LEITURA ORANTE
Lc 12,32-48 - É preciso estar de prontidão!
Fiquem alertas!
- A nós, que nos encontramos nesta rede virtual, em torno da Palavra, a paz de Deus, nosso Pai, a graça e a alegria de Nosso Senhor Jesus Cristo, no amor e na comunhão do Espírito Santo.
- Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo!
Preparo-me para a Leitura, rezando:
Jesus Mestre, que dissestes:
"Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome,
eu aí estarei no meio deles",
ficai conosco,
aqui reunidos (pela grande rede da internet),
para melhor meditar
e comungar com a vossa Palavra.
Sois o Mestre e a Verdade:
iluminai-nos, para que melhor compreendamos
as Sagradas Escrituras.
Sois o Guia e o Caminho:
fazei-nos dóceis ao vosso seguimento.
Sois a Vida:
transformai nosso coração em terra boa,
onde a Palavra de Deus produza frutos
abundantes de santidade e missão.
(Bv. Alberione)
1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente o texto: Lc 12,32-48, e observo
pessoas, palavras, relações, lugares.
[Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos:] 32 “Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar a vós o reino. 33 Vendei vossos bens e dai esmola. Fazei bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe; ali o ladrão não chega nem a traça corrói. 34 Porque, onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. [35 Que vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas. 36 Sede como homens que estão esperando seu senhor voltar de uma festa de casamento para lhe abrirem imediatamente a porta, logo que ele chegar e bater. 37 Felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar. Em verdade eu vos digo, ele mesmo vai cingir-se, fazê-los sentar-se à mesa e, passando, os servirá. 38 E, caso ele chegue à meia-noite ou às três da madrugada, felizes serão se assim os encontrar! 39 Mas ficai certos, se o dono da casa soubesse a hora em que o ladrão iria chegar, não deixaria que arrombasse a sua casa. 40 Vós também, ficai preparados! Porque o Filho do homem vai chegar na hora em que menos o esperardes”.] 41 Então Pedro disse: “Senhor, tu contas essa parábola para nós ou para todos?” 42 E o Senhor respondeu: “Quem é o administrador fiel e prudente que o senhor vai colocar à frente do pessoal de sua casa para dar comida a todos na hora certa? 43 Feliz o empregado que o patrão, ao chegar, encontrar agindo assim! 44 Em verdade eu vos digo, o senhor lhe confiará a administração de todos os seus bens. 45 Porém, se aquele empregado pensar: ‘Meu patrão está demorando’ e começar a espancar os criados e as criadas, e a comer, a beber e a embriagar-se, 46 o senhor daquele empregado chegará num dia inesperado e numa hora imprevista, ele o partirá ao meio e o fará participar do destino dos infiéis. 47 Aquele empregado que, conhecendo a vontade do senhor, nada preparou nem agiu conforme a sua vontade será chicoteado muitas vezes. 48 Porém o empregado que não conhecia essa vontade e fez coisas que merecem castigo será chicoteado poucas vezes. A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido!”
Refletindo
Jesus continua recomendando vigilância e fidelidade. O ladrão costuma vir à noite. A surpresa, normalmente, é seu recurso. Pedro fica em dúvida se a parábola é só para os discípulos ou é para todos. Na verdade, embora a vigilância seja coletiva (da casa), aplica-se a cada pessoa. Na parábola do texto de hoje, Jesus fala do empregado encarregado da casa e dos outros empregados. Poderá ser fiel ou abusar de seu cargo, sendo autoritário com seus dependentes e agindo com permissividade. O desconhecimento das ordens do patrão é atenuante: “será castigado com poucas chicotadas”. O que sabe qual é a vontade do patrão e não se prepara, nem faz o que ele quer, será castigado. Podemos concluir que ele próprio se condena.
2. Meditação (Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
Qual palavra mais me toca o coração?
Entro em diálogo com o texto.
Minha vida reflete o que o texto diz ou há contradições?
O meu Projeto de vida é o do Mestre Jesus Cristo?
Meditando
Os bispos, em Aparecida, falaram da fidelidade a Jesus Mestre e de como o encontrá-lo: "Também o encontramos de um modo especial nos pobres, aflitos e enfermos (cf. Mt 25,37-40), que exigem nosso compromisso e nos dão testemunho de fé, paciência no sofrimento e constante luta para continuar vivendo. Quantas vezes os pobres e os que sofrem realmente nos evangelizam! No reconhecimento desta presença e proximidade e na defesa dos direitos dos excluídos encontra-se a fidelidade da Igreja a Jesus Cristo. O encontro com Jesus Cristo através dos pobres é uma dimensão constitutiva de nossa fé em Jesus Cristo. Da contemplação do rosto sofredor de Cristo neles e do encontro com Ele nos aflitos e marginalizados, cuja imensa dignidade Ele mesmo nos revela, surge nossa opção por eles. A mesma união a Jesus Cristo é a que nos faz amigos dos pobres e solidários com seu destino." (DAp 257).
3. Oração (Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo o Salmo 32(33)
Feliz o povo que o Senhor escolheu por sua herança!
Ó justos, alegrai-vos no Senhor! / Aos retos fica bem glorificá-lo. / Feliz o povo cujo Deus é o Senhor / e a nação que escolheu por sua herança! – R.
Mas o Senhor pousa o olhar sobre os que o temem / e que confiam, esperando em seu amor, / para da morte libertar as suas vidas / e alimentá-los quando é tempo de penúria. – R.
No Senhor nós esperamos confiantes, / porque ele é nosso auxílio e proteção! / Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, / da mesma forma que em vós nós esperamos! – R.
4. Contemplação (Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Vou olhar o mundo e a vida com os olhos de Deus. Vou assumir uma atitude de prontidão e atenção às manifestações de Deus.
Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Ir. Patrícia Silva, fsp
patricia.silva@paulinas.com.br
https://leituraorantedapalavra.blogspot.com/
Leitura Orante
19º DOMINGO TEMPO COMUM, 11 de AGOSTO de 2019
ESPERAS CONSTRUTIVAS
“Sede como homens que estão esperando seu senhor
voltar de uma festa de casamento...” (Lc 12,36)
Texto Bíblico: Lucas 12,32-48
1 – O que diz o texto?
O texto do evangelho deste domingo faz parte de um amplo contexto, que começou no domingo passado com a petição de alguém a Jesus: “Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo”. A partir daí, Lucas revela uma longa conversação de Jesus com os discípulos e toca diversos temas de difícil harmonização. Naturalmente se trata de pensamentos dispersos que o evangelista organiza à sua maneira para ir aclarando as exigências de Jesus, na formação do seu discipulado.
No domingo passado, Jesus nos pedia para não colocar nossa confiança nas riquezas; hoje, Ele nos diz em quem devemos confiar para que nossa vida seja autêntica.
Confiadamente, é preciso ativar todos os recursos de nosso ser, conscientes que Deus atua em nosso interior, e que só através da sintonia com essa presença interna nossa vida avança, amadurece e se plenifica. Nosso Deus não é o “Deus todo-poderoso” distante, mas o fundamento de nossa vida: afinal, somos morada do Deus sempre surpreendente.
A condição humana pode ser definida em termos de “espera radical”.
O nosso coração está habitado por “esperas” de todo gênero. São tantas as esperas na vida humana!
Está todo mundo esperando. É através das esperas que nos fazemos humanos.
Somos feitos disso: desejo, súplica, anseio, abertura, busca, esperança...
A espera está ligada ao verbo “esperançar”: espera ativa, aberta ao futuro imprevisível, ao novo plenificante...; ela cria o espaço vital que permite a realização do possível.
Quem espera faz-se disponível, acolhedor, abre espaço para o mistério do outro que lhe vem ao encontro; quem espera, acolhe o diferente. Os intolerantes e preconceituosos não esperam nada: amargam a vida no fechamento, no dogmatismo e no moralismo.
Esperar é passar do “tempo fechado” ao “tempo aberto”, da fugacidade do “ter” à plenitude do “ser”, do “lugar estreito” ao “lugar amplo”, do “medo paralisante” à “coragem criativa”...
Durante a espera, a imaginação trabalha e cria mil momentos insuperavelmente felizes.
E quando acontece o encontro entre o desejo e a realização, entre a espera e o esperado, entre o vazio e aquilo que plenifica, explode uma alegria incontida. Uma mistura de festa com ternura e boas emoções solidificam esta certeza: valeu a pena esperar!
2 – O que o texto diz para mim?
A vida que é feita de tantas esperas, também é “esperada”. Sou continuamente tentada a pensar que somente eu espero e esquecer que também Deus me espera. A espera divina é paciente, compreensiva e compassiva.
Em minhas esperas, sou ansiosa e impaciente; faço da espera um tempo “em branco”, vivendo como se nada estivesse para acontecer, mergulhada no tempo rotineiro, sem abertura à surpresa.
Não seis esperar: basta ir às salas de esperas dos hospitais e consultórios para comprovar como as pessoas se desesperam porque não lhe atendem à hora marcada.
Perco a paciência porque pretendo que tudo seja imediato e a meu gosto. Não suporto uma contradição.
O evangelho deste domingo pode ser uma boa oportunidade para recordar isto. Exercitar-se na arte de esperar com paciência. Desejar, dar asas à imaginação sobre aquele que vai chegar, sem que esteja em minha mão adiantar ou controlar sua chegada.
Deus, pelo contrário, me espera incansavelmente. Por isso se “humanizou”. Não me esperou com prepotência, tampouco com soberba. Esperou na humildade, no húmus da vida, afundando os pés na minha existência.
Mas Deus não precisa vir de nenhuma parte. Ele está chamando sempre, mas a partir de dentro de cada ser humano; é a partir de dentro que Ele se faz visível em minhas relações com os outros.
Sou eu que projeto Deus fora e distante de mim, que me ameaça com prêmios e castigos, que aparece de surpresa para me pegar em flagra. O medo de Deus brota quando o imagino fora de mim. “Deus de fora” é o Deus idealizado, que alimenta medo, ameaça com inferno, que castiga.
3 – O que a Palavra me leva a experimentar?
No evangelho deste domingo, Jesus revela “Deus em saída” até o ser humano e desvela o ser humano em saída até Deus. E o encontro entre ambos é o que o Evangelho propõe. O encontro de pessoas que se esperavam: como nos aeroportos, rodoviárias, desejando a chegada do(a) amigo(a); ou nas salas de urgências dos hospitais desejando saber a situação do enfermo familiar.
Essas são esperas autênticas: desejantes, emocionantes, inocentes... porque esperam uma pessoa.
Essa deve ser a disposição de uma “Igreja em saída” e que não aguarda em uma sala de espera.
O decisivo é entrar em sintonia com o Deus presente em mim; “esperar” significa estar desperto para conectar-me com essa presença, sempre nova e sempre cheia de surpresa. Deus, ao mesmo tempo, está sempre presente e sempre chegando de maneira surpreendente. Ele é dom e pura gratuidade. Aqui não há mais lugar para o medo, a culpa, a angústia. Quem entra em sintonia com Ele e se deixa conduzir por Ele não atua por mérito, mas por pura gratuidade.
O evangelho de hoje, através de parábolas, me apresenta alguém que não vive a relação com Deus internamente. O que acontece com ele? As consequências são funestas, provocadas não por Deus, mas pela pessoa mesma: irresponsabilidade no serviço, violência com os outros, auto-agressão, partindo-se ao meio... Uma experiência infernal.
4 – O que a Palavra me leva a falar com Deus?
Senhor, um cristão é uma pessoa que vive em “estado de espera”.
O importante é isto, o “estado”, o processo, a continuidade, o estar sempre a tempo, sempre alerta, sempre preparado. A vida inteira se converte numa contínua espera: o equilíbrio, o contato, a liberdade, a generosidade, cada nervo sintonizado, cada músculo em forma. E assim entro na vida e enfrento mil situações.
Cada pequeno encontro é uma satisfação em si mesma e uma preparação para a seguinte. Sempre avante. Avanço que pode ser mudado de direção a cada instante.
“Não morras na sala de espera” (Hervey Cox). As “salas de espera do espírito” estão cheias de pessoas que simplesmente estão ali, ali moram e permanecem, ali vivem e morrem. O fato de já estar na “sala de espera” lhes dá a impressão de que já fizeram alguma coisa, já começaram a viagem.
As esperas têm rosto de criatividade, de itinerância, de abertura ao diferente. Elas põem em ação meus melhores recursos internos; elas alimentam uma contínua atitude de busca.
Só assim o coração estará mais preparado para a chegada do Momento cume, quando deixarei “Deus ser Deus” na minha morada interior.
5 – O que a Palavra me leva a viver?
Sou um impaciente? Não suporta esperar a fila no cinema? Fico nervosa quando o ônibus atrasa mais de cinco minutos? Espero que me respondam as mensagens de Whatsapp em questão de segundos? Ou quando alguém chega um pouco atrasado no encontro marcado?...
E, no entanto, eu sei que o importante requer seu tempo, que os bons pratos são cozidos a fogo lento.
A paciência não é uma palavra da moda hoje em dia. E talvez por isso é das mais necessárias. A paciência supõe esperar e respeitar os tempos. Supõe desejar a chegada do outro e não ter mais que fazer a não ser esperar. Desejar e esperar.
Viver bem as minhas “esperas cotidianas”
Fonte:
Bíblia Novo Testamento – Paulinas: Lucas 12,32-48
Pe. Adroaldo Palaoro, sj
Sugestão:
Música: O tesouro e a pérola – Fx 03
Autor: Frei Luiz Turra
Intérprete: Maria Diniz
CD: O Fascínio das Parábolas
Gravadora: Paulinas Comep
Duração: 03:02