ANO C
Jo 15,9-11
Comentário do Evangelho
A fonte do amor é o Pai
Nosso texto é sequência da parábola da vinha (15,1-8). Tal
parábola dá o apoio simbólico para a segunda parte do discurso (VV. 11-17), que
é, podemos dizer, uma meditação sobre o amor tipicamente cristão. O amor é o
fruto esperado de quem permanece unido à videira. A parábola é um apelo à
unidade do discípulo com o seu senhor: “... permanecei em mim e eu permanecerei
em vós … Aquele que permanece em mim, e eu nele, dá muito fruto” (VV. 4.5b).
A fonte do amor é o Pai (cf. v. 9). O autor da Primeira carta
de João diz que “Deus é amor” (1Jo 4,16). O Pai ama criando, gerando a vida,
entregando o próprio Filho: “Deus amou tanto o mundo que enviou o seu Filho
único” (Jo 3,16). É com esse mesmo amor que o Filho, a verdadeira videira,
amado pelo Pai, nos ama: “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até
o extremo” (13,1). Uma das características do discípulo é que ele é aquele que
“permanece” no/com seu Senhor. “Permanecer” é estar arraigado, profundamente
unido, a tal ponto de poder viver o mesmo dinamismo do amor. Já o dissemos mais
acima, o amor não é ideia; ele engaja a pessoa amada e a que ama num
compromisso profundo: “Se observardes os meus mandamentos, permanecereis no meu
amor” (v. 10). O amor assim entendido é o caminho da verdadeira felicidade. Esta
é a finalidade de todo o discurso: “Eu vos disse isso, para que a minha alegria
esteja em vós, e a vossa alegria seja completa” (v. 11). Mas não nos esqueçamos
de que esta alegria é alegria de Cristo, portanto, dom.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, completa a alegria que o Espírito Santo faz brotar em
mim, pois estou disposto a permanecer unido a ti e a teu Filho, e a
ser fiel aos teus mandamentos, apesar das adversidades.
Vivendo a Palavra
Jesus valoriza a alegria. Ele a quer completa para os
discípulos. A alegria talvez seja a manifestação mais natural do Amor que
habita em nós. Uma alegria sem efusivas manifestações exteriores, mas que se
possa ver na paz interior, na vontade de servir aos irmãos, no ardor da
esperança e na fé no Deus que é Pai.
VIVENDO A PALAVRA
Palavras fortes no texto de hoje, que são
chaves para o seguimento de Jesus: ‘alegria’ e ‘permanecer no Amor’. A Igreja,
ouvindo o Mestre, também valoriza a vivência do Amor, às vezes até fazendo
releituras da letra rígida dos mandamentos antigos. Estes continuam válidos e
bons na medida em que nos ajudam a viver com alegria e leveza a fraternidade –
que é a realidade mais bonita.
Reflexão
Os mandamentos que Deus nos deu na verdade constituem-se na
grande manifestação do seu amor, pois os mandamentos de Deus nos possibilitam a
descoberta dos valores que podem fazer o homem verdadeiramente feliz. O
cumprimento dos mandamentos tem dois significados: o primeiro é a
correspondência ao amor de Deus que nos amou primeiro, e o segundo é trilhar os
caminhos para a verdadeira felicidade, pois o amor faz com que permaneçamos
unidos a Deus, que é a única fonte da verdadeira alegria, a alegria plena,
que é a alegria da perfeita comunhão com aquele que nos ama com amor eterno.
Reflexão
Se há um tema sobre o qual Jesus não se cansa de
insistir é o amor: “Permaneçam no meu amor”. O amor de Jesus é concreto, real,
feito de obediência à vontade do Pai. Jesus é infinitamente amado pelo Pai e,
por sua vez, ama intensamente seus discípulos, a ponto de entregar-lhes a
própria vida. Esse é o modelo de amor: dar a vida pela pessoa amada. Mas o amor
de Jesus pede nossa resposta. De que maneira podemos expressar o nosso amor a
Jesus? Nossa maneira de amar será pôr em prática os seus mandamentos. Esse é o
amor que Jesus pede a seus seguidores. Um amor incondicional, que nada espera
como recompensa. À medida que atingirmos esse nível de amor, poderemos
experimentar a alegria completa que só Jesus pode dar.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 – Pe. Luiz Miguel
Duarte, ssp)
Meditando o evangelho
FIRMES NO AMOR
O amor que Jesus nutriu por seus discípulos é reflexo do amor que ele
mesmo recebeu do Pai. Amor eterno, permanente, total, exclusivo. Amor sem
imposição ou pré-requisitos. Amor absolutamente gratuito. Foi assim que Jesus
amou os seus, tal como aprendera na escola do Pai.
A exortação que Jesus dirigiu aos seus - "Permaneçam no meu
amor!" - tem duas vertentes. A primeira refere-se ao relacionamento
Jesus-discípulo, a segunda, ao dos discípulos entre si.
O discípulo ama Jesus com o mesmo amor com que é amado por ele. Aqui não
há lugar para relacionamentos interesseiros, como os de muitos cristãos
que fazem consistir sua fé na busca contínua de favores divinos. Nem há lugar
para atitudes de temor, como acontece com quem se julga estar sempre a ponto de
ser punido por Deus. O puro amor a Jesus vai além dessas deturpações.
No relacionamento com os seus semelhantes, o discípulo oferece amor
idêntico ao que recebe de Jesus. Não exige nada em troca. Não procura enquadrar
o outro em seus esquemas preconcebidos. Não estabelece limites. Pelo contrário,
acolhe o outro como ele é, oferecendo-lhe o melhor de si, possibilitando-lhe o
crescimento, a fim de que possa realizar-se plenamente.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe.
Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE –
e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Espírito de amor fiel, ajuda-me a permanecer na
fidelidade ao amor de Jesus, dando o melhor de mim aos meus irmãos e às minhas
irmãs.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O Amor do Pai pelo Filho...
(O comentário do Evangelho abaixo
é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata
– Votorantim – SP)
Estamos habituados a pensar no amor como um sentimento que nos
obriga a retribuir de alguma maneira a quem nos ama, e que tem suas
razões de ser. Olhamos para Jesus, o Filho de Deus e poderíamos nos perguntar,
que razões Jesus dá, para que o Pai o ame...
Mil razões... Jesus merece ser amado pelo Pai, é Filho Fiel,
obediente, que prioriza a Vontade do Pai, que se move a partir do Pai, que se
aniquila, se rebaixa e se deixa esmagar, para cumprir toda a Vontade Daquele
que o enviou... Um Filho assim, que dá todas as razões para ser amado, todo
mundo queria ter um... Sendo bom, fiel e justo, santo e perfeito, Jesus pode
contar com o Amor do Pai, que é sempre intenso e grandioso. Enfim, podemos
concluir com nossa lógica humana, que o Pai o ama porque Ele de fato é bom, o
Amor de Deus pelo Filho Jesus é real, concreto, verdadeiro, sem dúvida
alguma...
Neste evangelho ao falar com seus discípulos sobre esse amor,
Jesus afirma algo que desnorteia a todos: Assim como o Pai me ama, eu também
vos amo! Assim, desse mesmo modo, do mesmo jeito, com a mesma intensidade. Que
motivos ou razões, damos todos os dias para que Deus manifeste todo esse amor
por cada um de nós? Certamente nenhum...
Mas há duas palavras chaves, duas recomendações de Jesus neste
evangelho, a seus discípulos de ontem e de hoje. Perseverar e ser constante no
amor de Cristo. Só há um modo de ser constante e perseverante nesse amor: é
guardar os mandamentos que Jesus nos deu... Se antes, a perseverança e a
constância para com Deus, dizia respeito á observância da Lei, agora o amor é a
Lei...
Não somos amados porque somos bons, ou porque, de algum modo
damos motivos para que Deus nos ame. Não há razão para que Deus nos ame desse
jeito tão apaixonado... E o amor ao próximo, com essa mesma intensidade é a
maneira que o discípulo tem, de corresponder a este amor Divino. Exatamente por
isso que João, falando sobre a autenticidade do nosso amor a Deus, irá dizer
“Quem diz que ama a Deus que não vê, mas não ama ao próximo que está do seu
lado, é mentiroso e a Verdade não está nele”
2. Que a minha alegria esteja em vós
Como o Pai ama a Jesus, assim também Jesus nos ama e insiste que
permaneçamos no seu amor. Mostramos que estamos nele e que o amamos cumprindo
os seus mandamentos, que se resumem no amor a Deus e no amor aos irmãos. O amor
aos irmãos é a pedra de toque do amor a Deus. Mostramos que amamos a Deus no
amor que temos para com nossos irmãos e irmãs. Tudo isso é causa de grande
alegria, não alegria passageira e superficial, mas a alegria de Jesus. Ele
deseja que a sua alegria esteja em nós para que a nossa alegria seja completa.
Ele nos deu a sua paz e nos dá a sua alegria. Anunciando sua partida, Jesus
disse que os discípulos iam ficar tristes, mas que ele ia vê-los de novo. Então
“o coração de vocês vai se alegrar e ninguém tirará de vocês a alegria”. No
Livro de Neemias, Esdras disse ao povo: “A alegria do Senhor é a vossa
fortaleza”. Não se trata, portanto, da alegria momentânea que sentimos
alternada com momentos de tristeza. É a alegria fruto de uma presença
permanente de toda a Trindade Santíssima em nossa vida. Santa Elisabete da
Trindade, monja carmelita, tinha profunda consciência da presença da Trindade
em sua vida, o que a fazia dizer: “Acreditar que um Ser, que se chama Amor,
habite em nós a qualquer momento do dia e da noite e que nos pede que vivamos
em comunhão com ele, eis o que transformou a minha vida num céu antecipado”.
Pedimos na liturgia que o nosso coração esteja onde estão as verdadeiras
alegrias.
HOMILIA
DIÁRIA
Postado por: homilia
maio 2nd, 2013
“Como meu pai me amou, assim também eu vos
amei. Permanecei no meu amor” (Jo 15,9). Que coisa
maravilhosa, que coisa linda é Jesus nos convidando para permanecer no Seu
amor! Mas como permanecer no amor d’Ele?
O versículo 10 já responde: “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu
amor”. Então, não adianta dizer que nós amamos Deus, enchermos
a boca para dizer: “Senhor, como eu O amo, minha vida Lhe pertence”. A maneira
concreta, prática de amarmos o Senhor é guardando os Seus mandamentos, aqueles
que conhecemos, ainda criancinhas, na catequese, desde amar a Deus sobre todas
as coisas, até não mentir, não roubar e guardar a castidade.
Os mandamentos são a nossa regra de vida, nossa maneira de
nos relacionarmos com Deus diante de uma sociedade hipócrita, injusta. Não
existe melhor maneira de sermos cristãos do que colocarmos em prática os
mandamentos do Senhor, a começar pelo primeiro: “Colocar Deus em primeiro
lugar”. Ele tem de ser o primeiro nas nossas atitudes, nos nossos pensamentos e
gestos.
Aquele que ama o Senhor precisa também amar seu próximo
de forma muito concreta.
Deus permita, no dia de hoje, que conheçamos a graça do Seu
amor por nós, percebendo o tanto que Ele nos ama. Hoje, esforcemo-nos para
amá-Lo sobre todas as coisas e, amando-O, saibamos concretizar o Seu amor em
nossos irmãos.
Padre Roger Araújo – Comunidade
Canção Nova
Oração Final
Pai Santo, dá à tua Igreja a verdadeira alegria,
aquela que vem da certeza de que somos muito amados por Ti. E nos dá, também,
força para proclamarmos ao mundo esse grande Amor, com o testemunho da nossa
Esperança. Por Jesus, Cristo, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito
Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, abranda o nosso coração para que acolhamos com
alegria o grande Amor que manifestaste por nós, enviando-nos o teu Filho
Unigênito. Que, enriquecidos pela Presença de Jesus, nós partilhemos esse Amor
com os companheiros de caminhada por este mundo maravilhoso que nos emprestas
para que cuidemos dele e o partilhemos com os irmãos. Pelo mesmo Cristo Jesus,
teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.