ANO C
Jo 7,40-53
Comentário do
Evangelho
O preconceito - obstáculo à fé
Diante do ensinamento de Jesus (cf. 7,14ss), as pessoas
dividem-se no que diz respeito a sua identidade (cf. v. 40). De novo, um
hermetismo no que concerne à origem do Messias impede, ou melhor, cria uma
cisão entre o povo por causa dele (v. 43) e obstaculiza o salto da fé. Naquele
momento ninguém o prendeu, ainda que alguns o quisessem, sobretudo os chefes
dos sacerdotes e os fariseus (cf. vv. 44-45). A razão é a força do ensinamento
de Jesus; o que ele dizia fazia plenamente sentido: "Ninguém jamais falou
com este homem" (v. 46). Os sinais que Jesus realiza dão testemunho que
sua presença e palavra transformam a vida do ser humano e revelam o mistério de
Deus.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, ajuda-me a acolher, sem preconceitos, a revelação de
Jesus, pois sua identidade messiânica de Filho de Deus transparece nas
palavras e nos sinais que ele realizou.
Vivendo a Palavra
O Messias vindo da Galiléia? Tudo tão diferente do que se
estava esperando... Não poucas vezes, também nós nos assustamos com a novidade
do Reino de Deus. Procuramos força, poder, domínio e encontramos mansidão,
humildade, perdão. Para acolher o Reino precisamos nos tornar novamente
crianças.
VIVENDO A PALAVRA
O Evangelho mostra como a novidade trazida por
Jesus superava a capacidade de entendimento do seu povo. A tentativa de
racionalizar gerava divisão entre os ‘doutores’. Ainda hoje, a novidade do
Reino de Deus é generosa demais para caber nos nossos padrões. Só existe um
caminho: aceitar a Misericórdia do Pai como crianças que somos, simplesmente…
Porque Ele É!
Reflexão
Muitas pessoas conhecem diversas coisas sobre Jesus, mas não
conhecem verdadeiramente a Jesus, porque fundamentaram o seu conhecimento numa
leitura racional e científica da Palavra e da História, mas nunca tiveram um
encontro pessoal com Jesus, nunca entraram na sua intimidade através da oração,
nunca procuraram contemplá-lo, nunca quiseram desenvolver uma espiritualidade.
Essas pessoas sempre fizeram de Jesus um objeto de conhecimento e não uma
pessoa de relacionamento. Nunca viram verdadeiramente Jesus, de modo que não
podem compreendê-lo, segui-lo, amá-lo e viver de acordo com os valores que ele
propôs.
Reflexão
As discussões em torno da pessoa de Jesus se
intensificam. As opiniões são as mais diversificadas. Uns o consideram como um
dos profetas. Outros dizem que ele é o Cristo. Discutem e discordam sobre a
origem do Messias. Os guardas se encantam com sua pregação: “Jamais alguém
falou como este homem”. Nicodemos, que havia conversado pessoalmente com Jesus,
tenta protegê-lo com base na Lei. As autoridades religiosas se vangloriam de
não acreditarem em Jesus e olham com desprezo para os que admiram um profeta
vindo de lugar tão humilde, a Galileia. Jesus estava tão perto deles
fisicamente! Poderiam ouvi-lo, tocá-lo, beber de suas palavras de vida. Ao
invés, desperdiçam a ocasião, permanecendo fechados à influência do Mestre.
Voltam para suas casas, desorientados e com o coração inquieto.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 – Pe. Luiz Miguel
Duarte, ssp)
Meditando o evangelho
UM PROFETA GALILEU?
O fato de Jesus ter vindo da Galiléia criava dificuldade para ser aceito
como Messias. Conforme uma antiga tradição, o Messias viria de Belém, cidade de
Davi, pois Deus havia prometido a esse rei que, para sempre, um de seus
descendentes haveria de sentar-se no trono de Jerusalém. Esta esperança
messiânica de caráter político-militar estava bem viva na mente do povo,
mormente no momento em que o peso da dominação romana se fazia sentir.
Pelo que se percebe, as autoridades de Jerusalém ignoravam a verdadeira
origem de Jesus. E não pareciam muito interessadas em conhecê-la. O motivo
verdadeiro da resistência contra ele girava em torno da sua pregação. Os
guardas, enviados para prendê-lo, voltaram admirados com o que ouviram de sua
boca. A multidão, também, ficava boquiaberta ao ouvi-lo, a ponto de irritar as
autoridades. Até mesmo o fariseu Nicodemos, que exercia um cargo de liderança
entre os judeus, ficara tão fascinado com o Mestre, a ponto de se tornar
discípulo deles, mas às escondidas. Será ele quem tomará, discretamente, a
defesa de Jesus, sugerindo que, antes de condená-lo, seria preciso ouvi-lo para
saber o que realmente estava fazendo.
A insistência na origem de Jesus ocultava o motivo verdadeiro de sua
rejeição. Sem mudar de mentalidade, seus perseguidores haveriam de rejeitá-lo,
mesmo sendo declaradamente de Belém. Seu modo de ser rompia todos os esquemas
messiânicos da época.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe.
Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e
disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Pai, ajuda-me a acolher, sem preconceitos, a revelação de Jesus, pois
sua identidade messiânica de Filho de Deus transparece nas palavras e nos
sinais que ele realizou.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Os Guardas
voltaram de mãos abanando...
(O comentário do Evangelho abaixo
é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata
– Votorantim – SP)
As pessoas definiam Jesus não de
acordo com aquilo que ele era, mas aquilo que a elas interessava, para uns ele
era realmente um grande Profeta, talvez inspirados pelos profetas que Deus
mandara no antigo Testamento, estes buscavam uma esperança que só Deus lhes
poderia dar.
Para outros ele era o Cristo,
isso é, o ungido, o enviado de Deus, colocavam nele todas as suas esperanças e
acreditavam em seu Messianismo que iria trazer a Salvação a todos. O grande
problema continua sendo aquele que já comentamos na reflexão de ontem: Jesus
era humano demais... E o fato da sua origem ser da Galiléia não credenciava a
ser o Messias que segundo as escrituras viria de uma linhagem nobre.
E para alguns, o fato dele não
ser quem esperavam que fosse, transformava a frustração em raiva. Um
comportamento onde se joga no irmão ou na irmã toda a nossa frustração, pelos
nossos fracassos e derrotas, a culpa é das pessoas que não são o que a gente
esperava que fossem. Não será assim em nossas comunidades até hoje? "Se
depender de mim e do que eu penso, a comunidade vai bem, mas tem fulano e
cicrano que nunca correspondem"
O segundo aspecto importante a
ser considerado nessa reflexão, é a atitude dos Guardas que, pertencendo ao
povo, e não estando atrelados a nenhuma lei ou tradição escriturística, estão
abertos para ouvir as palavras de Jesus e elas o encantam de tal modo que os
impede de prendê-lo.
O pior papel fica mais uma vez
com os famigerados Fariseus, a quem o messianismo de Jesus não lhes
interessava, uma vez que suas palavras e obras não coincidiam com o
conhecimento deles, que provinha da Lei e da tradição. Eram eles os guardiães
da tradição e deles teria que vir o aval que iria autenticar o messianismo de
Jesus.
Nas comunidades temos os nossos
conselhos pastorais e econômicos, que representam a assembleia e não podem
fazer valer a opinião pessoal, ou a deste ou aquele grupo. O verdadeiro
cristianismo é dialogante e interativo, virtudes estas que brotam da comunhão
fraterna, e que os Fariseus não tiveram e que também, infelizmente faz falta em
nossas comunidades...
2. Ele é o Cristo!
Quem é afinal esse Jesus que fala
no meio do povo, que diz ser o enviado do Pai, que se faz igual a Deus, realiza
sinais extraordinários e provoca muitas discussões sobre sua pessoa? É ele “o”
profeta? Qual profeta? Às portas da Terra Prometida, Moisés tinha dito ao povo
que Deus iria fazer surgir no futuro um profeta semelhante a ele, que falaria a
palavra que Deus iria colocar em sua boca. A este profeta era preciso ouvir.
Seria ele Jesus de Nazaré? A discussão se encaminha para a origem de Cristo e
do Profeta. Não será da Galileia, porque da Galileia não surge profeta, disseram
os fariseus. Eles queriam dizer “não surge ‘o’ profeta”. Havia profetas na
Galileia. O profeta, o Messias prometido, viria de Belém da Judeia.
HOMILIA
DIÁRIA
Postado por: homilia
março 16th, 2013
Poderíamos começar a nossa reflexão parafraseando as palavras
de Jesus. “Não vim trazer a paz, mas a divisão”. Jesus era consciente de que um
efeito – ainda que não desejado – do seu trabalho consistia em ser causa de
divisão entre os partidários do imobilismo e os que lutam por um mundo novo.
Por isso, inflamou a ira dos funcionários do Templo e de todos os que se
consideravam “donos” da verdade.
O fogo da Palavra de Deus não era para funcionários lúgubres
saturados de doutrinas e sedentos de poder.
Mas o fogo de Jesus não é o fogo das paixões políticas. É o
fogo do Espírito Santo que se prova na entrega total, no batismo da doação
pessoal. É um fogo que nos prende onde se abandonaram os interesses pessoais e
se busca um mundo de irmãos.
Jesus ensinava as multidões em Jerusalém, durante a festa das
Tendas. Muitos aderem às suas palavras e aclamam que, na verdade, Jesus era um
Profeta que tinha surgido no meio deles. Outros, que esperavam um messias
“glorioso”, ficam céticos diante da origem de Jesus da Galileia. Pois segundo
eles, o messias que esperavam não se saberia de onde é. E de Jesus sabiam, pois
conheciam os seus pais. Embora soubessem pelas Escrituras que diz que Ele seria
descendente de Davi e que haveria de nascer em Belém, cidade de Davi.
Pelo sim ou pelo não, Ele é o Messias que devia vir ao mundo.
A hostilidade crescente dos dirigentes judeus se concretiza em ação, mandando
prender Jesus.
Os próprios guardas reconhecem a autenticidade das palavras
de Jesus e se recusam a prendê-lo. Os fariseus, censurando os guardas, mostram
o desprezo que tinham pelo povo, considerando-o ignorante, maldito e pecador.
Um dos fariseus, Nicodemos, procura defender Jesus e é também
censurado. A origem de Jesus não é a de um messias poderoso, mas é o próprio
Deus de misericórdia que a todos acolhe em seu eterno amor. É o Deus presente
na história da minha vida, marcada de quedas e muitas vezes de fracassos. Ele
veio para me reerguer e fortalecer, dando-me uma dignidade igual à d’Ele.
É urgente que o fogo trazido por Ele se ateie o quanto antes
no meu coração.
Padre Bantu Mendonça
Oração Final
Pai Santo, que colocaste no coração de Nicodemos
a dúvida boa, a intuição santa, abre o nosso espírito para identificarmos a
novidade do teu Reino, fazendo-nos compreender e aceitar a humildade e o perdão
trazidos pelo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, que contigo reina na
unidade do Espírito Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, não é o muito saber que nos
satisfaz, mas o saborear intimamente a novidade do teu Reino que nos foi
trazida e anunciada por Jesus. Livra-nos da tentação de racionalizar as coisas
que destinaste aos nossos corações, nós Te pedimos pelo mesmo Jesus, o Cristo
teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.