ANO C
Mt 18,21-35
Comentário do Evangelho
Perdoar à medida da compaixão de Deus
Como parte do "discurso eclesiológico" (Mt 18), o texto de hoje apresenta o tema dominante de todo o discurso: o perdão. Não se trata de quantificar o perdão, mas de imitar a compaixão de Deus que perdoa toda dívida. A experiência, consciência e reconhecimento de ter sido perdoado por Deus, tem para o membro da comunidade uma implicação prática: perdoar. Nesse sentido os versículos 32b-33 resumem o ensinamento da parábola: ". eu te perdoei toda a tua dívida, porque me suplicaste. Não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?".
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, é meu desejo imitar teu modo de agir, no tocante ao perdão. Faze-me ser pródigo e misericordioso em relação ao próximo que precisa do meu perdão.
Fonte: Paulinas em 05/03/2013
Vivendo a Palavra
O Evangelho ensina a construir uma Igreja que perdoa – até setenta vezes sete, isto é, sem impor limites, sem contabilizar débitos e créditos – que perdoa como desejamos que o Pai Celeste nos perdoe. Igreja que perdoa, porque sabemos que tudo é dom da Graça de Deus, a começar pela Vida e a Fé.
Fonte: Arquidiocese BH em 05/03/2013
VIVENDO A PALAVRA
A fonte do perdão do Pai é infinita, mas a água que apanhamos dessa fonte está limitada à capacidade do vaso que levamos. A parábola que Jesus hoje nos conta deixa claro o que está na oração que Ele ensinara: o perdão que pedimos ao Pai é medido pelo perdão que oferecemos aos irmãos: Amado Pai, perdoa-nos assim como nós perdoamos...
Reflexão
O Evangelho nos surpreende muitas vezes ao usar determinados termos que, à primeira vista, nos parecem totalmente descabidos em relação a Deus. O texto de hoje nos mostra Deus indignado por causa da falta de perdão. Como pode Deus indignar-se, o Altíssimo ter a sua dignidade ferida? Este texto nos mostra uma realidade muito profunda: se o pecado fere a dignidade humana, a ausência do perdão fere a dignidade divina. Por que? Porque Deus é amor, é misericórdia, e negar o amor e a misericórdia é negar o próprio Deus na sua essência. Negar o perdão é negar que Deus é amor e misericórdia e impedir que ele aja com amor e misericórdia em relação a nós mesmos, e impedir a ação misericordiosa de Deus é causar-lhe indignação.
Fonte: CNBB em 05/03/2013
Reflexão
Muito oportuna a pergunta de Pedro a Jesus sobre o perdão. A resposta vem imediatamente, sem deixar margem a dúvidas: é necessário perdoar todas as vezes que alguém nos ofende. Para ilustrar o ensinamento novo, Jesus conta a parábola dos dois devedores. E salienta a desproporção entre o perdão generoso que nos vem de Deus e o nosso perdão, muitas vezes mesquinho ou dado de má vontade. A parábola mostra também que Deus nos perdoa quando nós perdoamos. Ao perdoar alguém, abrimos o canal para que o perdão de Deus chegue até nós. Detalhe: não se trata de um perdão qualquer, da boca para fora. É necessário perdoar “de coração”. Todos somos pecadores e precisamos do perdão de Deus. Estamos dispostos a oferecer o perdão a quem nos ofendeu?
(Dia a dia com o Evangelho 2019 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)
Meditando o evangelho
SEMPRE DISPOSTO A PERDOAR
Jesus insistia com seus discípulos sobre a importância de estar sempre disposto a perdoar. A abertura para o perdão seria um sinal de que o Reino estava exercendo sua ação no meio deles. A incapacidade de perdoar seria indício de que, entre eles, o pecado ainda falava mais forte.
Manter-se continuamente aberto para o perdão é desafiador. Afinal, a paciência tem seus limites e a disposição para perdoar pode dar margem a abusos. Mesmo assim, Jesus exigiu de seus discípulos a predisposição para perdoar sempre.
O servo da parábola evoca a situação de quem vê-se na obrigação de perdoar. Por mais que alguém perdoe o seu próximo, este perdão jamais será comparável àquele recebido de Deus. Quem é infinitamente perdoado, deve perdoar infinitamente.
É mesquinho apegar-se a uma coisa minúscula que outra pessoa nos deve, e obrigá-la a quitar a dívida, de maneira impiedosa, quando se sabe das dimensões do perdão recebido de Deus. A generosidade do Pai não pode ter como contrapartida a mesquinhez humana. E à capacidade de Deus passar por cima das limitações humanas, deve corresponder, por parte dos discípulos de Jesus, à capacidade de serem condescendentes com as fraquezas alheias. A intransigência com o próximo poderá provocar a intransigência de Deus.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Senhor Jesus, que eu seja compassivo com o meu próximo, necessitado do meu perdão, pois reconheço a grandeza do perdão que sempre recebo do Pai.
COMENTÁRIO DO EVANGELHO
1. ATÉ QUANDO PERDOAR?
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
Conviver é uma arte. Não basta boa vontade e paciência para que o relacionamento interpessoal seja perfeito. Embora com todas as precauções, é grande a possibilidade de desentendimento entre pessoas amigas, e até mesmo entre cristãos convictos.
Entretanto, a questão não reside na ruptura, e sim, na disposição a refazer os laços de amizade rompidos. Ninguém pode garantir que uma única reconciliação seja suficiente para cimentá-los, para sempre. É possível que outras rupturas aconteçam, pelo mesmo motivo. A tendência humana é impor limites bem definidos a esta situação. "A paciência tem limite" - assim justificamos a ruptura definitiva.
O discípulo de Jesus defronta-se com a lição de perdoar, toda vez que for ofendido. É exortado a fazer frente a uma tendência humana muito forte, a de não perdoar. O motivo apresentado pelo Mestre é inquestionável: é assim que somos perdoados pelo Pai. Quem se julga tão fiel a Deus a ponto de estar seguro de jamais correr o risco de pecar? Só um insensato poderá ter tal pretensão.
Todos somos pecadores e precisamos do perdão de Deus. Da mesma forma, quando alguém precisar do nosso perdão, por respeito a Deus somos obrigados a concedê-lo. Trata-se de dar o que também recebemos.
Oração
Espírito de perdão, liberta-me da tendência a colocar limites ao perdão. Pelo contrário, que eu esteja sempre pronto a perdoar a quem me ofendeu.
Fonte: NPD Brasil em 05/03/2013
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A Paciência não têm limites
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
O pronome possessivo “meu irmão”, presente na pergunta que Pedro dirige ao Mestre explicita que se trata das relações entre os irmãos e irmãs da comunidade. O ensinamento está portanto na vida em comunidade e não fora, a meu ver algo bem mais difícil, pois a pessoa a quem devemos perdoar não é um estranho que nos ofendeu em uma ocasião, e que depois dificilmente iremos nos encontrar com ele. Certa vez um sujeito que eu não conhecia, me derrubou da bicicleta ao empurrar-me quando eu passei pedalando perto dele. Vim embora com os cotovelos ralados e foi fácil perdoá-lo, nunca mais o vi em minha vida.
O perdão a que se refere o evangelho é para aquela pessoa que se vê todo dia e que se convive na comunidade, na pastoral, na catequese, no ministério ou no movimento. E por que é muito mais difícil de perdoá-lo ? Porque cada vez que o vemos ao nosso lado ou á nossa frente, vamos lembrar sua falta pois o nosso subconsciente armazena muito bem os detalhes da ofensa recebida. Por isso, quando dizemos “Nem me lembro mais do mal que ele, ou ela, me fez”, estamos sendo no mínimo hipócritas.
Pedro exagerou ao colocar sete, como a quantia de vezes a ser perdoada, pois, com as pessoas mais próximas do relacionamento, como esposa ou parentes, perdoar três vezes estava de muito bom tamanho para os Judeus. Jesus não se deixa levar por números dessa matemática mesquinha e miserável na relação com os irmãos e irmãs de comunidade, mas procura mostrar, através da parábola, como Deus se relaciona com o Homem nessa questão.
Nas nossas comunidades há muitos relacionamentos que têm como parâmetro essa matemática de Pedro, quantas pessoas que desistem de viver em comunidade, porque chegou no limite da sua capacidade de amar e perdoar, passou de sete vezes e preferiu cair fora porque o padre, o diácono, o ministro ou seja lá quem for, é intragável e insuportável. Essas pessoas migram para outras Paróquias ou até Igrejas, na ilusão de que vão encontrar uma comunidade perfeita, com pessoas angelicais, de relações sempre harmoniosas. Na vida conjugal e familiar, que é também a pequena comunidade, casais de relações sólidas e testemunhos estupendos na vida cristã, de repente se separam, porque um deles passou dos limites, estourando a quota estabelecida, e o outro não aguentou.
O amor de Deus, sua misericórdia e paciência para com todos nós, é eterno, infinito e sem limites. O atestado de que somos todos Filhos e filhas de Deus, não está em algum carisma prodigioso ou em coisas fantásticas que somos capazes de fazer, mas sim em amar sinceramente as pessoas com quem convivemos na Igreja e na Família, aceitando-as do jeito que elas são, com suas fraquezas e defeitos, pois....é exatamente assim que DEUS NOS AMA!
2. Tem paciência comigo, e eu te pagarei
Na Quaresma, buscamos o perdão de Deus e oferecemos nosso perdão a quem dele precisar. Quantas vezes devemos perdoar se formos ofendidos? Sempre, diz Jesus. Perdoando, seremos também perdoados. Se quisermos que Deus tenha compaixão de nós, deveremos mostrar compaixão para com todos os que percorrem conosco o mesmo caminho neste mundo.
HOMILIA DIÁRIA
A maior experiência de amor que podemos fazer é o perdão
Postado por: homilia
março 5th, 2013
O Evangelho de hoje nos fala dos relacionamentos entre Deus e os homens, e dos homens entre si.
Começaremos dizendo que Deus cria o homem por pura benevolência e o faz participar da Sua dignidade. A partir daí, o homem se converte em grande devedor de Deus. Primeiro da vida – como dom gratuito de Deus – e por isso seu promotor e protetor, quer no início quer na fase terminal. Ele foi constituído por Deus como senhor e guarda da natureza: “Crescei-vos, multiplicai-vos, dominai e sujeitai a terra” (Gn 1,28a).
Porque criados à imagem e semelhança de Deus – homem e mulher os criou – Deus estabelece relações entre os homens.
A Quaresma é o tempo do sonho de Deus. Como cristãos, embora ainda pequenos, somos convidados, interpelados e impelidos a viver este sonho de Deus em nossa vida. Sonho que se realiza quando amamos, acolhemos e perdoamos os erros e falhas uns dos outros. Portanto, é tempo de viver um constante amar e perdoar sem fim. Aliás, é isso que signfica as palavras de Jesus ante a pergunta de Pedro: “Quantas vezes deverei perdoar se meu irmão me ofender. Até sete vezes?”
Deus quer nos falar neste dia sobre um assunto tremendamente importante. Eu diriaessencial para que os relacionamentos em família possam gozar de inteira comunhão. Refiro-me ao perdão. O perdão é a maior experiência de amor que podemos fazer e não há dia ou tempo marcado para ele. Por desconhecermos as implicações do ato de perdoar e ser perdoado, é que vemos a cada dia lares se desfazendo, filhos abandonando os seus pais, casais se divorciando, irmãos brigando contra irmãos.
Vivemos num mundo, de fato, carente do amor e do perdão. Recordo a você, meu irmão, que a resposta de Senhor: “Não te digo até sete vezes mas até setenta vezes sete”, nos faz mergulhar na imensidade da misericórdia de Deus.
Deus não faz “matemática” para saber até quanto deve perdoar. Veja o que acontece conosco, quando nos ajoelhamos diante d’Ele reconhecendo nossos pecados e pedimos perdão com o propósito de nos corrigirmos, na pessoa do empregado que, de joelhos, diz ao seu patrão: “Tenha paciência comigo, e eu pagarei tudo”. Diante disso, “o patrão teve pena dele, perdoou a dívida e deixou que ele fosse embora”.
Se o simples patrão perdoou a grande dívida, quanto mais Deus que é rico em misericórdia – que perdoa até a milésima geração – não nos perdoará os nossos pecados se a Ele recorrermos, noite e dia, com gemidos inefáveis?
Quem ama não pode olhar “quantas vezes” as pessoas lhe ofenderam, acusaram injustamente, traíram, enganaram e também “quantas vezes” já perdoou aos que lhe fizeram tudo isso. É necessário perdoar sempre.
A falta do perdão entre os homens é tão forte que, a cada segundo que passa, nos deparamos com o que aconteceu na parábola que Jesus contou. Cristãos que pedem que Deus os perdoe, mas eles mesmo não perdoam. Ou, se o fazem, é só da “boca pra fora” e não de coração. Se isso acontece com você, o desfecho será: “Empregado miserável! Você me pediu, e por isso eu perdoei tudo o que você me devia. Portanto, você deveria ter pena do seu companheiro, como eu tive pena de você”.
Tomemos para nossas vidas a advertência de Jesus: “É assim que meu Pai que está nos céus fará convosco, se cada um não perdoar de coração ao seu irmão”.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova em 05/03/2013
Oração Final
Pai Santo, dá-nos uma alma grande para perdoar sem julgamentos; um coração aberto para acolher todos os companheiros que nos deste para a viagem por este mundo encantado. Assis estaremos seguindo os passos do Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 05/03/2013
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, alarga as medidas do nosso desejo de perdoar aos irmãos. Abranda nosso coração, aquece o respeito e a compaixão aos companheiros de jornada nesta terra, que já é sinal e início do teu Reino (embora não ainda em plenitude), e onde desejamos seguir Jesus de Nazaré, o Cristo, teu Filho Unigênito que se fez nosso irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.