ANO B
Mt 5,20-26
Comentário do Evangelho
Reler a Lei com amor e misericórdia.
No início do sermão da montanha, Jesus dá como que um critério a partir do qual a releitura da Lei deve se apoiar: uma prática da Lei que supere o rigorismo legalista e se baseie no amor e na misericórdia (cf. Mt 9,13). É em Jesus que se vê realizada essa justiça maior que a dos escribas e fariseus. Não se trata da interdição de tirar a vida de alguém (cf. Ex 20,3; Dt 5,7), mas é proibido depreciar o semelhante dando a ele títulos ofensivos. Não é somente a morte física que é visada na interdição, mas toda ofensa moral. Jesus impõe ao discípulo a exigência de reconciliação. A reconciliação é anterior e condição para a oferta de um verdadeiro sacrifício; é o sacrifício que agrada a Deus. O esforço de reconciliação requerido e visado nessa antítese é uma explicitação da bem-aventurança da mansidão. “Manso” (cf. Sl 37,11), em hebraico, corresponde a “pobre”, entenda-se, pobre de espírito, isto é, aquele que reconhece e acolhe o Reino de Deus como dom.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Espírito de reverência, dispõe meu coração ao respeito para com a dignidade do meu próximo, de modo que jamais eu ouse tirar-lhe, de forma alguma, a vida.
Vivendo a Palavra
Os preceitos da Lei de Moisés são escritos na pedra, portanto, fixos. A exigência da Lei do Amor, proclamada por Jesus no Sermão da Montanha, em parte lido hoje, é ditada por nosso coração, que quer superar-se sempre, até o limite testemunhado pelo Mestre, que entregou sua vida por nós, seus amigos.
VIVENDO A PALAVRA
Os preceitos da Lei de Moisés foram escritos na pedra e eram imutáveis. A Lei do Amor, proclamada por Jesus de Nazaré no Sermão da Montanha (que, em parte, nós lemos hoje), é ditada por nosso coração, que quer superar-se constantemente, até o limite testemunhado pelo Mestre: Ele entregou sua vida por nós, a humanidade de todos os tempos.
vIVENDO A PALAVRa
Acabamos de ouvir uma Palavra de Jesus que às vezes achamos tão incômoda e difícil de seguir que preferimos esquece-la: o caminho de nossa relação com o Pai passa pela atenção e o cuidado com todos os irmãos. A generosidade, o carinho e a compaixão com os companheiros que seguem ao nosso lado pelas estradas da vida são a melhor oração que podemos apresentar ao nosso Pai, que é rico em Misericórdia.
Reflexão
Todas as pessoas costumam falar em justiça ,mas para a maioria delas o fundamento dessa justiça são princípios e valores humanos, principalmente o que está escrito nas leis. Para nós cristãos, esse critério não é suficiente para entendermos verdadeiramente o que é justiça. Não é suficiente em primeiro lugar porque nem tudo o que é legal, é justo ou moral, como por exemplo a legalização do divórcio, do aborto ou da eutanásia. Também devemos levar em consideração que todas as pessoas, embora sejam seres naturais, possuem um dom de Deus que faz delas superiores à natureza, participantes da vida divina, e como Deus é amor, o amor é, para quem crê, o único e verdadeiro critério da justiça.
Reflexão
Mestres da Lei e fariseus pertenciam ao grupo governante, aliado a Roma, com interesse especial em manter a estrutura social da época, opressora e injusta. Jesus quer uma justiça capaz de transformar a sociedade opressora. Por isso, pede a seus discípulos uma justiça acompanhada de misericórdia e fidelidade (cf. Mt 23,23). Modelo é o Pai celeste que “faz seu sol nascer sobre malvados e bons, e faz chover sobre justos e injustos” (Mt 5,45). O preceito negativo “não matar” estende-se à exigência positiva de reconciliação. Não é possível prestar culto a Deus, se o coração está dominado pelo ódio. Tal culto deixa de ser autêntico e transforma-se em mera caricatura, inútil para Deus e escandalosa para os irmãos.
Oração
Senhor Jesus, tu que nos ensinas sobre a justiça do Reino, queres uma comunidade de irmãos e irmãs que vivam reconciliados entre si e que realizem obras de caridade e compreensão uns com os outros. Assim, suas atitudes são guiadas não pelas rigorosas leis dos “antepassados”, mas pela lei do amor. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2020 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp (dias de semana) Pe. Nilo Luza, ssp (domingos e solenidades))
Reflexão
Como superar a justiça dos doutores da Lei e fariseus? A justiça deles era simplesmente cumprir o que estava escrito nas Leis. O simples cumprimento da Lei não é critério sufi ciente para dizer que alguém é mais santo e justo e que outros são maus e pecadores. Jesus nos encoraja a ir além da lei. Segundo o Mestre, matar alguém não é simplesmente derramar seu sangue; mata-se, por exemplo, quando diminuímos moral e fisicamente alguém, por meio de palavras e atitudes nada edificantes, tais como ficar com raiva, chamá-lo de imbecil ou idiota e outras. Para entrar no Reino dos céus, é indispensável uma justiça mais plena. A santidade ou a perfeição de Deus é a “plenitude da lei”, e a reconciliação com o irmão e o amor fraterno podem ser mais importantes do que o cumprimento da lei da oferta ou do sacrifício.
ORAÇÃO
Senhor Jesus, tu que nos ensinas sobre a justiça do Reino, queres uma comunidade de irmãos e irmãs que vivam reconciliados entre si e que realizem obras de caridade e compreensão uns com os outros. Assim, suas atitudes são guiadas não pelas rigorosas leis dos “antepassados”, mas pela lei do amor. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2021 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp e Pe. Nilo Luza, ssp)
Recadinho
Reconciliar-se! É fácil? - Já passou por situações difíceis? - Conseguiu superá-las? - Qual é o maior mandamento? - Que lugar ocupam a irritação, as palavras ofensivas em meu coração?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Meditando o evangelho
RECONCILIAÇÃO URGENTE
O 5º mandamento do Decálogo – "Não matarás!" – foi superado na interpretação de Jesus. Corria-se o risco de se deter na superficialidade do preceito, quando, no fundo, a exigência divina era muito mais radical. O respeito pela vida alheia vai muito além da garantia de sua vida física.
Existe um outro nível que o discípulo desejoso de ser fiel a Deus deve levar em conta: o da dignidade humana, enquanto tal. Para ele, irritar-se contra o seu próximo, de modo especial, os mais fracos e pequeninos, é suficientemente grave para exigir a punição divina. Da mesma forma, a ofensa verbal, pela qual o próximo é vilipendiado e humilhado. Tais gestos de prepotência já são uma violação do 5º mandamento.
O Mestre exige urgente reconciliação, sem protelar. Cada minuto é de extrema importância. Pode ser que venha a hora do juízo e um severo castigo. Por quê? A incapacidade de reconciliar-se e a insistência em permanecer no ódio ou no desejo de vingança são indícios de falta de comunhão com o Pai. Quem conclui a sua caminhada terrestre nesta situação, arrisca-se a não gozar da comunhão eterna com o Pai celeste. É inútil aspirar a viver em união com o Pai, sem um esforço prévio de reconciliação e de comunhão com o próximo. Afinal, o sentido último dos mandamentos divinos é criar comunhão entre os seres humanos para se chegar à comunhão com o Pai.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Pai, move meu coração à reconciliação, de forma que a comunhão com o meu próximo seja expressão de minha comunhão contigo.
COMENTÁRIO DO EVANGELHO
1. Procura reconciliar-te com teu adversário... - Mt 5,20-26
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)
A vida pertence a Deus e deve ser respeitada, protegida, cultivada neste mundo, e desabrochar em plenitude na eternidade. Queremos viver bem aqui, apesar das nossas limitações, e viver em plenitude diante da face do Senhor, no céu. Ouvimos do próprio Deus que não devemos matar, não devemos tirar a vida de ninguém. Jesus nos ensina que esse mandamento da Lei de Deus atinge a qualidade dos nossos relacionamentos. Podemos matar usando armas e podemos matar usando a língua com ofensas e mentiras. A língua é uma arma muita afiada. Guerras, assassinatos, aborto, eutanásia caminham lado a lado com falsas notícias, calúnias e maledicências. Que Deus nos conceda tempo de ir em busca do perdão e da reconciliação, e depois voltar para apresentar a nossa oferenda.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Cristianismo não combina com mediocridade...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Os Escribas e Fariseus a toda hora aparecem nos evangelhos sinóticos como alvo de duras críticas por parte de Jesus, mas eu costumo dizer, que se em nossas comunidades fosse possível ter um deles, tal como eram naquele tempo, todos iriam gostar, respeita-los e admira-los. Sabem por quê?
Simples... Eram piedosos, zelosos cumpridores de suas obrigações, eram virtuosos e praticavam uma moral muito elevada e, portanto, eram pessoas íntegras. Daí o leitor poderá se perguntar, mas então, por que os coitados são bombardeados nos relatos do evangelho? Porque a prática cristã não é moralismo e nem um mero preceito.
Cristão tem que ir além para estar acima da média, o ato criminoso de se tirar a vida de alguém, implicava em um duro castigo no juízo do tribunal. Então, se não matar o outro, pode pousar de "bonzinho" cumpridor da lei, pois Jesus desmonta essa perfeição hipócrita, um sentimento de ódio ou uma ofensa moral contra o irmão, terá um julgamento mais severo no Grande Conselho.
Geralmente ficamos na média, daí vem a palavra mediocridade, cumpro a lei e não a transgrido de modo algum, mas naquilo que ela não fala, posso deitar e rolar. Não mato o meu irmão porque é pecado grave, mas no meu coração o odeio, o abomino, o desprezo e o acho um imbecil. Pronto! Aí está o pecado, bem escondido dentro do pecador. Na verdade 0se mata o irmão com palavras, difamações, insinuações maldosas, injúrias. Quantas pequenas mortes na comunidade, na pastoral e no movimento. Tiros e facadas com a língua!
Jesus coloca a necessidade da reconciliação com o irmão, em primeiro lugar, e depois com Deus, senão esta última será uma grande mentira espiritual. "Me dou bem com todos, mas com aquela pessoa não dá, não exijam isso de mim..." Quantas vezes a gente diz isso ou pensa isso, procurando amenizar o pecado, procurando inocentar-se diante da comunidade e da nossa consciência.
Não entraremos no Reino dos Céus! Pode tirar o "Cavalinho da Chuva".
2. Se vossa justiça não for maior que a dos escribas e dos fariseus, não entrareis no Reino dos Céus - Mt 5,20-26
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)
“Se vossa justiça não for maior que a dos escribas e dos fariseus, não entrareis no Reino dos Céus.” Todos os mandamentos e preceitos que estão na Bíblia se resumem na prática do amor fraterno, que tem, por regra de ouro, o fazer ao outro o que queremos que seja feito a nós. Esta regra pode exigir um pouco mais do que a mera observância da letra da Lei. “Não matei e não roubei” pode não dizer tudo. A maledicência rouba o bom nome e mata a boa fama das vítimas da língua. Os habitantes de Nínive se converteram da violência que tinham nas mãos. Mãos violentas matam, roubam, manejam armas letais. Quanto à língua, escreve São Tiago, “ninguém consegue domá-la”. Ela é um mal irrequieto e está cheia de veneno mortífero. Jesus propõe o remédio da reconciliação para os feridos de morte.
HOMILIA
O REINO DOS CÉUS
Segundo o Evangelista Mateus, é importante que o homem tenha a consciência de que “A ira do homem não realiza a justiça de Deus” (Tg 1, 20). E que é pela prática da justiça que vem de Deus que a sua vida é restaurada sobre a terra. E isto é tão fundamental que se torna imprescindível na vida existencial do homem e extensivo a todas outras práticas no seu dia a dia para tornar possível a convivência dos homens entre si e entre o meio ambiente.
Ouvistes o que foi dito… Eu, porém vos digo… Jesus não pretende reformar o complexo doutrinal do judaísmo. Jesus veio nos ensinar a viver em plenitude a Lei de Deus e nos adverte de que a nossa justiça deve ser maior do que a dos mestres da lei e dos fariseus. Eles viviam na rigidez da lei e esqueciam de que o maior mandamento da Lei era justamente o amor e que, mais importante que a Lei em si, é o bom relacionamento entre as pessoas. Muitas vezes nós também, como os escribas e os fariseus, nos apegamos ao que a lei nos exorta a não fazer e ficamos alerta para não cometer aquelas faltas que se constituem as mais graves, como matar, roubar, adulterar, ter maus pensamentos, etc.. “Todo aquele que se encoleriza com o seu irmão será réu de juízo”.
O desejo primeiro de Deus, ao criar os seres humanos, é que vivam na mais perfeita comunhão, deixando de lado tudo quanto possa dividi-los e separá-los pelo muro da inimizade. O ódio e a divisão constituem flagrante desrespeito à vontade divino.
O homicídio é uma forma incontestável de ruptura com o próximo, culminando com a sua eliminação. Para evitar isto, Deus condenou peremptoriamente esse crime, com o mandamento: “não matarás”. A eliminação física do próximo é antecedida por outros gestos de eliminação de igual gravidade. Por exemplo, a simples irritação contra os outros, as palavras ofensivas contra eles são formas sutis de atentar contra a vida alheia. O discípulo do Reino não pode agir desta maneira.
A Palavra de Deus que Jesus veio esclarecer para nós vai muito mais além do que as coisas que nós praticamos, mas atinge também ao que nós pensamos e falamos ou expressamos a partir do nosso coração. Assim sendo, nós não podemos chamar os nossos irmãos e irmãs nem mesmo de tolos ou idiotas. Quanto ensinamento para nós! A oferta que fazemos ao Senhor será desnecessária, se primeiro não oferecermos a nossa compreensão e perdão às pessoas com as quais nos relacionamos. Enquanto caminhamos aproveitemos o conselho do Mestre para que a nossa justiça seja maior do que a justiça dos “mestres da lei” e dos “fariseus” de hoje. Como é a nossa justiça? O que é justo para Deus? A justiça de Deus é o Amor, é o perdão, é a reconciliação. E a nossa? Fazemos as nossas ofertas no Altar do Senhor, mas como está o nosso coração? Reflita agora: – Como você trata as pessoas com quem você convive? – Você tem costume de falar mal os seus amigos, suas amigas? – Você o faz de coração? – E quando você faz a sua oferta na hora do ofertório, qual é a sua atitude diante de Jesus?- Você já pensou que enquanto você faz a oferta do seu coração na hora da Missa, ele pode estar sujo com a injustiça da falta de perdão, da ofensa feita, do ódio por alguém?
A reverência a Deus passa pelo respeito ao próximo. Na liturgia de hoje, Jesus exige de mim e de ti, como seus discípulos a reconciliação com seu próximo, antes de fazerem sua oferenda a Deus. Se alguém estava para fazer sua oferta, e se recordava de algum desentendimento com o próximo, deveria deixá-la ao pé do altar, para antes ir reconciliar-se. Caso contrário, a oferta não teria valor perante Deus.
Ele vem revelar que qualquer doutrina ou lei só tem valor à medida que contribua para a libertação e a promoção da vida. Jesus não propõe uma doutrina, mas ensina a prática restauradora da vida. A grande novidade que Jesus me ensina hoje é o perdão sem limites e a reconciliação, que me levam à comunhão de vidas com Deus e com os meus irmãos.
Por isso, quero neste dia ó Senhor Jesus que me ensineis a perdoar os meus irmãos e irmãs para poder estar em comunhão com o Vosso e o meu Deus e com os meus irmãos já aqui na terra.
Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
HOMILIA DIÁRIA
A reconciliação traz paz ao nosso coração
Reconciliar significa trazer paz ao seu coração, reconciliar significa, acima de tudo, não fazer do outro um empecilho para o seu crescimento pessoal!
”Portanto, quando tu estiveres levando a tua oferta para o altar, e ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa a tua oferta ali diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão” (Mateus 5, 23-24)
Nós podemos fazer muitos propósitos para viver bem este tempo da Quaresma: o propósito de fazer jejum, de dar esmola, de não comer isso, de não comer aquilo; tudo isso é louvável. Mas não viveremos intensamente a Quaresma, que é um tempo de graça de Deus em nossa vida e em nosso coração, se não fizermos o propósito de viver a reconciliação no sentido mais profundo e sério da palavra. Sim, nos reconciliarmos com o nosso próximo e com o nosso irmão! Não deixemos dívidas para serem resolvidas depois, não acumulemos ressentimentos e mágoas, deixando a vida nos levar machucados e magoados para frente.
O tempo da graça que vivemos é tempo de nos reconciliarmos uns com os outros. Pode ser que você prefira passar uma maquiagem, pode ser que você prefira viver como se não tivesse problema, por achar que “não tem jeito”. Reconciliar não significa andar ”de bracinhos dados” com quem o magoou e o machucou; reconciliar não significa voltar a ser como antes. Reconciliar significa trazer paz ao seu coração, reconciliar significa, acima de tudo, não fazer do outro um empecilho para o seu crescimento pessoal!
Como sei que estou reconciliado com alguém? Quando eu não desejo o mal, quando eu não falo mal e quando eu não ignoro nem deixo de falar ou de cumprimentar alguém. Existe a reconciliação de fachada na qual fingimos: ”Ah, está tudo bem! A gente não se fala muito, mas ele lá e eu cá; eu o respeito e ele me respeita!”. Aqui não é questão só de respeitar, a questão é de vivermos como irmãos e de querermos bem o outro! Ele não precisa ser o grande amor da nossa vida, mas o que não podemos é deixar que aquela mágoa tome conta do nosso coração, comande os nossos atos e as nossas atitudes.
O que nós não podemos deixar é que a ira comande a nossa vida, de modo que fiquemos encolerizados com o próximo e o chamemos por nomes feios na presença ou na ausência dessa pessoa. O Evangelho de hoje nos chama à atenção sobre isso, afirmando que nem de “tolo” nós podemos chamar o nosso próximo. Imaginem aqueles outros nomes feios com os quais nós chamamos uns aos outros na hora da raiva, do ressentimento ou da mágoa!
Hoje é dia de reconciliação, a primeira oferta que Deus quer de nós não é o nosso dinheiro, nem as coisas que nós temos para levar para a igreja. O que o Senhor quer, primeiramente, de nós é que nos reconciliemos com uns com os outros (cf. Mt 5,23-24).
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
HOMILIA DIÁRIA
Sem reconciliação não há comunhão com Deus
“Quando tu estiveres levando a tua oferta para o altar, e ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa a tua oferta ali diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão” (Mt 5,23-24).
Nós estamos vivendo este tempo da graça, o tempo quaresmal, que nos chama a uma profunda e verdadeira conversão. Podemos viver, na vida, a conversão de uma forma superficial, enganosa, passageira e ilusória; alguns estão achando que a essência da Quaresma é a penitência que praticamos, é a comida que não comemos, é o refrigerante que deixamos de beber, são práticas penitenciais importantes e necessárias, mas se elas não atingem a profundidade do coração humano, elas não passam de práticas humanas.
Quando o coração humano é atingido? Quando ele é curado das suas feridas mais profundas. Todos nós nos machucamos, os outros nos machucam e nós também machucamos os outros durante toda a nossa existência aqui na Terra. Quando olhamos para a nossa alma, somos um poço de feridas. Quantos espinhos estão espezinhando a nossa alma por dentro! E uma vez feridos, nós também nos ferimos uns aos outros.
Quaresma é tempo de graça, mas a graça sublime deste tempo se chama reconciliação. Reconciliamo-nos conosco e temos a graça de nos reconciliar com Deus, mas não há conversão verdadeira sem a reconciliação com o irmão, não há conversão autêntica se não nos reconciliarmos uns com os outros, por isso não trate reconciliação de uma forma superficial, não a trate de qualquer jeito.
Quaresma é tempo de graça, mas a graça sublime deste tempo se chama reconciliação
Nós sabemos que temos pessoas com as quais precisamos nos reconciliar e situações para serem resolvidas. Não nos façamos de indiferentes nem tenhamos aquele coração duro, orgulhoso, aquele olhar arrogante, soberbo, para dizer: “Ele me feriu, ele me fez mal, eu vivo melhor sem ele”. Não! Nós não entramos no Reino dos Céus, nós ficamos parados na porta, enquanto não pagarmos o último centavo, enquanto não nos reconciliarmos com a última pessoa que nós ferimos nessa vida.
Infelizmente, nós tratamos reconciliação de uma forma superficial, pois gostamos de nos reconciliar com quem é favorável a nós, com quem vai nos fazer falta. A reconciliação é com todos, e ela começa com os mais próximos a nós, dentro da nossa casa, da nossa família, com os irmãos que não falam com irmãos, irmãos que não se entendem.
E não preciso negar que, dentro da nossa Igreja, nós fazemos muito barulho, promovemos tantas coisas espirituais, mas promovemos muito pouco a reconciliação. São grupos contra grupos, pessoas que estão lá, dentro da Igreja, mas não se entendem, não vivem a comunhão. Não é para ninguém viver coladinho um com o outro, mas sem reconciliação não há comunhão com Deus.
Busquemos, neste tempo da graça, viver a necessidade do amor reconciliado, busquemos aquilo que foi quebrado pelo mal, pelo pecado, pelo orgulho e pela ofensa. Procuremos superar os ressentimentos e as mágoas para vivermos a Páscoa verdadeira em nós, reconciliados no amor de Deus.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Oração Final
Pai Santo, teu Filho Unigênito, feito humano como nós, indicou-nos a busca da santidade como caminho do teu Reino de Amor. Dá-nos. Pai amado, discernimento, coragem e força para seguirmos este caminho, nas pegadas do mesmo Cristo Jesus, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, teu Filho Unigênito, o Cristo, feito humano como nós em Jesus de Nazaré, indicou-nos a busca da santidade como caminho para o teu Reino de Amor e de Paz. Dá-nos, amado Pai, discernimento, coragem e força para seguir este Caminho, nas pegadas do mesmo Cristo Jesus, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.
oRAÇÃO FINAl
Pai que és Santo, em Ti nós confiamos! Conserva a nossa vida no caminho do Amor. Amor que é o ambiente do teu Reino, Amor que é a realidade que devemos viver nesta terra e anunciar aos irmãos, mesmo sabendo que aqui, ainda não será em sua plenitude. Nesta jornada, Pai querido, faze-nos seguidores alegres e agradecidos do Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.