quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

HOMILIA DIÁRIA - (CANÇÃO NOVA) – Mc 16,15-18 - 25/01/2023


Dê passos em direção à verdadeira conversão

“Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura!” (Marcos 16,15).



Esse trecho do Evangelho, hoje, na festa de São Paulo, a conversão de São Paulo (celebramos isso) diz muito. Porque São Paulo foi a expressão dessa realidade, ele pôde, com a sua vida, evangelizar todos aqueles para os quais o Senhor o enviava.
Mas vamos olhar para a história de São Paulo. Primeiro: Saulo, que ia de igreja em igreja perseguindo os cristãos e, depois do seu encontro com Cristo, Paulo ia, de cidade em cidade, proclamando a fé na pessoa de Jesus.
Vejamos, Saulo pediu cartas para as sinagogas de Damasco, para prender os cristãos que professavam a fé em Jesus Cristo; depois do seu encontro com Cristo, em sua vida, Paulo escreveu — temos quatorze cartas pregando e animando os cristãos daquelas comunidades que ele fundava.
Saulo era de Tarso, Paulo se tornou do mundo inteiro. Só estou dizendo essas realidades para que você perceba o que acontece com uma pessoa depois que ela encontra o Cristo. Depois que ela se deixa encontrar pelo Cristo, tudo que era velho passou, tudo o que ela trazia antes, agora, é usado para o Reino de Cristo. Isso é o que acontece com o coração que se deixa encontrar por Ele.

Conversão é mudar a mente, é mudar o coração, é mudar o rumo da vida

Hoje, nós celebramos a conversão de São Paulo, e a conversão não é simplesmente mudar de atos, mudar comportamentos — “Eu bebia e agora não bebo mais”—, mas é: “Eu bebia, era um alcoólatra, mas agora bebo do cálice do Senhor”.
A conversão é assumir realmente uma nova vida, não é só mudar comportamentos, atitudes, mudar de religião; conversão é mudar a mente, é mudar o coração, é mudar o rumo da vida, é fazer com que tudo agora ganhe um novo sentido, ganhe uma nova direção
E foi isso o que aconteceu na vida de São Paulo, antes era Saulo, mas se tornou, por graça de Deus, o apóstolo dos gentios, aquele que percorreu inúmeras cidades e fundou várias comunidades.
E, hoje, podemos ter acesso ao seu patrimônio espiritual, à sua riqueza espiritual, não por conta da sua intelectualidade, porque ele era inteligente, era um homem versado na Lei, era um homem bem instruído. Não! Mas por causa do maior tesouro que Paulo possuía: o seu encontro pessoal com Cristo. No caminho de Damasco, ele experimentou a sua vida transformada pelo fenômeno (Jesus Cristo) que pode mudar a minha vida e a sua vida. Não só algumas atitudes, mas pode nos transformar por inteiro e nos converter completamente para o Seu Reino.
Peçamos a intercessão de São Paulo, para que também nos convertamos e voltemo-nos de coração, de mente e de alma para o Senhor.
Sobre todos vós, desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!
Padre Donizete Ferreira
Sacerdote da Comunidade Canção Nova.

HOMILIA DIÁRIA - (CANÇÃO NOVA) – Mc 3,31-35 - 24/01/2023


Você faz parte da família de Jesus

“Naquele tempo, chegaram a mãe de Jesus e seus irmãos. Eles ficaram do lado de fora e mandaram chamá-lo. Havia uma multidão sentada ao redor dele. Então lhe disseram: ‘Tua mãe e teus irmãos estão lá fora à tua procura’. Ele respondeu: ‘Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?’ E olhando para os que estavam sentados ao seu redor, disse: ‘Aqui estão minha mãe e meus irmãos’” (Marcos 3,31-34).



Vejam, família constituída pelo chamado de Deus (vimos isso anteontem); família unida pelo vínculo do amor (vimos a temática de ontem); agora, família estendida. Porque nós não somos cristãos de guetos, não somos cristãos bairristas, elitistas, conservadores, carismáticos, libertadores, mas somos cristãos, somos a família de Deus, somos um só coração e uma só alma.
Se nós sabemos que numa família existem muitos membros, eles são diversos: um é mais rezador, um é mais espiritual, o outro é mais observante, o outro é mais empenhado com causas sociais, mas são todos expressão de uma mesma família porque Jesus estendeu a Sua família, Ele estendeu o alcance da Sua família em realidades que nós não podemos imaginar.
A nossa Igreja, meus irmãos e irmãs, é uma riqueza; temos ritos diferentes, tradições diferentes, liturgias diferentes, festas diferentes, expressões de fé diferentes, porque nós somos diferentes, somos constituídos assim.

Somos a família de Deus, somos um só coração e uma só alma

Quando Jesus diz, olhando para aqueles que estavam sentados: “Aqui estão minha mãe e meus irmãos”, Ele nos via já, hoje, no século XXI; via a Igreja da América Latina com a sua riqueza e com sua expressão; via a Igreja da Europa com a sua história; via a Igreja da Ásia, a Igreja da África, porque a Sua família foi estendida.
Então, vamos pedir ao Senhor a graça de não retroceder, vamos adiante no respeito ao que é diferente, mantendo aquilo que é essencial e vivo no meio de nós, que é o nosso amor a Jesus Cristo. Que cada membro dessa família ame Jesus Cristo.
Agora, as expressões desse amor são diversas; tem filho que diz ao pai e a mãe “Eu te amo” com as palavras, tem outro filho que faz isso com um gesto carinhoso; outro filho faz isso defendendo a honra do pai e da mãe, falando bem do pai e da mãe. Não existe quem ama mais, só existe quem ama de um jeito diferente.
E a nossa Igreja é diversa, ela tem muitos membros, tem muitas expressões. Quando Jesus dá essa resposta, Ele quis, de fato, que as pessoas entendessem que a Sua família estava alargada, não era só aquele entorno d’Ele. Então, não é só o nosso grupinho, aqueles que pensam igual a nós, aqueles que rezam igual a nós, mas somos todos membros de uma mesma família que ama Jesus Cristo.
E isto não pode faltar em nenhum desses grupos diversos: amar Jesus Cristo acima de todas as coisas com a oração, com a doutrina, com a defesa da fé, com as obras sociais, mas que todos amem Jesus Cristo, porque somos a Sua família alargada.
Sobre todos vós, desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!
Padre Donizete Ferreira
Sacerdote da Comunidade Canção Nova.

HOMILIA DIÁRIA - (CANÇÃO NOVA) – Mc 3,22-30 - 23/01/2023


Não permita que a divisão tome conta do seu coração

“Se um reino se divide contra si mesmo ele não poderá manter-se. Se uma família se divide contra si mesma, não poderá manter-se” (Marcos 3,24-25).



Meus irmãos e minhas irmãs, ontem meditamos sobre a constituição da família de Jesus, do Reino de Jesus. Vocês se recordam? Jesus chamou os Seus discípulos, chamou as duplas de irmãos para constituir a nova família de Deus, o Reino de Deus.
Hoje, Ele faz um alerta sobre o perigo da divisão ao interno da Sua Igreja, das famílias e das nossas comunidades. Ontem, terminei a homilia dizendo, justamente, essa realidade: o perigo que ronda as nossas comunidades e as nossas famílias deste mal da divisão.
Veja, até o demônio sabe que ele não pode se dividir. O padre leu apenas um trecho, mas o contexto é aquela acusação que Jesus sofreu de agir em nome de Belzebu, o príncipe dos demônios. Então, Jesus fala sobre essa realidade, que um reino dividido não se mantém, uma família dividida não se mantém, e nós vemos que até o demônio sabe que ele não pode se dividir, do contrário, ele estaria perdido.

Abramos os nossos olhos para enxergarmos quais são os sinais de divisão

Vocês se recordam daquele episódio do possuído dos gerasenos, que diz: “O que queres de nós, Jesus de Nazaré?” (cf. Marcos 1,24); de Madalena que saíram sete demônios. Se até os demônios se unem para fazer o mal, não podemos deixar que a divisão assole os nossos corações.
Jesus se manifestou para destruir o divisor por excelência: o diabo. O seu nome significa isso: diabolus, aquele que divide. Tudo que divide deve ser rejeitado pelo nosso coração. Todas as realidades ao entorno da sua família, do seu trabalho, da sua comunidade, que começam a “cheirar” divisão, você precisa rejeitar.
Como disse, se até o demônio sabe que ele precisa se unir para um objetivo, nós também precisamos nos unir para destruir as obras das trevas, precisamos nos unir para destruir as obras do diabo que querem, muitas vezes, fazer com que pais estejam distantes dos filhos, o esposo da sua esposa, os irmãos de comunidade se desentenderem, para que a obra de Deus não aconteça.
Abramos os nossos olhos para enxergarmos, em nós e nas estruturas que nos cercam, quais são os sinais de divisão. E você, pessoalmente, rejeite tudo o que dentro de você possa sinalizar esse espírito divisor.
Peçamos ao Senhor, hoje, essa graça de constituir a família de Jesus na comunhão, no respeito, no zelo uns pelos outros, na oração mútua uns pelos outros, para que o Reino de Cristo seja construído, para que a família de Deus cresça cada vez mais.
Sobre todos vós, desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!
Padre Donizete Ferreira
Sacerdote da Comunidade Canção Nova.

HOMILIA DIÁRIA - (CANÇÃO NOVA) – Mt 4,12-23 - 22/01/2023


Semeie a fraternidade e a comunhão em suas relações

“Quando Jesus andava à beira do mar da Galileia, viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André. Jesus disse a eles: ‘Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens’. Caminhando um pouco mais, Jesus viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João” (Mateus 4,18-19.21).



Vejam, meus irmãos e minhas irmãs, hoje é domingo, dia do Senhor. E o Evangelho nos apresenta essa temática do chamado, os primeiros discípulos de Jesus, as primeiras experiências em que Jesus começou a reunir um grupo de pessoas que se tornaram discípulos, apóstolos, e, hoje, nós podemos também imitar as suas virtudes.
Vejam que o chamado de Jesus acontece para duas duplas de irmãos, é interessante que essas duas duplas deram muito certo, só se separaram na diáspora, a dispersão dos cristãos — a diáspora foi aquele momento em que os cristãos perseguidos, logo na Igreja nascente, depois da morte de Jesus, começaram a se espalhar por diversas regiões e o nome de Jesus foi sendo anunciado em diversas realidades.
Essas duplas aqui, do contrário das duplas dos tempos de hoje que, muitas vezes, se dividem, se deixam, se largam, essas duplas deram certo, foram até o final. Agora, notemos uma coisa interessante, Jesus chama os Seus discípulos de dentro de uma fraternidade.

Jesus ama a fraternidade e Ele não quer a divisão entre nós

Ele pesca irmãos (e o Evangelho foi muito claro): Pedro e seu irmão André; Tiago, filho de Zebedeu, e João, o seu irmão. Veja, Jesus tem apreço pela fraternidade, Ele chama aquele discípulo, mas também chama o irmão dele. Jesus tem apreço por essas relações fraternas, Ele não é pró-separados, mas Jesus é pró-juntos, Jesus tem esse apreço por realidades que formam comunhão, formam comunidade, que agregam.
As duplas que Jesus forma são um mistério da Providência, e não estou falando só dessas duplas do Evangelho, e sim quando, por exemplo, Jesus coloca alguém próximo de você, na sua comunidade, na sua paróquia, no seu ambiente de trabalho; quando Jesus une pessoas é um sinal claro da Sua Providência.
Quem está perto de nós não está por acaso, está por um desígnio da Providência Divina, que quer formar comunidade, dar ao mundo um testemunho de comunhão. As redes e as barcas não valem mais do que as relações fraternas, porque as redes e as barcas passam, ficam para trás, o que fica realmente são pessoas.
Então, todas as realidades deste mundo vão passar um dia, mas as relações que nós construímos precisam permanecer para sempre! Jesus ama a fraternidade; e Ele não quer a divisão entre nós, comunidades, paróquias, não quer divisão nas nossas famílias, nas nossas realidades sociais, mas Ele quer que nós nos unamos porque fazemos parte da família de Jesus.
Sobre todos vós, desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!
Padre Donizete Ferreira
Sacerdote da Comunidade Canção Nova.

HOMILIA DIÁRIA - (CANÇÃO NOVA) – Mc 3,20-21 - 21/01/2023


Saia de si e ofereça amor aos necessitados

“Jesus voltou para casa com os discípulos. E de novo se reuniu tanta gente que eles nem sequer podiam comer. Quando souberam disso, os parentes de Jesus saíram para agarrá-lo, porque diziam que estava fora de si” (Marcos 3,20-21).



Bem, meus irmãos e minhas irmãs, a casa onde Jesus está não comporta as pessoas que se reúnem dentro dela. Mas, atenção, Jesus sabia muito bem distinguir o que era a multidão e quais eram os Seus discípulos.
Casa cheia não é sinal de discipulado, porque podemos ter os nossos templos repletos de multidão, uma multidão que busca cura, libertação, prosperidade, conforto, bem-estar, paz e sucesso; mas podemos ter os templos vazios dos discípulos de Jesus, que permanecem fiéis, são os discípulos que estão fiéis na doença, na pobreza, na tribulação, no fracasso, na perseguição e na morte.
É uma boa oportunidade esse início do Evangelho, de também visitar a nossa consciência para saber: “Será que sou multidão ou será que sou discípulo?”, “Busco Jesus pelo bem-estar que Ele pode me dar ou para estar com Ele, até mesmo na experiência do sofrimento?”. Jesus sabe muito bem distinguir a multidão dos Seus discípulos.
A segunda parte que aparece aqui no Evangelho é interessante, porque entram em cena os parentes de Jesus, os parentes que, diz o Evangelho, saíram para agarrá-Lo. Eles veem apenas o lado humano de Jesus.

O Senhor nos ensina a não nos fecharmos em nós mesmos, mas a sairmos de nós para dar amor às pessoas

Quantas ideologias atuais tentam também agarrar Jesus e prendê-Lo em conceitos meramente humanos, prendê-Lo em conceitos históricos! Parece que Jesus é só um ser humano bem melhorado, mas não é Deus. Também corremos esse risco nos dias de hoje!
Esses parentes que querem agarrá-Lo… É interessante que quem faz isso são aqueles que estão próximos de Jesus, são os Seus parentes, os próximos. Os padres, os bispos, os leigos engajados, os consagrados, muitas vezes, também nós detemos Jesus, nós O agarramos e prendemos dentro também dos nossos conceitos, dentro das nossas realidades.
Os parentes de Jesus diziam que Ele estava fora de si; todas as ações d’Ele realmente são ações de alguém que está fora de si, não no sentido de uma doença, uma doença psicológica, uma patologia, mas aquela loucura do amor.
Primeiramente, porque Jesus é um “fora de si”, porque Ele estava fora da Santíssima Trindade, saiu para encontrar a mim e a você. Saiu de dentro da comunhão da Santíssima Trindade para dar a Sua vida em resgate à minha vida e à sua vida. Realmente, quem ama é um fora de si, quem não ama está sempre preso dentro de si; quem está fora de si é um amante, e quem está dentro de si é um ensimesmado, temos essa palavra bem forte no português.
Nosso Senhor nos ensina a não nos fecharmos em nós mesmos, mas a sairmos de nós para dar amor às pessoas, para socorrer as pessoas que mais precisam de nós.
Peçamos, hoje, ao Senhor essa graça de sermos os Seus parentes próximos, mas não aquele O agarra, que O sufoca, mas que, conhecendo o Seu coração de perto, possa levá-Lo às outras pessoas para que também todos experimentem a Sua loucura de amor.
Sobre todos vós, desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!
Padre Donizete Ferreira
Sacerdote da Comunidade Canção Nova.

HOMILIA DIÁRIA - (CANÇÃO NOVA) – Mc 3,13-19 - 20/01/2023


Corresponda à graça do chamado de Deus

“Jesus subiu ao monte e chamou os que Ele quis. E foram até Ele. Então, Jesus designou Doze, para que ficassem com Ele e para enviá-los a pregar, com autoridade para expulsar os demônios. Designou, pois, os Doze: Simão, a quem deu o nome de Pedro e Judas Iscariotes, aquele que depois o traiu” (Marcos 3,13-16.19).



Vejam, meus irmãos e minhas irmãs, estamos diante de um “Evangelho do chamado”: Simão, a quem chamou Pedro; Judas Iscariotes, aquele que depois O traiu. O padre fez questão de ler o início e o final da lista, para meditarmos sobre essas duas realidades.
A última ação de Pedro não foi a negação, mas a última ação de Judas foi a traição, isso aqui é importante. Porque Pedro, depois da experiência de traição, chora amargamente e volta atrás da sua atitude; Judas saiu e se matou.
É importante notar que todos tiveram o mesmo começo. Jesus subiu ao monte para rezar, chamou aqueles que Ele queria; eles foram até Jesus, depois, Jesus designou os Doze para estarem com Ele, depois os enviou para pregar a Palavra de Deus. Todos tiveram o mesmo começo, ou seja, todos tiveram a mesma graça: a graça do chamado, a graça de estar perto de Jesus, a graça de participar do número dos Seus eleitos.

Vamos nos esforçar porque a graça de Deus está aí, cabe a cada um de nós corresponder a esse chamado

Mas o Evangelho é bem claro quando fala sobre Judas que, depois, O traiu. Esse “depois” é o problema, São Paulo resumiu isso dizendo: “Vocês começaram no Espírito e, agora, querem terminar na carne?”, para dizer: “Vocês começaram na graça de Deus e querem terminar na perdição?”. Não! Nosso Senhor quer que nós tenhamos consciência desse começo, dessa graça que nós recebemos.
E todos nós fomos chamados por Deus para estar perto d’Ele. Todos nós, por graça batismal, fomos configurados ao Cristo, recebemos um presente de Deus, participamos da vida de Deus, mas nós não somos chamados a viver esse depois — depois da traição, da negação de Jesus, de abandonar a nossa fé. Não somos chamados para esse depois, a nossa vida precisa começar e terminar com o Senhor, começar na graça de Deus e terminar na graça d’Ele.
Vamos nos esforçar porque a graça de Deus está aí, cabe a cada um de nós corresponder a esse chamado. Judas recebeu a mesma graça que Pedro e os outros apóstolos, foi a diferença na correspondência à graça que ele tinha recebido.
Pergunto para o teu e para o meu coração: o que estamos fazendo com a graça que recebemos? O que fazemos com a experiência de Deus que fazemos? O que nós fazemos com os dons que o Senhor nos concedeu, com as maravilhas que Ele realizou a nosso favor? A nossa resposta precisa ser fidelidade, do começo ao fim da nossa existência. Que o Senhor nos conceda essa graça!
Sobre todos vós, desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!
Padre Donizete Ferreira
Sacerdote da Comunidade Canção Nova.

São Paulo, Apóstolo - 25 de janeiro


São Paulo, Apóstolo


Comemoração litúrgica: 25 de janeiro.

Também nesta data: Conversão de São Paulo, São Juventino, Santo Apolo

A conversão mais extraordinária que se deu depois da  Ascensão de Nosso Senhor, foi a de  Paulo. Discípulo do sábio mestre Gamaliel, era Paulo  havido  por  homem de grande inteligência e de espírito superior, gozando, portanto, de certa consideração na alta sociedade de  Jerusalém. A sua  conversão inesperada, de certo causou sensação extraordinária na capital do judaismo. Conhecido de  todos, como inimigo fidagal da  religião de Cristo e seu cruel perseguidor, era natural que a notícia dessa  conversão fosse pelos  Apóstolos recebida  com muito cepticismo e grande desconfiança.
7Depois do  acontecimento grandioso  da  conversão, Paulo ficou alguns dias em Damasco. Causou grande confusão entre os ouvintes, na Sinagoga daquela  cidade, a narração da visão que teve, e o ardor com que se  confessava em favor de Cristo e de sua doutrina. De Damasco se dirigiu para a solidão da Arábia, onde ficou três anos, fazendo grandes penitências e  entregando-se ao estudo da religião. Passado esse  tempo, voltou a Damasco, onde foi muito mal recebido pelos Judeus, que quiseram matá-lo. Vigiaram  a  casa onde estava e  foi devido à dedicação de alguns cristãos, que conseguiu fugir, descendo num cesto pelo muro afora.
Em Jerusalém, para onde  se  dirigiu então  foi-lhe difícil achegar-se aos Apóstolos, que o temiam, e não disfarçavam a  desconfiança  que  lhes inspirava  aquela conversão.  Foi por intermédio de Barnabé, que Paulo  conseguiu ser-lhes  apresentado.   Desde que os Apóstolos se  convenceram da verdade e  solidez da conversão, com eles  ia a vinha em Jerusalém, procurando sempre o contato  com os gentios. Os judeus, por seu turno, não  lhe perdoaram  a apostasia e tramaram contra sua existência. Por esse  motivo deixou Jerusalém e  foi por Cesaréia para Tarso, sua terra natal, onde permaneceu três anos, pregando o  nome e a doutrina de Jesus nas regiões da Síria  e  Cilícia.
Essa pregação teve por resultado a  conversão de muita gente. Em companhia de  Barnabé seguiu para Antióquia, onde fundaram a primeira  comunidade cristã. Achando-se a Igreja de Jerusalém em situação aflitiva, em conseqüência da  guerra  que lhe fazia  a  sinagoga, Paulo e Barnabé arrecadaram esmolas, com que socorreram os  irmãos  na metrópole. Em Jerusalém receberam ordem de continuar a  pregação entre os gentios. De Antióquia dirigiram-se  para a  Seleucia e  daí foram para a ilha de  Chipre. Percorrida  toda a ilha até  Pafos, foram chamados para junto do proconsul Sérgio Paulo, homem  reto que desejava ouvir a Palavra de Deus. Um  mago, judeu, falso profeta, chamado Simão, procurou desviá-lo da fé. Paulo, cheio do Espírito Santo,  encarando-o em face disse-lhe: "Filho do diabo, inimigo de toda justiça, eis que a mão de Deus te castiga; não verás mais  por algum tempo a  luz do sol".  Logo espêssas trevas o cercaram e  tateava, procurando quem o guiasse. À vista disto, o proconsul se converteu.
De Pafos, Paulo com o companheiro, passou para Perga e de  lá para Antióquia. Houve tantas conversões, que os judeus, enchendo-se de  inveja, moveram perseguição contra os  Apóstolos. Estes, então, se retiraram e  foram-se para Listra, passando por Iconium.
Em Listra havia  um paralítico que recuperou a saúde  pela imposição das  mãos  de Paulo. O povo, vendo isto,  julgou  estar em presença de deuses e quis  dar-lhe  honras divinas. Os judeus, perseguindo  sempre o Apóstolo, vieram de Antióquia, prenderam-no, levaram-no para fora da cidade, apedrejaram-no, deixando-o como morto. No dia seguinte, porém,  seguiu para Derbéia, onde ganhou muitos discípulos.
Quando mais tarde  voltou  outra  vez para Antióquia, pode  contar, em grande assembléia, os progressos que a religião de Jesus  tinha feito.
Surgia  entre os discípulos uma controvérsia, sobre a aplicação da lei  da  circuncisão aos gentios recém-convertidos. Numa reunião que houve em Jerusalém, à qual também compareceram também Paulo e  Barnabé, foi decidido  que os convertidos do paganismo não seriam obrigados à circuncisão.
Fazendo de  Antióquia ponto de partida, Paulo e Barnabé visitaram todas as cidades da Ásia Menor, porque  tinham passado na primeira viagem. Em Troas teve Paulo uma visão:  Em pé, diante dele, um Macedônio suplicava-lhe: "Passa à Macedônia, e vem em nosso socorro!" Paulo embarcou com Silas, Timóteo e Lucas para Filipes. Em Filipes libertou do demônio uma  empregada, que, possessa do espírito adivinhatório, dava lucros avultados aos amos. Estes, vendo-se prejudicados seus interesses, levantaram o povo contra Paulo e Silas, arrastaram-nos diante  do tribunal e  disseram: "Estes homens põem em desordem a nossa  cidade". A autoridade mandou-os açoitar com varas e, metidos no cárcere, foram presos ao "tronco". À noite, um forte terremoto abalou a cidade toda. As portas da prisão abriram-se e as cadeias dos  prisioneiros caíram. O Carcereiro, estupefato e apavorado, fez-se batizar imediatamente com toda a família.
De Filipes Paulo foi para Anfipolis, Apolônia, Tessalônica e Beréia e daí até Atenas. Em Atenas Paulo pregou aos judeus na Sinagoga, aos pagãos na praça pública. Convidado para falar no Areófago, disse Paulo:  " Cidadãos de Atenas! Um dia destes percorrendo vossa cidade e  considerando os objetos do vosso culto, notei entre outros, um altar, com a inscrição: 'Ao Deus desconhecido'.  Aquele  Deus a  quem venerais, sem  o conhecer, é o que venho anunciar-vos".  Quando depois  passou a  falar da  ressurreição, uns escarneciam,  outros disseram: "Falar-nos-á outra vez sobre este assunto". Houve algumas conversões, por exemplo a  de  Dionísio, membro do Supremo Tribunal. De Atenas, Paulo  foi para Corinto, onde pregou o Evangelho  durante um ano e seis meses. De Corinto passou para Efeso, de Efeso para Cesaréia, Jerusalém e Antióquia.
Em outra  viagem, após breve espaço de  tempo, Paulo visitou  todas as Igrejas da Ásia . Em Efeso batizou 12 discípulos e  impôs-lhe as mãos, chamando sobre eles o Espírito Santo, e  começaram a falar línguas  e profetizar.
Três anos  passou Paulo em Efeso, permanência assinalada por muitos milagres. Curaram-se doentes, aos quais  aplicaram o sudário e  a cinta de São Paulo. Inúmeros demônios foram expulsos das suas vítimas.  Muitos  fiéis vieram confessar os pecados.
Os judeus  não deixaram de  odiar a Paulo e  continuaram a perseguí-lo. Antes de se despedir de  Efeso e Mileto, foi São Paulo avisado pelo Espírito Santo, que em Jerusalém  havia de encontrar muita tribulação; e assim aconteceu. Mal tinha chegado a  Jerusalém, os judeus apoderaram-se dele e teriam-no matado , se o tribuno da  corte romana não lho tivesse arrebatado das mãos. Ainda  assim, mandou metê-lo  a  ferros  e encarcerá-lo. De noite Jesus Cristo apareceu a Paulo e  lhe disse:  " Coragem! Como deste  testemunho de  mim em Jerusalém, o mesmo  farás em Roma".
Como os judeus insistissem  na sua condenação, o tribunal romano mandou conduzí-lo  de noite, com uma escolta, ao governador  Felix,  em Cesaréia.  Lé ficou dois anos, até que Felix teve por sucessor  a  Festo.  Os judeus  pediram a  este  a  transferência do prisioneiro para Jerusalém, pensando matá-lo em viagem. Festo perguntou a Paulo: "Queres ser julgado em Jerusalém,  no meu tribunal?"  Paulo  respondeu:  "Apelo para Cesar!"    Festo: " Apelaste  para Cesar,  diante  de  Cesar comparecerás!"
Marcada a partida, Paulo tomou  passagem no navio, com Lucas e  muitos  outros presos.  A viagem foi penosíssima e  o navio ancorou na ilha de Creta. Paulo aconselhou a  passarem o inverno lá, mas essa opinião não teve  apoio dos outros  e continuaram  a  viagem. Uma grande tempestade, no alto mar,  pôs em perigo a  vida de todos e  só depois de  15  dias, cheios de  aflições, abordaram a  ilha de Malta. O navio despedaçou-se, como predissera Paulo, mas os passageiros, em número de 276, chegaram à praia sãos e salvos.
Durante os três meses de  parada  na ilha de malta, Paulo curou muitos doentes dos insulares que lhe fizeram honrosas manifestações.
De Malta seguiram para Roma, onde Paulo ficou alojado em casa particular, com o  soldado que o guardava. Dois anos ficou o Apóstolo em Roma, fazendo bm, onde se lhe oferecia ocasião, e pregando a doutrina de Cristo. O zêlo não lhe deu descanso.  Passados  os  dois anos de  cativeiro, Paulo foi à Espanha; de lá voltou ao Oriente, onde visitou as  Igrejas  de  Efeso, de Crea, da Macedônia  e de Mileto.
É admirável como  o apóstolo, no meio de tantos trabalhos apostólicos, teve ainda tempo para escrever  14  Epístolas a  particulares  e  a  diversas Igrejas.
Dois  anos foram-se com essas  viagens  apostólicas, quando Paulo voltou a Roma, onde era  imperador Nero, o monstro purpurado. Na metrópole do império sofreu o martírio junto com São Pedro. Na qualidade de cidadão romano, foi degolado. Era o ano 67 depois de  Jesus Cristo. Uma parte das relíquias de  São Paulo descansam na  basílica de  São Pedro, ao  lado das relíquias do príncipe dos Apóstolos.
Reflexões:
São Paulo  é chamado o Apóstolo dos  Gentios. realmente é admirável sua atividade na propagação da fé. De perseguidor de  Jesus  Cristo fez-se um Apóstolo da Igreja, um missionário, o modelo dos missionários  de todos os tempos. As Epístolas de São Paulo dão-nos uma imagem nítida das suas lutas, dificuldades, provações e tribulações de toda a sorte. Mas em tudo venceu o amor a Jesus, a Jesus crucificado. São Paulo é um gigante no amor ao Salvador. "Jesus é minha vida", confessa ele, e para Jesus não havia trabalho que não fizesse, dificuldade que não vencesse. No fim da vida, pôde, em verdade, dizer: "Combati o  bom combate, terminei a carreira e conservei a fé". Para que possamos afirmar a mesma coisa, é preciso que imitemos o grande Apóstolo no imenso amor a  Jesus e à Santa Igreja. É preciso que com ele, sacrifiquemos a nossa carne., demos desprezo ao mundo, tenhamos amor aos nossos irmãos, sejamos castos e  puros, e da nossa vida façamos um hino de louvor a Deus. Destarte, seremos herdeiros da coroa, que nos dará o justo juiz no dia da recompensa.
Fonte: Página Oriente em 2016