ANO C
Jo 12,24-26
Comentário do Evangelho
A paixão e morte de Jesus são para a vida
Jesus está em Jerusalém
para a festa da Páscoa. Aproxima-se o tempo da glorificação de Jesus: “Chegou a
hora em que este Homem será glorificado” (Jo 12,23). A glorificação de Jesus
vai se dar por sua paixão e morte. A imagem do grão de trigo ajuda a compreender
o caminho de glorificação de Jesus. Para produzir fruto, o grão de trigo tem
que cair na terra; esta queda na terra é a condição da fecundidade da semente.
A paixão e morte de Jesus, seu sofrimento e seu sepultamento, não são estéreis,
são para a vida. Aqui, em João, o grão é identificado com o próprio Cristo, à
diferença das parábolas do Reino dos céus (Mt 13,3ss), em que a semente é
identificada com a Palavra de Deus.
Com esta pequena
parábola do grão de trigo que cai na terra, Jesus dá sentido à sua paixão e
morte: “... produz muito fruto” (v. 20). o fruto de sua glorificação é a vida
do mundo: “O pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo” (Jo 6,51).
O que se espera do
discípulo é sua identificação com o Mestre: “O discípulo não é mais que o
mestre, nem o servo maior que o seu senhor; ao discípulo basta ser como o seu
mestre, ao servo como o seu senhor” (Mt 10,24-25). Esta identificação impõe ao
discípulo aceitar livremente a vida proposta por Jesus. Nesse sentido, o
caminho de glorificação de Jesus é o caminho para o discípulo que deve ser
caracterizado como servidor do Reino de Deus (cf. v. 26; Jo 13,12-15).
O discípulo atualiza e
prolonga na história a entrega de Cristo. A vida verdadeira está no desapego,
inclusive no desprendimento da própria vida. É o apego à vida que gera o medo
de perdê-la. A vida brota do grão de trigo que cai na terra. Esta entrega é
fruto do amor: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida
por seus amigos” (Jo 15,13).
Carlos Alberto Contieri,
sj
Oração
Senhor Jesus, a vida
jorrou abundante de tua fidelidade até à morte de cruz. Possa eu beneficiar-me
desta plenitude de vida.
VIVENDO A PALAVRA
As leituras falam de generosidade e
desprendimento. Cair na terra e morrer significa nos lançarmos na vida cheios
de confiança no Pai Misericordioso, esquecidos de nós mesmos e servindo aos
irmãos, especialmente os mais pobres, os doentes e os espoliados pelo mundo dos
homens, entregando-nos à inspiração amorosa do Espírito.
Reflexão
Hoje em dia, mais do que
nunca, o testemunho dos valores do Evangelho se faz necessário até às últimas
conseqüências. A partir daí percebemos uma das maiores responsabilidades do
discipulado: a vivência de forma radical dos valores evangélicos e o testemunho
da verdade anunciada por Jesus. Todas as pessoas que assumem esta radicalidade
do Evangelho mostram ao mundo que existe a verdadeira esperança de superar
todos os males que marcam o nosso tempo e construir uma nova realidade,
fundamentada nos valores evangélicos, que pode trazer às pessoas humanas a
verdadeira felicidade, e que, na sua busca, vale a pena o sacrifício até mesmo
da própria vida.
Reflexão
O
famoso diácono Lourenço, que é lembrado também no Cânon Romano, morreu em 258,
e um século mais tarde, sua memória, a 10 de agosto, é atestada por importante
Documento da Igreja (Deposítio mártyrum). Foi aprisionado juntamente com o papa
Sixto II. Seus perseguidores esperavam arrancar-lhe os bens da Igreja, dos
quais ele era encarregado. Ficaram furiosos quando Lourenço lhes revelou que os
bens da Igreja eram os pobres e que ele havia distribuído entre eles a coleta
dos cristãos de Roma. Foi torturado em fogo lento. Sua serena coragem contra a
tortura motivou muitos pagãos a abraçarem a fé em Jesus Cristo. Foi sepultado
no Campo Verano, Via Tiburtina, em Roma. Sua boa fama logo se espalhou por toda
parte e seu nome aparece nos mais antigos sacramentários.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 - Pe. Luiz Miguel
Duarte, ssp)
Meditação
Explique a seu modo a
realidade do grão de trigo que cai na terra. - O que acontece com a morte do
grão de trigo? - É fácil escolher desapegar-se desta vida para ganhar a outra?
- O que tem que fazer quem opta por seguir a Jesus? - Quem escolhe o reino do
Pai tem que renunciar a muita coisa?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Meditando o evangelho
DA MORTE BROTA A VIDA
A hora de Jesus foi se aproximando. Ele tinha plena do consciência da
sorte que o espera. A morte despontava, como inevitável, no horizonte de sua
existência. Jesus sabia muito bem que sua vida seria fecunda se, no momento
crucial, ele fosse capaz de passar pela prova suprema da morte. Aí sua
fidelidade radical abriria, para a humanidade, o caminho de acesso a Deus.
O modo positivo como Jesus encarou a consumação de sua existência não
deixou de perturbá-lo interiormente. Uma tentação possível, neste momento,
seria a de pedir ao Pai para privá-lo desta circunstância pavorosa. Jesus,
porém, reconheceu que toda a sua vida terrena esteve voltada para esta hora.
Não seria correto, agora, preferir um atalho. Seria indigno optar pela fuga. A
missão exigia dele seguir adiante.
A tragicidade da hora de Jesus assumiu uma conotação particular por ele
estar certo de não ter sido abandonado pelo Pai. Sua morte inseria-se na
dinâmica de glorificação do Filho pelo Pai. Não era fácil compreender o modo
divino de agir, quando a cruz despontava com toda a sua crueldade. Na
perspectiva divina, porém, a morte de cruz representava a subjugação do poder
do mal e da injustiça e o triunfo do senhorio do Pai na vida do Filho Jesus. Da
cruz, proviria a vida nova e gloriosa, penhor de redenção para a humanidade.
(O comentário do Evangelho abaixo é
feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica,
Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total).
Oração
Senhor Jesus, a vida jorrou abundante de sua fidelidade até à morte de
cruz. Possa eu beneficiar-me desta plenitude de vida.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1 – A
parábola da semente que cai na terra germina - José Salviano
A
explicação da parábola da semente que cai na terra germina e dá frutos, somos
todos nós que nos entregamos pela causa do Reino de Deus. Na verdade, alguns
fazem entrega total de si, como os sacerdotes e as freiras. Mas nós também
somos exemplos de auto-entrega pela evangelização. Somos catequistas e
renunciamos a uma porção de coisas para poder realizar de forma aceitável o
nosso trabalho. Primeiro lutamos 24 horas por dia para renunciar o pecado. O
que não quer dizer que o façamos totalmente. Mas pelo menos tentamos. Em
seguida renunciamos a uma porção de coisas como o lazer, o convívio total com a
família, etc. O grão que não morre fica só. Aqui o trecho do
evangelho se refere àqueles que nem estão aí para o Reino de Deus. Querem mais
é cuidar da sua vida e não têm tempo para Deus. E aí acontece o
contrário do que eles almejam. Suas vidas acabam definhando-se pela ausência de
Deus. Não é que Deus seja vingativo e nos abandona. Somos
nós que O abandonamos por causa do nosso individualismo e o
apego às coisas desta vida. O grão, para multiplicar-se em novos frutos, tem
que cair na terra e morrer. Isso é a doação de si mesmo, dizer não aos
instintos para poder se aproximar de Deus, se santificando para poder
santificar os outros. É a comunicação da palavra, a fraternidade e o serviço à
vida. A morte não é o último ato isolado da existência humana, mas é o termo de
uma vida devotada ao amor fraterno, por amor a Deus. Apegar-se à vida é querer
resolver os problemas da existência com os nossos recursos sem recorrer à força
poderosa e infinita de Deus que está sempre à nossa disposição. É quando não
conseguimos os nossos intentos, pois tudo é mais difícil quando nos afastamos
do Pai. O ideal ou o certo é guardar a vida na vida eterna plantando aqui para
colher um dia lá. Para chegar a esse ponto, temos que dar o desprezo a esta
ideologia de sucesso e poder, que impõe a submissão pelo temor. Quem não teme a
própria morte está livre para colocar-se totalmente a serviço da vida eterna. O
seguimento de Jesus se faz com o abandono total de si mesmo, a favor da
evangelização.
Sal
2
- “frutos bons” - Helena Serpa
-
2 Coríntios. 9,6-10 – “a nossa recompensa é o Amor de Deus”
O
gesto de dar e receber faz parte da nossa vida terrena. Existe, porém, uma
diferença entre dar com alegria, ou dar por obrigação. Na maioria das vezes,
quando vivemos segundo a mentalidade do mundo, nós gostamos mais de receber,
honras, presentes, atenção, benesses, e almejamos receber sempre mais, para nós
mesmos (as). Consequentemente, a nossa vida se torna vazia de frutos bons, pois
semeamos apenas vento. A mentalidade cristã, evangélica, porém nos ensina que
semeamos com largueza quando distribuímos o que possuímos, generosamente, com
grandeza de coração, sem pesar, nem constrangimento, e, por isso, somos
abençoados (as) recebendo sempre muito mais para toda espécie de boas obras.
Quando fazemos essa experiência percebemos que, tudo o que damos ao próximo,
“pelo amor de Deus”, retorna para nós, “com o amor de Deus”! O Amor de Deus é,
portanto, a nossa recompensa e, quando o recebemos, com ele vêm todas as coisas
de que necessitamos para continuar semeando e colhendo bons frutos. Se essa
recomendação de São Paulo fosse vivida por todos os homens e mulheres do mundo,
não haveria fome nem miséria nem penúria e toda a humanidade seria beneficiada
com a fartura de bens. É a lei natural e clara: “Distribuiu generosamente, deu
aos pobres; a sua justiça permanece para sempre”. Para Deus é justo que todos
tenhamos dignidade e sejamos felizes, vivendo com o que Ele preparou para nós,
os seus filhos e filhas. Nunca ouvimos falar de que alguém ficou pobre porque
deu aos pobres o fruto do seu trabalho, porém, sabemos que muitos ficam na
miséria porque gastaram tudo o que tinham consigo mesmo. - Como você tem
partilhado a sua vida: tempo, dinheiro, conhecimento, saúde? Com alegria ou
constrangimento? - Você já pensou que na medida em que você for generoso, Deus
o será para com você também? E que quem semeia pouco colhe também pouco? -
Existe alguém perto de você que está passando necessidade, precisando da sua
ajuda? O que você poderá fazer por essa pessoa?
Salmo
111 – “Feliz o homem caridoso e prestativo”
O
homem caridoso e prestativo é aquele que resolve seus negócios com justiça.
Quem age com justiça não teme receber notícias funestas, pois seu coração está
seguro em Deus, porque segue a sua lei e reparte com os pobres os seus bens
fazendo justiça aos seus irmãos, filhos de Deus.
Evangelho
– João 12, 24-26 – “frutos bons”
Toda
a Palavra de Deus é transformadora e libertadora e aqui Jesus está nos
ensinando o modo seguro para que possamos produzir muitos frutos. O grão que
cai na terra só produzirá fruto se morrer, assim somos nós. Produzimos frutos
bons quando conscientemente assumimos os desafios da nossa existência como um
exercício que dá firmeza às nossas ações. Por isso, precisamos morrer para os
apetites da nossa humanidade que rejeita dificuldade, desapego, sofrimento.
Precisamos então, morrer, no sentido de não fazer questão, de renunciar, de
deixar-se exercitar, de desapegar-se dos bens, dos interesses e das pessoas.
Jesus veio nos ensinar que quanto mais a gente se apega à nossa vidinha, ao
nosso viver egoísta, mais nós sofremos as consequências. Os frutos que colhemos
desde já são alegria, paz e esperança. Todavia, esses frutos são colhidos por
nós, mas somos chamados a usá-los para alimentar os outros, não a nós mesmos.
Seguir a Jesus significa servir desinteressadamente. Como seguidores de Jesus
Cristo, somos convocados a manifestar ao mundo a alegria que vive em nós, vivenciando
a paz nos nossos relacionamentos e levando esperança para aqueles (as) que
estão acabrunhados. Perdemos tempo quando nos consumimos em coisas que não dão
em nada. Perdemos dinheiro quando vivemos em função de nos curtir a nós mesmos
(as). Perdemos amigos, família, quando egoisticamente só pensamos nas nossas
dificuldades e nos isolamos como vítimas. Todo aquele (a) que se fecha em si
mesmo (a) perde o gosto pela vida. A semente que cai na terra tem que primeiro
morrer. Se todos nós acolhêssemos esta verdade de coração a nossa vida seria
muito mais plena. – Você se liga às dificuldades das outras pessoas? – Você
sofre com o que passa o seu irmão, ou está sempre girando em torno dos seus
problemas? – Diante de Deus você se considera justa para com os Seus Filhos e
seus irmãos?-Você costuma achar que a sua vontade tem de prevalecer ou você
deixa também que outros tenham razão?- O que você tem vivido mais na sua vida:
a paz ou a discórdia? - Com que interesse você trabalha para Deus?
Helena
Serpa
3
- Quem ama a sua vida, perdê-la-á – Claretianos
Primeira leitura: 2 Coríntios 9, 6-10.
Aquele que dá a semente ao semeador e
o pão para comer, vos dará rica sementeira e aumentará os frutos da vossa
justiça.
Salmo responsorial: 112,1-9.
Feliz o homem caridoso e prestativo.
Evangelho: João 12,24-26.
Quem ama a sua vida, perdê-la-á; mas
quem odeia a sua vida neste mundo, conserva-la-á para a vida eterna.
Jesus manifesta sua frustração por causa da geração
incrédula e indiferente do seu tempo. Seus discípulos, nesse contexto, eram
fiéis reflexos dessa atitude. O problema é de fé. Sem fé é impossível ser
discípulo e missionário. A fé, em primeiro lugar, tem uma alta dose de
compaixão, uma compaixão que não é pelo outro, mas uma resposta comprometida
frente às suas necessidades.
O homem pede um pouco de compaixão e Jesus responde
satisfazendo sua necessidade. Jesus o faz com a força de Deus, nós o fazemos
com a força da fé. Contudo, a descrença do mundo permite que o demônio do
egoísmo, da injustiça e da violência domine a sociedade. E o demônio desse tipo
só podemos expulsar com a força da fé.
Em segundo lugar, a fé requer cuidado para crescer. Uma
fé pequena pode mover montanhas, enquanto uma fé maior, certamente poderá mover
e ganhar o mundo todo pelo Reino. Peçamos a Deus uma fé forte, capaz de mover
as montanhas de nosso coração, de nossas famílias e de nossas comunidades e
para curar os males que aparentam não ter remédio.
4
- Eu sou a porta -Alexandre Soledade
Bom
dia!
Como
compreender a vida simples daquele que vive no campo? Um lugar onde ainda não
tem acesso a internet ou TV a cabo e tantas outras modernidades, onde um bico
de luz é o único ponto luminoso em meio à escuridão; onde a labuta começa bem
antes do sol nascer e o dia acaba por volta das sete da noite e mesmo assim
temos a real impressão que foi lá que a felicidade resolveu morar?
Como
entender a situação de alguém que conquistou tudo que o fruto trabalho possa
comprar; que alcançou o máximo do prestigio em uma profissão ou numa função ou
que seus bens garantam uma vida tranqüila até mesmo para duas gerações, mas que
na luta para se conquistar tamanho patrimônio precisou lançar mão de sua saúde,
de sua família, de sua vida para obtê-lo?
É
bem verdade que Jesus nos prometeu e nos promete vida plena e em abundancia,
mas aonde tenho procurado?
“(…)
Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim será salvo; tanto entrará como sairá e
encontrará pastagem. O ladrão não vem senão para furtar, matar e destruir. EU
VIM PARA QUE AS OVELHAS TENHAM VIDA E PARA QUE A TENHAM EM ABUNDÂNCIA“. (João
10, 9-10)
É
preciso deixar claro que o reino que Jesus nos preparou não esta reservado para
somente os pobres ou para os ricos e sim para todos os “desprendidos”, pois no
sermão do monte os “bem aventurados” são os POBRES e HUMILDES DE CORAÇÃO, sejam
eles brancos, negros, amarelos, (…).
Como
não se encantar por um Deus que em meio aos privilégios de sua situação celeste
prefere ficar com os homens, caminhar com eles, ensiná-los, acompanhá-los,
curá-los? O que o criador vê de tão importante nessa criatura ao ponto de
morrer por ela?
Um
dia escrevi para uma pessoa que gosto muito (Drih) explicando que é bem
diferente “GOSTAR” e “SE IMPORTAR”. A grosso modo, gostar de algo ou de alguém
é ter um sentimento agradável em relação a ele (a), mas não necessariamente me
importo com ele (a). Posso gostar muito da minha empregada doméstica, mas não
me importar se o salário que recebe é suficiente para garantir o mês; posso
gostar de comprar coisas novas e não me importar quanto meu pai tem que
trabalhar para me dar…
Andamos
de carro em altas velocidades, pois GOSTAMOS da aventura, mas pouco NOS
IMPORTAMOS se por ventura minha destreza me trair; procuramos por facilidades,
principalmente em meio a favores de políticos, para que em troca do meu voto me
faça um GOSTO, mesmo NÃO ME IMPORTANDO se o futuro eleito é um grande mal
caráter. Nossos olhos se abrem ao que nos agrada, mas fingem não perceber o que
realmente importa.
Note
que SE IMPORTAR é morrer, é se dar, é pensar no outro e NÃO SOMENTE em mim.
“(…) Mas, se morrer, dará muito trigo. Quem ama a sua vida não terá a vida
verdadeira; mas quem não se apega à sua vida, neste mundo, ganhará para sempre
a vida verdadeira”.
Voltando
aos primeiros exemplos dados no começo dessa reflexão, trazendo a mente o
bucolismo da vida simples e a agitação da modernidade, será que consigo ter o
melhor dos dois mundos? E a resposta é sim!
Aonde
quer que estejamos, saibamos que a coisa mais importante sempre estará do lado
de dentro.
Se
a vida por acaso nos possibilitar abundancia em algum sentido, dividamos com as
pessoas que nos cercam. Nunca deixe de ajudar, a repartir abraços, oferecer
sorrisos, pois a maior virtude de um homem não depende de uma conta financeira
ou do carro que dirige.
“(…)
E disse então ao povo: Guardai-vos escrupulosamente de toda a avareza, porque a
vida de um homem, ainda que ele esteja na abundância, não depende de suas
riquezas” (Lucas 12, 15)
Se
de mais! NÃO SEJA MAIS UM! “(…) Eu afirmo a vocês que isto é verdade: se um
grão de trigo não for jogado na terra e não morrer, ele continuará a ser apenas
um grão”
Um
imenso abraço fraterno
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O Serviço que requer o Rebaixamento
(O comentário do Evangelho
abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora
Consolata – Votorantim – SP)
A palavra Diakonia, do grego, que significa servir, nasceu ainda
em forma embrionária na Igreja primitiva, conforme relato de Lucas em Atos 6.
Muito pouco se fala no Novo Testamento dos sete primeiros Diáconos da nossa
Igreja, a não ser Estevão, o protomártir, e Felipe, que após a expulsão dos
cristãos das sinagogas, saiu pregar na Samaria e depois em outras regiões,
inclusive sendo ele o grande articulador do Cristianismo no mundo grego, pois
neste evangelho de hoje é ele que conduz os gregos até Jesus.
A Diakonia, que começou com o autêntico espírito de serviço, foi
passando por transformações no seio da igreja e entre os séculos seguindo e
terceiro, o Diácono era papel de destaque enquanto principal colaborador do
Bispo, que por aquele tempo era quem presidia a “Fração do Pão”, ou em uma
linguagem de hoje, só o Bispo é que celebrava missa. E assim a diakonia, cada
vez mais foi tendo destaque no serviço do altar e na administração dos bens
terrenos da Igreja e daí a concorrência, a busca de poder, contaminou o
Diaconato que ao final do século IV despareceu por completo da nossa Igreja.
Foi o Concílio Vaticano II que restaurou o Diaconato Permanente
fazendo com que a Diakonia fosse resgatada, deixando de ser apenas um
ministério transitório, para ser um Sinal Sacramental do Serviço. O Diaconato
Permanente é um Sinal Sacramental de todas as diakonias presentes em nossas
comunidades, não há distinção entre a diakonia leiga e a do Diácono, uma supõe
a outra, uma sinaliza e torna a outra autêntica em si mesma.
O evangelho de hoje, portanto, aponta para aquilo que é
essencial no Diaconato: o morrer para si mesmo, esvaziar-se de qualquer
ambição, glória ou poder, servir com alegria, generosidade e grande disposição.
Morrer para si mesmo é não se clericalizar em excesso, não fazer questão de
qualquer honraria ou distinção, por causa do ministério, morrer para si mesmo é
anunciar a Palavra e esquecer-se de si mesmo. Morrer para si mesmo é não olhar
para o Presbítero com um ar inferior, e nem tão pouco olhar para o leigo com um
ar superior.
Morrer para si mesmo é manter a serenidade em toda e qualquer situação,
é ser paciencioso e compreensivo com quem quer que seja, é não fazer uso da sua
autoridade clerical, para dominar, se impor, ou obter qualquer benefício.
Morrer para si mesmo é abrir mão de celebrações da Palavra pomposas, onde se
exalta o próprio ego, é priorizar as comunidades pobres de bairros distantes,
com as quais o Cristo a quem se serve, se identifica mais.
Enfim, o Diaconato é um tesouro inestimável pertencente ao
Senhor, que se permite guardá-lo na insignificância dos modestos vasos de barro,
que são os nossos Diáconos. E que São Lourenço nos ajude a todos quantos
imerecidamente receberam esse Santo Sacramento, a manter incólume tal tesouro,
pertencente ao Senhor, e que refulge o seu maior brilho no amor que se traduz
em serviço, na Dimensão da Palavra, da Liturgia e da Caridade, colunas mestras
que dão sustentabilidade a toda e qualquer Diakonia.
2. Se o grão de
trigo não morre, fica só
São Lourenço, mártir, era arquidiácono do Papa Sisto II. Sete
diáconos administravam os bens da Igreja de Roma. Cuidavam dos necessitados e
dos cemitérios, eram arquivistas, conselheiros, pregadores. Naquele tempo,
havia perseguições contra os cristãos. O Papa Sisto II tinha sido executado com
quatro dos seus diáconos. Alguns dias depois, Lourenço foi preso com a ordem de
entregar ao imperador os bens da Igreja. Apresentou então ao juiz inúmeros
pobres de Roma dizendo: Estes são o tesouro da Igreja. Foi condenado à morte,
queimado sobre uma grelha. O imperador Constantino mandou construir uma
basílica em honra de São Lourenço e o Papa Dâmaso colocou na basílica a
inscrição: “Só a fé de Lourenço conseguiu vencer os flagelos do algoz, as
chamas, os tormentos, as cadeias. Dâmaso suplicante enche de dons estes
altares, admirando os méritos do glorioso mártir”. Os seus restos mortais
repousam na basílica que lhe foi dedicada, de São Lourenço Fora dos Muros. O
sangue dos mártires é semente de cristãos. O grão de trigo caído na terra deve
morrer para produzir muito fruto. Caso contrário ficará só. Lourenço foi um
servo fiel que agora está com o Senhor na glória. Os diáconos são sucessores
daqueles Sete primeiros escolhidos pelos apóstolos para organizarem a vida
prática da comunidade iniciante. Em Roma, foram os cardeais da época, braço
direito do Papa.
ORAÇÃO FINAl
Pai Santo, nós queremos ser neste mundo
sementes do teu Reino de Amor. Dá-nos coragem e força para ficar ao lado dos
irmãos, aliviando suas dores e fazendo nascer neles a certeza de que já estamos
em teus braços misericordiosos, ao lado do Cristo Jesus, teu Filho que se fez
humano como nós e contigo reina na unidade do Espírito Santo.