sábado, 23 de setembro de 2017

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 24/09/2017

ANO A


Mt 20,1-16a

“Amigo, eu não fui injusto contigo...
Ou estás com inveja, porque estou sendo bom?”

Ambientação

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Neste terceiro domingo do mês da Bíblia, Jesus nos conta a parábola dos operários da última hora que recebem tanto quanto os que trabalharam o dia todo. Temos difi culdade para aceitar essa mensagem. É que o amor de Deus supera os nos- sos critérios de justiça. Jesus nos ensina, primeiro, que ele precisa do trabalho de todos; segundo, que ele paga a todos o salário que tinha sido combina- do e que é sufi ciente para alimentar toda a família; terceiro, mostra sua generosidade para com os últimos porque estes também precisam de uma moeda de prata para sobreviverem. E quem é que sabe quem são os operários da última hora? Pode ser cada um de nós.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, sejam bem vindos! Formamos aqui a comunidade dos discípulos e discípulas de Jesus e viemos aqui buscar o Senhor. Estamos sedentos de sua presença e desejamos encontrá-lo, ouvir sua Palavra e comer do seu Corpo e Sangue. Sabemos que não sairemos daqui decepcionados. O Senhor irá nos falar e nos dará de comer do alimento da salvação. Que esta celebração nos ajude a renovar também nosso compromisso com o anúncio do Reino para o qual o Senhor nos chamou. Acompanhemos com nossa oração os jovens de nossa Arquidiocese que, neste domingo, promovem o Dia Nacional da Juventude.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: A interpretação da leitura proposta pelo próprio Cristo para a parábola encontra-se no versículo 15. A acusação feita ao senhor da vinha (Deus) é de ser injusto, acusação esta já formulada pelo filho mais velho ao pai do filho pródigo, acusação dos "bons" judeus ao ouvir a doutrina da retribuição, acusação de Jonas pelo perdão concedido por Deus a Nínive pagã. Em cada um desses casos, os textos opõem a justiça de Deus, concebida à maneira dos homens, sua atitude misericordiosa, nova para os homens. A esta objeção, Cristo responde: o senhor da vinha é "justo" (à maneira humana) com os primeiros, pois lhes dá o que havia combinado, e é "justo" com os últimos (à maneira divina), porque não assumira com eles nenhum compromisso de salário. Afirma-se assim, o primado de Deus: sua maneira de agir não contrasta com a justiça humana, mas a transcende totalmente pelo amor. É preciso perdoar sempre!

Comentário do Evangelho

Deus está perto de nós.

Onde está Deus, quando sofremos? Na nossa desolação, onde encontrar Deus? São perguntas que o trecho do livro do profeta Isaías busca responder. Este trecho do livro do profeta Isaías retrata a situação de desolação dos exilados, membros do povo de Deus, na Babilônia. Os longos anos do exílio faziam com que perdessem a esperança de um dia retornarem à Israel. Com isso, sentiam igualmente que Deus os tinha abandonado e se esquecido deles. A voz inspirada do profeta se levanta para dar ânimo: o Senhor se deixa encontrar, pois, Ele está perto (Is 55,6). Quando sofremos, em qualquer situação, Deus está perto de nós; e, se sofremos, Deus sofre com o nosso sofrimento. A vida do seu povo, a vida de cada um em particular, interessa a Deus. Mas é preciso abandonar a impiedade, isto é, um modo de proceder e agir que semeia o joio da maldade no seio mesmo da comunidade de fé, desestimulando os membros do povo de Deus da confiança no seu Senhor. É preciso centrar a vida e a esperança no desígnio salvífico de Deus.
Temos algum direito sobre a salvação? A salvação é oferecida a uns e não a outros? Deus faz distinção de pessoas? A salvação é retribuição pelo bem realizado? Na parábola dos operários da undécima hora, é o próprio patrão, dono da vinha, que em diferentes horas do dia sai às praças chamando os operários para o trabalho na sua vinha, até a última hora da jornada de trabalho. Em todos os tempos e a todos, indistintamente, Deus chama para participar da sua própria vida. A salvação é um dom: é o dono da vinha que chama operários para o trabalho na vinha. A murmuração dos que foram chamados primeiro a trabalhar na vinha, contra o patrão que pagou o mesmo salário para os últimos admitidos, é a expressão da dificuldade vivida pela comunidade cristã primitiva, sobretudo, entre judeo-cristãos e cristãos oriundos do mundo pagão. Todos igualmente recebem o dom da salvação, sem nenhum privilégio ou direito de precedência? Sim! Pois o verdadeiro salário não é contrapartida do trabalho realizado na vinha; o verdadeiro salário, isto é, a verdadeira recompensa, é ter sido chamado e admitido no Reino de Deus. O verdadeiro salário está em ser chamado a participar da vida divina. O amor de Deus não segue a lógica matemática de nossas atitudes: “meus planos não são vossos planos, vossos caminhos não são meus caminhos” (Is 55,8). A salvação é dom de Deus e, como tal, ela deve ser recebida e vivida.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, que eu jamais me deixe levar pelo espírito de ambição e de rivalidade, convencido de que, no Reino, somos todos iguais, teus filhos.
Fonte: Paulinas em 21/09/2014

Vivendo a Palavra

Não adianta tentar enquadrar o comportamento desse patrão no gabarito da nossa justiça contábil de débitos, créditos e saldos. Ao anunciar a Boa Notícia do Reino, Jesus propõe um novo paradigma de generosidade, de gratuidade e de leveza. Aqui descobrimos que há mais alegria em dar do que em receber.
Fonte: Arquidiocese BH em 21/09/2014

VIVENDO A PALAVRA

É assim a lógica no Reino dos Céus. Não dá para racionalizar ou tentar compreender, mas apenas para aceitá-la com gratidão e grande alegria. Para isto, devemos vencer a tentação de nos considerarmos trabalhadores da primeira hora e reconhecer que a nossa conversão é tarefa sempre inacabada e precisa ser cuidada até nossa última hora.

Recadinho

Você considera que Deus o trata com muita generosidade? - Neste aspecto, como é seu modo de agir em relação a seu próximo? - Você pede que Deus o fortaleça na caminhada? - Procura ser presença amiga na vida dos que sofrem? - Lembre-se sempre: generosidade com generosidade se paga!
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 - Santuário Nacional em 21/09/2014

Meditando o evangelho

IDE PARA A MINHA VINHA!

A vinha, no contexto bíblico, simboliza o povo de Israel. Já os profetas serviram-se desta metáfora para falar ao povo. A vinha aponta para a predileção da qual Israel era objeto por parte de Deus. Como o vinhateiro prepara a terra, planta mudas escolhidas, cuida delas com muito carinho e as protege, na esperança de que produzam frutos de qualidade, também Deus, no trato com o seu povo, desdobra-se em atenção para que corresponda ao que espera dele.
Jesus rompeu a concepção de sua época, ensinando que a benevolência divina não era exclusiva de Israel. A vinha de Deus, na verdade, era a humanidade inteira, toda ela destinatária da Boa-Nova da salvação e convidada a viver em comunhão com o Pai.
Cessam todos os privilégios tanto de Israel quanto de qualquer outro povo que queira assenhorear-se com exclusividade da vinha, ou seja, do Reino de Deus. Deixa de ter sentido, em termos de garantir a precedência no Reino: a quantidade ou a qualidade do serviço prestado, a antigüidade, as funções e cargos exercidos em favor da comunidade. E até mesmo as diferenças de caráter étnico, cultural, social ou de gênero.
Por se tratar de uma adesão livre e gratuita ao chamado do Senhor do Reino, ninguém tem o direito de exigir recompensa, muito menos de julgar-se merecedor de maior recompensa. Basta-lhe a consciência de saber-se humilde servidor!
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total)
Oração
Pai, como operário de tua vinha, desejo entregar-me totalmente ao trabalho, sem esperar outra recompensa a não ser saber-me humilde servidor de meu próximo, por amor a ti.

REFLEXÕES DE HOJE


24 DE SETEMBRO-DOMINGO

VEJA AQUI MAIS HOMILIAS DESTE DOMINGO

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. A desconcertante Justiça de Deus: A VINHA DO SENHOR
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

O Sindicalista conversa com Mateus, tentando ajudá-lo a entender a reclamação dos operários da primeira hora.
Sindicalista - Olha Mateus, vamos e convenhamos, o pessoal que ralou o dia inteiro merecia um salário melhor, trata-se de uma jornada de trabalho desigual, é uma questão de mérito.
Mateus - Olha, aqui não é questão de mérito, mas sim do que foi combinado, escrito no contrato de trabalho, foi ajustado um Denário por dia, que, aliás, é o salário comumente pago por um dia de trabalho, com esse valor dá para comprar oito quilos de pão... Não há nada de errado.
O Teólogo entrou na conversa: Mateus, esse sindicalista não pegou o espírito da "coisa", para mim o Senhor está atirando no passarinho para acertar no Coelho, o alvo é outro, não é?
Mateus (sorrindo) - Sim, as lideranças da nossa religião judaica pensavam assim, que a nossa raça era a escolhida, a predileta de Deus Eterno, isso começou logo depois do Exílio na reconstrução do templo, eles queriam algo mais de Deus, do que o restante dos homens possivelmente pensava em maiores bênçãos em bens materiais e patrimônio, para serem prósperos... e coisas assim.
Teólogo - E o que seria hoje esse Um Denário que é a mesma paga de Deus a todos os homens?
Mateus - Ah sim, é o Amor do Deus Eterno, que ao ser manifestado em Jesus de Nazaré, perde o seu particularismo judaico e é oferecido a toda humanidade na forma de Salvação, coisa que os nossos mais tradicionais não conseguiam engolir...
Teólogo: E a conclusão desse ensinamento então...
Mateus - Uma conclusão óbvia, Deus ama a todos os homens, e os assiste com a sua graça de acordo com a necessidade de cada um, e não por aquilo que fazem de bom ou de mal, ou que deixam de fazer... A Salvação é pura iniciativa do Pai Eterno, nossas ações em nada conseguem mudar essa ação amorosa de Deus na nossa vida e na vida das pessoas. Temos assim o privilégio de ser colaboradores de Deus, como o homem sempre foi, na construção do Reino e na História da Salvação...

Considerações:

Quem já ficou desempregado meses a fio a espera de uma vaga, sabe o quanto esta é uma experiência triste, a reserva financeira vai se acabando, as despesas vão sendo cortadas e só se mantém o essencial, e se a vaga demora a chegar, até aquilo que é essencial, como a alimentação, por exemplo, vai começando a rarear. Não tendo nem o essencial para dar à família, o desempregado vai aos poucos perdendo a auto-estima, começa a andar pelas ruas e praças meio sem destino, ou então, o que é pior, torna-se freqüentador dos botecos da vida, onde se joga muita conversa fora e reclama da situação, tomando “umas e outras” que algum amigo oferece, um conhecido contou-me que se tornou um alcoólatra quando ficou desempregado, ficar sem fazer nada não é coisa boa, pois dizem até que “mente ociosa é oficina do capeta”.
Fiz esta introdução porque me parece ser esta a situação do pessoal da última hora, mencionado nesse evangelho, e que deviam estar bem desanimados quando foram para a praça no final de tarde, jogar conversa fora ou quem sabe, “bater um truquinho”. A colheita em uma vinha carecia de muita mão de obra e para os desempregados era uma ótima oportunidade para ganhar uns “cobres”. Nos que buscam uma oportunidade, sempre há os madrugadores, que acreditam naquele ditado “Quem madruga, Deus ajuda”, eles botam fé em seu potencial e se colocam a disposição bem cedo, para serem logo contratados.
Há os que já estão meio calejados e que dormem um pouco mais, mas às nove horas já estão na praça, à espera de quem os contrate, pois também se julgam eficientes. Não faltam aqueles que só acordam para o almoço, mas ouvindo falar que tem vaga na empreitada, preparam um “miojo”para não perder muito tempo, e vão voando para a praça, nem que seja ao Meio Dia, pois acreditam que também têm chance. A notícia corre rápida e chega até a turma do “Ainda resta uma esperança”, que também animados resolvem arriscar e vão para a praça às três horas da tarde, dando a maior sorte porque acabaram também contratados.
Mas agora, falemos dos desanimados, que já estão a tempo vivendo de JURO, “juro que vou pagar”, para não sucumbirem, assumiram dívidas com o padeiro, açougueiro, leiteiro, verdureiro, aquele dia para eles já está perdido e então vão para a praça às cinco da tarde, só para saber se há alguma novidade, e são surpreendidos pelo Dono da empreiteira, que os interroga, porque estão ali parados, sem fazer nada... Ninguém nos contratou, não temos nenhum valor, ninguém presta atenção no nosso sofrimento, ninguém nos confia um serviço, onde possamos ganhar o pão para o nosso sustento! E foi assim a ladainha de lamentações. A Turma das cinco nem acreditou, quando o Patrão mandou que fossem para a vinha, juntar-se aos outros trabalhadores. Certamente pensaram que fossem fazer Terceira turma, mas às dezoito horas em ponto, soou o apito e a jornada de trabalho acabou, trabalharam só uma hora, não ia dar nem para o leite e o filãozinho... Pensaram os trabalhadores. Então veio a surpresa agradável, foram os primeirões a receber e ganharam uma moeda de prata, que dava para fazer a compra do mês e ainda pagar umas contas, imaginem a alegria desses trabalhadores de última hora.
O clima era de festa e alegria quando a turma dos Madrugadores, profissionais competentes, que deram duro o dia inteiro, desde o nascer do sol, armou o maior barraco e chamaram o sindicato, pois não acharam certo receber apenas uma moeda de prata, tinham plena certeza de que iriam receber muito mais, pois se julgavam merecedores, mas o Patrão os lembrou sobre o contrato assinado: o pagamento da diária seria uma moeda de prata.
Na religião de Israel e no cristianismo de hoje, acontece a mesma coisa, o título de cristãos e o fato de ser membro de uma igreja, faz com que as pessoas sintam-se privilegiadas diante de Deus, merecedores de sua graça, do seu amor, das suas bênçãos e de todos os seus favores, se a pessoa atua em alguma pastoral ou movimento, então aumenta a obrigatoriedade de Deus atender. Infelizmente é essa a imagem que muitos fazem de Deus, que sempre surpreende os que buscam conhecê-lo melhor.
Na parábola em questão, contratou pessoas sem nenhum valor, e que, entretanto, apesar de terem chegado muito depois dos Madrugadores, foram alvos da mesma atenção e receberam o mesmo tratamento. Na verdade, ao invés de sermos a imagem e semelhança de Deus, muitas vezes projetamos Nele a nossa imagem e semelhança, para que seja bom com quem mereça, que trate as pessoas a partir dos seus merecimentos, o que na lógica humana é muito justo. Porém, o amor e a justiça de Deus vai sempre buscar os últimos, os renegados, o que não tem mais nenhuma chance diante da sociedade “perfeita” ou da religião padrão, os que não têm o que fazer porque ainda não acharam um sentido para suas vidas. Os desprezados, tratados com frieza e que nunca são levados a sério.
E quando descobrimos que Deus os ama tanto quanto a nós, que nos julgamos “justos” em vez de fazermos com eles uma grande festa, manifestando alegria, agimos como o irmão mais velho do Filho Pródigo: derrubamos o beiço e nos recusamos a entrar na casa do Pai, isso é, a vivermos na comunhão com Deus, ao lado dos trabalhadores da última hora, sonhamos com um céu especial e nos frustramos ao ver que o coração de Deus, cheio de misericórdia, manifestada em Jesus, há lugar para todos os homens.
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com

2. Operários da Vinha
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Alegrar-se com o bem dos outros é, sem dúvida, a maior expressão da qualidade do nosso relacionamento. Nossa maior dificuldade está nos nossos relacionamentos. Sentimos isso quando estamos bem com os outros. Se os relacionamentos vão bem, a gente se sente bem e tem disposição para superar os outros problemas. A ajuda mútua leva a um relacionamento positivo e faz a gente estar de bem com todos.
Na parábola contada por Jesus, alguém contrata trabalhadores para um trabalho de roça. Isso é feito em vários momentos do dia, uns começando bem mais cedo do que outros, que iniciam o trabalho quase no fim do dia. E todos recebem o mesmo pagamento. O patrão paga o que combinou: uma moeda de prata para cada um. Surge então o problema. Quem trabalhou o dia inteiro não aceita receber o mesmo que aqueles que trabalharam somente algumas horas. Não aceita a bondade do patrão e não se alegra com o bem dos companheiros de trabalho. Por que não ficar feliz com o outro que, tendo trabalhado menos, recebe igual pagamento? Por que temos dificuldade em nos alegrar com o bem dos outros!
Aqui não há injustiça. Há generosidade. No entanto, o nosso pensamento caminha em outra direção: se não para mim, também não para o outro! Por que não para mim? “O melhor e o primeiro para o meu companheiro”, ensinava na Espanha um Cardeal chamado Cisneros. Evite as injustiças e proteste contra elas, mas faça o exercício de deixar o que é melhor para os outros e fique feliz com isso.
O profeta Isaías mostra que os nossos pensamentos e os nossos caminhos nem sempre coincidem com os de Deus. Não pensamos como Deus pensa nem agimos como ele. A distância entre o pensamento de Deus e o nosso é como a distância entre o céu e a terra. Isaías caracteriza a Deus como alguém que é generoso no perdão. Nós, ao contrário, costumamos ser mesquinhos. Não nos sentimos bem com o bem dos outros.
Uma boa pratica é pedir a Deus que multiplique tudo o que o outro tem e que eu não tenho, sem que me falte o necessário. Pensando na morte, Paulo tem certeza de que é bem melhor estar definitivamente com Cristo no céu, mas, se estar aqui é bom e útil para os irmãos, torna-se difícil escolher. O que importa é que Cristo seja engrandecido em nossa vida e que nossa vida seja digna do Evangelho de Cristo. Mesmo sabendo que é melhor partir, Paulo pensa nos irmãos e irmãs que podem precisar dele. Ele se alegra com o bem do outro.

HOMILIA

EU PAGAREI O QUE FOR JUSTO Mt 20,1-16ª
A parábola de hoje nasce da realidade agrícola do povo da Galiléia. Era uma região rica, de terra boa, - mas com o seu povo empobrecido, pois as terras estavam nas mãos de poucos, e a maioria trabalhava ou como arrendatários ou como “bóia-fria” como diríamos hoje. Embora a cena situe-se na Galiléia de dois mil anos atrás, bem poderia ser aqui como aí onde você mora hoje em dia. Apresenta uma situação de trabalhadores braçais desempregados, não por querer, mas “porque ninguém nos contratou”. Talvez haja uma diferença, comparando com a situação de hoje - na parábola, o salário combinado era uma moeda de prata, um denário, que na época era o suficiente para o sustento diário duma família - o que nem sempre se verifica hoje.
O dono de uma vinha chamou trabalhadores para a colheita. A uns chamou pela manhã, outros ao longo do dia e outros, ainda, no fim do dia. A todos, compromete-se com o mesmo pagamento. Naturalmente, aqueles que começaram a trabalhar ainda cedo reclamaram ao patrão por ter recebido o mesmo montante dos outros que trabalharam apenas uma pequena parte do dia. Para o patrão, porém, está feita justiça: pagou a todos conforme o combinado e, ademais, dispôs daquilo que é seu. Se, aos olhos do empregado que se considera lesado aquilo era injusto, ao patrão foi apenas um acerto de contas equânime, dentro dos limites que tinha estabelecido.
Jesus contou esta parábola para nos esclarecer como o pensamento de Deus difere da nossa mentalidade humana. Na administração das coisas do mundo existem critérios já estabelecidos em relação a quem faz mais, a quem faz menos. Para Deus o que importa é a decisão do momento. Quem começa mais cedo tem a mesma paga de quem começou mais tarde. A salvação é para hoje, agora. Os que abraçam a salvação mais cedo têm a recompensa de conhecerem o reino dos céus primeiro. E quando fazemos a experiência de salvação percebemos que nenhum dinheiro do mundo paga o que alcançamos.
Muitas vezes assumimos o papel dos trabalhadores que reclamam por ter trabalhado tanto enquanto outros que não sofreram as mesmas penas recebem a mesma recompensa. Assim o é na vida civil e na vida cristã. Mas, para Deus, não importa o “tempo de casa” ou aquilo tudo que já demos: importa com que amor o demos, com que dedicação o fizemos. Além disso, o Senhor nos dá a Sua graça e esta Ele dispõe como deseja. Essa é a aparente contradição: a perspectiva humana entende que o pagamento deve ser correspondente ao tempo ou à responsabilidade do trabalho. Deus, não. Ele entende que pode dispor do que é seu e dá a cada um como considera o seu merecimento.
Portanto, não precisamos questionar a recompensa que Deus dá àqueles “pecadores” que nós julgamos os piores do mundo, pelo contrário devemos também sair pelo mundo a fora em busca dos “trabalhadores de última hora” a fim de que encontrem a Jesus e recebam a salvação para as suas almas.
Você conhece alguém que ainda não foi contratado para trabalhar na vinha do Senhor? Por que não chamá-lo?- Você já se sente contratado (a) e recompensado.
Pai, que eu jamais me deixe levar pelo espírito de ambição e de rivalidade, convencido de que, no Reino, somos todos iguais, teus filhos.
Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
Fonte: Liturgia da Palavra em 21/09/2014

HOMILIA DIÁRIA

Não inveje ninguém, pois Deus é bom com todos

Não inveje ninguém! Deus é generoso e bom com todos. Ele sabe quais são as carências de cada coração humano.
“Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos” (Mateus 20, 16a).
A parábola que ouvimos de Jesus, no Evangelho de hoje, pode provocar, talvez nos corações mais voltados à justiça, uma certa confusão, até uma certa incompreensão da atitude do senhor da vinha, do patrão. Porque o patrão saiu para contratar os empregados, logo pela manhã combinou com eles uma moeda de prata, depois na metade da manhã contratou mais empregados e combinou outra moeda de prata com eles. Depois, no meio da tarde e no final do dia, contratou mais outros operários e combinou o mesmo valor.
A questão aqui não é o valor combinado, porque o combinado não custa caro, como dizem. O senhor combinou com os primeiros operários uma moeda de prata e a pagou, mas ele também combinou com os da última hora e pagou o mesmo valor. Se os operários da primeira hora não soubessem quanto tinham ganhado os da última hora não haveria problema nenhum, estariam felizes, agradecidos. Mas o problema é que a inveja, quando vem ao coração humano, destrói os melhores sentimentos, e o primeiro deles é a gratidão e o reconhecimento.
Quando só comparamos a nossa vida com a dos outros – o que nós temos com o que o outro tem – não sabemos valorizar o que temos. Não sabemos dar o verdadeiro valor, estima, não sabemos apreciar o que temos. Estamos sempre comparando a nossa vida com a dos outros, o que temos com o que o outro tem, e no Reino de Deus não é assim!
Deus não faz distinção de pessoas. Ele ama a todos com valor igual; Ele não vai dar mais a quem trabalhou mais, e o outro porque chegou no fim vai ganhar menos. De repente, pode até ser que realmente tenha um valor maior aquele que recebeu por último do que quem trabalhou menos, mas o Pai sabe qual é a necessidade de cada um de Seus filhos. Quem é pai, quem é mãe, procura ser justo, dar amor igual para seus filhos, mas eles sabem também qual é a carência que cada filho tem.
Deus é generoso e não deixa de ser bom com ninguém, Ele sabe quais são as carências de cada coração humano. O que nós não podemos deixar é que o amor de Deus não cresça em nosso coração por causa daquele sentimento terrível que Caim teve: a inveja do seu irmão, Abel, e, por causa disso, o matou.
Nós matamos a graça de Deus, nós somos impedidos de crescer como pessoas humanas quando somos tomados pelo sentimento da inveja. Não se preocupe, a graça de Deus na sua vida vai ser do tamanho da sua necessidade. Por isso, não precisamos invejar ninguém, porque Deus é bom para com todos!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 21/09/2014

VEJA MAIS HOMÍLIAS EM
HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 21/09/2014

Oração Final
Pai Santo, dá-nos a consciência de que tudo é dom do teu Amor e que nos emprestas para ser desfrutado e partilhado com os peregrinos que andam conosco pelas estradas da vida. Faze-nos generosos, ternos e misericordiosos. Pelo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 21/09/2014

ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, guarda meus olhos, meus ouvidos e meu coração da inveja, do despeito e do julgamento de meus irmãos nesta jornada pelos caminhos do teu Reino de Amor. Que o exemplo de convivência e a palavra de Jesus, teu Filho e nosso Irmão, inspirem em nós a fraternidade e a compaixão que Ele viveu, especialmente junto aos excluídos pela sociedade do seu tempo.