ANO C
Mt 7,7-12
Comentário do Evangelho
Atitude filial com Deus
O evangelho faz parte do primeiro e grande discurso de Jesus, o "Sermão da Montanha", no evangelho segundo Mateus (Mt 5-7). A perícope distancia-se do tom legislativo do conjunto do discurso, à exceção do último versículo, a regra de ouro (v. 12). O trecho repete várias vezes o verbo "pedir" (vv. 7.8.9.10.11). Por que pedir, se Deus sabe o que necessitamos? Primeiramente, porque tudo o que é bom, todo bem procede do Pai: ". quanto mais vosso Pai que está nos céus dará coisas boas aos que lhe pedirem!" (v. 11). Segundo, porque o pedido nos abre para uma verdadeira relação filial com o Pai. A regra de ouro do v. 12 é a conclusão não só do texto de hoje, mas de todo o conjunto que trata da conduta a ser adotada em relação aos nossos semelhantes. É uma regra de solidariedade conhecida também do mundo pagão. O livro do Eclesiástico apresenta a seguinte variante e aplicação da regra de ouro: "Trata o teu vizinho com delicadeza, pensando o que te desagrada; onde ele olha não ponhas a mão, não tropeces com ele na mesma travessa" (Eclo 31,14-15).
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, dá-me um coração grande, capaz de demonstrar um amor imenso ao meu semelhante, na total gratuidade e sem interpor restrições.
Fonte: Paulinas em 21/02/2013
Vivendo a Palavra
Jesus incentiva-nos a pedir, mas alerta que o Pai conhece bem o que é melhor para os filhos. Nos versículos anteriores, Ele ensinara quais são as nossas prioridades: que o Nome de Deus seja santificado; que o seu Reino venha; que sua vontade se faça na terra, como é feita no céu. E mais, que Ele nos dê o pão e o perdão.
Fonte: Arquidiocese BH em 21/02/2013
Reflexão
A oração deve sempre estar vinculada com a prática da vontade do Pai. A nossa oração será ouvida e Deus nos concederá o bem que desejamos somente quando formos capazes de realizar o bem para com os nossos irmãos e irmãs. Sendo assim, Deus somente realizará por nós aquilo que nós queremos que ele nos faça quando formos capazes de realizarmos pelos nossos irmãos e irmãs aquilo que eles esperam de nós, pois estaremos com isso cumprindo a vontade de Deus e ele, como recompensa, cumprirá a nossa vontade.
Fonte: CNBB em 21/02/2013
Reflexão
Com a chave da confiança, entramos no coração de Deus Pai. Ele conhece as necessidades de cada filho ou filha e espera que estes se apresentem e, cheios de esperança, manifestem seus pedidos. Deus, que nos conhece por dentro, sabe que somos distraídos, acomodados ou maus. Por isso aceita que sejamos persistentes, perseverantes, e espera que lhe peçamos “coisas boas” para nós e para os outros. Quanto a obter o que pedimos, depende da vontade de Deus: se o que pedimos estiver de acordo com o projeto de Deus, ele concederá tudo. Outro aspecto a se levar em conta é verificar se estamos em condições de receber a graça divina. Precisamos apoiar-nos na fé. São Pio de Pietrelcina dizia: “Deus nunca me negou um pedido”.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)
Meditando o evangelho
O PRECEITO FUNDAMENTAL
No relacionamento com o próximo, os discípulos de Jesus devem pautar-se por um preceito fundamental: “Tudo o que vocês desejam que os outros lhes façam, façam vocês também a eles". Norma formidável para quem deseja relacionar-se, de modo conveniente, com seus semelhantes.
A tradição dos rabinos conhecia uma sentença análoga, com a diferença de ser formulada em forma negativa: "O que vos parece odioso, não o façais a vosso próximo. Eis a Lei! Tudo mais é apenas explicação: Ide e aprendei".
Os discípulos foram instruídos a buscar em si próprios – em suas necessidades e em seus anseios – a regra conveniente de conduta. Dispensam-se as recompensas e os reconhecimentos. A ação flui na mais absoluta gratuidade, na qual o discípulo encontra a alegria e se sente recompensado. Dispensam-se, também, os legalismos casuístas e as restrições. O critério da ação está no coração de quem faz o bem ao próximo.
Alguém poderia objetar que este critério é perigoso, podendo gerar uma forma velada de egoísmo, no qual o indivíduo reduz o próximo a seus esquemas mesquinhos. Este preceito, porém, deverá ser entendido junto com o que Jesus ensinou mais adiante: "Sede perfeitos, como o Pai celeste é perfeito". O verdadeiro discípulo tende a alargar o seu coração para torná-lo grande como o coração do Pai.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Pai, dá-me um coração grande, capaz de demonstrar um amor imenso ao meu semelhante, na total gratuidade e sem interpor restrições.
COMENTÁRIO DO EVANGELHO
1. A BONDADE DO PAI
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
Um dos traços fundamentais da imagem de Deus, revelada por Jesus, foi a bondade. A insistência neste ponto deveu-se, sem dúvida, às imagens destorcidas que povoavam a fé popular. Muita gente, ontem e hoje, cultua um Deus rigoroso, sempre pronto a castigar, impaciente com as limitações humanas, intransigente quando se trata de cobrar.
O Deus de Jesus Cristo, pelo contrário, prima pela condescendência para com os seres humanos: pronto para atender quando solicitado, disponível para quem o procura, e incapaz de fechar-se para quem se dirige a ele. Tudo o que é bom para a humanidade, ele não se recusa a conceder.
Jesus Cristo constituiu-se no dom mais precioso de que a humanidade carecia. E o Pai soube satisfazê-la. Sem Jesus, os seres humanos caminhavam sem rumo, incapazes de alcançar, por si mesmos, a salvação. Não lhes restava outra perspectiva a não ser a condenação. A vinda de Jesus - enquanto dom do Pai - restituiu-lhes o sentido de viver. Nele todas as coisas encontram sentido.
Este é o ponto de vista com o qual a paixão de Jesus deve ser considerada: aquele que caminha para a morte foi o maior dom que o Pai concedeu à humanidade. Jesus é a prova mais convincente do amor que Deus devota aos seres humanos.
Oração
Espírito de bondade, faze-me compreender que, no Filho Jesus, manifestou-se a prova maior de amor que o Pai tem para comigo.
Fonte: NPD Brasil em 21/02/2013
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O que precisamos, e o que queremos...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Tenho um amigo que há muito tempo faz sua aposta semanal na mega sena, joga pouca coisa, nada que comprometa o seu orçamento doméstico mais é uma combinação de números que ele acha que um dia vai dar certo e irá fazê-lo acordar milionário.
Pelo tempo que ele faz sua aposta, me recordo que seu filho mais novo era um adolescente, hoje já é casado e lhe deu dois netos e ele continua jogando. De vez em quando me mostra todo orgulhoso seu arquivo de apostas que já chegou a umas dez caixas pois ele guarda todas as apostas feitas e já chegou perto das famosas seis dezenas. Um dia perguntou se havia algum mal nisso, se era pecado...
Confesso que não soube o que lhe responder, pois como falei no início, o valor é tão pouco que em nada compromete o orçamento familiar, normalmente se considera pecado quando se tira daquilo que é essencial, para apostar em jogos de azar... Meu amigo não faz e nunca fez isso entretanto...
O pecado está no fato dele colocar toda sua esperança de ser feliz um dia, na possibilidade de tornar-se um milionário acertando na mega sena. Se fizermos uma cuidadosa releitura da situação, vamos concluir que ele não é feliz com o que Deus lhe deu: um bom emprego, uma ótima família, uma situação econômica tranquila, não é rico mais consegue dar a família todo conforto. Aposentou-se mais continua trabalhando, portanto com a renda duplicada... Sente que ainda há algo a ser buscado, quer ficar rico, quer porque quer ser milionário, achando que isso vai fazê-lo feliz....Tudo que Deus lhe deu parece que não foi suficiente. Aí é que está o problema, o que queremos que Deus nos dê, e o que de fato precisamos. A comunidade Mateus vacilava bastante nesse sentido, era uma Fé meio desconfiada...
Do que o homem precisa para ser feliz, qual a sua dependência primeira? Se meu amigo fosse tão insistente e perseverante em buscar a Deus, como tem buscado na aposta semanal, certamente já sentiria uma alegria, uma paz e uma felicidade que nenhuma fortuna no mundo poderia lhe dar... É isso que o evangelista São Mateus aborda nesse evangelho. O que pedimos, o que buscamos e o que mais queremos, só Deus pode nos dar, Nele e somente Nele devemos ter toda confiança, somente Nele devemos por toda nossa esperança, e em nada mais...
Imaginem uma criança que ainda não atingiu o uso da razão, e que depende totalmente dos pais, toma a mamadeira com toda confiança e alegria, jamais irá perguntar a mãe se o leite está bom, ou se não está envenenado... Se os pais sabem e dão coisas boas e necessárias aos filhos, quanto mais Deus sabe atender e de fato atende, todas as nossas necessidades.
Vejamos bem, ele atende as nossas necessidades, não os nossos caprichos, nossos sonhos de consumismo e de riqueza, nossas fantasias e ilusões que temos nesta vida...
2. Procurai e encontrareis
Vivemos o tempo todo em oração, particularmente na Quaresma. Falamos com Deus, pedindo, procurando, batendo à sua porta. Parecemos às vezes insistentes demais. Na realidade, quem nos ensina a ser insistentes e perseverantes na oração é o próprio Jesus. “O Pai que está nos céus dará coisas boas aos que lhe pedirem”, diz Jesus. Há, porém, uma pequena condição, que é o resumo de todas as Escrituras: “Devo fazer aos outros o que desejo que os outros me façam”. Quando peço alguma coisa a Deus, Deus está olhando o que faço para os outros. O que eu fizer para alguém, estará sendo feito a Deus, seja o bem, seja o mal. Deus é bom e dá coisas boas a todos nós. Querendo ser como ele, procuramos também dar coisas boas a quem nos pede alguma coisa. Não sejamos indiferentes, como quem não se quer comprometer com a necessidade do outro. Se há algo que eu possa fazer, que eu não me recuse. Que a multiplicidade dos problemas da vida não me torne indiferente às necessidades dos outros. O Espírito Santo, presente em nós pela graça do batismo, é criativo. Sendo amor, ele desenvolve em nós iniciativas construtivas. Jesus passou pelo mundo fazendo o bem. Passava, via e se aproximava.
HOMILIA DIÁRIA
Senhor, atende o meu clamor!
Postado por: homilia
fevereiro 21st, 2013
«Pedi, e ser-vos-á dado; procurai, e encontrareis; batei, e hão-de abrir-vos» (Mt 7,7). É o que o Senhor Jesus nos diz neste texto de hoje. Por isso, meu irmão e minha irmã; esforça-te por agradar ao Senhor, espera-o interiormente sem te cansares, procura-o por meio dos teus pensamentos, exerce violência sobre a tua vontade e as suas decisões, domina-as para que tendam continuamente para Ele, e verás como Ele vem junto de ti e aí estabelecerá a sua morada (cf. Jo 14,23).
Aí Cristo ficará, observando o teu raciocínio, os teus pensamentos, as tuas reflexões, examinando a forma como o procuras, se é com toda a tua alma ou com moleza e negligência. E, quando vir que O procuras com ardor, imediatamente se manifestará a ti, te aparecerá, te concederá o seu auxílio, te dará a vitória e te livrará dos teus inimigos.
Com efeito, quando tiver visto como tu O procuras, como n’Ele depositas continuamente toda a tua esperança, então instruir-te-á, ensinar-te-á a verdadeira oração, dar-te-á essa caridade verdadeira que é Ele mesmo. Tornar-se-á então tudo para ti: paraíso, árvore da vida, pérola preciosa, coroa, arquiteto, cultivador, um Ser sujeito ao sofrimento mas não abatido por ele, homem, Deus, vinho, Água Viva, Esposo combatente, armadura, Cristo “tudo em todos” (cf. 1Cor 15,28).
Tal como uma criança não pode alimentar-se nem cuidar de si mesma, mas só pode olhar chorando para sua mãe, até que seja tocada de compaixão e se ocupe dela, assim as almas crentes esperam sempre em Cristo e lhe atribuem toda a justiça. Tal como “o sarmento seca se for separado da videira” (Jo 15,6), assim faz aquele que quer ser justo sem Cristo. Tal como o que é “um salteador e um ladrão que não entra pela porta mas passa por outro sítio” (Jo 10,1), assim acontece com o que se quer tornar justo sem Aquele que justifica.
“Presta atenção às minhas palavras, Senhor!” (Sl 5,2). Tu vieste não só por piedade para com o teu povo Israel, mas para salvar todas as nações. Não só para restaurar uma parte da terra, mas para renovar o mundo inteiro. Por isso, “presta atenção às minhas palavras, Senhor!” Não rejeites a minha súplica como indigna; não recuses a minha oração. Eu não peço ouro nem riquezas. É desejando o amor e o respeito por Ti que clamo sem cessar: “Presta atenção às minhas palavras, Senhor!”
Israel gozou dos teus bens; também eu farei a experiência dos teus benefícios. Conduziste-o para fora do Egito; retira-me a mim do erro. Resgataste-o do Faraó; liberta-me do autor do mal. Guiaste-o com a coluna de fogo; ilumina-me com o teu Espírito Santo. Israel comeu o pão dos anjos no deserto; dá-me o teu Corpo santíssimo. Ele bebeu a água do rochedo; sacia-me com o Sangue do teu lado. Israel recebeu as tábuas da Lei; grava o teu Evangelho no meu coração.
“Presta atenção às minhas palavras, Senhor! Atende o meu grito!” Graças a esse grito, Moisés tornou a criação aliada do teu povo; graças a esse clamor, Josué travou o curso do sol (Js 10,12); graças a esse grito, Elias tornou estéreis as nuvens do céu (1Rs 17,1); foi graças a esse lamento que Ana deu à luz um filho, contra toda a esperança (1Sm 1,10s). “Senhor, atende o meu clamor!”
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova em 21/02/2013
Oração Final
Pai Santo, ensina-nos a entrega incondicional em tuas mãos. Que peçamos – sim e sempre! – mas que seja feita a tua vontade; que tenhamos disposição e coragem para perdoar e sejamos libertados do mal – do único mal, que consiste em nos afastarmos de Ti. Por Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 21/02/2013