ANO C
2º DOMINGO DA PÁSCOA
Domingo da Divina Misericórdia
Ano C – Branco
“Reunidos pela fé.”
Jo 20,19-31
Ambientação
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Jesus ressuscitado está presente
na comunidade, dando início à nova criação. Os cristãos sentem sua presença na
ação do Espírito que os move à implantação do projeto de Deus na história.
Neste Domingo da Misericórdia, celebramos a páscoa de Jesus, realizada em todas
as pessoas e grupos que se empenham na promoção da paz.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE
DEUS: Irmãos e irmãs, o anúncio da
Páscoa do Senhor ainda ressoa em nossos corações. Deus mostrou sua infinita
misericórdia quando, pela morte e ressurreição de seu Filho, devolveu- -nos a
esperança da Vida Eterna. Foi no primeiro dia da semana, num domingo como este,
que Ele entrou onde estavam reunidos os discípulos para lhes oferecer o dom da
paz. Acolhamos o Senhor que nos reuniu, para novamente nos oferecer esse dom, e
nos disponhamos a ser testemunhas de sua misericórdia no mundo e construtores
da paz.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Jesus
ressuscitado está presente na comunidade, dando início à nova criação. Os
cristãos sentem sua presença na ação do Espírito que os move à implantação do
projeto de Deus na história. Contudo, da comunidade se espera uma fé madura, que
não exige sinais extraordinários para perceber Jesus nela. Agradecemos ao Pai
pela vitória de Cristo sobre nossa morte, pecados e incredulidades. Acolhemos a
presença do Ressuscitado na comunidade unida e suplicamos o sopro de seu
Espírito para vencer nossos medos, animar nossa fé ainda tão frágil e nos
fortalecer na missão de testemunhas da ressurreição. Neste Domingo da
Misericórdia, celebramos a páscoa de Jesus, que se realiza em todas as pessoas
e grupos que vivem e promovem a paz e a reconciliação. O Evangelho apresenta a
aparição de Jesus ressuscitado num quadro "litúrgico". Os discípulos
estão reunidos, no domingo à noite (dia da ressurreição) e novamente oito dias
depois. Jesus apresenta-se com os sinais gloriosos da paixão; transmite-lhes,
com seu Espírito, os dons pascais resumidos na paz, na reconciliação;
confirma-lhes a fé e anuncia a bem-aventurança dos que creram sem tê-lo visto.
TOMÉ ESTAVA COM ELES...
Por uma definição geral, comunidade pode ser um grupo de pessoas
que têm alguma coisa em comum, e que por isso se reúnem. Sendo assim, as
comunidades se reúnem segundo interesses ou motivações diferentes, e isso ajuda
a fortalecer os vínculos entre os membros do grupo. Na comunidade as pessoas
também desenvolvem ligações, partilham experiências de dor e alegria, falam da
própria vida e dessa forma, ajudam e são ajudadas. Os laços criados na vivência
em comunidade podem ser muito fortes e gerar sentimentos de fraternidade, como
aqueles que se experimentam em família.
Jesus reuniu seus discípulos, chamando aqueles que ele quis para
formar uma comunidade, relembrando as doze tribos de Israel. Ele caminhou com
seus discípulos e enquanto caminhava foi ensinando e formando por palavras e
gestos, aqueles que seriam enviados para a missão. A paixão do Senhor provocou
um grande sofrimento nos discípulos, e por isso, com medo, eles se fecharam
temendo pela própria vida. Mas a presença do Ressuscitado trouxe alegria e
esperança à comunidade dos discípulos, que recebeu o Espirito Santo e partiu
para anunciar a todos povos, fazendo discípulos e batizando.
A comunidade se torna então o ponto de referência para os
discípulos, seja para fazer a experiência do discipulado, seja para o encontro
com o Ressuscitado. Quando Jesus veio, depois da ressurreição, ele encontrou
seus discípulos com medo, mas a sua presença e graça do Espírito renovou neles
a esperança e a fé. Eles receberam a missão de anunciar e o primeiro anúncio
foi feito a Tomé, que não estava com eles. Tomé colocou em dúvida aquele
anuncio. Oito dias depois, quando a comunidade estava novamente reunida o Ressuscitado
apareceu, e então, Tomé acreditou.
A comunidade, a Igreja, é o lugar da presença do Ressuscitado, e
também foi a comunidade que recebeu a missão de fazer o anuncio da ressureição.
No batismo a Igreja pergunta aos pais e padrinhos o que eles pedem para a
criança, com esse diálogo tem início a transmissão da fé. Da Igreja recebemos a
fé, e é na Igreja que alimentamos a nossa fé. Nossas dúvidas, medos, dores e
angustias podem ser partilhados na comunidade de fé, também é aí que fazemos
experiências de verdadeira alegria e que encontramos o sentido da vida. A
comunidade é o lugar do encontro com o Ressuscitado e da reunião fraterna entre
os irmãos.
Dom Devair Araújo da Fonseca
Bispo Auxiliar de São Paulo
DEIXAR-SE TOCAR PELA MISERICÓRDIA...
“... Na narração que ouvimos, aparece um contraste evidente: por
um lado, temos o medo dos discípulos, que fecham as portas da casa; por outro,
a missão, por parte de Jesus, que os envia ao mundo para levarem o anúncio do
perdão. O mesmo contraste pode verificar-se também em nós: uma luta interior
entre o fechamento do coração e a chamada do amor para abrir as portas fechadas
e sair de nós mesmos. Cristo, que por amor entrou nas portas fechadas do
pecado, da morte e da mansão dos mortos, deseja entrar também em cada um para
abrir de par em par as portas fechadas do coração. Ele que venceu, com a
ressurreição, o medo e o temor que nos algemam, quer escancarar as nossas
portas fechadas e enviar-nos. A estrada que o Mestre ressuscitado nos aponta é
estrada de sentido único, segue-se apenas numa direção: sair de nós mesmos,
sair para testemunhar a força sanadora do amor que nos conquistou. Muitas vezes
vemos, diante de nós, uma humanidade ferida e assustada, que tem as cicatrizes
do sofrimento e da incerteza.
Cada doença pode encontrar na misericórdia de Deus um auxílio
eficaz. Com efeito, a sua misericórdia não se detém à distância: quer vir ao
encontro de todas as pobrezas e libertar de tantas formas de escravidão que
afligem o nosso mundo. Quer alcançar as feridas de cada um, para medicá-las.
Ser apóstolos da misericórdia significa tocar e acariciar as suas chagas,
presentes hoje também no corpo e na alma de muitos dos seus irmãos e irmãs. Ao
cuidar destas chagas, professamos Jesus, tornamo-Lo presente e vivo; permitimos
a outros que apalpem a sua misericórdia, e O reconheçam “Senhor e Deus” (cf. Jo
20, 28), como fez o apóstolo Tomé. Eis a missão que nos é confiada. Inúmeras
pessoas pedem para ser escutadas e compreendidas. O Evangelho da misericórdia,
que se deve anunciar e escrever na vida, procura pessoas com o coração paciente
e aberto, «bons samaritanos» que conhecem a compaixão e o silêncio perante o
mistério do irmão e da irmã; pede servos generosos e alegres, que amam
gratuitamente sem nada pretender em troca.
“A paz esteja convosco!” (Jo 20, 21): é a saudação que Cristo
leva aos seus discípulos; é a mesma paz que esperam os homens do nosso tempo.
Não é uma paz negociada, nem a suspensão de algo errado: é a sua paz, a paz que
brota do coração do Ressuscitado, a paz que venceu o pecado, a morte e o medo.
É a paz que não divide, mas une; é a paz que não deixa sozinhos, mas faz-nos
sentir acolhidos e amados; é a paz que sobrevive no sofrimento e faz florescer
a esperança... ”
(Papa Francisco, Homilia de 3 de abril de
2016)
Comentário do Evangelho
Como se chega à fé na ressurreição de Jesus
Cristo?
A questão importante posta pelo evangelho deste
domingo é a seguinte: como se chega à fé na ressurreição de Jesus Cristo? Há,
no evangelho segundo João, no que concerne aos relatos da aparição do
Ressuscitado, uma unidade de tempo: o primeiro dia da semana. O primeiro dia da
semana é o primeiro dia da nova criação em Cristo, nosso Senhor; o dia em que a
LUZ foi feita: “A luz brilha nas trevas” (Jo 1, 5). Todos os relatos da
aparição do Senhor ressuscitado são uma catequese sobre a ressurreição. Eles
apresentam didaticamente um itinerário através do qual se chega à fé na
ressurreição de Jesus Cristo. São relatos que têm uma força simbólica evidente,
isto é, eles extrapolam o tempo e o lugar de sua redação para ganhar uma
validade permanente. A observação de que as portas do lugar onde os discípulos
se encontravam estavam “fechadas” e que, mesmo assim, Jesus se colocou no meio
deles, nos quer fazer compreender que a presença do Ressuscitado é de outra
natureza, que não a física, o que exige para o reconhecimento da presença do
Senhor não o exercício ótico, mas a abertura própria da fé. É no primeiro dia
da semana, segundo o nosso texto, que o Espírito Santo é dado como sopro do
Senhor (cf. v. 22). A ausência de Tomé e sua objeção para crer, e o relato da
aparição do Ressuscitado a ele (vv. 26-28), é o que nos permite afirmar que a
fé na ressurreição e no Ressuscitado é dada pela aceitação do testemunho:
“Bem-aventurados os que não viram, e creram” (v. 29). É esta aceitação que
permite ao discípulo, e a todos nós, experimentar os efeitos da ressurreição,
qual seja, a paz e a alegria. Não há acesso imediato à ressurreição de Jesus
Cristo, mas somente mediato, isto é, através do testemunho. Nesse sentido, a fé
é eminentemente tradição.
Carlos Alberto Contieri, sj
Vivendo a Palavra
Aquele sopro de Jesus Ressuscitado sobre os
Apóstolos chega até nós e nos inunda do Espírito Santo. A partir dele também
nós somos mensageiros da Paz – a verdadeira Paz do Cristo – para ser proclamada
a todos os peregrinos que caminham conosco nesta terra encantada que o Pai nos
empresta para cuidado e desfrute.
VIVENDO A PALAVRA
Aquele sopro de Jesus Ressuscitado sobre os
Apóstolos chega até nós e nos inunda do Espírito Santo. A partir dele também
nós somos mensageiros da Luz, do Amor e da Paz – a verdadeira Paz do Cristo –
que devem ser proclamados a todos os peregrinos que caminham conosco nesta
terra encantada que o Pai nos empresta para que seja cuidada, desfrutada e
partilhada.
Reflexão
MEU SENHOR E MEU DEUS!
A comunidade dos discípulos e discípulas de Jesus estava reunida. Estavam com medo dos perseguidores; apesar disso, estavam unidos e assim receberam Jesus vivo. Isso aconteceu com os primeiros cristãos, mas também acontece conosco hoje, por nossa fé. Recebemos a mensagem viva do evangelho por meio da Igreja, a comunidade dos seguidores de Jesus. O medo que sentimos não importa muito. Mais importante é o espírito de unidade.
Os discípulos e discípulas de Jesus estavam reunidos, com medo. Hoje em nossas comunidades também passamos por situações difíceis. No Brasil, talvez, a maioria das comunidades não tenham medo de se reunir, mas enfrentam outras dificuldades. Por exemplo, em muitos lugares é difícil reunir pessoas para a celebração. Graças a Deus, há sempre um pequeno grupo que leva as coisas para a frente, mas a grande maioria, ainda que seja católica, faz pouco pela comunidade. Mesmo assim, as comunidades continuam sendo espaço de encontro das pessoas com Jesus ressuscitado, onde os irmãos e irmãs se reúnem, escutam a Palavra e repartem o pão.
O evangelho de hoje também fala de Tomé, que, por ter estado fora da comunidade, não havia feito a experiência do Senhor ressuscitado e teve dificuldade de entender a mensagem de vida trazida por Jesus. Olhando para nossos dias, percebemos que, de fato, quem se põe fora da comunidade fica sem entender o que é mais importante na vida dos seguidores de Jesus. Todos nós, muitas vezes, nos colocamos fora da comunidade dos seguidores de Jesus. Quando? Todas as vezes que fazemos algo não para servir, mas para obter alguma vantagem ou simplesmente receber reconhecimento humano, estamos seguindo um caminho diferente daquele que Jesus, nosso mestre, nos ensinou. Quando reclamamos e não procuramos fazer a nossa parte, estamos nos afastando da mensagem de Jesus vivo. Se fizermos muitas coisas e não dedicarmos o tempo necessário à oração, estaremos pondo os pés fora da casa dos seguidores de Jesus.
Se cada pessoa fizer exame de consciência, vai perceber que nem sempre esteve cem por cento na comunidade dos seguidores de Jesus. Muitos desanimaram, perderam a fé, a esperança e deixaram de viver a caridade. Mas ninguém precisa se desesperar, pois, sempre que nos desencontramos com Jesus, ele vem novamente ao nosso encontro. O que ele espera de nós é que, com nosso coração e nossos gestos, possamos dizer como Tomé: Meu Senhor e meu Deus!
Claudiano Avelino dos Santos, ssp
Reflexão
Tudo acontece no primeiro dia da semana. Com a
ressurreição de Jesus, nasce nova criação e inicia-se uma nova era da
humanidade. A nova realidade que o Ressuscitado propõe é uma comunidade que
vive a paz, supera o medo, busca a reconciliação, não se fecha em si mesma,
pois é uma comunidade em saída, como tanto insiste o papa Francisco. Quando se
vive esses valores, dons do Espírito de Deus, a comunidade não tem mais
necessidade da presença física de Jesus para acreditar. Todos serão felizes por
acreditar sem ver e sem necessidade de tocar. Não haverá mais espaço fechado
que não possa ser penetrado pelo Espírito do Ressuscitado. O que os olhos não
veem e as mãos não apalpam pode ser entendido e acolhido por um coração aberto
ao amor de Deus. A comunidade nascida da Páscoa e que vive os dons do Espírito
é o local onde podemos encontrar tudo o que é necessário para entrar em
comunhão com o Ressuscitado. A comunidade eclesial é, portanto, o lugar
primordial onde, na fé, se acolhe o Ressuscitado e se irradia seu amor. A fé em
Cristo, presente na comunidade, liberta-nos do medo e do fechamento e nos
conduz à comunhão com os irmãos e irmãs.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 – Pe. Luiz Miguel
Duarte, ssp)
Meditando o evangelho
AS PORTAS FECHADAS
As portas fechadas por medo dos judeus simbolizavam a situação crítica
vivida pela comunidade cristã, quando da morte de Jesus. Como as portas do
local, também estavam fechadas as portas das inteligências e dos corações dos
discípulos. O medo era fruto da falta de fé, e esta carência, da incapacidade
de aceitar a ressurreição do Senhor como um fato consumado, que eliminava
qualquer dúvida ou suspeita. A incredulidade deixara-os confusos, sem rumo,
bloqueados pela perplexidade diante da morte do Mestre.
Foi preciso uma intervenção enérgica do Mestre para arrancá-los dessa
lastimável situação. E a ação do Senhor foi progressiva: fez-se presente no
lugar em que se encontravam, mesmo estando fechadas as portas, como se as
estivesse escancarando; exortou-os a recobrar a paz interior, deixando de lado
os sentimentos negativos que agitavam seus corações; fez-lhes compreender que
estavam diante do mesmo Jesus que fora crucificado – as marcas nas mãos e no
lado não davam margem para dúvidas –; finalmente, comunicou-lhes o Espírito
Santo e os enviou em missão.
O medo e o conseqüente ensimesmar-se têm sido, ao longo dos séculos, a
grande tentação dos discípulos de Jesus. A hostilidade do mundo somada à
precariedade da fé explicam esta atitude. É mister deixar que o Ressuscitado
rompa as barreiras e nos envie em missão, com a força do Espírito.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe.
Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE –
e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Pai, abre todas as portas que me mantém fechado no medo e na
insegurança, para que eu vá ao encontro do mundo a ser evangelizado.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A
revelação de Jesus culmina com a partilha do pão
(O comentário do Evangelho
abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
A partir de fragmentos de tradições sobre a
ressurreição, associadas às Escrituras, Lucas redige esta
expressiva narrativa didático-catequética.
As tradições devem ser reinterpretadas a partir
da prática da partilha do pão por Jesus. Os dois discípulos (representam a
comunidade) estavam frustrados com a morte de Jesus na cruz. A expectativa de
um messias libertador nacionalista, glorioso e poderoso, sempre foi uma
dificuldade para compreenderem a encarnação de Jesus, comunicadora de vida
eterna. Contudo, o próprio Jesus se revela a partir das Escrituras deles.
E esta revelação culmina com a partilha do pão, que é um gesto universal de
solidariedade, independente de qualquer credo ou religião.
A partilha fraterna do pão, a solidariedade e o
amor são os gestos que a todos revelam a presença viva de Jesus nas
comunidades.
ORAÇÃO
Pai, não permitas que eu caia na tentação de
viver distante de meus irmãos e irmãs de fé, pois o Senhor Ressuscitado nos
quer todos reunidos em seu nome.
2. CRER SEM VER
(O comentário do Evangelho abaixo
é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica,
Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
A bem-aventurança de crer no Senhor Ressuscitado,
sem tê-lo visto, diz respeito a todos os cristãos. Neste caso, o pré-requisito
para se tornar bem-aventurado consiste em dar crédito ao testemunho de quem
"viu" o Senhor, e anunciou que ele está vivo. A tradição cristã, ao
longo dos séculos, foi se formando a partir do testemunho dos primeiros
cristãos. Estes saíram pelo mundo inteiro para anunciar que o Senhor
ressuscitou, testemunhando o fato, não só com palavras, mas também com a vida.
O testemunho de fé - palavra e vida - da comunidade é a única forma de ter
acesso ao Senhor. Só por este caminho é que se chega a Jesus.
Como conseqüência, cada cristão deve estar
convicto de que é mediação da experiência do Ressuscitado, para todas as
pessoas com quem se defronta. Quando o cristão, realmente, assimila a dinâmica
da ressurreição, e a deixa transformar sua vida, torna-se uma prova convincente
de que o Senhor está vivo, e sua presença tem a força de mudar, radicalmente, a
vida de quem o acolhe. Este é o testemunho que atrairá muitas pessoas para a
fé.
Assim, embora não vejamos Jesus ressuscitado com
os nossos olhos, é possível acolhê-lo na fé, e testemunhar que ele, de fato,
está no meio de nós.
Oração
Espírito de fé tira de mim tudo o que me impede
de acolher, com docilidade, a presença do Ressuscitado em minha vida e na de
minha comunidade.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O ESPÍRITO QUE DÁ A VIDA PLENA...
(O comentário do Evangelho abaixo
é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata
– Votorantim – SP)
A descrença de Tomé persiste ainda hoje nas comunidades cristãs,
pois em sã consciência, é difícil as vezes, ter a crença inabalável de que o
Senhor está vivo e presente na comunidade. Não só porque não podemos vê-lo nem
tocá-lo, mas principalmente porque a vida em comunidade nem sempre é o que
sonhamos e esperamos.
Como pode Jesus estar presente se certas coisas dão tão errado,
como pode Ele estar presente e as intrigas, fofocas, divisões, mal entendidos,
ciúmes e inveja, serem tantas no seio da comunidade. Enfim, são tantos pecados
da nossa Igreja, da parte dos fiéis e dos ministros, que é impossível crer que
o Senhor está realmente presente. Parece mesmo que o Senhor desistiu da barca
da Igreja e ela foi a deriva.
O próprio ambiente, e as condições em que a comunidade se
encontrava, após a morte de Jesus, já era algo mais para a incredulidade e o
fracasso, do que um retorno ao projeto do Reino anunciado por Jesus. Estavam de
portas fechada, por medo, provavelmente iriam fazer uma última reunião, dizer
que foi um prazer caminharem aqueles três anos juntos, mas que infelizmente era
melhor cada um tomar o seu rumo e retornar á vidinha de antes.
Muitos cristãos, marcados por desilusões, pensam assim, alguns
até insistem em procurar uma comunidade perfeita e pensam tê-la encontrado, até
que nova desilusão provém e a fé vai perdendo o seu encanto. Parece que a
Igreja e o Cristianismo, tornaram-se intrusos na vida do homem.
Entretanto, uma assembléia que estava destinada a dissolver-se,
porque havia perdido o seu rumo, é surpreendida pela presença do Senhor! É nos
momentos de fracasso, medo e desânimo, que Jesus se revela na assembléia.
Quantos momentos e períodos assim, a Igreja já não viveu, desde os primórdios
até os dias atuais? Digamos que, se ela fosse uma grande “farsa” como pensam
alguns “iluminados”, como alguém poderia sustentar uma “farsa” ao longo de dois
milênios de História....
“A Paz esteja convosco!” É a primeira saudação do Ressuscitado.
Como viver a paz em meio ao “caos” da Família, sociedade, comunidade, será que
a Paz tem algum significado, será que ela é realmente buscada? Não! Da parte do
homem nada há que se possa fazer para se construir a paz... Que não é ausência
de guerras e conflitos, que não é ausência de problemas, isso seria a
plenitude, e o ser humano, com suas limitações e fragilidades, jamais
concretizaria o sonho da paz, mesmo porque, para quem detém algum poder, paz é
quando tudo está sob controle, como era a famosa Pax Romana.
Paz, no contexto da igreja comunidade, é a presença do Senhor,
entretanto, é bom compreender bem, o que significa a presença misteriosa de
Jesus em nosso meio, pois há muitos que a compreendem como uma espécie de
“alívio”. Jesus caminha com a nossa igreja, então vamos deixar que Ele resolva
todos os problemas e dificuldades, podemos cruzar nossos braços e ficar no
aguardo do grande Dia, em que seremos todos com Ele, arrebatados ao céu...
O evangelho de João, escrito 90 anos após a ascensão de Jesus,
quer ajudar as comunidades cristãs, daquele tempo e também as de hoje, a
perceberem que a Fé não nasce de uma experiência humana, não é resultado do
raciocínio e nem produto da lógica. O Reino de Deus anunciado por Jesus, não é
um reino lá de cima, sem qualquer conexão com as realidades humanas, é um reino
aqui de baixo, com suas raízes plantadas no chão da história, mas que, apesar
disso, não depende do homem, de suas aspirações ou ideologias, para atingir a
plenitude.
Este homem novo, que não é alienado, mas que também não é só uma
realidade carnal e psíquica, nasceu no “sopro” de Jesus, este homem convocado
para viver uma nova realidade celestial, mesmo em meio ao “caos” estabelecido
na humanidade, é que forma a Igreja dos que crêem, e que não encontrando em si
mesmo uma força que transforme aas relações, sonha, constrói e vai a luta,
impelido pelo Espírito do Senhor Ressuscitado, que vai á frente da sua Igreja,
como um General vai á frente da Batalha, convicto da vitória.
Há uma missão a cumprir, dificílima e sempre desafiadora, para
cada Cristão Batizado, mas o bom êxito da missão está assegurado, porque é o
Espírito do Senhor, que nos move, anima, direciona e impulsiona. Não importa as
nossas fragilidades, vacilo e indecisões, pois o mais importante é que, como
São Tomé, reconheçamos Jesus como nosso único Deus e Senhor, tudo o mais,
inclusive a tenebrosa força do mal, está abaixo desse Senhorio, a Soberania
pertence a Cristo, e somente a Ele...
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim
– SP
2. Jesus entrou e pôs-se no meio deles
Nossa caminhada pascal será iluminada pela Palavra do Senhor
como nos foi transmitida pelo evangelista São João. A tradição o chama de “o
teólogo”, aquele que, sem tirar os pés do chão, mergulha inteiramente no
mistério de Cristo ressuscitado e nos transmite o fruto de sua contemplação.
Como todos os anos, depois da visão do túmulo vazio no dia da Páscoa, Jesus
Ressuscitado se encontra com Tomé e, na sua divina misericórdia, permite que o
apóstolo toque nas suas chagas.
É a oportunidade que lhe é dada de professar a fé naquele que o
acolhe com amor. “Meu Senhor e meu Deus”, dirá o apóstolo incrédulo diante da
bondade de Jesus. Continuamos a ouvir o que disseram os primeiros irmãos
naqueles dias de Páscoa: “Nós vimos o Senhor”, expressão que se torna própria
de quem o vê agora na fé. “Bem-aventurados os que não viram e creram.” Esta é a
nossa bem-aventurança. Nem tudo o que Jesus fez e disse está escrito, nem
precisa estar escrito. É o Espírito Santo quem congrega a Igreja e a leva
adiante. Ele mantém viva a Palavra no coração dos que creem.
O texto escrito, no entanto, tem um valor extraordinário por
transmitir o que precisamos para crer que Jesus é o Filho de Deus e, assim,
termos vida em seu nome. O Tempo Pascal terminará no dia de Pentecostes,
cinquenta dias depois da Páscoa, quando o Espírito Santo se manifestar em
línguas de fogo.
No entanto, no mesmo dia da ressurreição, Jesus soprou sobre os
discípulos reunidos e lhes deu o Espírito. Ele é a Palavra que saiu da boca do
Pai, e o Espírito é o sopro de vida que sai de sua boca. Sopro de vida que
acontecerá na prática do perdão. Recebam o Espírito Santo e introduzam no mundo
o perdão, juntamente com a paz. Duas vezes Jesus lhes desejou a paz.
Algo novo está acontecendo. Paz e alegria no Espírito
caracterizarão a vida nova dos discípulos. Mesmos nas horas difíceis,
enfrentarão a dor e o martírio com serenidade. São possuidores de uma força
nova. Podem dizer: “Nós vimos o Senhor”, e podem testemunhar quem ele é,
professando com Tomé: “Meu Senhor e meu Deus”.
HOMILIA DIÁRIA
Postado por: homilia
abril 7th, 2013
No texto anterior ao de hoje, Maria Madalena
trouxe a notícia da Ressurreição aos discípulos incrédulos. Agora, é o próprio
Jesus que aparece a eles. Não há reprovação nem queixa nas Suas palavras,
apesar da infidelidade de todos eles, mas somente a alegria e a paz que já
tinha prometido no último discurso. Duas vezes Jesus proclama o seu desejo para
a comunidade dos Seus discípulos: “A paz esteja com vocês”.
O nosso termo “paz” procura traduzir – embora
duma maneira inadequada – o termo hebraico “Shalom!”, que é muito mais do que
“paz” conforme o nosso mundo a compreende. O “Shalom” é a paz que vem da
presença de Deus, da justiça do Reino, e não das armas.
Jesus não promete a paz do comodismo, mas, pelo
contrário, envia os Seus discípulos na missão árdua em favor do Reino. Cristo
promete o Shalom, pois Ele nunca abandonará quem procura viver na fidelidade o
projeto de Deus. Jesus soprou sobre os discípulos, como Deus fez sobre Adão
quando infundiu nele o espírito de vida. Jesus os recria com o Espírito Santo.
Normalmente imaginamos o Espírito Santo descendo
sobre os discípulos em Pentecostes, como Lucas descreve em Atos, mas aquilo era
a descida oficial e pública do Espírito para dirigir a missão da Igreja no
mundo. Para João, o dom do Espírito – que da sua natureza é invisível – flui da
glorificação de Jesus, da sua volta ao Pai. O dom do Espírito, neste texto, tem
a ver com o perdão dos pecados.
Mais uma vez, num domingo, Jesus aparece aos
discípulos. Desta vez, Tomé está presente.
Em Tomé “nos enxergamos”, quando diante dos
sofrimentos e das tribulações da vida vacilamos. Quando duvidamos do poder do
Cristo Ressuscitado. Todavia, como fez e disse à Tomé, Jesus também faz e diz a
cada um de nós. Primeiro, fortalece nossa fé. E, depois, nos torna felizes, por
acreditarmos sem o termos visto: “Felizes os que acreditam sem me terem visto”.
Essa é muitas vezes a realidade da nossa fé –
acreditar contra todas as aparências que o bem é mais forte do que o mal, a
vida mais do que a morte, o Shalom mais do que a prepotência. Somente uma fé
profunda e uma experiência da presença do Ressuscitado vai nos dar essa
firmeza.
Tomé confessa Jesus nas palavras que o Salmista
usa para Javé no Salmo 35,23. No primeiro capítulo do Evangelho de João, os
discípulos deram a Jesus uma série de títulos que indicaram um conhecimento
crescente de quem Ele era. Aqui, Tomé lhe dá o título final e definitivo: Jesus
é Senhor e Deus!
Essa deve ser a minha e a sua atitude: confessar
plenamente que Jesus é o Senhor. Ele é o Príncipe da Paz.
Padre Bantu Mendonça
Oração Final
Pai Santo, por orgulho nós queremos compreender o
mistério da Ressurreição de Jesus. Ajuda a nossa fé pequenina, Pai Amado, e
conserva a nossa ingenuidade de crianças do teu Reino de Amor. Só assim
poderemos viver e testemunhar a tua Presença Amorosa na nossa história. Por
Jesus Cristo, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, cheios de orgulho, nós teimamos em tentar
compreender o mistério da Ressurreição de Jesus. Perdoa-nos, amado Pai,
faze-nos humildes, ajuda a nossa fé pequenina, e conserva a nossa ingenuidade
de simples crianças do teu Reino de Amor. Só assim poderemos viver e
testemunhar a tua Presença Amorosa na nossa história. Pelo mesmo Jesus Cristo,
teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.