ANO B
ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA
Ano B - Branco
“Bem-aventurada aquela que acreditou”
Lc 1, 45
Lc 1,39-56
Ambientação
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Hoje a Igreja recorda a Mãe de Deus que é levada aos céus. Quando os apóstolos foram visitar o seu sepulcro, segundo a tradição apócrifa, não encontraram o seu corpo. Assim, celebramos hoje o triunfo de Maria, também lembrada sob o título de Nossa Senhora da Glória. Maria é sinal da Igreja triunfante, graças a seu Filho Jesus, em quem todos receberão a vida. Maria é a bendita entre todas as mulheres, e a sua glória é realização e sinal do que toda a Igreja espera. Hoje rezamos pelas vocações consagradas e religiosas, para que, como Maria, vivam substancialmente para Deus e para o próximo. Hoje, celebramos a vocação religiosa. Como o Pai chamou Maria para gerar seu Filho Jesus, assim ele chama homens e mulheres para servirem nos mais diferentes lugares e setores da vida humana levando sua Palavra. Nesta semana da vida consagrada, rezemos por todos os nossos religiosos. Louvamos e agradecemos a Deus pelos incontáveis jeitos de apresentar Deus ao próximo que nestes mais de 50 anos de nossa diocese a Pastoral Familiar tem buscado e pedimos que nunca falte Agentes comprometidos com a causa das famílias.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Celebramos a Assunção de Nossa Senhora que, em vista de sua maternidade divina, foi elevada aos céus. A glorificação de Maria é, ao mesmo tempo, prêmio de sua fé e meta final dos cristãos. Em sintonia com todos os religiosos e religiosas, cujo dia hoje comemoramos, queremos celebrar esta festa dando graças ao Pai que nos oferece, na ressurreição, o sinal da vitória definitiva de toda a humanidade.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Maria foi a primeira criatura a receber o benefício da Encarnação do Senhor, tendo sido, exatamente em vista de sua maternidade divina, isenta de todo pecado desde sua conceição imaculada, e preservada de toda a mancha ao longo de sua vida. Tornou-se, portanto, a primeira criatura na fé cristã e a primeira a ser elevada à glória do céu em corpo e alma, graça inaudita alcançada pela Ressurreição de Jesus. Por primeiro recebeu a graça, por primeiro alcançou a plenitude da vida eterna. A glorificação de Maria é um prêmio de sua fé, de sua dedicação à obra redentora, de sua santidade. Mas é também um luzeiro a marcar a meta final dos cristãos. Em sintonia com todos os religiosos e religiosas, cujo dia hoje comemoramos, queremos celebrar esta festa de Maria dando graças ao Pai que eleva a humilde mulher, Maria de Nazaré e, nela, nos oferece o sinal da vitória definitiva de toda a humanidade, pela força da ressurreição de Jesus Cristo. Rezemos, pois, pelos religiosos, como também pelas pessoas que vivem a sua consagração no mundo, fazendo da vida comum um testemunho de amor a Deus e total dedicação ao próximo. Peçamos ao Senhor da Messe que suscite muitas vocações religiosas e consagradas no mundo de hoje.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Celebramos a Assunção de Nossa Senhora que, em vista de sua maternidade divina, isenta de todo pecado desde sua conceição imaculada, foi elevada aos céus. A glorificação de Maria é, ao mesmo tempo, prêmio de sua fé e meta final dos cristãos. Em sintonia com todos os religiosos e religiosas, cujo dia hoje comemoramos, queremos celebrar esta festa dando graças ao Pai que nos oferece, na ressurreição, o sinal da vitória definitiva de toda a humanidade.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, hoje a Igreja enche-se de júbilo para celebrar a Solenidade da Assunção da Mãe do Senhor. Nela realiza-se plenamente o mistério pascal do seu Filho, pois “cheia de graça”, quis o Pai associá-la à ressurreição de Jesus. Hoje, Maria é espelho da Igreja que, como Ela, caminha para o Reino definitivo e para sua glorificação. No céu, Maria agora é intercessora que acompanha com solicitude materna seus filhos e filhas. Ao recordarmos hoje também a Vida consagrada, olhemos para Maria como modelo de consagração sem reservas ao projeto de Deus em sua vida. Ao Pai, que enfeitou Maria com as mais belas joias da Graça, elevemos nosso hino de louvor.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: O dogma da Assunção foi definido no ano de 1950, durante o Pontificado de Pio XII. Ignoramos se, como e quando se deu a morte de Maria, desde muito cedo festejada como "dormição". É uma solenidade que, correspondendo ao natal (morte) dos outros santos, é considerada a festa principal da Virgem. O dia 15 de agosto lembra provavelmente a dedicação de uma grande igreja a Maria, em Jerusalém. A Igreja celebra hoje em Nossa Senhora a realização do Mistério Pascal. Sendo Maria a "cheia de graça", sem sombra alguma de pecado, quis o Pai associá-la à ressurreição de Jesus.
PADROEIRA DA NOSSA CATEDRAL
A solenidade da Assunção de Nossa Senhora ao Céu faz parte das verdades que a Igreja crê a respeito de Maria, Mãe de Jesus Cristo. Depois de sua morte, ela foi elevada à glória do céu em corpo e alma, onde participa, desde logo, da glória da “ressurreição da carne”. Para Maria já se realizou aquilo que os demais falecidos ainda esperam, como uma promessa, a ser realizada “no Dia do Senhor”, ou seja, no futuro que depende apenas de Deus.
A Assunção de Maria ao céu aconteceu por pura graça e benevolência de Deus. Mas também, em consideração à condição totalmente singular dela em relação a Deus e ao seu Filho Jesus Cristo: ela é a “cheia de graça”, escolhida especialmente por Deus para ser a mãe do Filho de Deus segundo a humanidade e para colaborar na obra divina da redenção. E ela o fez, de modo admirável e inteiramente fiel aos desígnios de Deus. Entre todas as mulheres, somente ela foi a mãe do Filho de Deus, segundo a natureza humana.
Por isso, desde cedo nas catequeses e na piedade do povo cristão, existiu a certeza de que Maria, após a sua morte, não precisou esperar a ressurreição dos mortos, mas foi elevado ao céu logo após a sua morte para esta vida. Desde então, ela está junto do seu Filho Jesus, como mãe e intercessora por todos os filhos que Jesus lhe confiou, que são os fiéis em Cristo e a humanidade inteira, para que também cheguem um dia à glória do céu. Maria, no céu, é sinal de consolo, alegria e esperança para todos nós. Ela é representante, com Jesus, de nossa humanidade junto de Deus. E, como diz o Concílio Vaticano II, ela é “sinal de esperança segura” para a Igreja que ainda peregrina nesta vida.
Maria, na glória de Deus, lembra- nos sempre as palavras do livro do Apocalipse e de São Paulo aos Coríntios: “o último inimigo a ser vencido será a morte” (1Cor 15,26). Se a perspectiva da morte nos assusta e até oprime, devemos lembrar sempre que a morte não tem a palavra final sobre nossa existência. Jesus ressuscitado e Maria elevada ao céu nos dão a certeza de que também nós somos chamados à vida plena na glória de Deus.
Nossa Catedral Metropolitana foi inaugurada em 1954, apenas 4 anos depois da proclamação do dogma da Assunção. Isso explica porque “Nossa Senhora da Assunção” é titular e Padroeira de nossa Catedral. No meio da imensa metrópole, a Catedral é um eloquente testemunho de fé para todos e, ao mesmo tempo, um sinal de esperança. Maria, elevada ao céu, dá sentido e esperança às nossas ações e responsabilidades de cada dia. Ela é mãe, que olha por seus filhos e intercede por eles. Por mais que seja difícil a luta, ela não nos deixa desfalecer e nos dá coragem para prosseguir.
Maria da Assunção interceda, de maneira especial, por toda a nossa Igreja em São Paulo. Também pelos Consagrados na Vida Religiosa, que têm nela, especialmente, a imagem realizada da pessoa que vive a consagração a Deus e à humanidade.
Cardeal Odilo P. Scherer
Arcebispo de São Paulo
ATENTOS ÀS COISAS DO ALTO
A solenidade litúrgica da Assunção de Maria ao céu é das mais significativas para a vida da Igreja. Em nossa fé, professamos que Maria, após sua morte, tendo cumprido sua missão na terra, foi elevada ao céu em corpo e alma. Seu corpo não ficou entregue à corrupção do túmulo mas, por um privilégio todo especial, foi glorificado imediatamente no céu, assim como esperamos que aconteça com os corpos dos nossos falecidos no “final dos tempos”.
Assim, Maria já participa, desde a sua morte, da glória da “ressurreição da carne”, na glória de Deus. Para ele, foi um privilégio único e especialíssimo, em virtude de sua missão, também única e especialíssima. Só ela foi a Mãe do Filho de Deus feito homem. O pecado nunca encontrou espaço em sua vida e ela correspondeu perfeitamente à vontade de Deus. Maria é a primeira pessoa humana que já está “na plenitude da vida” e na glória de Deus.
Por isso, a Igreja olha para ela com grande esperança. Ela é a alegria da Igreja e a honra da humanidade! Ela já está lá, onde queremos chegar também nós, com a graça de Deus. A Igreja reconhece nela a imagem realizada daquilo que ela própria é chamada a ser. Por isso, nós nos voltamos para ela com confiança e afeto filial, recorrendo à sua intercessão e consolo maternal. Temos a certeza de que, na glória de Deus, ela tem os olhos voltados para nós, intercedendo continuamente pela Igreja e pela humanidade inteira, como Mãe que dos seus filhos jamais se esquece.
Nossa Senhora, elevada à glória de Deus, é um grande estímulo para vivermos a esperança cristã. Nossa grande esperança é alcançar a plenitude da vida e a participação na glória de Deus, como Jesus prometeu. Olhando para Maria no céu, somos sustentados e fortalecidos nesta esperança. Que possamos, conforme pedimos na Missa da Assunção, “viver atentos às coisas do alto, a fim de participarmos um dia da sua glória” (Oração do dia).
Na festa da Assunção, recomendamos a Deus e à intercessão de Nossa Senhora os consagrados e consagradas ao carisma Vida Religiosa. À semelhança de Maria, também eles têm a vocação de ajudar a Igreja e a humanidade inteira a ficar “atentos às coisas do alto”, e não apenas às coisas da terra. Que Deus envie muitas vocações às nossas Comunidades Religiosas e sustente na vocação aqueles e aquelas que já consagraram sua vida inteiramente ao testemunho do Evangelho.
Nossa Catedral Metropolitana tem o título de “Nossa Senhora da Assunção”. Que também este belo monumento à nossa fé e nossa esperança seja constante “sinal das coisas do alto” para o povo de São Paulo e para todos os que nela entrarem. Que Nossa Senhora da Assunção interceda por toda a nossa Arquidiocese, que celebra o seu sínodo. Que toda nossa Igreja ofereça um testemunho sempre mais claro de Deus a esta Cidade.
Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo
Comentário do Evangelho
Em comunhão com Maria, seguindo Jesus
Lucas, em seu evangelho, com as narrativas de infância de Jesus, deixa perceber a sua origem simples, em uma casa pobre, na pequena vila de Nazaré, longe de Jerusalém, capital religiosa da Judeia, e de qualquer outra grande cidade onde se concentram as elites privilegiadas.
Os quatro evangelhos apresentam a inauguração do ministério de Jesus a partir do seu encontro com João Batista, do qual recebe o batismo. Lucas antecipa este encontro já no ventre de suas mães, e evidencia a íntima relação entre João Batista e Jesus com os paralelos entre as anunciações de suas concepções e as narrativas de seus nascimentos.
Maria, em seu cântico, manifesta-se solidária com os pequenos e humildes excluídos. Ela exprime que tem consciência de que a ação de Deus nela, que a engrandece, se dá em benefício de todos os povos. Ela sabe que não pode separar uma graça pessoal de um dom em favor da comunidade e do povo.
Os pobres poderão reconhecer que Deus está a favor deles, está entre eles. Que eles têm direito a uma vida mais digna e que têm motivo de lutar por ela. Não tem mais sentido um sistema religioso ou social que favorece os ricos e induz os pobres à humilhação e ao conformismo em vista de uma recompensa futura.
A tradição da Igreja reconhece que Maria, uma vez terminados seus dias aqui na terra, foi assumida no seio de Deus, na unidade de seu ser, corpo e alma, gozando já da vida eterna e da glória divina, participando da vida da Trindade. É uma nova compreensão da ressurreição com maior alcance do que as primeiras concepções de Paulo, apóstolo (segunda leitura).
O livro do Apocalipse, como é próprio deste gênero literário herdado do Primeiro Testamento, apresenta de maneira gloriosa o confronto entre a mulher e o dragão (primeira leitura). Nesta mulher a tradição viu a imagem da Igreja, bem como a de Maria.
Pela fé aspiramos a estar em comunhão com Maria, seguindo o Caminho que é Jesus.
José Raimundo Oliva
Oração
Senhor Jesus, que a contemplação da assunção de tua mãe santíssima me inspire a viver em comunhão com Deus, servindo-o como servo humilde.
Comentário do Evangelho
Festa da vitória de Deus e de Cristo sobre o mal e a morte.
O dogma da Assunção de Nossa Senhora foi proclamado pelo Papa Pio XII, em 1950. O texto da proclamação dogmática não afirma que ela foi elevada ao céu, mas à “Glória celeste”. Não se afirma, portanto, um deslocamento espacial nem uma nova localização, mas a transfiguração do seu corpo e a passagem de sua condição terrestre à condição gloriosa da totalidade de sua pessoa, isto é, corpo e alma. A solenidade da Assunção da Mãe de Deus é, em primeiro lugar, a festa da vitória de Deus e de Cristo sobre o mal e a morte (cf. 1Cor 15,21-22). Na ressurreição de Jesus Cristo, o inimigo da natureza humana foi vencido. É essa vitória que celebramos a cada domingo. A festa da Assunção de Nossa Senhora é uma verdadeira Páscoa, uma vez que é a participação da nossa humanidade na Páscoa de Jesus Cristo.
Todo o livro do Apocalipse pode ser considerado uma visão, no sentido de revelação de Deus. A finalidade do livro é encorajar o povo de Deus no seu testemunho de Cristo e a permanecer firme na observância da palavra de Jesus Cristo. O tema da visão do trecho de hoje é “um grande sinal no céu”. Todo sinal precisa ser interpretado e bem compreendido. A mulher ornada que aparece no céu é a Igreja triunfante, vitoriosa (coroa de doze estrelas), na eternidade (lua debaixo dos pés), sobre a qual o mal não tem mais poder, pois ela é revestida da Glória do Ressuscitado (vestida de sol). Ela está pronta para dar à luz. A Igreja, fiel ao seu Senhor, gera, pela fé, novos filhos. Ela é ameaçada por causa do filho que ela gera, mas é protegida por Deus e conduzida ao deserto. Todo o nosso trecho é uma evocação do êxodo. A finalidade é levar a Igreja peregrina a contemplar a realidade da Igreja triunfante, a fim de ser sustentada no seu testemunho e na sua fidelidade ao Deus verdadeiro.
A festa da Assunção de Nossa Senhora é a participação da nossa humanidade na vitória de Cristo. Na Assunção de Nossa Senhora, Deus revela a dignidade do ser humano. O ser humano não pode ser prisioneiro do mal nem nossa vida terrestre pode ser desprezada como se vivêssemos num desterro ou num vale de lágrimas. A vida do ser humano interessa a Deus. A elevação de Maria à Glória celeste faz com que olhemos para a nossa humanidade para que não a deixemos corromper pelo mal que desfigura o ser humano criado à imagem e semelhança de Deus.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, conduze-me pelos caminhos de Maria, tua fiel servidora, cuja vida se consumou, sendo exaltada por ti. Que, como Maria, eu saiba me preparar para a comunhão plena contigo.
Vivendo a Palavra
A Igreja reverencia a Mãe de Jesus, reconhecendo que ela está inteira, como Pessoa, no seio do Pai Misericordioso: de corpo, alma e espírito. Toda ela – exterioridade, interioridade e profundidade – foi acolhida na glória do Reino do Céu junto a seu Filho, o Cristo Jesus.
VIVENDO A PALAVRA
Maria foi “às pressas”, e ficou três meses servindo a Isabel. É a bela lição de entrega que ela deixa para este nosso tempo dominado pelo egoísmo, pela busca constante de vantagens pessoais, a cada hora desejando mais poder, maiores riquezas e prazeres desordenados. Era esse o jeito filial de Maria para proclamar a grandeza do Senhor e manifestar a sua alegria no Deus Salvador.
vIVENDO A PALAVRa
O papa Pio XII, em 1º de novembro de 1950, declarou dogma revelado por Deus que “a Imaculada Mãe de Deus, a Virgem Maria, terminado o curso de sua vida terrena, foi assumida (assunta) em corpo e alma na glória celestial”. Não há passagem bíblica mencionando a assunção de Maria. Entretanto, a Igreja tomou por base a própria Escritura, que apresenta Maria intimamente vinculada à vida e à obra do Redentor; então, dessa união plena deriva a sua participação no triunfo glorioso do seu Filho. O prefácio dessa solenidade litúrgica reforça esse conceito: “Preservastes da corrupção da morte aquela que gerou, de modo inefável, vosso próprio Filho feito homem, autor de toda a vida”. Maria nos precede na glória eterna e nos acompanha, com materna proteção, enquanto peregrinamos rumo à pátria celeste.
Reflexão
O encontro de Maria com Isabel nos mostra um pouco do que deve ser um encontro de verdadeiro amor entre duas pessoas. Por um lado, vemos Maria, que vai ao encontro de Isabel assim que sabe da sua situação, vai para servir, fazer com que seu amor se transforme em gesto concreto. Quando encontra Isabel, a saúda, pois valoriza aquele momento de encontro e também a pessoa com quem se encontra. Por outro lado, vemos Isabel que, ao ver sua prima, exalta imediatamente todos os seus valores como mãe do seu Senhor, assim como as suas virtudes. E este encontro termina com um cântico de exaltação ao amor de Deus.
Reflexão
UM GRANDE SINAL PARA A IGREJA E PARA A HUMANIDADE
Aíla Luzia Pinheiro Andrade, nj*
(Texto publicado originalmente em Revista Vida Pastoral ano 53 - número 285, julho-agosto de 2012).
I. INTRODUÇÃO GERAL
A festa da Assunção de Maria é a festa da assunção da Igreja. Maria colabora no mistério da redenção, associando-se a seu Filho (LG 56). Sua assunção é figura do que acontecerá com todos os seguidores de Jesus no fim dos tempos. Porque Maria não é apenas a imagem (o reflexo), mas também a imagem típica (o protótipo) da Igreja. A Igreja deve ser aquilo que Maria é. E, enquanto peregrina neste mundo, a Igreja tem Maria como um sinal “até que chegue o Dia do Senhor” (LG 68). O que celebramos na festa de hoje é a vitória de Cristo sobre todos os poderes que tentam impedir o reino de Deus. Celebramos, tendo Maria como sinal, a vitória da Igreja inteira sobre a morte e o pecado.
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1. Evangelho (Lc 1,39-56): Feliz aquela que acreditou, pois a palavra do Senhor se cumprirá
Esse trecho do evangelho está vinculado ao texto da anunciação, como seu desenvolvimento. Ao ouvir a mensagem do anjo Gabriel em relação à encarnação do Filho de Deus, tendo como sinal a gravidez de Isabel, Maria se dirige prontamente para a região montanhosa.
A conexão entre esses trechos nos aponta duas verdades sobre Maria: sua fé e seu compromisso com o reino. Com a fé que ela demonstra na palavra de Deus, temos em Maria a verdadeira discípula, que ouve a Palavra e a põe em prática. A fé na palavra de Deus gera compromisso, que leva o discípulo a realizar na vida o que ouviu. É o que Maria nos mostra com seu exemplo.
Maria é exemplo de discípula para quem acredita no cumprimento das promessas divinas, porque ela mesma está à disposição de Deus para servi-lo como instrumento dócil. Foi isso o que aconteceu quando disse: “Eis a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra” (1,38). E, imediatamente, saiu para visitar sua prima. Ao chegar, é saudada por Isabel, e algo de revelador acontece. O teor da saudação diz respeito a duas realidades. A primeira refere-se à atitude crente de Maria. Ela é bendita porque acreditou. Aqui é exaltada a sua fé. Foi sua total adesão à palavra de Deus que operou um milagre em sua vida e na vida da humanidade: a encarnação do Filho. Daqui passamos para a outra realidade da saudação: “e bendito é o fruto do teu ventre!” Maria, que carrega no útero o Filho de Deus, é identificada com a arca da aliança. No Antigo Testamento, a arca da aliança era símbolo do encontro entre Deus e a humanidade. No útero de Maria dá-se o encontro entre Deus e a humanidade, pois Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
Maria representa a Igreja, que se compromete com o reino pela fé na palavra de Deus e pela exigência de gerar o Cristo para o mundo por meio do anúncio, do testemunho e do serviço.
2. I leitura (Ap 11,19a; 12,1.3-6a.10ab): No deserto, Deus preparou um lugar para a Mulher
A principal personagem que aparece no grande sinal do céu não tem sua identidade imediatamente revelada pelo livro do Apocalipse, é chamada apenas de “mulher”. Somente no desenrolar da narrativa é que sua identidade fica clara.
A mulher é adornada pelos astros que a envolvem, o que significa que ela é a coroação de todas as obras da criação. Essa representação alude ao sonho de José, filho de Jacó (Gn 37,9), interpretado pelos sábios judeus como referência à vinda do reino onde tudo na natureza e na história estaria submetido ao poder de Deus.
Em oposição à mulher está a figura tenebrosa do dragão, descrito com características horripilantes, adornado pelos principais símbolos do poder humano: chifres e diademas. O significado dessa figura nos é dado pelo texto de Dn 7,24; trata-se dos governantes dos impérios, são os poderes do mundo.
O dragão intenta fazer mal à mulher, mas ela é levada para o deserto, lugar que Deus lhe tinha preparado, e ali é cuidada. Então a mulher representa o novo povo de Deus. A Igreja, comunidade dos seguidores de Cristo, enquanto aguarda a segunda vinda do Senhor, suporta as dificuldades do deserto, situação na qual o novo povo de Deus esperou para entrar na terra prometida.
Enquanto essa cena se desenrola na terra, especificamente no deserto, uma voz proclama que há uma nova realidade no céu: ali o reino de Deus já acontece plenamente (v. 10). Cristo, o ser humano plenificado e vitorioso, é a garantia de nosso acesso ao céu. Isso significa que a mulher que ainda permanece no deserto pode ter certeza da vitória em sua luta contra o dragão.
3. II leitura (1Cor 15,20-27a)
Cristo ressuscitou como primícias dos que morreram A Lei, em Dt 26,2, exigia que os primeiros frutos (as primícias) fossem oferecidos ao Senhor para expressar a gratidão do agricultor e o reconhecimento de que Deus era o responsável pela colheita. Quando o israelita oferecia os primeiros frutos a Deus, estava agradecendo pela colheita inteira. Os primeiros frutos saídos da terra eram parte da colheita, e tão certo quanto as primícias são a prova de que há uma colheita, a ressurreição de Cristo é a garantia de nossa ressurreição nele.
Cristo, primícias dentre os mortos, ascendeu ao céu e ofertou a si mesmo a Deus como o representante de seus seguidores, ou seja, da Igreja, que ascenderá depois dele. Não é somente o primeiro na ordem do tempo que ressuscitou dos mortos (primeiro a sair de dentro da terra), mas é o principal no que se refere a dignidade e importância, estando conectado com todos os demais que vão ressuscitar. Cristo é o ser humano ressuscitado, e nossa ressurreição é a partir dele. Portanto, nossas esperanças não são vãs, nossa fé não é inútil e nós não seremos desapontados.
III. PISTAS PARA REFLEXÃO
– Em 1974, o papa Paulo VI escreveu um documento sobre a devoção a Maria (Marialis Cultus) que continua a ser a norma para a devoção mariana entre os católicos. Depois de normatizar a devoção mariana em função de Cristo, o papa destaca em dois números (MC 26 e 27) a mesma devoção em relação ao Espírito Santo. Isso significa primeiramente que não pode haver culto a Maria em si mesma.
– O texto retirado do livro do Apocalipse é claramente cristológico, como se pode ver nos seguintes trechos: “Nasceu-lhe, pois, um filho varão, que há de reger todas as nações com cetro de ferro. E o seu filho foi elevado para Deus até o seu trono” (v. 5). “Agora, veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do seu Cristo” (v. 10).
– Portanto, a homilia não deve contribuir para um devocionismo exagerado (não fundamentado nem na Escritura nem na tradição genuína) a respeito da mãe do Senhor e nossa mãe, modelo daquilo que devemos ser e que seremos na plenitude dos tempos.
* Graduada em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará e em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE), onde também cursou mestrado e doutorado em Teologia Bíblica e lecionou por alguns anos. Atualmente leciona na Faculdade Católica de Fortaleza e em diversas outras faculdades de Teologia e centros de formação pastoral.
Reflexão
Maria tem pressa de se dirigir à região montanhosa de Judá para auxiliar Isabel, que está grávida e necessita da sua ajuda. Temos duas mulheres pobres, mas solidárias, que carregam dentro de si duas crianças. É a solidariedade entre duas mães que reconhecem a ação de Deus em seus corpos. Além das mulheres, temos também o encontro de duas crianças ainda no ventre de suas mães: encontro do Precursor com o Salvador. Pelo cumprimento, percebemos a alegria que transborda das mulheres, a ponto de contagiar o fruto do ventre de cada uma. Impulsionada pelo Espírito Santo, Isabel se alegra por receber a mãe do Senhor, declarando-a abençoada e feliz. Representante dos pobres que têm esperança, Maria responde com belo hino que exalta os pobres e rebaixa os orgulhosos. Ela leva consigo paz, alegria e bênção de Deus. Felizes as famílias que têm mães que se solidarizam entre si, através da ajuda mútua. Felizes as comunidades que têm mulheres portadoras de vida e esperança, mulheres benditas que acolhem a Palavra, transmitem fé e otimismo e acreditam num mundo melhor.
Oração
Divino Mestre, terminada sua vida terrena, Maria Santíssima foi acolhida no céu em corpo e alma para viver feliz contigo para sempre. Senhor, faze que sejamos teus fiéis seguidores, sem desviar-nos do caminho que nos une a ti e onde se encontra Nossa Senhora, tua e nossa bondosa mãe. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2020 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp (dias de semana) Pe. Nilo Luza, ssp (domingos e solenidades))
Reflexão
O papa Pio XII, em 1º de novembro de 1950, declarou dogma revelado por Deus que “a Imaculada Mãe de Deus, a Virgem Maria, terminado o curso de sua vida terrena, foi assumida (assunta) em corpo e alma na glória celestial”. Não há passagem bíblica mencionando a assunção de Maria. Entretanto, a Igreja tomou por base a própria Escritura, que apresenta Maria intimamente vinculada à vida e à obra do Redentor; então, dessa união plena deriva a sua participação no triunfo glorioso do seu Filho. O prefácio dessa solenidade litúrgica reforça esse conceito: “Preservastes da corrupção da morte aquela que gerou, de modo inefável, vosso próprio Filho feito homem, autor de toda a vida”. Maria nos precede na glória eterna e nos acompanha, com materna proteção, enquanto peregrinamos rumo à pátria celeste.
Oração
Divino Mestre, terminada sua vida terrena, Maria Santíssima foi acolhida no céu em corpo e alma, para viver contigo eternamente. Concede-nos, Senhor, permanecer inabaláveis no caminho que nos une a ti e nos leva aonde se encontra Nossa Senhora, tua e nossa bondosa Mãe. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2021 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp e Pe. Nilo Luza, ssp)
Recadinho
Como você encara o dever para com seus irmãos de sangue? - Como você manifesta humildade? - Que lugar Nossa Senhora ocupa em sua vida? - Qual o ato de devoção a Nossa Senhora que mais lhe agrada? - Você se considera uma pessoa de bom coração?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Meditando o evangelho
SANTIFICADA PELO AMOR
A assunção de Maria ao céu deve ser entendida no contexto da totalidade de sua vida. Sem este enraizamento histórico, correr-se-á o risco de divinizá-la, a ponto de esquecer que o desfecho de sua vida está em perfeita sintonia com sua caminhada terrena. E mais: deve ser entendida como o reconhecimento divino de sua plena adesão ao desígnio que Deus tem reservado para cada ser humano. Maria soube viver com radicalidade este projeto.
Refletindo sobre a visita de Maria a Isabel, é possível detectar o elemento centralizador de sua existência: o amor entranhado pelo próximo, caminho de santificação.
Ao saber da gravidez da prima Isabel, Maria pôs-se, apressadamente, a caminho. Sem medir esforços nem intimidar-se pelos eventuais perigos que poderia encontrar ao longo do caminho, ela se sentiu no dever de colocar-se a serviço da parenta. Assim, durante três meses, a "humilde escrava do Senhor" tornou-se a "humilde serva de Isabel". O serviço à prima era uma forma de desdobramento do serviço a Deus. Ou então, o serviço a Deus concretizava-se no serviço à sua parenta. Este testemunho de amor gratuito e generoso não constituiu um fato isolado na vida de Maria. Ela se dispôs a servir a Isabel, e sempre esteve disponível para servir também a quantos dela precisassem. Por isso, mereceu ser acolhida na plenitude do amor de Deus.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Espírito de amor gratuito e generoso, coloca-me no mesmo caminho de santificação trilhado por Maria, colocando-me sempre a serviço de quem carece de minha ajuda.
Meditando o evangelho
A GLORIFICAÇÃO DE MARIA
A festa da assunção de Nossa Senhora leva-nos a repensar todo o seu peregrinar neste nosso mundo, pois se trata de celebrar o desfecho de sua caminhada. O fim da existência terrena de Maria consistiu na plenificação de todos os seus anseios de mulher de fé e disponível para servir. A expressão “repleta de graça”, dita pelo anjo, encontrou sua expressão consumada na exaltação dela junto de Deus.
A estreita conexão entre a existência terrena de Maria e a sua sorte eterna foi percebida desde cedo pela comunidade cristã, apesar de a Bíblia não contar os detalhes de sua vida e de sua morte. A comunidade deu-se conta de que Deus assumiu e transformou toda a sua história, suas ações e seu corpo.
O relato evangélico é um pequeno retrato de Maria. Sua condição de mãe do Messias, o “Senhor” esperado pelo povo, proveio da profunda comunhão com Deus e da disponibilidade total em fazer-se sua servidora. Expressou sua fé no canto de louvor – o Magnificat –, no qual proclamou as maravilhas do Deus e as grandezas de seus feitos em favor dos fracos e pequeninos.
A comunhão com Deus desdobrava-se, na vida de Maria, na sua disponibilidade a servir o próximo. A ajuda prestada à prima Isabel é uma pequena amostra do que era a Mãe de Deus no seu dia-a-dia.
Assunta ao céu, Maria experimentou, em plenitude, a comunhão vivida na Terra.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Pai, conduze-me pelos caminhos de Maria, tua fiel servidora, cuja vida se consumou, sendo exaltada por ti. Que, como Maria, eu saiba me preparar para a comunhão plena contigo.
COMENTÁRIO DO EVANGELHO
1. Cântico de Maria - Lc 1,39-56
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)
Maria partiu hoje, tranquilamente, de Jerusalém para as alturas do céu. Antes, veio às pressas Ein Karem, nas montanhas, não devagar, mas às pressas, para poder ajudar, ser útil, estar com a prima que em três meses daria à luz o precursor. Ela, a Mãe de Deus, corre em auxílio da mãe do servo de Deus. Sua grandeza está no servir e ela carrega aquele que virá para servir e não para ser servido. Isabel fica cheia do Espírito Santo e o ambiente se enche de alegria. É assim que Deus olha para os pequenos. Sua misericórdia vem em socorro dos humildes e dispersa os soberbos de coração. “A minha alma engrandece o Senhor.”
Ao lado do belo sinal da Mulher – Igreja e Maria –, outra figura, menos bela, a de um dragão, se coloca diante da Mulher para lhe devorar o filho. Desde as origens há uma inimizade entre a Mulher e a serpente, que é o dragão. O dragão introduziu no mundo a rebeldia, a arrogância, o egoísmo, a morte, mas a Mulher, Maria, não foi por ele contaminada e por isso não sofrerá as consequências da morte. Em Maria só há vida e a vida vence a morte. Com ela nos colocamos ao lado da vida em oposição às forças da morte sempre atuantes em nosso mundo. Como Maria, gostaríamos de poder levar a presença de Jesus por toda parte, sendo portadores de alegria, de esperança, de vida nova. Não temos medo de enfrentar o dragão sabendo que Maria está ao nosso lado. Ela virá às pressas em nosso socorro e nos encherá de força.
Um dia Maria, a Mãe de Jesus, adormeceu no Senhor. Quando voltou de Éfeso, foi morar com São João no Monte Sião, onde adormeceu. Os apóstolos, segundo a tradição, estavam em Jerusalém e levaram o corpo ao vale do Cedron e o colocaram num túmulo novo. Três dias depois, o corpo foi levado ao céu. Foi assim que a “imaculada Mãe de Deus, Maria sempre virgem, após haver terminado o curso de sua vida terrestre, foi elevada em corpo e alma à glória celeste”. Que a Santíssima Virgem Maria assunta ao céu nos ajude! Seu dia litúrgico é 15 de agosto. No Brasil celebramos no domingo seguinte.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O CÉU DE MARIA!
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Nesse Domingo a Igreja celebra a festa da Assunção de Nossa Senhora..
Maria foi assunta ao céu, elevada para junto de Deus em corpo e alma. Se Jesus nos abriu as portas do céu que estavam fechadas, Maria foi o primeiro ser vivente a entrar por ela. Na verdade, em Maria os Filhos degredados de Eva puderam sentir o “gostinho” da volta ao Paraíso e viver de novo na plenitude da comunhão com Deus, como era antes do pecado original. Na vida de Maria, desde o seu nascimento, até a sua “dormição” como preferem denominar o término da sua vida terrena os católicos ortodoxos, a gente vai aprendendo que o céu, dom de Deus, é também uma conquista do homem.
A partir de Jesus nos tornamos todos combatentes “Pois é preciso que ele reine, até que todos os seus inimigos estejam debaixo dos seus pés. O último inimigo a ser derrotado é a morte” afirma o apóstolo Paulo na segunda leitura desse domingo em 1Cor 15, 20-27, mostrando-nos que a conquista do céu vai acontecendo na medida em que, em nossa caminhada vamos combatendo e destruindo as forças do mal, que querem nos levar à morte, para longe de Deus e do seu Paraíso, que é o nosso destino glorioso.
É assim que a vitória de Cristo vai sendo confirmada, pois quando falamos que o céu é dom que Deus nos concede, estaríamos sendo ingênuos se imaginarmos que podemos conquistá-lo sem nenhum esforço. Mas o que mais nos surpreende nessa liturgia Mariana é a bela visão apocalíptica de João na primeira leitura, que vê no céu o sinal de uma mulher Guerreira, destemida e Vitoriosa, imagem que a Igreja atribuiu a Maria, pois para chegar vitoriosa no céu, Maria foi também vitoriosa na terra, aliás, a partir da obra que Deus realizou em Maria, o céu desceu a terra. “Uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés, e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas”.
A visão do mal sempre é aterradora, mesmo em uma linguagem simbólica e figurativa como a de João “Um Dragão de sete cabeças e dez chifres, e sobre a cabeça sete coroas” Quem é que não se assusta diante de um bicho feio como este, com tanta força e poder?! Quem é que não se assusta com o mal hoje presente no mundo, marcado por tanta violência, medo, insegurança e o terror? Mas no espaço do céu, que é o lugar de Deus, esse mal tem o poder limitado. “Sua cauda varria apenas um terço das estrelas, atirando-as sobre a terra”, ou seja, a força do bem presente em Maria, consegue neutralizar as forças avassaladoras do mal. Mas quem é essa mulher ousada e vitoriosa, que chamamos de Mãe?
No evangelho festivo da Festa da Assunção, na catequese de Lucas percebemos algo encantador, que faz a diferença na vida de Maria, e que faz a diferença nossa vida também: A Força do Espírito de Deus! Prestemos atenção nas expressões verbais colocadas por Lucas, e que indicam uma ação imediata: Maria partiu – dirigindo-se apressadamente – entrou na casa e cumprimentou Isabel. Maria, essa mulher Guerreira e Vitoriosa, deixa-se mover no dinamismo do Espírito de Deus. Sua vida pacata na pequena Nazaré passa por uma “sacudida”, a partir de então, ela se moverá a partir do Espírito de Deus presente nela e que irá impulsioná-la a sair de Nazaré e a sair de si mesma, abrindo-se cada vez mais para Deus e os irmãos e Maria diante da revelação do anjo descobre a sua vocação de servir “Eis aqui a serva do Senhor...”
Tudo começou quando ela se fez pequena diante de Deus, é aí que o céu já começa a acontecer em sua vida. Quando os homens descobrem nessa vida a vocação para o amor, o céu já se faz presente. A entrada de Maria no céu, na Festa da Assunção, é apenas uma referência de sua glória, esta glória do Senhor que a envolveu totalmente, fazendo-a viver para Deus, sem deixar de viver para os irmãos. E quais são as conseqüências, na vida de Maria e em nossa vida, quando nos deixamos mover pelo Espírito Santo presente em nós? Isso é fácil de perceber nessa catequese de Lucas, olhando para a reação de Isabel - “Logo que a sua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria em meu ventre”. Quem é de Deus e a ele pertence e se entrega, transmite a paz verdadeira, o Shalon que traz alegria.
Quando o evangelho narra que Maria saudou Isabel, não foi uma saudação costumeira de Bom Dia ou Boa Tarde, mas sim a saudação desejando a Paz. Maria é anunciadora da Paz e portadora da Salvação, pois ali, naquela região montanhosa em casa de Israel, o Espírito de Deus transbordante em Maria, preenche também a Isabel e lhe revela: Chegou o Salvador, Deus já está entre vós! João dá cambalhotas no ventre de sua mãe e com ele a humanidade inteira pode pular e cantar, dançar e extravasar sua alegria: Jesus já chegou! Chegou através dos pobres e pequenos como Maria e Isabel.
Nossos sonhos e esperança de chegar a esse céu das plenitudes como Maria, já começa a se tornar feliz realidade quando descobrimos a nossa vocação para o amor e o serviço, tornando-nos também portadores dessa Paz e alegria, que vem do Espírito de Deus presente em nós. SALVE MARIA! (Festa da Assunção–LUCAS 1, 39-5)
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
2. Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! - Lc 1,39-56
Olhamos para o céu e vemos nossa mãe, a Mãe da Igreja, a Mãe de Cristo, na beleza da glória, Maria assunta ao céu. Adormeceu nesta terra e despertou em corpo e alma na casa do Pai. O grande sinal que aparece no céu, a mulher vestida de sol, é em primeiro lugar a comunidade dos seguidores de Jesus, a sua Igreja. O que se diz da Igreja, que é o corpo de Cristo, se diz de Maria, a Mãe do Senhor. Ela está para dar à luz um Filho, que o Dragão espera devorar logo ao nascer. A mulher-Igreja se refugia no deserto por um tempo limitado pelo próprio Deus. 1.260 dias é um tempo de provação, expresso em Daniel como “um tempo, mais um tempo e a metade de um tempo”, ou três anos e meio, 42 meses, 1.260 dias. Tempo de provação que termina com uma voz forte no céu, proclamando: “Agora realizou-se a salvação, a força e a realeza do nosso Deus, e o poder do seu Cristo. Porque foi expulso o acusador dos nossos irmãos, aquele que os acusava dia e noite perante nosso Deus”. Maria foi elevada ao céu em corpo e alma por ter sido concebida sem o pecado original. E é a Imaculada Conceição por ter sido escolhida para gerar e dar à luz o Filho de Deus. Por tudo isso, seu corpo não podia se corromper, por ser a corrupção da morte consequência do pecado introduzido pelo demônio. Maria nada tem a ver com o demônio. Sua descendência esmaga a cabeça da serpente com a qual ela não mantém nenhum laço de amizade. “Porei inimizade entre ti e a mulher”, disse o Senhor à serpente. A serpente, que é o dragão, ocupa um lugar de destaque no texto do Apocalipse. Ele é o outro sinal, poderoso, que se posta diante da mulher para devorar o seu Filho. Ao fim, realiza-se a salvação, e o acusador dos irmãos é expulso. A morte é derrotada.
REFLEXÕES DE HOJE
16 DE AGOSTO-DOMINGO
HOMILIA DIÁRIA
Deixe-se visitar por Jesus e Maria
Postado por: homilia
agosto 19th, 2012
Todo aquele intercâmbio de vida, todo aquele diálogo de amor à luz do Espírito Santo, leva Maria a um canto de ação de graças e de louvor, inspirado no canto de Ana, a mãe de Samuel (cf. Sm 2,1-10). É que tanto lá como aqui, se realimenta a esperança dos pobres por uma intervenção de Deus Salvador. Jesus, de fato, significa “Deus salva”.
A primeira parte do canto apresenta o louvor e a santificação do nome de Deus por parte de Maria. Na verdade, Deus pôs Seu olhar sobre aquela humilde jovem de Nazaré, fazendo grandes coisas em seu favor. Deus exalta sua humildade, de tal modo que todas as gerações têm a obrigação de chamar a Mãe de Deus de “Bem-Aventurada”, ou seja, de santa.
Assim, Jesus é concebido como a misericórdia de Deus em ação, trazendo vida para todos, restaurando a fraternidade entre os filhos de Deus.
Ao descrever a visita de Maria a Isabel, Lucas quer mostrar Maria como um modelo de solidariedade, da comunidade fiel que atende a todos os irmãos necessitados. O serviço de Maria a Deus se concretiza no serviço aos irmãos necessitados. Descrevendo a visita de Maria a Isabel, Lucas quer ensinar como as pequenas comunidades devem fazer para transformar a visita de Deus em serviço aos irmãos e irmãs. Nossa acolhida à Palavra de Deus concretiza-se no serviço concreto às pessoas mais carentes.
Lucas acentua a prontidão de Maria em atender ao apelo de Deus contido nas palavras do anjo. O anjo tinha lhe falado da gravidez de Isabel. Imediatamente, Maria sai de sua casa para se colocar a serviço de Isabel. De Nazaré até as montanhas de Judá são mais de cem quilômetros de caminhada. Tal atitude de Maria frente ao apelo da Palavra quer nos ensinar que não devemos nos fechar sobre nós mesmos, atendendo apenas as pessoas que nos são conhecidas ou que estão mais perto de nós. Devemos sair de casa, e estar bem atentos às necessidades concretas das pessoas e procurar ajudar na medida de nossas capacidades e possibilidades.
Até pouco tempo Maria levava uma vida “normal”; porém, depois do grande anúncio tudo muda; só Deus sabe o que passou em seus pensamentos, talvez muitas preocupações diante de um fato tão grandioso, do qual estava participando diretamente. Porém, uma coisa é certa: ela confia no Senhor. Não ficou presa no fato em si, mas põe-se, como nos diz a leitura, a caminho.
No diálogo que teve com o anjo, ‘na Anunciação’, Maria fica sabendo que também Isabel foi agraciada milagrosamente: “Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice, e este é o sexto mês para aquela que chamavam de estéril”. Maria vai visitar sua prima e, ao vê-la, confirma-se o que anjo já lhe havia falado.
Quando Isabel ouviu a saudação de Maria a criança lhe estremeceu no ventre e Isabel ficou repleta do Espírito Santo.
Ao chegar na casa de Isabel, após uma longa viagem de pouco mais de cem quilômetros, as duas mulheres se encontram, e não só elas, mas também os frutos da bondade e do amor de Deus. Aqui aproveito para abrir um pequeno parêntese: Maria estava com poucos dias de gestação, e ainda assim o seu filho foi percebido por Isabel, e o ainda não nascido João Batista. Como é que podem alguns ainda colocar em dúvida se o feto não constitui ainda um ser humano, capaz de reconhecer as grandes maravilhas de Deus, mesmo que estes sejam de poucos centímetros?
Maria foi a primeira anunciadora da Boa Nova. Junto com ela, leva a mesma alegria recebida do anjo, leva também o Cristo e o Espírito Santo. Como não querer bem a uma mulher que soube realizar a vontade do Pai? Maria é aquela que conduz Jesus até aquela família. Mais tarde, será ela também que pede a Jesus para que ajude os noivos nas bodas de Caná; e ainda hoje ela continua atenta às nossas necessidades, com seu olhar materno.
Diante de tudo que recebeu, ela não se exalta, mas bendiz o Senhor: “Minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus meu Salvador”. Este canto, que Lucas colocou nos lábios de Maria, relembra o que Deus fez em Maria, a Serva do Senhor. Mas recorda também o que Deus fez pelos pobres através de Jesus. Ele inverte as falsas situações humanas no campo religioso, político e social.
“Pois Sua misericórdia perdura para sempre para os que o temem. Aos que não o temem – os orgulhosos – Ele dispersou com a força do seu braço. Ele derrubou do trono os poderosos. Quanto aos humildes, submissos e oprimidos, Ele os exaltou. Ele cumulou de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias”. Deixemo-nos visitar por Deus! Mas estejamos atentos com a mesma sensibilidade de Isabel e João Batista. Que possamos reconhecê-Lo, acolhê-Lo e com Ele alegrar-se.
Pai, conduza-me pelos caminhos de Maria, tua fiel servidora, cuja vida se consumou, sendo exaltada por Ti. Que, como Maria, eu saiba me preparar para a comunhão plena contigo.
Padre Bantu Mendonça
HOMILIA DIÁRIA
Maria é modelo e espelho para nossa vida
“Então apareceu no céu um grande sinal: uma Mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas.” (Ap 12,1)
Celebramos, hoje, a Solenidade da Assunção de Nossa Senhora ao Céu. Sabe, mais importante do que compreender se Maria morreu, como ela morreu, a verdade é que ela adormeceu. Ainda que ela tenha experimentado a morte, ela foi plenamente levada, em corpo e alma, aos Céus. É essa verdade que a Igreja crê, ensina e conhece desde os seus primórdios.
Primeiro, porque o corpo e o ser de Maria não conheceram o pecado, porque ela não só foi concebida sem pecado como manteve-se incorrupta, ela não se deixou seduzir pelo pecado.
Do outro lado, Maria é a serva fiel do Senhor, toda voltada para Deus e para o cumprimento do Reino de Deus. Maria se tornou, de fato, o modelo de Igreja. Assim como a Igreja é o Corpo de Cristo, Maria é, em seu corpo, a realização de tudo aquilo que Cristo veio fazer no meio de nós.
Se Cristo é a cabeça da Igreja e a Igreja é o Corpo de Cristo, Cristo cabeça se fez homem no ventre e no ser de Maria. Maria se fez toda Igreja, Maria se fez morada de Deus. Por isso, hoje, olhamos para ela assunta aos Céus, para contemplarmos, na verdade, a grandeza de Deus que se realizou na pequenez dessa serva, daquela que, humildemente, se colocou aos pés do Senhor.
Maria é em seu corpo a realização de tudo aquilo que Cristo veio fazer no meio de nós
A Igreja de Cristo é a Igreja que é como Maria, a Igreja que serve e vive a comunhão com o seu Senhor, a Igreja que deixa Cristo guiar e, ao mesmo tempo, permite Cristo nascer para ser o Salvador de todos.
Maria concebeu Jesus em seu ventre, e O alimentou no seu seio. A Igreja alimenta o seu povo, alimenta os seus fiéis, a Igreja nos alimenta com o Corpo e o Sangue do Senhor.
A Virgem Maria foi única na participação humana na vida de Cristo. É óbvio que o corpo e o sangue humano de Cristo vieram de Maria, e é com esse mesmo sangue e corpo que a Igreja alimenta cada um de nós.
A Solenidade de hoje é a nossa profunda comunhão com Deus na Igreja, e a Igreja vive essa perfeita comunhão, modelo e espelho em Maria. Assim como a Igreja subirá aos Céus, a nova Jerusalém Celeste, Maria foi essa primeira assunta. Maria é a primeira que é a figura dessa Igreja Corpo de Cristo, místico de Cristo, a nova Israel resgatada e salva pelo Sangue do Senhor.
Celebremos com todo amor a Assunção da Virgem Maria!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Oração Final
Pai Santo, que nos deste Maria como modelo de vida Cristã, dá-nos também coragem e força para assumir em nossa existência as atitudes da Mãe de Jesus: amor universal, humildade, disponibilidade para servir, capacidade de ouvir e de calar. Por Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai que tanto amamos, dá-nos olhos para enxergar e coração puro para compreender o exemplo de Maria. Que sua simplicidade, a sua entrega total a Ti e aos irmãos, e a alegria no serviço generoso sejam nosso modelo nesta caminhada por teu Reino, em seguimento a Jesus de Nazaré, filho de Maria e nosso Irmão, o Cristo que contigo reina na unidade do Espírito Santo.
oRAÇÃO FINAl
Divino Mestre, terminada sua vida terrena, Maria Santíssima foi acolhida no céu em corpo e alma, para viver contigo eternamente. Concede-nos, Senhor, permanecer inabaláveis no caminho que nos une a ti e nos leva aonde se encontra Nossa Senhora, tua e nossa bondosa Mãe. Amém.