domingo, 20 de setembro de 2020

BOM DIA! BOA TARDE! BOA NOITE! Oração da noite, Oração da manhã e Oração do entardecer - Deus te abençoe!



Oração da Noite

Boa noite Pai.
Termina o dia e a ti entrego meu cansaço.
Obrigado por tudo e… perdão!!
Obrigado pela esperança que hoje animou meus passos, pela alegria que vi no rosto das crianças;
Obrigado pelo exemplo que recebi daquele meu irmão;
Obrigado também por isso que me fez sofrer…
Obrigado porque naquele momento de desânimo lembrei que tu és meu Pai; Obrigado pela luz, pela noite, pela brisa, pela comida, pelo meu desejo de superação…
Obrigado, Pai, porque me deste uma Mãe!
Perdão, também, Senhor!
Perdão por meu rosto carrancudo; Perdão porque não me lembrei que não sou filho único, mas irmão de muitos; Perdão, Pai, pela falta de colaboração e serviço e porque não evitei aquela lágrima, aquele desgosto; Perdão por ter guardado para mim tua mensagem de amor;
Perdão por não ter sabido hoje entregar-me e dizer: “sim”, como Maria.
Perdão por aqueles que deviam pedir-te perdão e não se decidem.
Perdoa-me, Pai, e abençoa os meus propósitos para o dia de amanhã, que ao despertar, me invada novo entusiasmo; que o dia de amanhã seja um ininterrupto “sim” vivido conscientemente.
Amém!!!

Oração da manhã

Bom-dia, Senhor Deus e Pai!
A ti, a nossa gratidão pela vida que desperta, pelo calor que
cria vida, pela luz que abre nossos olhos.
Nós te agradecemos por tudo que forma nossa vida, pela terra, pela água, pelo ar, pelas pessoas. Inspira-nos com teu Espírito Santo os pensamentos que vamos alimentar,as palavras que vamos dizer, os gestos que vamos dirigir,a comunicação que vamos realizar.
Abençoa as pessoas que nós encontramos, os alimentos que vamos ingerir.
Abençoa os passos que nós dermos, o trabalho que devemos fazer.
Abençoa, Senhor, as decisões que vamos tomar, a esperança que vamos promover,a paz que vamos semear,a fé que vamos viver, o amor que vamos partilhar.
Ajuda-nos, Senhor, a não fugir diante das dificuldades, mas a abraçar amor as pequenas cruzes deste dia.
Queremos estar contigo, Senhor, no início, durante e no fim deste dia.
Amém.


Oração do entardecer

Ó Deus!
Cai à tarde, a noite se aproxima.
Há neste instante, um chamado à elevação, à paz, à reflexão.
O dia passa e carregam os meus cuidados.
Quem fez, fez.
Também a minha existência material é um dia que se passa,
uma plantação que se faz, um caminho para algo superior.
Como fizeste a manhã, à tarde e a noite, com seus encantos,
fizeste também a mim, com os meus significados, meus resultados.
Aproxima de mim, Pai, a Tua paz para que usufrua desta
hora e tome seguras decisões para amanhã.
Que se ponha o sol no horizonte, mas que nasça
em mim o sol da renovação e da paz para sempre.
Obrigado, Deus, muito obrigado!
Amém!

HOMILIA DIÁRIA - (CANÇÃO NOVA) – Mt 20,1-16a – 20/09/2020


Retiremos do nosso coração toda a inveja

“Por acaso não tenho o direito de fazer o que quero com aquilo que me pertence? Ou estás com inveja porque estou sendo bom?” (Mateus 20,15).


O patrão do Evangelho de hoje causou indignação e, ao mesmo tempo, admiração. Quem olha para o patrão com o olhar humano, daquela justiça que acha que tem no coração, fica indignado com esse patrão. Se paramos para olhá-lo com o olhar humano, vamos dizer: “Esse patrão é muito injusto e irresponsável”. Se fosse nos dias de hoje, você até entraria na justiça do trabalho para processar esse patrão.
Como ele é capaz de pagar o mesmo salário para uma pessoa que chegou para trabalhar uma hora e pagou o mesmo para quem trabalhou o dia inteiro? Teria revolta, o nosso coração ficaria revoltado só de imaginar uma situação dessa. Mas sabe por que os operários da primeira hora ficaram revoltados? Sabe por que nós também criamos revoltas dentro do nosso coração? Porque eles não olharam para o que receberam, mas foram olhar o que os outros receberam.
Aquilo que o patrão combinou com eles, ele pagou; os contratou e não deu nada a menos do que haviam combinado. De forma alguma o patrão foi injusto com eles. Foi justo, correto e deu o que devia. Mas eles perderam a graça ou até o que tinham recebido, para eles não significava mais nada porque pararam de olhar para o que tinham recebido e olharam o que os outros receberam.

Quem é fiel ama, acolhe, se alegra com o bem do outro e jamais deixa crescer no seu coração a inveja

É aquilo que chamamos da maldita comparação, quando paramos de contemplar a nossa vida, de melhorar a nossa vida, de agradecer pelo que temos, de lutar para termos cada vez mais uma vida melhor, mais digna e mais justa, mas paramos para reparar como está a vida dos outros. E, muitas vezes, queremos até ser iguais aos outros, não sabemos a história, a labuta, não sabemos se foi de uma forma justa ou não. Aí nascem as malditas comparações, geralmente, motivadas pela inveja, pela cobiça, por aqueles desejos insanos do coração e da mente.
Olha, é feliz nessa vida quem cuida do que tem; quem luta pelo o que é seu com suas próprias mãos e não quem causa intriga, divisão, confusão, separação porque vive a reparar, a olhar e invejar aquilo que o outro é e tem.
Seja você, seja cada vez mais autêntico para você, lute pelo que é seu, sem precisar invejar e se comparar a ninguém. No Reino dos Céus é assim: o ladrão que se converteu aos pés da cruz ou morrendo junto com Jesus é tão de Deus como aquele que já nasceu santo no ventre da sua mãe. Todos são amados por Deus!
Na hora que o coração se abre para a graça de Deus, ela chega e rouba aquele coração. Não posso me sentir injustiçado porque essa pessoa chegou na Igreja agora, porque se converteu só agora. Não, eu sou de Jesus, parecendo aquele filho mais velho da parábola do filho pródigo. Eu sempre fui fiel a Deus.
Quem é fiel ama, acolhe, se alegra com o bem do outro e jamais deixa crescer no seu coração a inveja e a competição.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 20/09/2020

ANO A


25º DOMINGO DO TEMPO COMUM

Ano A - Verde

“Toma o que é teu...!” Mt 20,14

Mt 20,1-16a

Ambientação

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: O amor de Deus supera o critério humano de justiça. Jesus nos ensina que precisa do trabalho de todos e mostra sua generosidade para com os últimos, pois também estes necessitam do sustento. Supliquemos a graça da gratidão e nos empenhemos na propagação da boa nova do Evangelho.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, sejam bem vindos! Formamos aqui a comunidade dos discípulos e discípulas de Jesus e viemos aqui buscar o Senhor. Estamos sedentos de sua presença e desejamos encontrá-lo, ouvir sua Palavra e receber seu Corpo e Sangue. Sabemos que não sairemos daqui decepcionados. O Senhor irá nos falar e nos dará de comer do alimento da salvação. Que esta celebração nos ajude a renovar também nosso compromisso com o anúncio do Reino para o qual o Senhor nos chamou.
http://www.arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano_44-a_-_45_-_25o_domingo_do_tempo_comum.pdf

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: A interpretação da leitura proposta pelo próprio Cristo para a parábola encontra-se no versículo 15. A acusação feita ao senhor da vinha (Deus) é de ser injusto, acusação esta já formulada pelo filho mais velho ao pai do filho pródigo, acusação dos "bons" judeus ao ouvir a doutrina da retribuição, acusação de Jonas pelo perdão concedido por Deus a Nínive pagã. Em cada um desses casos, os textos opõem a justiça de Deus, concebida à maneira dos homens, sua atitude misericordiosa, nova para os homens. A esta objeção, Cristo responde: o senhor da vinha é "justo" (à maneira humana) com os primeiros, pois lhes dá o que havia combinado, e é "justo" com os últimos (à maneira divina), porque não assumira com eles nenhum compromisso de salário. Afirma-se assim, o primado de Deus: sua maneira de agir não contrasta com a justiça humana, mas a transcende totalmente pelo amor. É preciso perdoar sempre!.
http://www.npdbrasil.com.br/religiao/evangelho_do_dia_semana.htm#d8

ESTÁS COM INVEJA PORQUE SOU BOM?

Aqueles homens estavam dispostos a trabalhar mas ”ninguém os contratou”; eles eram trabalhadores, mas ociosos por falta de trabalho e de patrão. Em seguida, uma voz contratou-os, uma palavra pô-los a caminho e, no seu zelo, não combinaram antecipadamente qual o preço do seu trabalho, como os primeiros. O patrão avaliou os seus trabalhos com sabedoria e pagou-lhes tanto como aos outros.
Nosso Senhor contou esta parábola para que ninguém dissesse: “Uma vez que não fui chamado na juventude, não posso ser recebido”. Ensinou que, seja qual for o momento da sua conversão, todo o homem é acolhido... “Ele saiu pela manhã, às nove horas, ao meio dia, às três da tarde e às cinco da tarde»: pode-se compreender isso desde o início da sua pregação, ao longo da sua vida até à cruz, porque foi “à hora undécima» que o ladrão entrou no Paraíso. Para que não se incrimine o ladrão, nosso Senhor afirma a sua boa vontade; se tivesse sido contratado, teria trabalhado: “Ninguém nos contratou”.
O que damos a Deus é bem digno dele e o que ele nos dá bem superior a nós. Contratam-nos para um trabalho proporcional às nossas forças, mas propõem- -nos um salário superior ao que o nosso trabalho merece... Ele age do mesmo modo para com os primeiros e para com os últimos; “recebeu cada um uma moeda» com a imagem do Rei. Tudo isso significa o pão da vida (Jo 6,35) que é o mesmo para todos os homens; único é o remédio de vida para aqueles que o tomam.
No trabalho da vinha, não se pode acusar o patrão pela sua bondade, e não se encontra nada a dizer acerca da sua retidão. Na sua retidão, ele deu como havia combinado, e mostrou-se misericordioso como quis. É para ensinar isto que nosso Senhor disse esta parábola, e resumiu tudo isto nestas palavras: “Não me é permitido fazer o que quero na minha casa?”.
Santo Efrém (306-373),
Diácono na Síria, doutor da Igreja.
Diatessaron, 15, 15-17

Comentário do Evangelho

Deus está perto de nós.

Onde está Deus, quando sofremos? Na nossa desolação, onde encontrar Deus? São perguntas que o trecho do livro do profeta Isaías busca responder. Este trecho do livro do profeta Isaías retrata a situação de desolação dos exilados, membros do povo de Deus, na Babilônia. Os longos anos do exílio faziam com que perdessem a esperança de um dia retornarem à Israel. Com isso, sentiam igualmente que Deus os tinha abandonado e se esquecido deles. A voz inspirada do profeta se levanta para dar ânimo: o Senhor se deixa encontrar, pois, Ele está perto (Is 55,6). Quando sofremos, em qualquer situação, Deus está perto de nós; e, se sofremos, Deus sofre com o nosso sofrimento. A vida do seu povo, a vida de cada um em particular, interessa a Deus. Mas é preciso abandonar a impiedade, isto é, um modo de proceder e agir que semeia o joio da maldade no seio mesmo da comunidade de fé, desestimulando os membros do povo de Deus da confiança no seu Senhor. É preciso centrar a vida e a esperança no desígnio salvífico de Deus.
Temos algum direito sobre a salvação? A salvação é oferecida a uns e não a outros? Deus faz distinção de pessoas? A salvação é retribuição pelo bem realizado? Na parábola dos operários da undécima hora, é o próprio patrão, dono da vinha, que em diferentes horas do dia sai às praças chamando os operários para o trabalho na sua vinha, até a última hora da jornada de trabalho. Em todos os tempos e a todos, indistintamente, Deus chama para participar da sua própria vida. A salvação é um dom: é o dono da vinha que chama operários para o trabalho na vinha. A murmuração dos que foram chamados primeiro a trabalhar na vinha, contra o patrão que pagou o mesmo salário para os últimos admitidos, é a expressão da dificuldade vivida pela comunidade cristã primitiva, sobretudo, entre judeo-cristãos e cristãos oriundos do mundo pagão. Todos igualmente recebem o dom da salvação, sem nenhum privilégio ou direito de precedência? Sim! Pois o verdadeiro salário não é contrapartida do trabalho realizado na vinha; o verdadeiro salário, isto é, a verdadeira recompensa, é ter sido chamado e admitido no Reino de Deus. O verdadeiro salário está em ser chamado a participar da vida divina. O amor de Deus não segue a lógica matemática de nossas atitudes: “meus planos não são vossos planos, vossos caminhos não são meus caminhos” (Is 55,8). A salvação é dom de Deus e, como tal, ela deve ser recebida e vivida.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, que eu jamais me deixe levar pelo espírito de ambição e de rivalidade, convencido de que, no Reino, somos todos iguais, teus filhos.
Fonte: Paulinas em 21/09/2014

Vivendo a Palavra

Não adianta tentar enquadrar o comportamento desse patrão no gabarito da nossa justiça contábil de débitos, créditos e saldos. Ao anunciar a Boa Notícia do Reino, Jesus propõe um novo paradigma de generosidade, de gratuidade e de leveza. Aqui descobrimos que há mais alegria em dar do que em receber.
Fonte: Arquidiocese BH em 21/09/2014

VIVENDO A PALAVRA

A lógica no Reino dos Céus é um mistério – um Mistério de Amor! Não dá para racionalizar ou tentar compreender, mas apenas para aceitá-la com gratidão e alegria. Para isto, devemos vencer a tentação secreta que acalentamos, de nos considerarmos trabalhadores da primeira hora… e reconhecer que a nossa conversão, tarefa assumida talvez tardiamente, é jornada ainda incompleta que precisa ser cuidada até o nosso derradeiro suspiro.

Reflexão

A parábola compara o Reino dos Céus a um proprietário que vai em busca de trabalhadores para sua vinha. Revela triste realidade do tempo em que o evangelho foi redigido: o desemprego (“ninguém nos contratou”) e muita gente sem terra. O narrador insiste bastante sobre a “justiça”. O que é justiça? É aquilo que é conforme a vontade de Deus; é cada um ter o suficiente para suprir as necessidades básicas do ser humano (“uma moeda de prata por dia”). O patrão, porque é bom, vê a necessidade do outro. E se no Reino dos Céus existirem “primeiros e últimos”, os primeiros serão aqueles que a sociedade considera como últimos (“os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos”). As comunidades precisam começar sempre pelos últimos, assim como fez o capataz na hora do pagamento. Alargando um pouco a parábola, podemos perceber que os primeiros a receber a revelação foram os judeus, mas nem sempre estavam dispostos a abrir a porta também aos que chegaram depois (os pagãos).
Oração
Ó Jesus, manifestação viva do amor gratuito do Pai, a salvação que nos ofereces não depende dos nossos méritos, nem do tempo que dedicamos ao teu serviço. Não é reservada a poucos privilegiados, mas está aberta a todos os que, a qualquer hora, te buscam de coração sincero. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2020 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp (dias de semana) Pe. Nilo Luza, ssp (domingos e solenidades))

Reflexão

I. INTRODUÇÃO GERAL

As leituras de hoje exortam-nos a tomar cuidado para não reduzir Deus aos critérios humanos, por melhor que sejam. Deus ultrapassa tudo o que se pode pensar ou dizer sobre ele. Muitas vezes, seus planos se tornam incompreensíveis ao ser humano. Quando isso acontece, resta-nos perseverar na fidelidade sem mudar de caminho, a exemplo de Jesus, que disse: “Pai, afasta de mim este cálice, contudo não se faça a minha vontade, mas, sim, a tua” (cf. Mt 26,39).

II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

1. Evangelho (Mt 20,1-16a): “Os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos”

O texto situa-se no “sermão sobre a comunidade”. Jesus continua instruindo seus seguidores sobre como se comportar no mundo.
O Reino dos Céus é aqui comparado ao proprietário que contratou vários trabalhadores para sua vinha, em horários diferentes. No final, paga a todos igualmente, começando pelos últimos, contratados à tardinha, até os primeiros, contratados de manhã.
A maneira como o patrão trata seus operários nos chama a atenção para a gratuidade com que Deus nos acolhe em seu reino. Não é segundo os critérios humanos que Deus age em favor da humanidade. A estranheza das palavras de Jesus nessa parábola deve nos chamar a atenção para nossa maneira de julgar a Deus ou de atribuir-lhe atitudes especificamente humanas.
Geralmente o ser humano quer recompensa por suas boas ações. E, quando não se sente recompensado, acha que Deus é injusto, ou não o ama, ou esqueceu-se dele. Costuma-se até dizer: “Por que Deus não atende às minhas preces? Sou tão dedicado, tenho tanta fé!”
Mas a maneira de Deus agir não se iguala à nossa. Ele é absolutamente livre para agir como quiser. E essa liberdade é pontuada por seu amor incondicional e sua generosidade inestimável. Deus nos ama e deu-nos mais do que ousamos pedir. Deu-nos a vida. Deu-nos a si mesmo no seu Filho. Deu-nos a eternidade ao seu lado.
Por isso, o Reino dos Céus não se apresenta como recompensa por nossos méritos pessoais. É puro dom de Deus, que nos chama gratuitamente a participar da vida plena. Cabe-nos acolhê-lo como dom ou ficar numa atitude mesquinha de sempre esperar recompensas por méritos prévios. Isso não é cristianismo, não é gratuidade. Isso não é resposta amorosa a Deus.

2. I leitura (Is 55,6-9): Que o perverso deixe o seu caminho

O texto da primeira leitura é uma oferta de perdão, paz e felicidade aos pecadores. Em primeiro lugar, assegura que as orações e o arrependimento serão acolhidos por Deus: “buscai o Senhor… invocai-o… deixe o mau caminho… converta-se… que o Senhor se compadecerá” (v. 6-7).
Deus não é como o ser humano, seus pensamentos são totalmente diferentes. Ele é infinitamente fiel: não desiste de seus filhos, não cessa de ofertar-lhes sua misericórdia sem limites. Ao contrário, o ser humano desiste de Deus, trilha outros caminhos, bem diferentes daqueles propostos pelo Senhor.
“Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao Senhor… volte-se para o nosso Deus” (v. 7). Em primeiro lugar, arrepender-se é mudar de caminho, de atitudes, é tomar outros tipos de decisões, fazer outras escolhas. Mas não é só isso: há que mudar também os pensamentos, ou seja, transformar-se internamente, mudando de mentalidade em relação ao mundo, às pessoas e às situações; mudar de ideia a respeito de si mesmo, mudar até mesmo as concepções sobre Deus e sobre seus caminhos, porque o Senhor sempre estará muito além do que se pode dizer e pensar a respeito dele.
Converter-se é mudar de mente e voltar aos caminhos do Senhor. Mas voltar a ele não porque houve total compreensão do seu projeto, e sim porque ele é soberano e misericordioso. A vida humana só tem sentido no relacionamento com Deus, e quando seus caminhos são difíceis de entender e trilhar, resta, acima de tudo, perseverar na fidelidade.

3. II leitura (Fl 1,20c-24.27a): Meu viver é Cristo

Grande exemplo de perseverança, mesmo que os planos de Deus se tornem incompreensíveis, é-nos dado na leitura da epístola aos Filipenses. O cristão vive unicamente para Deus, não em função de recompensas por méritos pessoais. Qualquer que seja a situação, boa ou ruim, deve perseverar no bem e na busca de agradar unicamente a Deus, seguindo em frente sem hesitar.
O cristão não deve desanimar nunca, mesmo se, depois de repetidos esforços, sentir-se fracassado ou mesmo perseguido, como o apóstolo Paulo. É necessário confiar somente em Deus, pois só ele pode dar eficácia à atividade humana. Mesmo sem entender o que acontece consigo, o cristão deve viver de modo digno do evangelho (v. 27).

III. PISTAS PARA REFLEXÃO

Não considerar a parábola no plano da justiça social, mas respeitar a estranheza das palavras de Jesus, que tem por objetivo nos conscientizar de que o Reino de Deus não se baseia em mérito-recompensa, mas é puro dom. O próximo domingo será o dia da Bíblia; é bom destacar a importância do itinerário do povo de Deus, comparando-o ao daqueles trabalhadores das primeiras horas. Os hebreus foram os primeiros a responder “sim” ao apelo do dono da vinha. As demais nações herdaram desse povo as alianças, as promessas, a história e, principalmente, o Messias. Sejamos gratos a Deus e a Israel, nosso irmão mais velho, fatigado pelo dia inteiro de trabalho.

Aíla Luzia Pinheiro Andrade, nj
Graduada em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará e em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (Faje – BH), onde também cursou mestrado e doutorado em Teologia Bíblica e lecionou por alguns anos. Atualmente, leciona na Faculdade Católica de Fortaleza. É autora do livro Eis que faço novas todas as coisas – teologia apocalíptica (Paulinas).
Fonte: Vida Pastoral em 21/09/2014

Reflexão

A JUSTIÇA DO REINO

A justiça do reino, que se manifesta no agir de Deus, o dono da vinha que cumpre a palavra e atende a todos, convida a atitudes novas. Pois trabalhar em sua vinha, o reino de Deus, não torna uns mais merecedores que outros. Cada um de nós, com a própria história, seguindo a justiça do reino, entra na dinâmica do amor de Deus, tornando-se também objeto de sua bondade e misericórdia.
Os que foram contratados primeiro esperam receber mais do que o “justo” combinado. Pensam na justiça que retribui segundo o mérito, baseada na comparação e sempre acompanhada de ciúme.
Os que foram contratados por último, em vez, descobrem que o “justo” combinado vai além do que merecem. De fato, o dono da vinha, ao agir com bondade, mostra que sua justiça não é punição, mas solidariedade com os que vivem situações de preocupação e sofrimento, como o desemprego.
Tem sentido, então, a pergunta do dono da vinha, diante de um ciúme que não admite o amor autêntico de Deus. Reconhecer-se agraciado por Deus e comprometer-se com uma justiça diferente faz superar preconceitos e abre às necessidades dos outros. Seria mais fácil, de antemão, tachar de vagabundos aqueles trabalhadores contratados por último. O dono da vinha os questiona, descobre que estão desempregados, e o pagamento “justo” que ele faz se expressa em solidariedade, pelo drama que viviam.
A justiça de Deus, enfim, iguala por alto, eleva à dignidade todos os seus filhos e filhas. E nos convida a uma lógica diferente, não baseada no mérito, mas na solidariedade que questiona, aproxima e inclui. Para além de preconceitos, para além da simples retribuição, a fim de experimentar de fato o agir daquele que é bom.
Pe. Paulo Bazaglia, SSP
Fonte: Paulus em 21/09/2014

Reflexão

A EMERGÊNCIA DA BONDADE

Conta-se que, certa vez, irmã Dulce foi pedir ajuda a um homem muito rico de Salvador, na Bahia. A ajuda era para socorrer a multidão de pobres que sempre acorria à religiosa em busca de alívio para as suas necessidades. A freira, ao fazer o pedido, teria recebido do rico avarento uma cusparada na mão que lhe havia estendido. Diante da humilhação, Dulce estendeu a outra mão e disse: “Tudo bem, a cusparada é para mim; e a ajuda para meus pobres?” Nisso o rico ficou vermelho de vergonha, frente a frente com a bondade. Abriu o coração e, com os olhos rasos d’água, abriu-se também à generosidade.
A bondade desarma a arrogância. Desarma toda forma de orgulho, de prepotência. Jesus é o exemplo da pura bondade. Por onde passou, fez o bem a todos. Tirou da lama, do fundo do poço, quem mais padecia. No evangelho de hoje (Mt 20,1-16) ele garante que todos têm o direito de sentir-se em casa no mundo. Todos! Sobretudo os que foram obrigados a ser os últimos, os desocupados, por não terem oportunidade de trabalho digno.
O evangelho deixa claro que a matemática de Deus é baseada no amor, e não num esquema de trocas. Ele é justo. Tal qual uma mãe, ama os filhos na mesma medida. No entanto, dispensa cuidados especiais aos filhos mais debilitados, em situação de perigo, de risco. No reino dele não há quem seja mais importante. O amor não divide, não faz acepção de pessoas. O amor une os dons. O amor salva!
Ocorre que sempre há o risco de, nas comunidades, alguém se considerar dono ou merecedor de privilégio, querendo para si mais do que é seu de direito. Porém, na comunidade cristã deve ser diferente: “A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, a não ser o amor recíproco, porque aquele que ama o seu próximo cumpriu toda a lei” (Rm 13,8). O amor seja sempre antes de qualquer coisa e expresso nos instantes comuns. É assim que a vida pede de nós todos os dias.
Não se trata de um amor apenas de palavras bonitas. Trata-se de atitudes. O amor não é uma obrigação. Não se ama esperando algo em troca. O amor cristão é pura gratuidade. Daí o outro nome do amor, que é o bem. Quem ama quer bem aos outros e faz que o bem prevaleça num mundo que geralmente semeia o mal.
A emergência da bondade suaviza o sofrimento no mundo. Querer o bem do outro é semear o reino de Jesus. Querer bem não faz mal a ninguém. O bem salva.
Pe. Antonio Iraildo Alves de Brito, ssp
Fonte: Paulus em 21/09/2014

Reflexão

Pistas para a reflexão:

I leitura: A perseguição contra os cristãos torna-se causa de expansão do evangelho.
II leitura: Deus não deseja o sofrimento de ninguém, mas este pode ser consequência da fidelidade ao evangelho.
Evangelho: O Espírito da verdade anima e sustenta a caminhada da comunidade.
Fonte: Paulus em 21/09/2014

Reflexão

A recompensa será igual para todos?

No Evangelho deste Domingo, Nosso Senhor conta a seus discípulos a parábola dos trabalhadores na vinha. Após contratar várias pessoas para o trabalho, algumas de madrugada, outras às nove da manhã, outras ao meio-dia e às três, e outras ainda às cinco da tarde, o seu patrão remunera-os igualmente, com uma moeda de prata. Diante disso, os que haviam sido contratados primeiro “começaram a resmungar contra o patrão: ‘Estes últimos trabalharam uma hora só, e tu os igualaste a nós, que suportamos o cansaço e o calor o dia inteiro’”.
Para entender o significado dessa parábola, é preciso explicar o contexto do Evangelho de São Mateus. Ele foi escrito para comunicar a vida de Jesus aos cristãos convertidos da religião judaica, supondo que os seus ouvintes conheciam a história da Antiga Aliança, dos patriarcas e profetas do Velho Testamento, das festas religiosas do povo israelita etc. A partir dessa informação, é possível entender a parábola como uma resposta aos cristãos vindos do judaísmo, que são justamente os trabalhadores que foram contratados “de madrugada”, pois começaram a seguir o Deus verdadeiro ainda no começo da história.
Sabe-se que, no alvorecer das primeiras comunidades cristãs, houve um sério conflito por parte dos cristãos “judaizantes”, que queriam que os convertidos do paganismo se submetessem a algumas prescrições da Torá - como a circuncisão - antes de se batizarem e entrarem na Igreja. A controvérsia foi resolvida no episódio do Concílio de Jerusalém, no qual os apóstolos decidiram “não (...) inquietar os pagãos que se convertem a Deus” [1], mandando-os tão somente “abster-se de carnes sacrificadas aos ídolos, do sangue, das carnes de animais sufocados e das uniões ilícitas” [2].
Ao comparar o Reino dos céus ao patrão que premiou tanto os primeiros trabalhadores quanto os que foram contratados depois com a mesma recompensa, Nosso Senhor já resolvia essa dificuldade do futuro, ilustrando a generosidade de Deus, que se dá todo aos homens, seja aos judeus, seja aos pagãos.
Santo Tomás de Aquino, comentando este Evangelho [3], divide-o em duas partes: a da contratação e a da remuneração.
Com relação à contratação, percebe-se como “Deus quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” [4]: o dia de que fala o Evangelho simboliza tanto a história da humanidade - Deus chamou alguns de madrugada, isto é, de Adão a Noé; outros na hora terça, de Noé a Abraão; outros na hora sexta, de Abraão a Moisés; e outros ainda na hora nona, de Moisés até a vinda de Cristo -, quanto a história de cada homem em particular - alguns o Senhor chama de madrugada, isto é, na infância; outros na hora terça, que é a adolescência; outros na hora sexta, que é a idade adulta; outros na hora nona, que é a velhice; e outros ainda chama na última hora, como chamou o bom ladrão [5].
Quanto à remuneração, a moeda de prata de que fala o Evangelho é a vida eterna, o patrão é Deus Pai e o administrador é Deus Filho. Ao distribuir a recompensa, o patrão dá uma moeda de prata aos trabalhadores, mostrando que a recompensa eterna é igual para todos. Mas, em que sentido se pode dizer isso? Santo Tomás explica:
“A bem-aventurança pode ser considerada quanto ao objeto, e, então, ela é uma só para todos; e quanto à participação do objeto, e, então, ela é diferente, pois nem todos participarão dela do mesmo modo, conforme está escrito em Jo 14, 2: Na casa de meu Pai, existem muitas moradas. É como se muitos fossem à procura de água, e um carregasse um vaso maior do que o outro: o rio está disponível a todos, mas nem todos levarão a mesma quantidade. Assim, quem tem a alma mais dilatada, mais caridade recebe.” [6]
Para entender o que diz o Aquinate, pode servir de apoio a parábola dos talentos [7], na qual o senhor retribui a cada um de seus servos de acordo com o seu trabalho. Embora pareça, essas duas passagens não estão em contradição. Deus, que é como um oceano infinito, é capaz de preencher totalmente tanto uma tampinha de garrafa quanto um copo, uma piscina ou uma Baía de Guanabara. De fato, o objeto da bem-aventurança é um só, Deus mesmo; no entanto, a participação de cada um nessa recompensa será diferente, pois cada um amou a Deus de forma diferente.
A grande lição deste Evangelho é recordar-nos que a recompensa divina não é merecida por nenhum de nós e, por isso, todos devemos viver em ato de contínua gratidão a Deus. Ao responder à murmuração dos primeiros trabalhadores, o patrão lhes pergunta se estão “com inveja”. No original grego, a expressão do Autor Sagrado é: φθαλμός πονηρός [lê-se: ophthalmós poneirós], que quer dizer, literalmente, “olho mau”. Esse termo - que também já foi consagrado pela linguagem popular - descreve uma atitude espiritual: o invejoso, quando vê alguém feliz, se entristece com a sua alegria. Jesus denuncia que esse remordimento interno é causado por uma mentalidade mesquinha, a mesma mentalidade do fariseu que acha que é digno do Reino dos céus [8]. Ele se esquece que todos os que se salvarem o serão por pura misericórdia de Deus e que até os méritos que ele adquire só são possível graças à graça divina. Por isso, é importante dirigir o olhar ao Senhor, em meio ao cansaço e a fadiga do dia a dia, e dizer: Senhor, eu não mereço, mas deixe-me trabalhar pelo vosso Reino, viver o cansaço do dia a dia, por vosso amor.
É importante lembrar também que hoje, 21 de setembro, é justamente o dia da memória de São Mateus. Vivendo como publicano por muito tempo, o evangelista foi um desses agraciados de última hora, que deixou a coletoria de impostos e todo o resto para seguir Nosso Senhor. Depois de deixar a velha vida, Mateus também correspondeu ao amor de Deus, pregando o Evangelho até o martírio. Ele é, portanto, um exemplo das duas realidades: não só é o que se converteu, mas também aquele que trabalhou até o fim, ganhando do Senhor a graça de merecer morrer por Sua causa.
Como São Mateus, independentemente de nossa história de vida, alegremo-nos e correspondamos generosamente à graça superabundante que Deus derrama sobre nós.

Referências:
At 15, 19.
At 15, 29.
Cf. Santo Tomás de Aquino, Super Evangelium Matthaei, 20, 1.
1 Tm 2, 4.
Cf. Lc 23, 39-43.
Santo Tomás de Aquino, Super Evangelium Matthaei, 20, 1. Cf. também Suma Teológica, I-II, q. 5, a. 2.
Cf. Mt 25, 14-30.
Cf. Lc 18, 9-14.
Fonte: Reflexões Franciscanas em 21/09/2014

Reflexão


MEUS PENSAMENTOS ESTÃO ACIMA DOS VOSSOS PENSAMENTOS

Primeira Leituras: Isaías 55,6-9;
Salmo 144 (145), 2-3, 8-9, 17-18;
Segunda Leituras: Fl 1,20c-24.27a
Evangelho: Mateus 20,1-16a.

Situando-nos

Na semana passada tivemos uma pausa no caminho espiritual do Tempo Comum para celebrarmos a festa da Exaltação da Santa Cruz. As festas do Senhor, de Nossa Senhora e dos santos e santas e são também próprias deste tempo do ano litúrgico, dando-nos o movimento da vida entre festa e cotidiano. Dessa forma, não temos mais a relação temática vertical entre o domingo passado e este que iremos celebrar.
Retomando o caminho, continuamos a contemplar em Cristo o nosso agir no mundo, manifestando o Reino de Deus. Nossa ação tem como ponto de partida e chegada a pessoa e a missão de Jesus, que nos aponta o agir do Pai como referencial maior, para que o nosso agir e pensar estejam ao menos próximos daqueles de Deus.
Já percorremos mais da metade dos 34 domingos do Tempo Comum deste ano. E estando mais próximos do término do ano litúrgico. Neste ano A, a temática do Reino de Deus se torna mais constante e presente. Sobretudo porque em Mateus, Jesus é aquele que veio cumprir toda a justiça do Reino, contra todo e qualquer legalismo.

Recordando a Palavra

Mais uma vez o Lecionário faz um recorte em seu texto bíblico para a liturgia. No texto bíblico a parábola dos trabalhadores da vinha é consequência do diálogo de Pedro com Jesus sobre a recompensa de quem deixou tudo para segui-lo. Para dar este sentido é que algumas traduções trazem um complemento como: “Porque o Reino dos céus é semelhante...” (Bíblia de Jerusalém, ou “De fato, o Reino dos céus é como... Bíblia Edição Pastoral).
Mas o Lecionário não assume esta continuidade da perícope e propõe a parábola de forma autônoma ao iniciar: “Naquele tempo, parábola a seus discípulos”. Logo, devemos buscar nela conteúdo do mistério que celebramos, sem a necessária referência exegética ao diálogo anterior de Jesus com Pedro.
Jesus compara o Reino dos Céus à história de um patrão que contrata trabalhadores ao longo do dia para trabalhar em sua vinha: os primeiros de madrugada, outros as nove, outros ao meio-dia, outros às quinze horas e, por fim, outro grupo às dezessete horas. Com todos combinou pagar uma moeda de prata ou, como faz com os contratados às nove horas, pagar-lhes “o que for justo” (Mt 20,4).
“Este comportamento ou ação de Deus no trato para com as pessoas encontra seu desfecho e explicação no diálogo final com os chamados ‘‘trabalhadores da primeira hora”. Eu quero dar a este que foi contratado por último o mesmo que dei a ti. Ou estás com inveja, porque estou sendo bom? (Mt 20; 14.15b).

Atualizando a Palavra

A nossa condição e fragilidade humanas nos leva a ter comportamentos e exigência puramente temporalizadas, circunscritas às nossas necessidades e desejos, tornando os nossos pensamentos e ações às vezes distantes daqueles próprios de Deus.
Por isso mesmo, vendo do ponto de vista da pura “justiça” humana, o patrão da parábola de Jesus, para nós, pode ter agido injustamente. Ora, quem trabalhou por mais horas, deve receber mais do que aquele que trabalhou menos tempo! Podemos até mesmo calcular, de acordo as leis trabalhistas, quanto cada um deve e tem direito de receber. E, por vezes, somos muito rígidos no cumprimento de algumas leis e contratos!
Claro que estas leis têm seu valor e importância para a convivência e o cumprimento mínimo da justiça por nós criada e estabelecida.
Mas não podemos agir apenas a partir de leis puramente humanas, sem o nosso olhar e agir a partir também da justiça divina. Muitas vezes, o que é justo aos olhos humanos, não é justo aos olhos de Deus. O mero cumprimento de uma lei social, não nos dá o respaldo da legalidade, nem nos impede de ver a realidade para além da lei, que, muitas vezes, garante apenas o mínimo e não o necessário para a vida.

Ligando a Palavra com a ação litúrgica

A palavra do Senhor proclamada pelo profeta nos ajuda a perceber algo que nos deixa um tanto quanto desconfortáveis diante de Deus e até dos irmãos e irmãs: os pensamentos de Deus não são como os nossos caminhos.
Deus age, em primeiro lugar, com justiça: paga aos empregados o que estava no contrato. Mas, ao mesmo tempo, age com bondade: “Ou estás com inveja, porque estou bom?” (Mt 20,15b). Justiça e bondade unidas em Deus, o levam a agir de forma diferenciada (cf. Sl 85,11), ou seja, ele age a partir da justiça do seu Reino.
Por isso, Deus não vê apenas o cumprimento do contrato, vai além dele e percebe a necessidade de vida, pois, os trabalhadores das outras horas não estão deixando de trabalhar por serem preguiçosos ou por outros motivos alheios, não estão trabalhando, porque ninguém os contratou (cf. Mt 20,7). Deus vê, portanto, a necessidade também desses, que têm suas famílias e devem sustentá-las. Caso pagasse apenas o “justo”, não lhes seria suficiente para viverem.
O salmista, em resposta á proposta divina de vivermos a justiça do reino, reafirma a bondade de Deus, pois “Misericórdia e piedade é o Senhor, ele é amor, é paciência, é compaixão. O Senhor é muito bom para com todos, sua ternura abraça toda a criatura. É justo o Senhor em seus caminhos, é santo em toda obra que ele faz” (Sl 144,8-9.17).
A nossa experiência litúrgico-sacramental é para nós a força da presença desta ação de Deus: o Senhor acolhe a todos e todas à sua Ceia, revelando-nos a riqueza e a misericórdia pelo banquete do reino do Pai, que oferece lugar para todos: a quem trabalha mais ou menos no reino, o rico e, principalmente, o pobre. “Ora, eu vos digo: muitos virão do oriente e do ocidente e tomarão lugar à mesa no reino dos Céus, junto com Abraão, Isaac e Jacó” (Mt 8,11; cf. Lc 13,29-30).
A antífona da aclamação ao Evangelho, assim, ecoa como um grande clamor a Deus para que nos converta: “Vinde abrir o nosso coração, Senhor; ó Senhor, abri o nosso coração, e, então, do vosso filho a palavra, poderemos acolher com muito amor!” E em Jesus, o Senhor resumiu “toda a lei no amor a deus e ao próximo” para que observemos o seu mandamento (Oração do dia).
De fato, nossas opções não condizem, muitas vezes, com as opções de Deus. E isto não deve ser acolhido por nós com desânimo ou desesperança. Pelo contrário, deve ser a motivação maior para a nossa conversão, para a mudança do nosso modo de pensar e agir no mundo, pois optamos, como cristãos, em apontar a presença do Reino do Pai, pois, só uma coisa importa: viver à altura do Evangelho de cristo (cf. Fl 1,27a – segunda leitura).

Sugestões para a celebração

O Hinário Litúrgico nos oferece o salmo 125 para o canto de entrada, tendo como refrão a antífona de entrada do 25º DC. Ver música no CD Liturgia VII, faixa 9.
Ø No mesmo CD encontra-se a proposta para o canto de comunhão que assume o último versículo do Evangelho deste dia como refrão para o Salmo 103.
Ø É importante que a primeira leitura, em particular, seja proclamada como um convicto convite a buscar o Senhor, de forma persuasiva.
Ø Preparando bem, o Evangelho pode ser dialogado. São necessários: o (a) narrador (a), o patrão (quem preside), a fala dos trabalhadores desocupados e a fala dos que murmuram.
Fonte: Novo povo construindo o Reino de Deus na justiça! - Roteiros Homiléticos do Tempo Comum I - setembro 2014 - Ano A – Edições CNBB
Fonte: Emanarp em 21/09/2014

Recadinho

Você considera que Deus o trata com muita generosidade? - Neste aspecto, como é seu modo de agir em relação a seu próximo? - Você pede que Deus o fortaleça na caminhada? - Procura ser presença amiga na vida dos que sofrem? - Lembre-se sempre: generosidade com generosidade se paga!
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 – Santuário Nacional em 21/09/2014

Comentário do Evangelho

A JUSTIÇA DO SENHOR DA VINHA

As parábolas narrativas são caracterizadas por sua extensão e por seus detalhamentos. Esta de hoje é exclusiva de Mateus. No cenário aparecem o dono da vinha, imagem característica na tradição de Israel, e os trabalhadores desocupados na praça, cena característica de uma cidade grega.
Uma parábola dá margem a uma pluralidade de interpretações. Estes "desocupados" não eram indolentes, mas curtiam a amargura da busca de um trabalho para a sobrevivência diária, excluídos pelo sistema social. Comumente se vê na parábola a expressão da simples generosidade do proprietário que convocou os operários. Com pena dos últimos, decidiu dar-lhes o mesmo que aos outros.
Outra interpretação pode ser a compreensão do significado do trabalho. O trabalho não é mercadoria que se vende, avaliado pela eficiência do trabalhador que produz. O trabalho é o meio de subsistência das pessoas e da família, bem como é serviço à comunidade, pela partilha de seus frutos. Todos têm direito ao essencial para a sua sobrevivência. Na parábola, a todos foi dado o necessário para a sobrevivência de um dia, independentemente da quantidade de sua produção. O fruto do trabalho é uma extensão do próprio trabalhador.
A venda deste fruto por um salário é uma alienação da dignidade do trabalhador e da trabalhadora. É vender uma parte do seu ser, uma extensão de seu próprio corpo, para a acumulação de riqueza e prazer de outro.
A conversão da injustiça para a justiça é o seguimento do caminho de Deus (primeira leitura) que leva à prática de uma cidadania no resgate da dignidade humana e da vida (segunda leitura).
Oração
Ó Pai, que resumistes toda a lei no amor a Deus e ao próximo, fazei que, observando o vosso mandamento, consigamos chegar um dia à vida eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: a12 – Santuário Nacional em 21/09/2014

Meditando o evangelho

IDE PARA A MINHA VINHA!

A vinha, no contexto bíblico, simboliza o povo de Israel. Já os profetas serviram-se desta metáfora para falar ao povo. A vinha aponta para a predileção da qual Israel era objeto por parte de Deus. Como o vinhateiro prepara a terra, planta mudas escolhidas, cuida delas com muito carinho e as protege, na esperança de que produzam frutos de qualidade, também Deus, no trato com o seu povo, desdobra-se em atenção para que corresponda ao que espera dele.
Jesus rompeu a concepção de sua época, ensinando que a benevolência divina não era exclusiva de Israel. A vinha de Deus, na verdade, era a humanidade inteira, toda ela destinatária da Boa-Nova da salvação e convidada a viver em comunhão com o Pai.
Cessam todos os privilégios tanto de Israel quanto de qualquer outro povo que queira assenhorear-se com exclusividade da vinha, ou seja, do Reino de Deus. Deixa de ter sentido, em termos de garantir a precedência no Reino: a quantidade ou a qualidade do serviço prestado, a antigüidade, as funções e cargos exercidos em favor da comunidade. E até mesmo as diferenças de caráter étnico, cultural, social ou de gênero.
Por se tratar de uma adesão livre e gratuita ao chamado do Senhor do Reino, ninguém tem o direito de exigir recompensa, muito menos de julgar-se merecedor de maior recompensa. Basta-lhe a consciência de saber-se humilde servidor!
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total)
Oração
Pai, como operário de tua vinha, desejo entregar-me totalmente ao trabalho, sem esperar outra recompensa a não ser saber-me humilde servidor de meu próximo, por amor a ti.

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. A desconcertante Justiça de Deus: A VINHA DO SENHOR.
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

O Sindicalista conversa com Mateus, tentando ajudá-lo a entender a reclamação dos operários da primeira hora.

Sindicalista - Olha Mateus, vamos e convenhamos, o pessoal que ralou o dia inteiro merecia um salário melhor, trata-se de uma jornada de trabalho desigual, é uma questão de mérito.

Mateus - Olha, aqui não é questão de mérito, mas sim do que foi combinado, escrito no contrato de trabalho, foi ajustado um Denário por dia, que, aliás, é o salário comumente pago por um dia de trabalho, com esse valor dá para comprar oito quilos de pão... Não há nada de errado.

Teólogo entrou na conversa: Mateus, esse sindicalista não pegou o espírito da "coisa", para mim o Senhor está atirando no passarinho para acertar no Coelho, o alvo é outro, não é?

Mateus (sorrindo) - Sim, as lideranças da nossa religião judaica pensavam assim, que a nossa raça era a escolhida, a predileta de Deus Eterno, isso começou logo depois do Exílio na reconstrução do templo, eles queriam algo mais de Deus, do que o restante dos homens possivelmente pensava em maiores bênçãos em bens materiais e patrimônio, para serem prósperos... e coisas assim.

Teólogo - E o que seria hoje esse Um Denário que é a mesma paga de Deus a todos os homens?

Mateus - Ah sim, é o Amor do Deus Eterno, que ao ser manifestado em Jesus de Nazaré, perde o seu particularismo judaico e é oferecido a toda humanidade na forma de Salvação, coisa que os nossos mais tradicionais não conseguiam engolir...

Teólogo: E a conclusão desse ensinamento então...

Mateus - Uma conclusão óbvia, Deus ama a todos os homens, e os assiste com a sua graça de acordo com a necessidade de cada um, e não por aquilo que fazem de bom ou de mal, ou que deixam de fazer... A Salvação é pura iniciativa do Pai Eterno, nossas ações em nada conseguem mudar essa ação amorosa de Deus na nossa vida e na vida das pessoas. Temos assim o privilégio de ser colaboradores de Deus, como o homem sempre foi, na construção do Reino e na História da Salvação...

Considerações:

Quem já ficou desempregado meses a fio a espera de uma vaga, sabe o quanto esta é uma experiência triste, a reserva financeira vai se acabando, as despesas vão sendo cortadas e só se mantém o essencial, e se a vaga demora a chegar, até aquilo que é essencial, como a alimentação, por exemplo, vai começando a rarear. Não tendo nem o essencial para dar à família, o desempregado vai aos poucos perdendo a auto-estima, começa a andar pelas ruas e praças meio sem destino, ou então, o que é pior, torna-se freqüentador dos botecos da vida, onde se joga muita conversa fora e reclama da situação, tomando “umas e outras” que algum amigo oferece, um conhecido contou-me que se tornou um alcoólatra quando ficou desempregado, ficar sem fazer nada não é coisa boa, pois dizem até que “mente ociosa é oficina do capeta”.
Fiz esta introdução porque me parece ser esta a situação do pessoal da última hora, mencionado nesse evangelho, e que deviam estar bem desanimados quando foram para a praça no final de tarde, jogar conversa fora ou quem sabe, “bater um truquinho”. A colheita em uma vinha carecia de muita mão de obra e para os desempregados era uma ótima oportunidade para ganhar uns “cobres”. Nos que buscam uma oportunidade, sempre há os madrugadores, que acreditam naquele ditado “Quem madruga, Deus ajuda”, eles botam fé em seu potencial e se colocam a disposição bem cedo, para serem logo contratados.
Há os que já estão meio calejados e que dormem um pouco mais, mas às nove horas já estão na praça, à espera de quem os contrate, pois também se julgam eficientes. Não faltam aqueles que só acordam para o almoço, mas ouvindo falar que tem vaga na empreitada, preparam um “miojo”para não perder muito tempo, e vão voando para a praça, nem que seja ao Meio Dia, pois acreditam que também têm chance. A notícia corre rápida e chega até a turma do “Ainda resta uma esperança”, que também animados resolvem arriscar e vão para a praça às três horas da tarde, dando a maior sorte porque acabaram também contratados.
Mas agora, falemos dos desanimados, que já estão a tempo vivendo de JURO, “juro que vou pagar”, para não sucumbirem, assumiram dívidas com o padeiro, açougueiro, leiteiro, verdureiro, aquele dia para eles já está perdido e então vão para a praça às cinco da tarde, só para saber se há alguma novidade, e são surpreendidos pelo Dono da empreiteira, que os interroga, porque estão ali parados, sem fazer nada... Ninguém nos contratou, não temos nenhum valor, ninguém presta atenção no nosso sofrimento, ninguém nos confia um serviço, onde possamos ganhar o pão para o nosso sustento! E foi assim a ladainha de lamentações. A Turma das cinco nem acreditou, quando o Patrão mandou que fossem para a vinha, juntar-se aos outros trabalhadores. Certamente pensaram que fossem fazer Terceira turma, mas às dezoito horas em ponto, soou o apito e a jornada de trabalho acabou, trabalharam só uma hora, não ia dar nem para o leite e o filãozinho... Pensaram os trabalhadores. Então veio a surpresa agradável, foram os primeirões a receber e ganharam uma moeda de prata, que dava para fazer a compra do mês e ainda pagar umas contas, imaginem a alegria desses trabalhadores de última hora.
O clima era de festa e alegria quando a turma dos Madrugadores, profissionais competentes, que deram duro o dia inteiro, desde o nascer do sol, armou o maior barraco e chamaram o sindicato, pois não acharam certo receber apenas uma moeda de prata, tinham plena certeza de que iriam receber muito mais, pois se julgavam merecedores, mas o Patrão os lembrou sobre o contrato assinado: o pagamento da diária seria uma moeda de prata.
Na religião de Israel e no cristianismo de hoje, acontece a mesma coisa, o título de cristãos e o fato de ser membro de uma igreja, faz com que as pessoas sintam-se privilegiadas diante de Deus, merecedores de sua graça, do seu amor, das suas bênçãos e de todos os seus favores, se a pessoa atua em alguma pastoral ou movimento, então aumenta a obrigatoriedade de Deus atender. Infelizmente é essa a imagem que muitos fazem de Deus, que sempre surpreende os que buscam conhecê-lo melhor.
Na parábola em questão, contratou pessoas sem nenhum valor, e que, entretanto, apesar de terem chegado muito depois dos Madrugadores, foram alvos da mesma atenção e receberam o mesmo tratamento. Na verdade, ao invés de sermos a imagem e semelhança de Deus, muitas vezes projetamos Nele a nossa imagem e semelhança, para que seja bom com quem mereça, que trate as pessoas a partir dos seus merecimentos, o que na lógica humana é muito justo. Porém, o amor e a justiça de Deus vai sempre buscar os últimos, os renegados, o que não tem mais nenhuma chance diante da sociedade “perfeita” ou da religião padrão, os que não têm o que fazer porque ainda não acharam um sentido para suas vidas. Os desprezados, tratados com frieza e que nunca são levados a sério.
E quando descobrimos que Deus os ama tanto quanto a nós, que nos julgamos “justos” em vez de fazermos com eles uma grande festa, manifestando alegria, agimos como o irmão mais velho do Filho Pródigo: derrubamos o beiço e nos recusamos a entrar na casa do Pai, isso é, a vivermos na comunhão com Deus, ao lado dos trabalhadores da última hora, sonhamos com um céu especial e nos frustramos ao ver que o coração de Deus, cheio de misericórdia, manifestada em Jesus, há lugar para todos os homens.
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP

2. Ide também vós para a minha vinha! - Mt 20,1-16a
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Eis outro ensinamento da Bíblia que alarga a estreiteza do nosso horizonte. O empreiteiro combinou com todos os diaristas cem reais pelo dia de trabalho. E pagou a cada um cem reais, conforme o combinado. Só que alguns trabalharam o dia inteiro e outros, apenas algumas horas. O empreiteiro não foi injusto. Pagou o que fora acertado desde o início.
No entanto, os diaristas raciocinaram de outra forma, com a lógica humana, não muito humanizada. “Os que trabalharam menos tempo não devem ganhar cem reais. Devem ganhar menos!” Não poderiam eles, os críticos, entrar na ótica de Deus e ficar felizes com o bem de seus companheiros de trabalho? Poderiam, mas não entraram na visão de Deus. Permaneceram na sua visão pequena, estreita, limitada. Atualizaram e aplicaram o princípio do “olho por olho, dente por dente”. Ainda não tinham aprendido a querer para os outros o que querem para si.
A Bíblia nos ensina a não agir movidos por critérios econômicos, e sim pelo amor gratuito. Os trabalhadores da primeira hora devem acolher com generosidade os trabalhadores da última hora ou das horas finais. O povo de Israel é o trabalhador da primeira hora. Os cristãos e todos os povos da gentilidade são os da última hora. Em nossas comunidades a situação é muitas vezes parecida. Os que estão há mais tempo parecem não se sentir à vontade com os que chegam depois. E nem se trata de perder o emprego ou dinheiro. Trata-se de lugar, “do meu lugar”.
Deus nos diz, pelo profeta Isaías, para procurá-lo enquanto ele estiver por perto, para não sermos tão diferentes dele, porque, o que está acontecendo, é o que ele está dizendo: “Tanto quanto o céu está acima da terra, assim estão os meus caminhos acima dos vossos e meus pensamentos distantes dos vossos”.
A ótica do Senhor deve ser a nossa, nossos pensamentos e nossos caminhos devem coincidir com os dele. Deixamos todo mau caminho não por medo de castigo, e sim pela admiração da grande generosidade do nosso Deus. Os trabalhadores da última hora receberam o mesmo que os da primeira hora, não por injustiça, mas por generosidade.
Façamos de Cristo o nosso viver, e que morrer seja para nós lucro. Mas enquanto estivermos nesta vida temporal, possamos desenvolver um trabalho fecundo. Que o nosso viver neste mundo seja necessário para o bem dos outros e seja causa de alegria para os trabalhadores de todas as horas.

HOMILIA

EU PAGAREI O QUE FOR JUSTO

A parábola de hoje nasce da realidade agrícola do povo da Galiléia. Era uma região rica, de terra boa, - mas com o seu povo empobrecido, pois as terras estavam nas mãos de poucos, e a maioria trabalhava ou como arrendatários ou como “bóia-fria” como diríamos hoje. Embora a cena situe-se na Galiléia de dois mil anos atrás, bem poderia ser aqui como aí onde você mora hoje em dia. Apresenta uma situação de trabalhadores braçais desempregados, não por querer, mas “porque ninguém nos contratou”. Talvez haja uma diferença, comparando com a situação de hoje - na parábola, o salário combinado era uma moeda de prata, um denário, que na época era o suficiente para o sustento diário duma família - o que nem sempre se verifica hoje.
O dono de uma vinha chamou trabalhadores para a colheita. A uns chamou pela manhã, outros ao longo do dia e outros, ainda, no fim do dia. A todos, compromete-se com o mesmo pagamento. Naturalmente, aqueles que começaram a trabalhar ainda cedo reclamaram ao patrão por ter recebido o mesmo montante dos outros que trabalharam apenas uma pequena parte do dia. Para o patrão, porém, está feita justiça: pagou a todos conforme o combinado e, ademais, dispôs daquilo que é seu. Se, aos olhos do empregado que se considera lesado aquilo era injusto, ao patrão foi apenas um acerto de contas equânime, dentro dos limites que tinha estabelecido.
Jesus contou esta parábola para nos esclarecer como o pensamento de Deus difere da nossa mentalidade humana. Na administração das coisas do mundo existem critérios já estabelecidos em relação a quem faz mais, a quem faz menos. Para Deus o que importa é a decisão do momento. Quem começa mais cedo tem a mesma paga de quem começou mais tarde. A salvação é para hoje, agora. Os que abraçam a salvação mais cedo têm a recompensa de conhecerem o reino dos céus primeiro. E quando fazemos a experiência de salvação percebemos que nenhum dinheiro do mundo paga o que alcançamos.
Muitas vezes assumimos o papel dos trabalhadores que reclamam por ter trabalhado tanto enquanto outros que não sofreram as mesmas penas recebem a mesma recompensa. Assim o é na vida civil e na vida cristã. Mas, para Deus, não importa o “tempo de casa” ou aquilo tudo que já demos: importa com que amor o demos, com que dedicação o fizemos. Além disso, o Senhor nos dá a Sua graça e esta Ele dispõe como deseja. Essa é a aparente contradição: a perspectiva humana entende que o pagamento deve ser correspondente ao tempo ou à responsabilidade do trabalho. Deus, não. Ele entende que pode dispor do que é seu e dá a cada um como considera o seu merecimento.
Portanto, não precisamos questionar a recompensa que Deus dá àqueles “pecadores” que nós julgamos os piores do mundo, pelo contrário devemos também sair pelo mundo a fora em busca dos “trabalhadores de última hora” a fim de que encontrem a Jesus e recebam a salvação para as suas almas.
Você conhece alguém que ainda não foi contratado para trabalhar na vinha do Senhor? Por que não chamá-lo?- Você já se sente contratado (a) e recompensado.
Pai, que eu jamais me deixe levar pelo espírito de ambição e de rivalidade, convencido de que, no Reino, somos todos iguais, teus filhos.
Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
Fonte: Liturgia da Palavra em 21/09/2014

REFLEXÕES DE HOJE

20 DE SETEMBRO-DOMINGO


HOMILIA DIÁRIA

Não inveje ninguém, pois Deus é bom com todos

Não inveje ninguém! Deus é generoso e bom com todos. Ele sabe quais são as carências de cada coração humano.

“Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos” (Mateus 20, 16a).

A parábola que ouvimos de Jesus, no Evangelho de hoje, pode provocar, talvez nos corações mais voltados à justiça, uma certa confusão, até uma certa incompreensão da atitude do senhor da vinha, do patrão. Porque o patrão saiu para contratar os empregados, logo pela manhã combinou com eles uma moeda de prata, depois na metade da manhã contratou mais empregados e combinou outra moeda de prata com eles. Depois, no meio da tarde e no final do dia, contratou mais outros operários e combinou o mesmo valor.
A questão aqui não é o valor combinado, porque o combinado não custa caro, como dizem. O senhor combinou com os primeiros operários uma moeda de prata e a pagou, mas ele também combinou com os da última hora e pagou o mesmo valor. Se os operários da primeira hora não soubessem quanto tinham ganhado os da última hora não haveria problema nenhum, estariam felizes, agradecidos. Mas o problema é que a inveja, quando vem ao coração humano, destrói os melhores sentimentos, e o primeiro deles é a gratidão e o reconhecimento.
Quando só comparamos a nossa vida com a dos outros – o que nós temos com o que o outro tem – não sabemos valorizar o que temos. Não sabemos dar o verdadeiro valor, estima, não sabemos apreciar o que temos. Estamos sempre comparando a nossa vida com a dos outros, o que temos com o que o outro tem, e no Reino de Deus não é assim!
Deus não faz distinção de pessoas. Ele ama a todos com valor igual; Ele não vai dar mais a quem trabalhou mais, e o outro porque chegou no fim vai ganhar menos. De repente, pode até ser que realmente tenha um valor maior aquele que recebeu por último do que quem trabalhou menos, mas o Pai sabe qual é a necessidade de cada um de Seus filhos. Quem é pai, quem é mãe, procura ser justo, dar amor igual para seus filhos, mas eles sabem também qual é a carência que cada filho tem.
Deus é generoso e não deixa de ser bom com ninguém, Ele sabe quais são as carências de cada coração humano. O que nós não podemos deixar é que o amor de Deus não cresça em nosso coração por causa daquele sentimento terrível que Caim teve: a inveja do seu irmão, Abel, e, por causa disso, o matou.
Nós matamos a graça de Deus, nós somos impedidos de crescer como pessoas humanas quando somos tomados pelo sentimento da inveja. Não se preocupe, a graça de Deus na sua vida vai ser do tamanho da sua necessidade. Por isso, não precisamos invejar ninguém, porque Deus é bom para com todos!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 21/09/2014

Oração Final
Pai Santo, dá-nos a consciência de que tudo é dom do teu Amor e que nos emprestas para ser desfrutado e partilhado com os peregrinos que andam conosco pelas estradas da vida. Faze-nos generosos, ternos e misericordiosos. Pelo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 21/09/2014

ORAÇÃO FINAL
Pai amantíssimo, guarda meus olhos, meus ouvidos e meu coração da inveja, do despeito e do julgamento de meus irmãos nesta viagem pelos Caminhos do teu Reino de Amor. Que o exemplo de convivência e a Palavra de Jesus, o Cristo teu Filho e nosso Irmão, inspirem em nós a fraternidade e a compaixão que Ele viveu, especialmente junto aos excluídos pela sociedade dos homens.