ANO B
Mt 5,43-48
Comentário do Evangelho
Amar o inimigo é a atitude de quem se experimentou amado por Deus.
A exigência feita ao discípulo de superar a justiça dos escribas e fariseus, isto é, o modo de praticar a Lei, se explicita em seis antíteses (vv. 21-26; 27-30; 31-32; 33-37; 38-42; 43-48). Nosso texto de hoje é a sexta das antíteses. Trata-se de uma exigência primordial de toda a vida de fé e, em particular, da vida cristã: amar o semelhante, não importa quem seja nem o que ele fez. A exigência do amor ao próximo e ao inimigo é exigência da vida em Cristo. É a atitude de quem se experimentou amado por Deus, não obstante suas próprias faltas, e de quem tira para o seu relacionamento com os outros as consequências da misericórdia de Deus para com ele (ver: Mt 18,23-35). Essa é a atitude do misericordioso e do “fazedor de paz” (5,7.9), de quem sabe que o verdadeiro tesouro está em Deus e a sua recompensa nos bens futuros prometidos por Deus. O último versículo (v. 48) é a conclusão das seis antíteses. A perfeição consiste na superação do reducionismo legalista da Lei e na prática do amor fraterno que superam os laços afetivos. A perfeição de Deus consiste em que ele ama sem fazer acepção de pessoas. “Deus é amor” (1Jo 4,16).
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, faze-me teu imitador, e não me deixes cair na tentação de fazer acepção de pessoas. Que eu ame a todos, sem qualquer distinção.
Vivendo a Palavra
A prova de que o nosso coração está em paz – a Paz de Cristo – é sermos capazes de orar pelos que nos querem mal. Este talvez seja o degrau mais sublime da santidade, da pureza d’alma e da verdadeira alegria. Para alcançá-lo, precisamos ser humildes e conscientes da Presença do Senhor em nós.
VIVENDO A PALAVRA
A prova de que o nosso coração está em paz – a Paz de Cristo! – é sermos capazes de orar pelos diferentes, pelos que não pensam como nós e pelos que nos querem mal. Este talvez seja o degrau mais sublime da santidade, da pureza d’alma e da verdadeira alegria. Para alcançá-lo, precisamos ser humildes e estar conscientes da Presença do Senhor em nós.
vIVENDO A PALAVRa
Com a Presença de Jesus de Nazaré os tempos chegam à sua Plenitude: a Lei Antiga, dada pelo Senhor a Moisés, se expande na Lei do Amor, que vem inundar de Vida Nova e Plena não mais uma tribo ou uma nação, mas a humanidade toda, até os confins da terra. E Jesus vai ensinando aos seus discípulos (portanto, a todos nós!) pormenores de como como deve ser vivido e realizado o Amor.
Reflexão
Um dos valores mais determinantes da nossa vida é a justiça, mas na maioria das vezes deixamos de lado a justiça de Deus para viver a justiça dos homens, fundamentada na troca de valores e não na gratuidade de quem de fato ama. Quem ama verdadeiramente reconhece que Deus é amor e tudo o que somos e temos vem dele, como prova desse amor gratuito. Assim, as nossas atitudes não podem ser determinadas pelas diferentes formas de comportamento das pessoas que nos rodeiam, mas pelo amor gratuito de Deus que deve fazer com que sejamos capazes de superar toda forma de vingança em nome da justiça e procurar dar a nossa contribuição para que o mundo seja cada vez melhor.
Reflexão
Amar os inimigos não é atitude espontânea nem fácil. Trata-se de ensinamento inteiramente novo na época de Jesus, e ainda hoje ressoa incompreensível aos que não conhecem a Deus. No entanto, Jesus não hesita em exigir de nós um amor sem restrições. Fazer o bem a quem nos odeia, rezar por quem nos persegue, tudo isso está em sintonia com o jeito de Deus amar, pois o Pai celeste é bom e misericordioso com justos e injustos. Além disso, o próprio Jesus atinge o grau máximo do amor. Ele mesmo dissera: “Ninguém tem amor maior do que alguém que dá a vida pelos amigos” (Jo 15,13). Quanto aos inimigos, Jesus os surpreendeu com sincera expressão de amor nascida do seu coração e dos seus lábios na hora derradeira: “Pai, perdoa-lhes, porque eles não sabem o que estão fazendo” (Lc 23,34).
Oração
Divino Mestre, tu nos dás uma ordem no mínimo desconcertante, a de amar nossos inimigos. No entanto, o afirmas com base na perfeição do Pai celeste, que acode a bons e maus, a justos e injustos. Deus não faz acepção de pessoas. Dá-nos, Senhor, disposição para cumprir essa exigência divina. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2020 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp (dias de semana) Pe. Nilo Luza, ssp (domingos e solenidades))
Reflexão
O texto de hoje faz parte do Sermão da Montanha. Jesus nos pede algo muito difícil: amar até os inimigos e fazer o bem a quem nos prejudica. Com essas recomendações, o Mestre quer acabar com as barreiras que construímos para legitimar nossas opções religiosas, sociais, políticas e econômicas. A Palavra de Deus nunca pode ser usada para discriminar e odiar as pessoas. As propostas de Jesus são necessárias para sermos de fato “filhos e fi lhas do Pai celeste”. A sociedade moderna parece ter despertado o ódio entre as pessoas, coisa que nem o Antigo Testamento propunha. O Pai celeste procura ser bom para com todos e espera o mesmo de cada um que se considera filho seu. A conclusão do Evangelho de hoje – ser perfeito como o Pai – abre o caminho para um processo contínuo de conversão e de superação discriminatória.
ORAÇÃO
Divino Mestre, tu nos dás uma ordem no mínimo desconcertante: a de amar nossos inimigos. No entanto, o afirmas com base na perfeição do Pai celeste, que acode a bons e maus, a justos e injustos. Deus não faz acepção de pessoas. Dá-nos, Senhor, disposição para cumprir essa exigência divina. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2021 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp e Pe. Nilo Luza, ssp)
Recadinho
Você já presenciou alguém dizer que reza pelos que o perseguem? - Você consegue ser cordial com todos? - Procura se lembrar de que Deus é bom para com todos? - Você procura transmitir bondade em tudo? - Você age realmente com misericórdia?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Meditando o evangelho
O PAI, MODELO DE PERFEIÇÃO
A ordem de Jesus pode, à primeira vista, parecer exorbitante e inexeqüível. Quem será tão pretensioso a ponto de querer igualar-se, em perfeição, ao Pai? Não foi essa a tentação de Adão e Eva, no paraíso, quando ousaram querer ser como deuses, conhecedores de toda a ciência do bem e do mal? Conhecemos o resultado de um tal ousadia.
Urge entender, de maneira conveniente, o preceito de Jesus, para não tachá-lo de injusto. A ordem o Mestre desponta na vida do discípulo como um ideal, embora sabendo que jamais será alcançado. Com isso sentir-se-á impulsionado a progredir, sem se dar por satisfeito com as metas já alcançadas. Existe sempre a possibilidade de ir além e descobrir novas formas de manifestar o amor ao semelhante, de fazer-se servidor dos mais necessitados, de buscar construir comunhão e reconciliação entre todos os seres humanos, sem acepção de pessoas.
Agindo assim, o discípulo torna-se sacramento da perfeição divina na história humana. Seu modo de proceder funcionará como um alerta para quem ainda não se deu conta de quem é o Pai e do que ele exige de nós.
O discípulo deve recusar-se, peremptoriamente, a modelar o seu agir pelos esquemas mundanos, calcados no egoísmo. É o Pai que, no esplendor de sua perfeição, aparece como modelo a ser imitado.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Pai, que meu agir inspire-se na tua perfeição, de modo a rejeitar todos os esquemas egoístas que as paixões desordenadas querem me impor.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Amor não é Amizade...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Provavelmente todos nós achamos que é muito mais difícil amar os nossos inimigos porque confundimos amor com amizade, o que não é a mesma coisa, nem toda amizade acontece entre amigos, às vezes chamamos de amizade uma relação mais tranquila com as pessoas, são relações ocasionais, sem comprometimento algum de ambas as partes, se a relação for mais frequente poderá surgir uma grande amizade motivada pelo respeito e admiração que se nutre pelo outro. Mesmo assim não se trata de amor, logicamente costumamos dizer que amamos nossos amigos, mas nem todos com a mesma intensidade!
A amizade requer alguma exterioridade, algo em comum, gestos acenos, apertos de mão e em situações mais delicadas até um abraço... Ainda assim não é amor. O amor é algo presencial, nem sempre precisa ser manifestado porque existe concretamente no coração daquele que ama.
O amor existe, mesmo que não haja palavras ou manifestações afetivas e cordiais, o amor ás vezes é feito de silêncio, olhares, expressões, risos ou mesmo pranto. O amor é como o vapor de uma grande caldeira, se não houver uma válvula de escape, acabará explodindo. Por isso não existe amor fechado, em uma comunidade, em um casal, em uma família, pois ele é envolvente e abrangente.
Deus não tem por nós uma simples amizade, e nem foi por pura amizade que o Senhor deu a sua vida por todos nós, mas por amor, não um amor que é manifestado por Ele quando nós correspondemos e somos bons, não um amor que tem sua razão de ser por causa de nossas "virtudes" e boas ações, aliás, Deus não teria nenhum motivo para nos amar. Mas trata-=se de um amor que simplesmente nos ama. Deus é AMOR e fez de cada homem e cada mulher o objeto desse amor. Deus nos criou porque nos ama, e nos ama porque nos criou.
Só assim podemos compreender um pouco melhor o ensinamento de Jesus nesse evangelho, que desmonta a antiga forma de amor, que é manifestado sob condição e que exige uma correspondência "Amai os vossos inimigos! Fazei o bem aos que vos odeiam e perseguem!” Somente assim somos a imagem e semelhança de Deus, somente assim nos tornamos seus Filhos e Filhas.
Os cristãos que vivem em comunidade são assim chamados a superar qualquer lei e obrigatoriedade sobre a ação de amar. Mais do que isso, são vocacionados a viver um amor sem medidas, o mesmo amor que levou Jesus á cruz do calvário, é o amor da esperança, o amor que teima em acreditar no Ser humano, porque ele é imagem e semelhança daquele que é o AMOR verdadeiro.
2. Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem! - Mt 5,43-48
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)
“Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito.” Em relação a nós, a perfeição do Pai consiste em amar sem limites. Por isso ouvimos de Jesus: “Amai os vossos inimigos, orai por aqueles que vos perseguem”. Se não é tão fácil amar sempre os amigos, o que pensar dos inimigos? Se aqueles com os quais nos damos bem, por vezes nos aborrecem, o que dizer de quem abertamente nos persegue? “Restauração” é hoje uma palavra que pretende ocupar o lugar da retaliação e da vingança. “Olho por olho” nos mantém na situação de sempre. Faço o que o outro fez repetindo o que já é conhecido e envelheceu. Algo novo precisa surgir no relacionamento humano, e pode ser a restauração. Refazer o que se rompeu mantendo vivos os extremos. Encurtar distâncias é uma tarefa cristã. Lanças pontes que aproximam até mesmo por cima de muros que separam. Tudo no sacrifício de si mesmo. Há algo sacrificante no amor aos inimigos. Sacrificante porque se torna sacro. Assim fez o Cristo que não matou o inimigo, mas matou em si mesmo a inimizade, derrubando o muro de separação e aproximando os povos. Redesenhe inimigo. Deseje o melhor ao adversário, inclusive a conversão. A oração por eles aliviará o seu coração.
HOMILIA
O AMOR PERFEITO
É assim que prefiro chamar o amor de Deus. Aquele que passa por cima do ódio que deveríamos sentir pelos nossos inimigos: Vocês ouviram o que foi dito: "Ame os seus amigos e odeie os seus inimigos." Mas eu lhes digo: amem os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês, para que vocês se tornem filhos do Pai de vocês, que está no céu. Nestas palavras de Jesus está a perfeição do amor.
Jesus hoje nos exorta longamente a que respondamos ao ódio com amor. Este texto, aparecendo nessa situação, ajuda-nos a compreender que Mateus vê no amor aos adversários a característica específica dos discípulos de Cristo.
As palavras de Jesus indicam duas maneiras de viver.
A primeira é a dos que se comportam sem referência a Deus e à sua Palavra. Esses agem em relação aos outros em função da maneira como eles os tratam, a sua reação é de fato uma reação. Dividem o mundo em dois grupos, os amigos e os que não são, e fazem prova de bondade só em relação aos que são bons para eles.
A segunda forma de viver não põe em primeiro lugar um grupo de homens, mas sim o próprio Deus. Deus, por seu lado, não reage de acordo com a maneira como o tratam; pelo contrário, «Ele é bom até para os ingratos e os maus» (Lucas 6,35).
Jesus chama assim a atenção para a característica essencial do nosso Deus. Fonte transbordante de bondade, Deus não se deixa condicionar pela maldade de quem está à sua frente. Mesmo esquecido, mesmo injuriado, Deus continua fiel a si próprio, só pode amar. Isto é verdadeiro desde a primeira hora. Diferentemente dos homens, Deus está sempre pronto a perdoar: «Os meus planos não são os vossos planos, os vossos caminhos não são os meus caminhos» (Isaías 55,7-8). O profeta Oseias, por seu lado, ouve o Senhor dizer-lhe: «Não desafogarei o furor da minha cólera… porque sou Deus e não um homem» (Oseias 11,9). Numa palavra, o nosso Deus é misericordioso (Êxodo 34,6; Salmo 86,15; 116,5 etc.), «não nos trata de acordo com os nossos pecados, nem nos castiga segundo as nossas culpas» (Salmo 103,10).
A grande novidade do Evangelho não é tanto o fato de que Deus é Fonte de bondade, mas que os homens podem e devem agir à imagem do seu Criador: «Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso!» (Lucas 6,36). Através da vinda do seu Filho até nós, esta Fonte de bondade está agora acessível. Tornamo-nos, por nosso lado, «filhos do Altíssimo» (Lucas 6,35), seres capazes de responder ao mal com o bem, ao ódio com amor. Vivendo uma compaixão universal, perdoando aos que nos fazem mal, damos testemunho de que o Deus de misericórdia está no coração de um mundo marcado pela recusa do outro, pelo desprezo em relação àquele que é diferente.
Impossível para os humanos entregues às suas próprias forças, o amor pelos inimigos testemunha a atividade do próprio Deus no meio de nós. Nenhuma ordem exterior o torna possível. Só a presença, nos nossos corações, do amor divino em pessoa, o Espírito Santo, permite amar assim. Este amor é uma conseqüência direta do Pentecostes. Não é em vão que Estêvão, «cheio do Espírito Santo» termine com estas palavras: «Senhor, não lhes atribuas este pecado.» (Actos 7,60)
Como Jesus, o verdadeiro discípulo faz com que a luz do amor divino brilhe no país sombrio da violência como é o nosso Brasil.
Este amor, longe de ser um simples sentimento, reconcilia as oposições e cria uma comunidade fraterna a partir dos mais diversos homens e mulheres, da vida desta comunidade sai uma força de atração que pode agitar os corações. É este o amor que eu chamo de perfeito, o amor que perdoa até aqueles que nos pode tirar a vida.
Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
HOMILIA DIÁRIA
Que Deus nos ajude a amar o nosso próximo!
Não ame somente aqueles que o amam, não ame somente aquele que ama você, o amor é universal! O desafio do amor cristão é amar os inimigos e querer bem a quem não nos quer bem!
”Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem!” (Mateus 5, 44).
Na proposta de sermos seguidores de Nosso Senhor Jesus Cristo existe talvez uma das condições mais difíceis para se viver o amor a Deus, porque o amor a Deus, com o qual nós O amamos e damos o nosso coração para Ele, quer de nós também uma exigência: que amemos o nosso próximo. E talvez queiramos entender que amar ao próximo é amar as pessoas de quem nós gostamos ou as pessoas que gostam de nós; fazer o bem a quem nos faz o bem, saudar a quem nos saúda, viver apenas com aquele grupo de amigos, rodeados com as pessoas que comungam dos nossos ideais. Mas isso não é nada de extraordinário, os que não conhecem a Deus, os que são pagãos fazem a mesma coisa e, algumas vezes, com uma intensidade maior.
O desafio do amor cristão é amar os inimigos e querer bem a quem não nos quer bem! Daí duas coisas importantes que o Senhor então nos ensina: não ame somente aqueles que o amam, não ame somente aquele que ama você, pois o amor é universal. Eu até costumo dizer: Nós não precisamos gostar de todo o mundo, existem pessoas com as quais nós não nos damos bem e não comungamos da mesma forma de falar, de pensar e até vivem junto conosco, mas dá muito choque.
Não há problema nisso [em não gostarmos de todos], mas precisamos conviver com pessoas incompatíveis a nós e saber superar os rancores, os ressentimentos, a própria dificuldade de comportamento que temos com este ou com aquele. Não significa que nós gostemos de todos, mas o amor deve existir sim! Amar quer dizer querer bem, respeitar o outro; não é estar ali com aquela amizade o tempo inteiro com a pessoa. Não, mas é não querer o mal dela, mas fazer o bem quando for necessário a ela, e isso sim já é um amor cristão! Porque, algumas vezes, o nosso bem é reservado somente para as pessoas do nosso convívio e, convívio não quer dizer morar na mesma casa, convívio quer dizer que “con+viver”, que habita dentro do nosso coração. Aquelas pessoas a quem nós amamos muito é muito fácil amá-las, algumas vezes, não temos nem dificuldade para isso. No entanto, o amor cristão é um desafio!
Precisamos saudar a quem nos machucou, por vezes uma pessoa que até já conviveu conosco, que já compartilhou da nossa vida. Volto a dizer: Eu não preciso ser o grande amigo dela, mas eu posso querer muito bem a ela, evangelicamente falando. A melhor resposta que você pode dar a quem não o quer bem é a sua oração profunda e sincera. Ore por aqueles que não o querem bem, o seu coração será o primeiro beneficiado!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
HOMILIA DIÁRIA
O amor vivido gera uma nova humanidade
“Vós ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’. Eu, porém, vos digo: ‘Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem!'” (Mateus 5,43-44).
Quando se fala de amor, logo pensamos no amor às pessoas queridas, amadas. Fica até redundante: amor a quem é amado, e esse amor nós temos de cuidar. Mas, agora, precisamos cuidar do amor que não é amado; que está ferido, machucado; do amor que não está reconciliado e, muitas vezes, está esfacelado. Esse amor que, um dia, foi uma amizade; foi próximo e, depois, tornou-se distante. Precisamos cuidar do amor que se feriu e, aos poucos, está acabando.
O amor aos inimigos é, acima de tudo, a cura das profundezas da nossa alma e do nosso coração. Nós percebemos na nossa história, na nossa existência que nós nos decepcionamos com pessoas e elas também se decepcionam conosco. Pessoas que estavam ao nosso lado e, muitas vezes, já não falam conosco; que eram próximas a nós mas estão distantes; pessoas que queríamos bem, mas não queremos nem proximidade; pessoas que achávamos ser a melhor pessoa do mundo, agora, rotulamos como falsas.
Nem vou entrar nos pormenores das situações particulares que cada um viveu, pois, o que precisamos é amar porque só o amor cura; só o amor salva; só o amor transforma; só o amor vivido na sua intensidade é que, de fato, gera uma nova humanidade.
Só o amor cura, só o amor salva, só o amor transforma
A nova humanidade é o homem novo, é a mulher nova. Como uma pessoa é uma pessoa nova se ela está cheia de feridas e alma dela está marcada por situações mal resolvidas?
Então, ame quem não é seu amigo. “Eu não tenho inimigos”… Ora, há pessoas que não nos querem bem, nós vamos ignorar isso? Faz-se até uma lista das pessoas que não nos querem bem, mas reconheçamos também aquelas que nós não queremos bem. Isso nós não podemos ignorar, pois, não fazemos mal ao outro, mas há dentro do nosso coração pessoas que estão “travadas”, esquecidas no porão da nossa alma. Façamos essa lista para orarmos por elas.
Há pessoas que não nos perseguem diretamente, mas perseguem a nossa alma, a nossa paz interior; perseguem as profundezas da nossa alma que nó isolamos, mas precisamos abrir para sermos livres. E, para tal, só há um jeito: amando e orando.
Ninguém precisa voltar a viverem juntinhos, abraçadinhos, dizer: “É o meu melhor amigo”. Não, não se trata disso! Trata-se de, dentro de nós, não permitirmos que ninguém mais faça o mal ao nosso interior e nós também não o façamos ao outro porque não o queremos bem (…). Tratemos com seriedade a conversão da alma e do coração; e a seriedade que podemos dar agora é amar; amar os inimigos com o amor que podemos dar. O primeiro passo é orarmos por eles com todo o nosso coração, para que as sendas do nosso coração possam-se abrir, então, livres do ressentimento, da mágoa e do rancor, a nossa alma será destravada.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Oração Final
Pai Santo, ajuda-nos a trazer para nossa vida os ensinamentos de Jesus. Que eles não sejam para nós apenas idéias bonitas, mas normas de relação com os companheiros do caminho, com a natureza e contigo, Pai amado. Nós te pedimos pelo mesmo Cristo Jesus, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, ajuda-nos a trazer para nossa vida os ensinamentos de Jesus. Que eles não sejam para nós apenas ideias bonitas, mas normas eficazes de relação com os companheiros do Caminho, com a natureza e especialmente contigo, amado Pai. Nós Te pedimos pelo mesmo Cristo Jesus, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.
oRAÇÃO FINAl
Pai amantíssimo, inspira a nossa conversão e fortalece a nossa perseverança. Livra-nos da tentação de nos darmos por satisfeitos por seguir preceitos e normas. Nós sabemos que a tua Lei do Amor nos convida a muito mais do que isto. Dá-nos sabedoria e coragem para andar pelos caminhos do Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.