejum é uma proposta da renovação da força espiritual

“Não façais jejum com esse espírito, se quereis que vosso pedido seja ouvido no céu. Acaso é esse jejum que aprecio, o dia que uma pessoa se mortifica? Trata-se talvez de curvar a cabeça como junco, e de deitar-se em saco e sobre a cinza? Acaso chamas a isso jejum, dia grato ao Senhor?” (Is 58, 1-9a).

O jejum faz parte das nossas práticas religiosas e nem digo das práticas quaresmais, e ele precisa fazer parte da nossa vida. O jejum nos disciplina e liberta da escravidão que temos dos alimentos, das coisas materiais e de tantas outras coisas. O jejum tem uma função disciplinadora em nossa vida, mas muitas pessoas podem jejuar e nem serem religiosas, por isso, o nosso jejum não pode ser simplesmente uma abstinência de alimentos, deixar de comer isso e aquilo. Ele tem um sentido espiritual profundo e nos coloca em comunhão com o Senhor, pois é a opção que fazemos.
Nem só de pão vive o homem, mas nós vivemos da Palavra do Senhor, da comunhão com Deus e da intimidade e da relação com Deus.
Eu me abstenho de comer para me relacionar com o Senhor. E, aquilo que o profeta Isaías está falando para nós, é algo muito importante para entendermos o espírito do jejum, porque não basta simplesmente jejuar e colocar-se em oração, é preciso que o jejum quebre em nós o junco da escravidão, do pecado e do mal.
É preciso quebrar em nós, aquelas coisas que nós, humanamente falando, não conseguimos resolver . O ressentimento que temos, a mágoa que cultivamos e as relações que nós não conseguimos resolver. O jejum, por excelência, tem um poder espiritual no combate desta vida. Ele nos coloca em comunhão com Deus, conosco e uns com os outros.
Não “abramos mão” da força do jejum! E, o mais importante aqui, não é quantidade de alimentos que deixamos de comer, e sim, que se faça jejum espiritual, em oração, e de renovação espiritual.
Precisamos ter um propósito, uma disposição, uma vontade de saber partilhar e compartilhar o que tenho com os outros.
Quando eu me proponho a fazer um jejum, proponho também tirar tudo o que eu tenho, das posses que tenho para olhar para quem não costumo olhar, que são os mais pobres, sofridos e os necessitados.
Há pessoas que fazem jejum quase a vida inteira, porque não tem o que comer. Nos excessos que temos, que possamos cuidar daqueles que não têm.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.

Oração Final
Pai Santo, nós te pedimos que o amor seja a nossa regra de vida. Amor sobretudo a Ti, Pai querido, que manifestaremos no cuidado com os irmãos; amor a esta terra encantada que devemos preservar; e na simplicidade de uma vida sóbria e generosa. Por Jesus Cristo, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 15/02/2013

ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, liberta-nos da escravidão dos ritos e introduze-nos no verdadeiro jejum – aquele que acontece quando nos esquecemos de nós mesmos, nos momentos de encontro contigo – a Oração –, ou para acudir às necessidades dos companheiros da caminhada. Por Jesus, o Cristo, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo. Amém.
Fonte: Arquidiocese BH em 16/02/2018

LITURGIA DIÁRIA - 04/03/2022


Tema do dia

POR QUE OS TEUS DISCÍPULOS NÃO FAZEM JEJUM?

Isaías se dirige ao ‘resto de Israel’ que havia retornado do cativeiro na Babilônia. A verdadeira piedade não se concretiza no jejum ritual, mas em soltar algemas injustas, amarras do jugo; em repartir o pão com o faminto e acolher em casa o pobre.
Fonte: Arquidiocese BH em 16/02/2018

Oração para antes de ler a Bíblia


Meu Senhor e meu Pai! Envia teu Santo Espírito para que eu compreenda e acolha tua Santa Palavra! Que eu te conheça e te faça conhecer, te ame e te faça amar, te sirva e te faça servir, te louve e te faça louvar por todas as criaturas. Fazei, ó Pai, que pela leitura da Palavra os pecadores se convertam, os justos perseverem na graça e todos consigamos a vida eterna. Amém.

Sexta-feira depois das Cinzas da Quaresma
Cor: Roxo


Primeira Leitura (Is 58,1-9a)
Sexta-feira depois das Cinzas - 04/03/2022

Leitura do Livro do Profeta Isaías.

Assim fala o Senhor Deus: 1“Grita forte, sem cessar, levanta a voz como trombeta e denuncia os crimes do meu povo e os pecados da casa de Jacó. 2Buscam-me cada dia e desejam conhecer meus propósitos, como gente que pratica a justiça e não abandonou a lei de Deus. Exigem de mim julgamentos justos e querem estar na proximidade de Deus: 3“Por que não te regozijaste, quando jejuávamos, e o ignorastes, quando nos humilhávamos?” — É porque no dia do vosso jejum tratais de negócios e oprimis os vossos empregados. 4É porque, ao mesmo tempo que jejuais, fazeis litígios e brigas e agressões impiedosas.
Não façais jejum com esse espírito, se quereis que vosso pedido seja ouvido no céu. 5Acaso é esse jejum que aprecio, o dia em que uma pessoa se mortifica? Trata-se talvez de curvar a cabeça como junco, e de deitar-se em saco e sobre cinza? Acaso chamas a isso jejum, dia grato ao Senhor?
6Acaso o jejum que prefiro não é outro: quebrar as cadeias injustas, desligar as amarras do jugo, tornar livres os que estão detidos, enfim, romper todo tipo de sujeição? 7Não é repartir o pão com o faminto, acolher em casa os pobres e peregrinos? Quando encontrares um nu, cobre-o, e não desprezes a tua carne.
8Então, brilhará tua luz como a aurora e tua saúde há de recuperar-se mais depressa; à frente caminhará tua justiça e a glória do Senhor te seguirá. 9aEntão invocarás o Senhor e ele te atenderá, pedirás socorro, e ele dirá: “Eis-me aqui”.

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.

Responsório (Sl 50)
Sexta-feira depois das Cinzas - 04/03/2022

— Ó Senhor, não desprezeis um coração arrependido!
— Ó Senhor, não desprezeis um coração arrependido!

— Tende piedade ó meu Deus, misericórdia! Na imensidão de vosso amor, purificai-me! Lavai-me todo inteiro do pecado, e apagai completamente a minha culpa!
— Eu reconheço toda a minha iniquidade, o meu pecado está sempre à minha frente. Foi contra vós, só contra vós, que eu pequei, e pratiquei o que é mau aos vossos olhos
— Pois não são de vosso agrado os sacrifícios, e, se oferto um holocausto, o rejeitais. Meu sacrifício é minha alma penitente, não desprezeis um coração arrependido!

Evangelho (Mt 9,14-15)
Sexta-feira depois das Cinzas - 04/03/2022


Por que os teus discípulos não jejuam?

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor!

Naquele tempo, 14os discípulos de João aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Por que razão nós e os fariseus praticamos jejuns, mas os teus discípulos não?”
15Disse-lhes Jesus: “Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão”.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.


Oração para depois de ler a blia


Dou-Te graças, meu Deus, pelos bons propósitos, afetos e inspirações que me comunicastes nesta meditação; peço-Te ajuda para colocá-los em prática. Minha Mãe Imaculada, meu protetor São José e Anjo da minha guarda, intercedem todos por mim. Amém.