ANO C
Mc 10,17-27
Comentário do Evangelho
Mudança fundamental
Quem se dirige a Jesus é um judeu fiel à lei e rico, observante dos mandamentos. Jesus externa-lhe seu amor, propondo-lhe que o siga. Para isto só lhe faltava uma coisa: o abandono das riquezas e o serviço aos pobres. Diante desta opção radical, aquele judeu, atordoado, prefere voltar para suas riquezas. As observâncias religiosas, por mais piedosas que sejam, não contribuem para o advento do Reino de Deus. A mudança fundamental, necessária, é a superação das injustiças que decorrem de uma estrutura socioeconômica de acumulação de riquezas. Quem aspira ao "ter" serve às riquezas e a esta estrutura que oprime os pobres. Os ricos poderosos são os que mantêm esta estrutura injusta e dela se beneficiam.
José Raimundo Oliva
Oração
Espírito de coragem perseverante, nas adversidades da vida, vem em meu auxílio, e ajuda-me para que não arrefeça a minha adesão a Jesus e ao Reino.
Comentário do Evangelho
A vida eterna não se compra, se recebe
Jesus não aceita para si o título de bom, ele o remete a Deus, que é a fonte de toda bondade. Se algo de bom há em Jesus, é dom de Deus. A vida eterna desejada por aquele anônimo é dom, e como tal ela precisa ser recebida. Não é merecimento pelo cumprimento irrepreensível da Lei. É preciso desapego, pois só o cumprimento da Lei não é suficiente. É preciso desapego, pois a vida eterna não se compra, se recebe.
É no seguimento de Cristo que se encontra o caminho para a vida eterna: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6).
O homem saiu pesaroso diante da palavra de Jesus, pois era possuidor de muitos bens. A riqueza é uma ameaça que pode impedir a entrada no Reino de Deus; facilmente ela se confunde com a vida verdadeira e obstrui o dom de ser recebido como tal (ver: Mt 6,24). A salvação é dom de Deus. Por isso Jesus diz: “Para Deus tudo é possível” (v. 27).
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, não permitas que o meu coração se apegue de tal forma aos bens deste mundo, a ponto de levar-me a te colocar em segundo lugar.
Comentário do Evangelho
De fato, Jesus é bom e ele faz bem todas as coisas
A atitude do anônimo que vai ao encontro de Jesus (cf. v. 17a) parece exprimir o seu desejo mais verdadeiro (v. 17b). De fato, Jesus é bom e ele faz bem todas as coisas. No entanto, ele não aceita para si o título de “Bom”, remetendo-o a Deus. Se a bondade pode ser experimentada no encontro com Jesus, através de suas palavras e de tudo o que ele faz, é preciso ser remetida, por meio dele, ao Pai que é a fonte de toda bondade. A absolutização de uma pessoa é um passo da idolatria. A vida eterna que ele deseja é dom e como tal deve ser recebida. Não é merecimento garantido pela prática da Lei nem por qualquer boa obra. Para receber a vida eterna como dom é preciso desapego, pois somente a prática da Lei não é suficiente (cf. vv. 20-21). Ademais, é no seguimento de Jesus Cristo que se encontra o caminho para a vida eterna (v. 21; cf. Jo 14,6). Diante da proposta de Jesus, o homem saiu pesaroso. De fato, a riqueza pode se constituir num verdadeiro obstáculo para se entrar no Reino de Deus. Por vezes a facilidade dos bens materiais pode se confundir com a vida verdadeira.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, não permitas que o meu coração se apegue de tal forma aos bens deste mundo, a ponto de levar-me a te colocar em segundo lugar.
Vivendo a Palavra
O Evangelho ensina a preparar a bagagem para a grande viagem: o que levar? Os bens que o ladrão rouba, a traça e a ferrugem corroem, ou o tesouro que permanece para a eternidade? Nós só possuímos, de verdade, aquilo que partilhamos amorosamente com os irmãos.
Vivendo a Palavra
Um texto expressivo – trata do salto desde a Lei do Templo até a Lei de Jesus. Para o Mestre de Nazaré, não basta mais cumprir regras estabelecidas. É preciso ultrapassá-las, partilhando generosamente os bens que passam, o tesouro que a traça rói e a ferrugem estraga. Será que nós ousamos dar este salto?
VIVENDO A PALAVRA
Jesus nos mostra a diferença entre cumprir normas legais e simplesmente deixar-se guiar pelo Amor. E garante, ao final, que apesar do nosso apego aos bens que passam, a Misericórdia de Deus supera tudo. Esta é a única razão que alimenta a nossa Esperança de alcançar um dia (e para a eternidade) o abraço cheio de ternura do amado Pai.
Reflexão
O evangelho de hoje nos apresenta, no caso do jovem rico, um grave erro que pode ocorrer na vida de todos nós no que diz respeito à questão da salvação e que se refere ao sujeito da salvação. Às vezes, a gente escuta que as pessoas devem esforçar-se para se salvarem e eu penso que eu devo conseguir me salvar. Ora, ninguém salva a si próprio. Eu não posso ser o meu salvador. Os discípulos perguntaram: "Quem então poderá salvar-se?" A resposta de Jesus é: "Para os homens isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus, tudo é possível". Não podemos confiar a nossa salvação nem em nós mesmos, nem nos outros e nem nos bens materiais, pois nada ou ninguém, a não ser o próprio Deus, podem nos salvar.
Recadinho
Jesus fala de modo muito forte e parece excluir os ricos! O que deve fazer um rico para não ser excluído? - Jesus quer dizer que se para uma pessoa comum buscar a vida eterna é difícil... para os ricos é um problema a mais! Como agir para que a riqueza seja um bem e não um problema? - O que o jovem rico deveria colocar acima de tudo? - Afinal, que pecado existe em alguém ser rico? - O que escolher? O Reino de Deus ou as riquezas deste mundo?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Reflexão
Ao homem rico, que vivera segundo os mandamentos de Deus, Jesus lhe pede um passo a mais: “Vá, venda tudo o que você tem e dê aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois, venha e me siga”. Não houve acordo. O homem “foi embora triste”. Não conseguiu desprender-se dos bens materiais para investir sua vida no seguimento a Jesus pobre e despojado. Voltou para o conforto de suas posses. A ganância empurra para a aquisição de mais riqueza e a riqueza parece dopar a mente e o coração dos gananciosos. Em vez de se tornar solidária com os necessitados, a pessoa rica se isola dos outros, sente-se insegura com medo de perder o que acumulou, e ainda esquenta a cabeça com o futuro de seus bens. Desgaste desnecessário, contra o qual Jesus nos previne com frequência.
(Dia a dia com o Evangelho 2018 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)
Reflexão
Alguém se aproxima de Jesus e o interroga a respeito da vida eterna. Pela prática e pela observância, esse alguém demonstra ser pessoa piedosa. Bom observante dos mandamentos, só lhe falta uma coisa: vender os bens em favor dos pobres. Essa proposta não agradou, tanto que ele se retirou triste. Não conseguiu desprender-se dos bens e se colocar no caminho de Jesus. Voltou para o conforto de suas posses. Não teve dificuldade no “não fazer isso e aquilo”, mas o problema foi quando Jesus lhe pede “fazer algo aos outros”. A partir disso, o Mestre faz um alerta a respeito dos bens materiais e da riqueza concentrada. Percebemos pelo episódio que a sedução das riquezas é grande obstáculo para se tornar seguidor de Jesus. O apelo do Mestre é que a riqueza deve estar a serviço das necessidades das pessoas, e não concentrada nas mãos de alguns privilegiados.
(Dia a dia com o Evangelho 2022)
Meditando o evangelho
A DEUS TUDO É POSSÍVEL
A dura constatação de Jesus deixou pasmos os discípulos: "Como é difícil para os ricos entrar no Reino de Deus!", é ainda, "É mais fácil passar um camelo pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus". A salvação pareceu-lhes um ideal inatingível. A situação do homem piedoso, porém apegado à sua riqueza, não dava margem para dúvidas. Ele havia observado os mandamentos, desde jovem, e se preocupava com a vida eterna. Todavia, quando Jesus lhe propôs um gesto radical de ruptura, por meio do qual daria prova insofismável de sua confiança na Providência divina, preferiu optar pela posse dos bens.
O Mestre reconheceu que ninguém é capaz de manter-se livre diante das riquezas e, portanto, salvar-se, sem a ajuda divina. Daí sua declaração: "Aos seres humanos isto é impossível". Só Deus possibilita a salvação dando forças às pessoas para se libertarem da escravidão da riqueza, por amor ao Reino. Com as próprias forças, ninguém será capaz de realizar um gesto de tal envergadura.
Porque "a Deus tudo é possível", quem se mantiver aberto à ação da graça terá acesso à salvação, embora seja tentado a apegar-se às riquezas. Se os discípulos se predispuserem a confiar na Providência divina, poderão ter fundadas esperanças de obter a salvação.
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total).
Oração
Pai, não permitas que me coração se apegue de tal forma aos bens deste mundo, a ponto de levar-me a te colocar em segundo lugar.
Meditando o evangelho
PARA ALCANÇAR A VIDA ETERNA
A preocupação do homem rico, em relação à vida eterna, deu margem para Jesus ensinar aos discípulos a lição do desprendimento dos bens materiais. Estes são um empecilho no caminho para Deus, quando alguém se apega demasiadamente a eles, tornando-se incapaz de fazer uma ruptura radical, em vista das exigências do Reino.
Na conquista da vida eterna, existe passos a serem dados, dos mais simples aos mais exigentes. O primeiro passo - observar os mandamentos - o homem já havia dado. Desde a sua mocidade, fora sincero no cumprimento de todos eles. Estava na hora de dar um passo a mais, mostrando-se mais generoso. Jesus indica-lhe que atitude deve tomar: desfazer-se de todas as suas propriedades, distribuindo-as entre os mais pobres, para tornar-se discípulo. Esta seria a forma de alcançar a vida eterna: desapegar-se dos bens, para servir a Deus e ao próximo.
A renúncia aos bens seria uma prova cabal de liberdade e uma demonstração de que os pobres efetivamente tinham importância para ele. O simples cumprimento dos mandamentos não era suficiente para evidenciar a profundidade do seu amor. Algo mais deveria ser feito!
Infelizmente, a insegurança da pobreza ou o apego exagerado a seus bens não permitiu ao homem tornar-se herdeiro da vida eterna. A riqueza foi inimiga da salvação!
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Espírito de renúncia, liberta meu coração diante dos bens deste mundo, para que eles não se tornem um empecilho para a minha salvação.
COMENTÁRIO DO EVANGELHO
1. "O Homem que não queria arriscar-se indo além..."
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Os evangelhos sinóticos estão repletos de passagens onde os ouvintes são estimulados a irem além no seu testemunho cristão. Podemos citar comparações simples que nos ajudarão nessa reflexão. A pesca na beira mar é muito divertida, certa vez na praia, eu até fiz essa experiência, mas é muito difícil de fisgar um peixe grande, seria pura sorte. Pescador que não gosta de se arriscar e permanece ali na beira mar, nunca vai pegar grandes peixes, certa ocasião Jesus disse aos pescadores da Galileia para jogarem as redes em águas mais profundas, isso significa avançar para o meio do mar, lá onde os ventos sopram mais fortes e quando vêm as tempestades e as ondas bravias, o frágil barquinho parece que vai afundar.
No evangelho de hoje encontramos esse homem, que não sabemos se é jovem ou adulto, mas é alguém que queria ir além e cheio de entusiasmo procurou a Jesus, na certeza de que ele tinha algo novo nesse sentido. Esse homem tinha um grande desejo e vontade, alcançar a Vida Eterna, podemos dizer que ele buscava as coisas do alto... Estava no caminho certo e buscou a pessoa certa... Jesus Cristo. Só que havia um pequeno problema, ele tinha uma segurança nos bens materiais. Deus o abençoara com a prosperidade que lhe fazia muito bem e lhe dava grandes alegrias..
Primeiro Jesus lhe coloca o cumprimento da Lei como um primeiro caminho, podemos pensar que naquele momento o homem se alegrou e talvez até tenha pensado "Essa eu tiro de letra". Hoje em dia temos muitos cristãos que pensam assim, que está tirando de letra o seu trabalho pastoral, nas suas obrigações para com a Santa Igreja, em uma conduta moral irrepreensível, em uma integridade que chega a dar orgulho. É difícil falar alguma coisa de pessoas assim e tem que vasculhar muito a vida delas, para se achar um pecado, mas o bem que fazem e o jeito que vivem é tão perfeito que nem dá para se considerar este ou aquele pecado que venham a cometer lá de vez em quando.
Estava tudo muito bem, lindo e maravilhoso, o homem seguia com seriedade todos os mandamentos e fazia todas as suas obrigações. Jesus agora o iria confirmar como alguém que praticamente já têm a Vida Eterna, já conquistou o seu Galardão, o passaporte para o céu... Mas eis que vem o balde de água gelada... "Só te falta uma coisa, vai, vende tudo o que tens, dê tudo aos pobres e depois vem e segue-me...".
Um detalhe importante, o homem fora sincero com Jesus, ele de fato queria algo mais, ir além, e Jesus também não teve a intenção de magoá-lo, quando lhe fez essa proposta, o texto inclusive fala que Jesus o olhou e o amou, pois viu naquele homem que queria algo mais, um futuro discípulo...
Não são as riquezas e bens materiais que nos põe a perder, mas o modo de como nos relacionamos com elas. Hoje em dia, vencer na vida significa ser bem sucedido em uma carreira ou negócio, deixar de ser um assalariado e ter um ganho extraordinário, viver de maneira confortável e luxuosa. Junto com isso vem o poder, a fama e o prestígio e toda uma bola de neve para colocar o homem no Top Model onde só é mesmo feliz nesta vida quem faz parte da lista dos mais ricos do planeta.
E como um homem vai poder confiar totalmente em Deus, e partilhar a sua vida e seus bens com os irmãos e irmãs empobrecidos? Não seria mais fácil continuar sendo rico e talvez aumentar o valor do seu dízimo, fazer gordas e generosas contribuições para as causas sociais? Deus não quer a nossa riqueza ou qualquer bem material, ele quer o nosso coração, a doação de valores ou de bens materiais é só uma consequência do que somos.
Para ser assim só há um caminho, irmos além de um cristão cumpridor de seus deveres, e só quando alargamos o nosso coração e colocamos nossa total segurança em Deus, é que estamos preparados para sermos discípulos. Quem não gosta de se arriscar na doação e no amor aos pobres, colocando limites até onde pode chegar, não deixa de ser amado por Deus, como este homem, mas não está preparado para ser Discípulo...
COMENTÁRIO DO EVANGELHO
1. Como alcançar a Vida Eterna?
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Não se pode duvidar das boas e retas intenções dessa pessoa que abordou Jesus no meio do caminho, prostrando-se á seus pés e suplicando “Bom Mestre, que farei para alcançar a vida eterna?”. O homem era de uma Fé fervorosa em Jesus e tinha convicção de que ele lhe abriria novas portas e lhe apontaria novos caminhos. Poderíamos dizer que, era alguém que buscava algo mais.
Quando Jesus lhe cita os principais mandamentos, o homem lhe observa que tudo isso ele já tem feito desde a mocidade. Ele buscava e queria algo mais do que a mera observância dos mandamentos. A gente se acomoda demais em coisas que não fazemos e que outros fazem, ou em coisas que fazemos de bom, e que outros não fazem. A gente se nivela por baixo e a referência somos nós em relação aos outros. Como cristãos participantes da comunidade, frequentador das celebrações, recebendo os Sacramentos, ofertando o Dízimo, atuando na pastoral, a gente olha para quem não faz nada disso e vamos em pensamento nos projetando ao patamar de cima “Somos bons, esses aí nem tanto...” e quando olhamos os maus e pecadores, chegamos a nos vangloriar pela distância que há entre nós e eles na prática das virtudes, na questão moral e ética. “Esses um aí, estão bem lá embaixo do nosso glorioso patamar” – chegamos a pensar.
A primeira coisa que Jesus faz é corrigir esse modo de olhar. O Homem olhou para ele, prostrou-se a seus pés e lhe chamou de “Bom Mestre”, mas Jesus não se revela a si mesmo mas ao Pai, por isso afirma que só Deus é Bom. A referência é Deus, manifestado em Jesus, e não as pessoas. Quando isso ocorre daí nos sentimos pequenos, daí vemos que jamais iremos alcançar o Patamar de Glória , Santidade e Perfeição de Deus e daí não temos do que nos vangloriar, ao contrário, a nossa pequenez, a nossa miséria e fragilidade humana, irão logo aparecer em destaque, quando olhamos para Deus.
O texto também fala que Jesus o olhou e o amou. Alguém que quer mais, alguém que quer avançar na Vida Religiosa e na Vida de Fé. “Vai, vendes tudo o que tens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu, depois vem e segue-me”. Deus abriu mão de tudo o que tinha , seu Filho Jesus, e o deu aos pobres, que somos nós. O Perfeito é aquele que se sente sempre imperfeito, porque a sua referência é Deus, é aquele que busca aprender sempre e por isso se faz discípulo e seguidor do único que pode nos levar a plenitude da Vida: Jesus Cristo!
O Homem foi embora triste, era um colecionador de virtudes morais e Dono de um vasto Patrimônio Econômico, a Vida Eterna era uma coisa rara que fazia falta em seus pertences, e que ele julgou poder fazer alguma coisa para tê-la, talvez como um Valioso troféu. Na verdade, nivelou a Vida Eterna aos bens que possuía, não entendeu que a Vida terna é superior a tudo o que o Homem possa desejar e ter nesta Vida Terrena. Preferiu ficar com o que já tinha e que lhe dava segurança, do que arriscar-se por algo que Deus lhe oferecia, exatamente porque pensava na Salvação e na Vida Eterna como algo a ser conquistado com seus méritos, esquecendo-se que a Vida Eterna e a Salvação são dons gratuitos que Deus oferece a cada Homem...Queremos ter méritos, para que a posse seja legítima e reconhecida por todos. No Judaísmo Deus se torna Devedor do Homem Justo e praticante das Leis e das virtudes. “Deus me dá porque eu mereço”. Eis o motivo da tristeza daquele homem, que de repente sentiu-se “pobre” e incapaz de se salvar...
HOMÍLIA DIÁRIA
Tanto ricos quanto pobres precisam ir à busca das coisas do Alto
Postado por: homilia
maio 28th, 2012
A figura de destaque, no dia de hoje, é o jovem cujo atributo é ser muito rico. Trata-se de alguém muito importante – humanamente falando – e que também poderia ser aproveitado para uma grande empresa como era o Reino de Deus. Parecendo que não, o episódio mostra que o Reino não só não consiste em bens materiais, como também exige o desprendimento deles. O diálogo entre Jesus e o jovem é profundo. Como profundo, exigente e amável é o olhar de Jesus ao qual Marcos se refere por três vezes.
O próprio jovem começa por colocar a questão mais profunda – a que ninguém se pode esquivar – a da Salvação: “Bom Mestre, que hei de fazer para alcançar a vida eterna?”Jesus olha novamente para o jovem e responde como se ele não fosse bom: “Por que você me chama de bom? Só Deus é bom, e mais ninguém. Você conhece os mandamentos: ‘Não mate, não cometa adultério, não roube, não dê falso testemunho contra ninguém, não tire nada dos outros, respeite o seu pai e a sua mãe’”.
O jovem cumpria os mandamentos: “Mestre, desde criança eu tenho obedecido a todos esses mandamentos”. E por isso insiste: “O que me falta ainda?”
Se de um lado vemos a preocupação do jovem pela sua salvação, por outro lado vemos que não basta observar a Lei para ser apto ao Reino de Deus. Falta muito mais do que o jovem poderia imaginar: “Falta mais uma coisa para você fazer: vá, venda tudo o que tem e dê o dinheiro aos pobres e assim você terá riquezas no céu. Depois venha e me siga”.Faltava o desprender-se das riquezas, a entrega, a generosidade, a alegria profunda de dar e de “se dar” sem pôr condições.
A cena do jovem que se retirou triste oferece uma ocasião para Jesus voltar a expor a doutrina da pobreza evangélica e do desprendimento. Mas não se limita a insistir no perigo das riquezas para ser bom, à maneira de um sábio grego: “É impossível que um homem extraordinariamente bom seja extraordinariamente rico” (Platão). Jesus fala da impossibilidade de entrar no Reino de Deus, o que deixa os discípulos assombrados a ponto de se perguntarem: “Então, quem é que pode se salvar?”
Mas Jesus insiste e lhes indica a infalibilidade de Deus nas Suas promessas: “a Deus tudo é possível”, pois Ele pode conceder a graça de uma pessoa usar bem as riquezas ou até mesmo de renunciar radicalmente aos bens terrenos.
Exige-se de nós uma profunda reflexão do que somos e temos. Tanto ricos quanto pobres precisam ir à busca das coisas do Alto. Precisamos viver o desprendimento, independentemente do estilo de vida que levamos. Que aqueles que se fizeram pobres amem a sua pobreza, porque “deles é o reino de Deus”. Que aqueles que nasceram ou se tornaram ricos descubram o valor da misericórdia, da generosidade, da partilha, da solidariedade e, sobretudo, se lembre de que “de nada adianta ganhar o mundo, se depois perde a própria alma”.
Padre Bantu Mendonça
HOMÍLIA DIÁRIA
A vida eterna é viver na presença de Deus
Precisamos orientar a nossa própria imaginação ou a nossa própria sabedoria humana que a vida eterna não é a vida que vem depois da morte
“Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?” (Marcos 10,17).
A pergunta que fizeram para Jesus neste Evangelho, deve ser, também, a pergunta a trilhar a nossa vida, o nosso coração e a nossa existência. É preciso apenas entender e orientar a nossa própria imaginação ou a nossa própria sabedoria humana que a vida eterna não é a vida que vem depois da morte. A vida eterna quer dizer a vida plena, é a vida em Deus.
Os homens estão buscando, cada vez mais, fórmulas para tentar criar uma vida mais duradoura e se puderem gastarão o que for possível para que a vida aqui na Terra torne-se eterna. É um engano e uma ilusão, pois a vida eterna já está no meio de nós. E como ganhar essa vida? Talvez pelas fórmulas de saúde, de cuidados do corpo, e todos esses cuidados são necessários, mas a vida eterna que Jesus nos trouxe é plenificada na presença de Deus. A vida eterna é, justamente, viver na presença de Deus.
O que devemos fazer para viver na presença de Deus? Guardar os Seus mandamentos, vivê-los, colocar em prática a condição mínima para ter a vida em Deus, amá-Lo sobre todas as coisas, respeitar o Seu nome, amar o nosso próximo, amar a nós mesmos, levar uma vida segundo os mandamentos do Senhor.
Podemos responder como esse homem do Evangelho: “Isso eu faço. Eu busco. Eu dou o melhor de mim”. Que bom que já fazemos, mas se não fazemos ou se relaxamos em relação aos mandamentos do Senhor, retomemos e tomemos consciência de que, sem respeitar os mandamentos do Senhor, não existe vida para nós e nem para o outro. Basta ver que, no mundo no qual vivemos, o que menos se respeita são os mandamentos de Deus.
Os homens estão matando uns aos outros, estão roubando, assassinando, cometendo crimes e atrocidades em grau maior e menor, então, os mandamentos são a primeira necessidade que temos para que a vida seja mais plena, saudável e digna de ser vivida.
Se queremos avançar na vivência da nossa intimidade com Deus, precisamos desgarrar, ter um coração livre e não sermos presos aos bens desse mundo. A radicalidade de Jesus ao dizer: “Vai, vende os seus bens”, é para dizer que vida não consiste em acumular bens, tesouros, sendo que, tudo isso vai passar e nos será tirado. Mas se fizermos o bem ao pobre, ao necessitado e aos irmãos, esse bem ninguém pode nos tirar.
Se perguntarmos para alguém que tem vida feliz, que tem vida plena, podemos ter a certeza de que, o que faz bem para a nossa vida é fazer o bem para o outro, é cuidar do outro, nisso consiste a vida em Deus.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Oração Final
Pai Santo, a figura do homem rico do Evangelho é tão humana que se pode confundir com muitos dos que nos dizemos Cristãos... Dá-nos coragem, Pai Amado, para vivermos a opção radical pelo teu Reinado de Amor e anunciar sua presença em nós aos companheiros do caminho. Por Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, que a Fé que implantaste em nossos corações e que justifica a nossa Esperança, nos dê força, alegria e coragem para a caminha de Amor que fazemos neste planeta-jardim abençoado, buscando seguir o Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.