quarta-feira, 10 de junho de 2020

BOM DIA! BOA TARDE! BOA NOITE! Oração da noite, Oração da manhã e Oração do entardecer - Deus te abençoe!



Oração da Noite

Boa noite Pai.
Termina o dia e a ti entrego meu cansaço.
Obrigado por tudo e… perdão!!
Obrigado pela esperança que hoje animou meus passos, pela alegria que vi no rosto das crianças;
Obrigado pelo exemplo que recebi daquele meu irmão;
Obrigado também por isso que me fez sofrer…
Obrigado porque naquele momento de desânimo lembrei que tu és meu Pai; Obrigado pela luz, pela noite, pela brisa, pela comida, pelo meu desejo de superação…
Obrigado, Pai, porque me deste uma Mãe!
Perdão, também, Senhor!
Perdão por meu rosto carrancudo; Perdão porque não me lembrei que não sou filho único, mas irmão de muitos; Perdão, Pai, pela falta de colaboração e serviço e porque não evitei aquela lágrima, aquele desgosto; Perdão por ter guardado para mim tua mensagem de amor;
Perdão por não ter sabido hoje entregar-me e dizer: “sim”, como Maria.
Perdão por aqueles que deviam pedir-te perdão e não se decidem.
Perdoa-me, Pai, e abençoa os meus propósitos para o dia de amanhã, que ao despertar, me invada novo entusiasmo; que o dia de amanhã seja um ininterrupto “sim” vivido conscientemente.
Amém!!!

Oração da manhã

Bom-dia, Senhor Deus e Pai!
A ti, a nossa gratidão pela vida que desperta, pelo calor que
cria vida, pela luz que abre nossos olhos.
Nós te agradecemos por tudo que forma nossa vida, pela terra, pela água, pelo ar, pelas pessoas. Inspira-nos com teu Espírito Santo os pensamentos que vamos alimentar,as palavras que vamos dizer, os gestos que vamos dirigir,a comunicação que vamos realizar.
Abençoa as pessoas que nós encontramos, os alimentos que vamos ingerir.
Abençoa os passos que nós dermos, o trabalho que devemos fazer.
Abençoa, Senhor, as decisões que vamos tomar, a esperança que vamos promover,a paz que vamos semear,a fé que vamos viver, o amor que vamos partilhar.
Ajuda-nos, Senhor, a não fugir diante das dificuldades, mas a abraçar amor as pequenas cruzes deste dia.
Queremos estar contigo, Senhor, no início, durante e no fim deste dia.
Amém.

Oração do entardecer

Ó Deus!
Cai à tarde, a noite se aproxima.
Há neste instante, um chamado à elevação, à paz, à reflexão.
O dia passa e carregam os meus cuidados.
Quem fez, fez.
Também a minha existência material é um dia que se passa,
uma plantação que se faz, um caminho para algo superior.
Como fizeste a manhã, à tarde e a noite, com seus encantos,
fizeste também a mim, com os meus significados, meus resultados.
Aproxima de mim, Pai, a Tua paz para que usufrua desta
hora e tome seguras decisões para amanhã.
Que se ponha o sol no horizonte, mas que nasça
em mim o sol da renovação e da paz para sempre.
Obrigado, Deus, muito obrigado!
Amém!

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 11/06/2020

ANO A



Jo 6,51-58

Dia de Corpus Christi

Comentário do Evangelho

Para viver plenamente, é preciso uma adesão livre a Jesus, enviado do Pai.

A festa de Corpus Christi é uma festa devocional. Inicialmente, o acento dessa festa era posto sobre as espécies eucarísticas e, particularmente, sobre a hóstia consagrada. Esse aspecto da festa predomina em muitíssimos lugares. No entanto, é preciso superar essa visão, fruto de uma época, para dar à Eucaristia o seu valor eclesial: “a Eucaristia faz a Igreja e a Igreja, Corpo de Cristo (1Cor 12,12-31), faz a Eucaristia”. O mistério pascal de Jesus Cristo é o sustento, o verdadeiro alimento do seu povo em marcha. Os judeus não compreendem o ensinamento de Jesus; as palavras de Jesus são para eles um enigma, pois não conseguem transpor o nível puramente racional e penetrar no sentido da afirmação de Jesus. Para o leitor do evangelho, no entanto, o discurso sobre o pão da vida é uma catequese sobre o sentido da Eucaristia. “Comer a carne” e “beber o sangue” remete a outra realidade, diversa do que primeiramente pode parecer. “Comer a carne” significa acolher, na fé, a existência humana e terrena de Jesus; “beber o sangue” é aceitar que no sacrifício da entrega do Senhor nos é dada a vida. Dito de outra maneira, para viver plenamente, é preciso uma adesão livre a Jesus, enviado do Pai. É pela fé que o discípulo participa da vida do Filho unigênito de Deus. Quem aceita esse alimento espiritual vive em comunhão com o Senhor. A plenitude dessa vida será dada na ressurreição da qual o Senhor nos fez seus herdeiros.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, louvo-te e agradeço-te por nos teres amado tanto, a ponto de oferecer-nos a salvação, por meio de teu Filho, ao qual somos atraídos pela força do teu Espírito.
Fonte: Paulinas em 19/06/2014

Vivendo a Palavra

As palavras de Jesus – Eu sou o Pão da Vida – filtradas pelo crivo da fé, nos enchem de encantamento. Por elas, temos a certeza de que, participando da Ceia Eucarística nós somos Um com o Cristo, isto é, fazemos parte da manifestação da presença do Pai Misericordioso em nós e entre nós.
Fonte: Arquidiocese BH em 19/06/2014

VIVENDO A PALAVRA

Nosso corpo é o meio que temos para comunicar aos irmãos o que somos, fazemos, pensamos e sonhamos. O Corpo de Deus é o jeito do Pai se comunicar conosco. Jesus apresentou o Corpo de Deus sintetizado em um pedaço de pão, que é fruto da terra (representa todo o Universo criado) e do trabalho humano (figura os homens e mulheres de todos os tempos). O Criador está em tudo e em todos, para nos falar de sua Presença cheia de misericórdia.

REFLEXÃO

CORPUS CHRISTI

I. INTRODUÇÃO GERAL

Como que prolongando a atmosfera pascal, atmosfera do mistério de nossa redenção pelo Senhor morto e glorificado, a Igreja quer celebrar de modo mais expressivo o sacramento pelo qual participamos da doação até o fim de seu corpo e sangue, conforme a palavra de Jesus na Última Ceia.
A festa de Corpus Christi não é veneração supersticiosa de um pedacinho de pão nem simplesmente ocasião para procissões triunfalistas pelas ruas. É comprometimento pessoal e comunitário com a vida de Cristo, dada por amor até a morte. É o memorial da morte e ressurreição do Cristo, como diz a oração do dia, mas não é um mausoléu. É memorial vivo, no qual assimilamos em nós o Senhor mediante a refeição da comunhão cristã, saboreando um antegosto da glória futura (cf. a oração depois da comunhão e a bela oração O sacrum convivium, de santo Tomás de Aquino). Merece atenção ainda a oração sobre as oferendas, inspirada naDidaqué e em 1Cor 10,17, utilizando o simbolismo do trigo e da uva reunidos até formarem pão e vinho para exprimir a unidade da Igreja em Cristo. Pois a festa de Corpus Christi é também a festa do seu Corpo Místico, a Igreja, que ele nutre e leva à unidade da mútua doação.

II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

1. I leitura (Dt 8,2-3.14b-16a)

A primeira leitura serve para preparar o reto entendimento do sinal do pão, ao qual o evangelho faz alusão. Já em Dt 8,3, o dom do maná, do “pão caído do céu”, é interpretado num sentido não material, mas teologal: o ser humano vive de tudo que sai (da boca) do Senhor – sua palavra, sua Lei. Ora, a Palavra por excelência é Jesus Cristo. “Foi Deus quem te alimentou no deserto…”: o maná era símbolo da completa dependência de Israel de Javé, no deserto; e também do amor e da fidelidade de Javé. A recordação disso – um jarro com o maná era conservado no santuário (Ex 16,33-34) – serve de guia para a história (Dt 8,2.14). O caminho do deserto era um ensaio de toda a história salvífica, um teste em que Deus quis mostrar seus dons a seu povo, como os continua mostrando (Dt 8,16b). Não provindo da tecnologia humana, o maná significa que o ser humano vive da Palavra e da iniciativa de Deus.

2. II leitura (1Cor 10,16-17)

Na II leitura, Paulo lembra – talvez utilizando algum hino dos primeiros cristãos – que o “cálice da bênção” (beraká, “brinde sagrado”) e o pão repartido na assembleia cristã são participação e comunhão do sangue e do corpo do Senhor. Essa participação, ou “mistério”, faz-nos reviver a doação do Cristo e realizá-la em nossa vida. E essa comunhão do único pão nos torna o único Corpo do Cristo. Na ceia eucarística, comungamos da existência (corpo) e morte (sangue) de Cristo. Sendo uma só essa vida que comungamos, formamos um só corpo também. Dizer isso não é um jogo de palavras: quem despreza o “corpo de Cristo” (a Igreja), ao participar da ceia de seu Corpo sacramentado, exclui-se a si mesmo da comunhão da vida (1Cor 11,29). Quem comunga em Cristo não pode comungar com os ídolos de qualquer tipo (1Cor 10,14), e sabemos que não faltam ídolos de todo tipo em nossa sociedade. Não o consumo de tudo que se nos oferece, mas a comunhão do corpo de Cristo é nossa vocação.

3. Evangelho (Jo 6,51-58)

O evangelho de Corpus Christi é o final do “sermão do Pão da Vida” segundo o Evangelho de João. Depois da multiplicação dos pães, Jesus explicou o sentido do “sinal” que acabou de fazer: ele mesmo é “o pão que desce do céu” como presente de Deus à humanidade (Jo 6,26-50). E, no fim de seu discurso, explicou um sentido mais profundo ainda desse mesmo “sinal”: o sentido que celebramos na eucaristia (6,51-58). Depois de ter explicado ser o verdadeiro maná (cf. I leitura), Jesus pede que também seja tomado como alimento, em todos os sentidos: não só como alimento espiritual (alimentar-se de sua palavra, de seu mandamento e do exemplo de sua vida), mas também como alimento físico, no gesto sacramental. (No texto grego de Jo 6,54 está que devemos “mastigar” sua carne e beber seu sangue. Maior realismo dificilmente se imagina!)
Esse ensinamento, só podem entendê-lo os que têm o Espírito (6,63), os que receberam o “prometido” da Última Ceia e continuam celebrando essa ceia como realização da ordem que Cristo nos legou. Alimentamo-nos de Cristo não somente escutando sua palavra, mas recebendo o dom de sua “carne” (= vida humana) e “sangue” (= morte violenta) dados “para a vida do mundo” (v. 51). Tomando o pão e o vinho da eucaristia, recebemos Jesus como verdadeiro alimento e bebida. A sua vida, dada para a vida do mundo, até a efusão de seu sangue, torna-se nossa vida, para a eternidade.
Esse texto é, portanto, o ensinamento eucarístico de João. Não se encontra no contexto da Última Ceia, como nos evangelhos sinóticos, mas no contexto da multiplicação do pão. Esse contexto permite mostrar melhor, por contraste, o sentido profundo, “espiritual”, que Jesus quer revelar pelo “sinal do pão”. Se, para os judeus, que pensam no maná mediado por Moisés, o “pão do céu” significa um alimento material (Jo 6,30-34), para Jesus, significa o dom de Deus que desce do céu e é ele mesmo, em pessoa (6,35-50), especialmente no dom do céu que é “sua carne (= existência humana) para a vida do mundo” (6,51; cf. a fórmula paulina da instituição da eucaristia: “meu corpo por vós” [1Cor 11,23]). Graças a esse dom, podemos ter em nós a vida que ele nos traz, a vida que não é deste mundo, mas de Deus mesmo, a vida eterna (literalmente: “a vida do século [vindouro]”). Devemos assimilar em nós a existência de Cristo por nós, sua “pró-existência” (existência para os outros). Essa assimilação se dá pela fé, pela adesão existencial, pela qual reconhecemos a verdade de Jesus e conformamos nossa vida com a sua. O sinal sagrado, o sacramento disso, é: comer realmente o pão que é sua “carne” e beber o vinho que é seu sangue. A “carne” é a existência humana, carnal, mortal; o sangue é a vida derramada na morte violenta. É isso que devemos assimilar em nós pelos sinais sagrados. A essas realidades devemos aderir na fé assinalada pelo sacramento. Devemos “engolir” Jesus bem assim como ele foi: dado radicalmente, até a morte sangrenta. Realizando autenticamente esse sinal, teremos a vida divina que ele nos comunica.

III. DICAS PARA REFLEXÃO: Eucaristia e comunhão

Depois da multiplicação dos pães, Jesus deu a entender que ele mesmo é “o pão que desce do céu” como um presente de Deus à humanidade. No fim dessa explicação, eclode o sentido mais profundo do “sinal”, o sentido que celebramos na eucaristia: alimentamo-nos de Cristo não somente escutando sua palavra, mas recebendo o dom de sua “carne” (= vida humana) e “sangue” (= morte violenta) dados “para a vida do mundo” (Jo 6,51). Tomando o pão e o vinho da eucaristia, recebemos Jesus como verdadeiro alimento e bebida. A sua vida, dada para a vida do mundo, até a efusão de seu sangue, torna-se nossa vida, para a eternidade.
Celebrar é tornar presente. Receber o pão e o vinho da eucaristia significa assumir em nós mesmos a vida a todos nós dada por Jesus até morrer, em corpo e sangue. Significa “comunhão” com essa vida, viver do mesmo jeito. E significa também comunhão com os irmãos, pelos quais Cristo morreu (“um só pão”, como diz a II leitura).
Na oração eucarística celebrada no contexto da fé, quando o sacerdote invoca o Espírito Santo e pronuncia sobre o pão e o vinho as palavras de Jesus na Última Ceia, Jesus se torna presente, dando-nos seu corpo e sangue, sua vida dada em amor até o fim. Quando então recebemos o pão e o vinho, entramos em comunhão com a vida, a morte e a glória eterna de Jesus e também com os nossos irmãos, que participam da mesma comunhão.
Na eucaristia, torna-se presente o dom da vida de Cristo para nós. Mas a eucaristia se torna fecunda apenas pelo dom de nossa própria vida, na caridade e solidariedade radical. Para que o pão eucarístico realize a plenitude de seu sentido, é preciso resgatar o pão cotidiano da “hipoteca social” que o torna sinal de conflito, de exploração, de desigualdade, de “anticomunhão”. Quando, ao contrário, o pão cotidiano significar espontaneamente comunhão humana, e não suor e exploração, o sentido de comunhão do pão eucarístico será mais real. Por isso, antes de falar da eucaristia, Jesus providenciou o pão comum…

Pe. Johan Konings, sj
Nascido na Bélgica, reside há muitos anos no Brasil, onde leciona desde 1972. É doutor em Teologia e mestre em Filosofia e em Filologia Bíblica pela Universidade Católica de Lovaina. Atualmente é professor de Exegese Bíblica na Faje, em Belo Horizonte. Dedica-se principalmente aos seguintes assuntos: Bíblia – Antigo e Novo Testamento (tradução), evangelhos (especialmente o de João) e hermenêutica bíblica. Entre outras obras, publicou: Descobrir a Bíblia a partir da liturgia; A Palavra se fez livro; Liturgia dominical: mistério de Cristo e formação dos fiéis – anos A-B-C; Ser cristão; Evangelho segundo João: amor e fidelidade; A Bíblia nas suas origens e hoje; Sinopse dos Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas e da “Fonte Q”.
Fonte: Vida Pastoral em 19/06/2014

Reflexão

Corpus Christi - O PÃO QUE VEM DO CÉU

Jesus, no evangelho desta solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, apresenta-se como o “pão descido do céu”. É o pão eucarístico que comungamos nas missas e é a palavra de Deus, a mensagem do Pai que nos alimenta toda vez que participamos da eucaristia e da celebração da Palavra. O pão da eucaristia e o pão da Palavra são o alimento de todo cristão.
Logo a seguir, escandalizando as autoridades judaicas, Jesus diz que sua própria carne é para ser comida e seu sangue é para ser bebido. Todo alimento que ingerimos é assimilado, torna-se parte de nós, transforma-se em nossa própria carne. Alimentar-se de Jesus é identificar-se com ele. Comer a carne e beber o sangue de Jesus é deixar-nos transformar em novos cristãos, é ser fermento e sal no meio da sociedade, é permitir que Cristo se encarne em nós e o nosso viver passe a refletir a vida dele. Isso, porém, não acontece de forma mágica.
Cristo se oferece a nós como alimento e como bebida para saciar nossa fome e sede de justiça, paz e amor.
Santo Tomás diz que Cristo ofereceu “seu corpo a Deus Pai como sacrifício no altar da cruz para nossa reconciliação; seu sangue, ele o derramou ao mesmo tempo como preço do nosso resgate e purificação de todos os nossos pecados. A fim de que permanecesse para sempre entre nós o memorial de tão imenso benefício, sob as aparências do pão e do vinho, deixou o seu corpo como alimento e o seu sangue como bebida”.
A solenidade do Corpo e Sangue de Cristo é a festa do pão eucarístico e do pão que alimenta dia a dia a vida de todo ser humano. Cristo é o pão descido do céu; dádiva celeste é também o pão como símbolo do alimento cotidiano, não porque cai do céu de forma mágica, mas porque para as famílias é uma bênção ter diariamente o alimento nas mesas. Cristo é pão não apenas porque se apresenta como tal, mas porque alimentou o povo faminto e nos ensinou ser a partilha o grande milagre que não deixa ninguém passar fome.
Pe. Nilo Luza, SSP
Fonte: Paulus em 19/06/2014

REFLEXÃO

I – Deus dá-Se por inteiro

Existindo desde toda a eternidade, a Trindade não necessitava da criação. Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo bastavam-Se inteiramente, desfrutando de uma felicidade perfeita, infinita. Nisso consiste a glória intrínseca e insuperável das Três Divinas Pessoas. No entanto, ao criar, Deus quis tornar as criaturas partícipes de sua felicidade, e estas, ao se assemelharem ao Criador Lhe renderiam a glória extrínseca, cumprindo assim a finalidade mais alta de seu ser. Foi, pois, a criação um ato de doação, de entrega e de generosidade supremas1, requintado depois com a Encarnação do Verbo, quando Deus sujeitou-Se a assumir a pobre natureza humana a fim de nos remir do pecado de nossos primeiros pais.

O Homem-Deus haveria de prolongar sua presença na Terra

Mas o incomensurável amor de Deus por nós não se limitou a isso. Para nos abrir as portas do Céu, chegou a padecer dolorosa Paixão, morrer na Cruz e ressuscitar. E o teria feito, se preciso fosse, para resgatar um único homem. Ora, cabe-nos perguntar: depois de manifestar esse inacreditável amor por nós, haveria Ele de simplesmente subir aos Céus e abandonar o convívio com os homens cuja redenção tão caro Lhe custou? Seria possível imaginar, depois de tal união conosco, haver essa irremediável separação?
A maravilhosa solução para esse perplexitante problema só a Deus poderia ocorrer. Comenta belamente, a este propósito, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira:
“Não quero dizer que a Redenção e o sacrifício da Cruz impusessem a Deus, em rigor de lógica, a instituição da Sagrada Eucaristia. Mas pode-se dizer que tudo clamava, tudo bradava, tudo suplicava por que Nosso Senhor não Se separasse assim dos homens. E uma pessoa com senso arquitetônico deveria entrever que Nosso Senhor arranjaria um meio de estar sempre presente, junto a cada um dos homens por Ele remidos. De forma tal que, depois da Ascensão, Ele estivesse sempre no Céu, no trono de glória que Lhe é devido, mas ao mesmo tempo acompanhasse passo a passo a via dolorosa de cada homem aqui na Terra, até o momento extremo em que cada um dissesse, por sua vez, o ‘Consummatum est’ (Jo 19, 30)”.2
E conclui com esta piedosa confidência: “Creio que se eu assistisse à Crucifixão e soubesse da Ascensão, ainda que não soubesse da Eucaristia, eu começaria a procurar Jesus Cristo pela Terra, porque não conseguiria me convencer de que Ele tivesse deixado de conviver com os homens. Esse convívio verdadeiramente maravilhoso de Jesus Cristo com os homens se faz, exatamente, por meio da Eucaristia”.3
O fato de Deus ter operado a Criação para dar-Se a Si mesmo já nos enche de admiração. Muito mais, porém, é Ele ter assumido a natureza humana para, por sua morte, propiciar-nos o infinito dom da vida sobrenatural e abrir-nos as portas do Céu. Contudo, levar o amor a ponto de dar-Se aos homens em alimento, supera qualquer capacidade de imaginação! Pode-se dizer com propriedade que o ápice dessa doação, se encontra no Sacramento da Eucaristia.

Aparente simplicidade da Santa Ceia

Como se deu a instituição do mais excelente e sublime dos Sacramentos, o fim para o qual se ordenam todos os outros?4
Na aparência, de um modo muito simples. Para os Apóstolos, tratava-se de uma ceia rotineira, celebrada todo ano pelos judeus segundo o multissecular rito indicado com detalhes por Deus a Moisés e Aarão, como algo a ser perpetuado de geração em geração (cf. Ex 12, 1-14). Ela lembrava aos judeus a Páscoa do Senhor, a morte dos primogênitos do Egito e a travessia do Mar Vermelho. Os discípulos estavam, portanto, com a ideia de uma simples rememoração religiosa quando de fato se realizaria no Cenáculo o que fora prefigurado na Antiga Lei: o sacrifício de animais cederia lugar ao holocausto do Cordeiro Divino que em breve seria imolado no altar da Cruz, para nossa salvação. As vítimas materiais simbolizavam o corpo de Cristo, e este seria ao mesmo tempo sacerdote e vítima no Novo Sacrifício, eterno e de valor infinito.
Segundo relatam os Evangelistas, depois de Jesus instituir a Eucaristia e dar a Comunhão aos Apóstolos, eles cantaram os salmos e saíram para o Monte das Oliveiras (cf. Mc 14, 26; Mt 26, 30). Constituíam esses salmos o poema de ação de graças intitulado Hallel — “Louvai a Javé” —, próprio da liturgia hebraica para a celebração da Páscoa5 e especialmente simbólico naquela circunstância: enquanto uns davam graças por terem comungado, o Messias rendia louvores ao Pai pela instituição da Eucaristia, que representava a concretização do anseio manifestado no início da Sagrada Ceia: “Desejei ardentemente comer convosco esta ceia pascal, antes de padecer” (Lc 22, 15).
Se soubessem com antecedência a grandeza do que seria instituído naquele dia — não só a Eucaristia, mas também o Sacerdócio —, é de se supor que os Apóstolos teriam preparado uma cerimônia à altura. Mas, naquele momento, quem tinha noção do que estava se passando?

II – Maria e a Eucaristia

Apenas Maria Santíssima tinha consciência da sublimidade da hora, pois é compreensível ter-Lhe Nosso Senhor revelado o que iria acontecer. Por quê?

Durante nove meses, operou-se em Maria a Transubstanciação

Tendo Maria recebido do Arcanjo Gabriel a Anunciação, o Espírito Santo A cobriu com sua sombra e iniciou-se o misterioso processo de gestação do Deus encarnado. Bem se pode dizer que, durante nove meses, a cada segundo n’Ela como que se celebrava uma Santa Missa.
Com efeito, no instante em que a alma de Jesus foi criada, fez Ele seu primeiro ato de adoração ao Pai, acompanhado de um perfeitíssimo oferecimento de Si mesmo como vítima; ou seja, realizou uma ação sacerdotal como Sumo Sacerdote “santo, inocente, sem mancha, separado dos pecadores e elevado acima dos céus” (Hb 7, 26). E para esse sublime sacrifício não havia na face da Terra altar mais digno do que o claustro virginal de Nossa Senhora. Por nove meses, viveu Ela no mais íntimo contato com Jesus, numa relação única na ordem do criado: tendo oferecido o seu corpo imaculado a Deus, Este tomava os elementos maternos e os transubstanciava; quer dizer, eles tornavam-se divinos a partir do momento em que passavam a integrar o corpo de Jesus.
E pensar que esse grandioso mistério não se teria realizado sem o consentimento da Virgem: “Faça-se em Mim segundo a vossa palavra”! (Lc 1, 38).
Assim, à medida que se formava o corpo do Menino em seu seio virginal, Maria tudo conferia em seu coração e ia explicitando, maravilhada, a fisionomia física e moral de seu Filho. Este, de seu lado, assumia cada vez mais o ser da Mãe e A ia divinizando. De fato, pela maternidade divina, “a Bem-aventurada Virgem Maria chegou aos confins da divindade”.6 Concebida em graça, Ela era verdadeiramente “o Paraíso terrestre do novo Adão”.7

O anseio de Maria por reviver esses momentos

Completados os dias e tendo Jesus nascido, que alegria não terá sentido a Virgem Santa ao segurar em seus braços aquele Menino gestado em seu seio, constatando como Ele correspondia ao que Ela, em sua inocência, imaginara! Não é possível fazer ideia da sublimidade da primeira troca de olhares entre Mãe e Filho. Quanta coisa foi dita sem articular palavra alguma! Olhar este talvez superado apenas por um outro: o último olhar de Jesus para sua Mãe, do alto da Cruz. Contudo, de outro lado, que saudades deveria Ela sentir do relacionamento, ao mesmo tempo inefável e misterioso, havido durante o tempo em que ia sendo formado em seu claustro o Corpo de Cristo!
O anseio santíssimo e equilibradíssimo d’Ela de receber novamente Jesus em seu interior com certeza foi crescendo8 a ponto de nesse desejo Ela comungar espiritualmente a todo instante. Portanto, seria arquitetônico que em certo momento Nosso Senhor tivesse revelado a instituição da Eucaristia9 a Quem é o modelo perfeito dos adoradores de Jesus-Hóstia. Porque, sem dúvida, os atos de amor eucarístico da Virgem Maria deram mais glória a Deus do que todas as honras prestadas ao Santíssimo Sacramento pelos anjos e homens ao longo da História, uma vez que somente Ela O compreendeu, amou e adorou adequadamente.

III – Grandeza do Mistério da Eucaristia

Com efeito, é a Eucaristia um dos mais profundos mistérios da nossa Fé: as aparências, os sabores e os aromas são de pão e de vinho; porém, tanto numa como noutra espécie, encontramos apenas a substância do Corpo, Sangue, Alma e Divindade Não é possível fazer ideia da sublimidade da primeira troca de de Cristo! Os sentidos nos olhares entre Mãe e Filho apresentam uma realidade, mas nossa Fé nos propõe “Virgem com o Menino Jesus” - Igreja de Notre Dame de Auteil (França) outra, na qual acreditamos.
Se, segundo ensina São Tomás, “o bem da graça é, para o indivíduo, melhor que o da natureza de todo o universo”10, o que dizer da menor fração visível de uma hóstia consagrada? Ali está o próprio Cristo. Não se trata de uma gota de graça, mas sim do próprio Autor da graça. Portanto, é algo cujo valor supera toda a criação, incluindo a ordem da graça. Juntemos as graças que os anjos e os homens receberam e ainda receberão, mais as existentes no mais alto grau em Nossa Senhora, e todas elas somadas não se comparam ao que há numa partícula consagrada: a recapitulação do Universo (cf. Ef 1, 10) numa aparência de pão! A grandeza contida neste Sacramento é inexprimível em linguagem humana. Tudo quanto há na criação foi promovido por Deus em ordem a Jesus Cristo, e o supremo ato de amor d’Ele pelos homens consistiu na instituição da Eucaristia para proporcionar-nos uma extraordinária forma de união pessoal com o Verbo Encarnado. Às palavras da Consagração, pronunciadas pelo sacerdote, o próprio Deus obedece, e se realiza o maior milagre da face da Terra. Por essa maravilha, bem podemos avaliar o quanto Ele nos ama de maneira incomensurável.

O Santíssimo Sacramento embeleza a alma

Qualquer um pode comprovar como as plantas expostas aos raios solares ostentam uma exuberância, uma beleza e uma vitalidade que elas não têm estando à sombra. Uma grande diferença, devida apenas ao esplendor do Sol.
Ora, se a natureza é embelezada dessa maneira pela luz solar, que admiráveis benefícios não deve proporcionar à alma o raio espiritual emanado diretamente do Deus Escondido? Muito mais benéfica é a Eucaristia para nossa alma do que o Sol para nosso organismo corporal. Tendo algumas faltas ou misérias — veniais evidentemente, porque com pecado mortal não se pode comungar —, está a pessoa obrigada a afastar-se de Jesus Eucarístico? Não. Pelo contrário, deve aproximar-se d’Ele ao máximo. Não fugir de Jesus, mas abrigar-se n’Ele, porque assim ela será purificadas dessas misérias, e sua alma sairá aperfeiçoada.11 Nossos olhos corporais não conseguem, infelizmente, contemplar tais mudanças. Santa Catarina de Sena desejando conhecer o esplendor de uma alma habitada pela graça divina, ouviu dos lábios do próprio Jesus esta declaração: “Minha filha, se Eu te mostrasse a beleza de uma alma em estado de graça, seria a última coisa que verias neste mundo, porque o esplendor de sua formosura te faria morrer”.12
De fato, a graça ao divinizar a alma, a torna tão bela e atraente que, se nos fosse possível vê-la, teríamos a tendência de adorá-la, imaginando que fosse Deus. Fortalecendo todas as suas potências, nutrindo-a com inspirações santas e com impulsos de amor, Jesus-Hóstia faz com que a alma pervadida pela graça se assemelhe cada vez mais a Ele.13 Por isso, quando vemos as maravilhas operadas pelos homens de Deus, podemos estar certos de que elas provêm muito mais da Eucaristia, da qual são devotos, do que de eventuais qualidades pessoais.
Além desses sublimes benefícios produzidos na alma pela Eucaristia, devemos considerar que, apesar de nossas limitações ou até imperfeições, Nosso Senhor tem saudades de nós, e quer nos aproximar d’Ele, pois encontra as suas “delícias em estar com os filhos dos homens” (Pr 8, 31). Com muita propriedade, encontra-se em algumas capelas do Santíssimo Sacramento a expressiva frase de Santa Marta à sua irmã: “Magister adest et vocat te” — “O Mestre está aqui e te chama” (Jo 11, 28). Quando entramos no recinto sagrado para fazer-Lhe uma visita, Jesus-Hóstia nos acolhe com alegria, como que dizendo: “Aqui está o meu filho! Há quanto tempo Eu não o via... Venha!”. De fato, nosso Redentor nos ama tanto que, por maiores que sejam nossas misérias, Ele Se alegra em nos ver.

Energia para enfrentar as dificuldades

Muitas são as conjunturas nas quais a pessoa se sente anêmica espiritualmente: ocasiões próximas de pecado que se apresentam, ou circunstâncias favorecedoras de um depauperamento espiritual, enfim, inúmeras situações que podem dessorar a fortaleza de alma. Onde então recuperar energias? Na Eucaristia. Disso nos dá exemplo — entre outros incontáveis santos — São Tomás de Aquino. Nas primeiras horas da manhã, ele celebrava sua Missa e em seguida assistia à de outro frade.14 Segundo consta, gostava inclusive de acolitar as Missas de seus irmãos de hábito. “Falando sobre os Sacramentos — disse recentemente o Papa Bento XVI —, o grande São Tomás reflete de modo particular sobre o Mistério da Eucaristia, pelo qual alimentou uma enorme devoção, a tal ponto que, segundo os antigos biógrafos, costumava aproximar a sua cabeça do Tabernáculo, como que para sentir palpitar o Coração divino e humano de Jesus”.15

Permanência dos efeitos da Eucaristia

Às vezes, cometemos o equívoco de pensar que, quando comungamos, Jesus Cristo mantém-Se presente em nós apenas nos cinco ou dez minutos de duração das espécies eucarísticas. Trata-se de uma realidade espiritual muito mais profunda. De fato, mesmo após cessar a presença real de Nosso Senhor “a graça permanece na alma que comunga, porque ela recebeu em estado de graça o Pão da Vida”, afirma Santa Catarina de Sena.16
Na Comunhão é Cristo que “nos diviniza e transforma em Si mesmo. “Consumidos os acidentes do Na Eucaristia alcança o cristão sua máxima ‘cristificação’” pão”, disse-lhe Nosso Senhor em uma revelação, “deixo em vós a marca de minha graça, como o selo aplicado sobre a cera quente. Tirando o selo, fica nela sua marca. Assim, resta na alma a virtude desse Sacramento, ou seja, mantém-se o calor da divina caridade, clemência do Espírito Santo. Continua em vós a luz da sabedoria de meu Filho Unigênito, que ilumina os olhos de vossa inteligência para que conheçais e vejais a doutrina de minha verdade e dessa mesma sabedoria”.17

Um alimento que assume quem o toma

Quando comemos, nosso organismo assimila os alimentos ingeridos, deles retirando as substâncias úteis para a vida. Mas, ensina-nos a Teologia, quando comungamos passa-se o contrário: é Cristo que “nos diviniza e transforma em Si mesmo. Na Eucaristia alcança o cristão sua máxima cristificação, em que consiste a santidade”.18 Não O consumimos, pois Ele cessa a sua presença sacramental em nós a partir do momento em que as Sagradas Espécies deixarem de subsistir. Estando em nós, Ele nos enche de vida sobrenatural, santifica nossa alma e beneficia em consequência nosso corpo.
Por essa razão, o próprio Jesus, como nos narra o Evangelho desta Solenidade, ressalta a substancial diferença entre o maná recebido pelos judeus no deserto e o alimento trazido por Ele na Eucaristia: “Este é o pão que desceu do Céu. Não é como aquele que os vossos pais comeram. Eles morreram. Aquele que come este pão viverá para sempre” (Jo 6, 58).

Penhor da ressurreição para a vida eterna

“Pela Santa Comunhão renova-se de certo modo o augusto mistério da Encarnação”19, afirma com autoridade São Pedro Julião Eymard. O padre Royo Marín é mais afirmativo: na alma de quem acaba de comungar, diz ele, “o Pai engendra seu Filho Unigênito, e de ambos procede essa corrente de amor, verdadeira torrente de chamas, que é o Espírito Santo”.20 Em virtude da união eucarística, a alma do fiel se torna “mais sagrada que a custódia e o cálice, mais até que as próprias espécies sacramentais, que certamente contêm a Cristo, mas sem tocá-Lo e sem receber d’Ele qualquer influência santificadora”.21 E por isso, quem comunga recebe graças para bem viver de acordo com os Mandamentos e depois ter o prêmio da ressurreição com o corpo glorioso: “Aquele que come este pão, viverá para sempre” (Jo 21, 58).

IV – Saibamos retribuir sem medidas

Infelizmente, muitas vezes não avaliamos com profundidade todos os benefícios recebidos nesse sacral convívio com a Eucaristia na qual nosso Divino Redentor está realmente presente como quando operou a transformação da água em vinho nas bodas de Caná, ou quando ressuscitou Lázaro, ou ainda quando expulsou os vendilhões do Templo. O que não daríamos para presenciar um único milagre de Jesus ou ouvir algum de seus sermões? Ou mesmo receber d’Ele um só olhar? Quando chegarmos ao Céu, se Deus nos conceder essa suprema graça, compreenderemos que um instante de adoração eucarística compensa mil anos de sacrifícios na Terra.
E, no entanto, hoje temos Jesus-Hóstia nos tabernáculos sempre à nossa disposição; a qualquer momento Ele lá está nos aguardando com insignes graças, desejoso de receber nossa pobre visita. Se na Encarnação Deus quis Se unir à mais pura das criaturas, na Santa Comunhão Ele celebra suas bodas com cada pessoa em particular, numa união sem paralelo. “A alma une-se de tal forma a Jesus Cristo que perde, por assim dizer, seu próprio ser e deixa viver tão-somente Jesus nela”.22 Perde-se em Nosso Senhor como uma gota d’água no oceano. E a correspondência de nosso amor tornará mais perfeita e profunda essa união.
Peçamos a Jesus Sacramentado, nesta festa da Eucaristia, um amor íntegro e uma entrega total a Ele, única restituição digna por tudo quanto d’Ele recebemos. E transbordemos de alegria e de entusiasmo por sermos tão amados individualmente por um Deus que já nesta vida é a nossa “recompensa demasiadamente grande” (Gn 15, 1).
Mons. Clã Dias
Fonte: Liturgia da Palavra em 19/06/2014

Reflexão

O ser humano necessita do alimento para sustentar a vida; sem comida e sem bebida, a pessoa não sobrevive por muito tempo. Jesus se apresenta no evangelho de hoje como “o pão vivo que desceu do céu”. Ele, Palavra encarnada, conscientiza-nos de que o ser humano não vive somente de pão material, mas necessita também de outro alimento. Comer a carne e beber o sangue dele é inebriar-se de sua mensagem e de suas propostas de vida digna e comprometer-se com a vida concreta das pessoas. Isso significa incorporar Cristo em nossa vida do dia a dia. A oferta de sua carne e seu sangue simboliza a doação total da própria vida. Jesus utilizou o símbolo do pão para mostrar uma realidade mais profunda, além do aspecto físico. É justamente num pedaço de pão que ele quis eternizar-se na Igreja e na humanidade. Ele veio não para dar “coisas”, mas dar-se a si mesmo. O pão oferecido contém sua própria entrega: seu corpo é “corpo entregue”, seu sangue é “sangue derramado”.
Oração
Ó Jesus, pão vivo que desceu do céu, o mistério de tua morte na cruz realiza-se hoje na celebração eucarística: entregas a tua vida, a fim de alimentar a nossa vida. Queres estabelecer íntima comunhão com cada um de nós. Senhor, vem nos sustentar também com o vigor de tua Palavra. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2020 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp (dias de semana) Pe. Nilo Luza, ssp (domingos e solenidades))

Recadinho

Como é sua fé? - Que lugar ocupa a Eucaristia em sua vida? - O que você mais pede a Deus? - Você se dirige frequentemente a Deus? Como? - Que lugar ocupam as coisas de Deus em sua vida?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 - Santuário Nacional em 19/06/2014

Comentário do Evangelho

A Festa de Corpus Christi foi instituída pelo papa Urbano IV em 11 de agosto de 1264, em vista de destacar a dimensão sacramental que a tradição romana associou à última ceia de Jesus, já celebrada na semana santa.
A ceia é um momento de alegria, partilha e comunhão. Descartando a manducação do cordeiro pascal, Jesus apresenta-se como o pão que dá a vida, e o vinho que alegra a todos, inaugurando a nova celebração do Reino de Deus. A Eucaristia é a celebração da comunidade viva, animada pelo Espírito, unida em torno de Jesus, empenhada em cumprir a vontade do Pai, que é vida para todos.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Senhor Jesus Cristo, neste admirável sacramento, nos deixastes o memorial da vossa paixão. Dai-nos venerar com tão grande amor o mistério do vosso Corpo e do vosso Sangue, que possamos colher continuamente os frutos da vossa redenção. Vós, que sois Deus com o Pai, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Dom Total em 19/06/2014

Meditando o evangelho

O VERDADEIRO ALIMENTO

As palavras de Jesus quanto a “comer a sua carne” e “beber o seu sangue”, causaram dúvidas em seus adversários e até em seus discípulos. O linguajar do Mestre pareceu-lhes duro e exagerado. Quem, em sã consciência, podia fazer tal afirmação? Jesus foi taxativo. Falava, claramente, em mastigar a sua carne e ingerir o seu sangue, no sentido material, e não em sentido figurado. Daí o mal-entendido.
Entretanto, o bom entendedor – o cristão iniciado na doutrina de Jesus – sabe perfeitamente que se tratava do sacramento da Eucaristia. A comunidade que celebra  “come o corpo de Cristo” e “bebe o sangue de Cristo”, sob a figura do pão e do vinho. Este gesto, no entanto, tem como efeito gerar uma verdadeira comunhão de vida entre Jesus e o discípulo. Assim como comer e beber tornam o alimento e a bebida parte do organismo humano, ao serem assimilados, o mesmo acontece, quando se participa da Eucaristia: por meio dela, o discípulo entra na mais profunda comunhão com Jesus ressuscitado, tornando-se uma só coisa com ele.
Somente quem participa da comunidade cristã experimenta esta comunhão com o Senhor. Ninguém celebra a Eucaristia sozinho. Vivendo em comunhão com os irmãos e irmãs de fé, os discípulos, pela Eucaristia, têm garantida a vida eterna, que brota do Ressuscitado.
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total).
Oração
Pai, faze que eu entenda cada vez mais o sentido da Eucaristia, sacramento de comunhão transformadora com o teu Filho Jesus. Que ela seja, para mim, fonte de vida eterna.

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. CORPUS CHRISTI
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Claro que não temos na Hóstia Consagrada o Jesus Histórico, mas sua presença é real na Eucaristia, não é uma simples lembrança, um mero simbolismo, mas o Pão e o Vinho passam a ser acidente, pela transfiguração transformam no Corpo e Sangue do Senhor.
Certa ocasião, uma Senhora disse ao Sacerdote, "Sabe Padre, eu queria tanto ter a graça de constatar um milagre da Eucaristia, mas parece que Deus me acha indigna desse milagre"
O Sacerdote foi sábio em sua resposta "Quem precisa de um milagre assim, é porque falta-lhe a Fé, basta sabermos que o Senhor está ali na brancura da Hóstia e isso nos basta".
Comer a carne de alguém parece ser algo tão repugnante, todas as culturas rejeitam o canibalismo, beber o sangue de alguém vai nessa mesma linha, é algo repugnante.... Mas...
Na Eucaristia se torna presença real de um Deus que em Jesus se entrega, se rebaixa mais uma vez, tornando-se um pedaço de pão, para fazer parte da nossa vida, para ser uma extensão do nosso Ser e permitir-se também ser Ele uma extensão do nosso. Que maravilhoso mistério, Deus e homem unidos em uma só carne, Humano e Divino tão juntos que é impossível distinguir onde está um e onde está outro.
Eucaristia é a junção de duas coisas totalmente opostas, a riqueza e a Poderosa Graça de Deus, misturando-se as nossas misérias, ou nas palavras de João: é Deus armando a sua tenda, ao lado do nosso barraco, da nossa favela. É quase que a Encarnação de Jesus, acontecendo em nossa Vida, a encarnação do Germe Divino no Ventre de Maria, ecoando em nós na Comunhão Eucarística.
Precisamos nos dias de hoje ter um cuidado com o modo como vemos a Eucaristia, claro que devemos adorá-la no Ostensório, mas que não fique apenas nisso. Esse Jesus que adoramos e damos a público o testemunho da sua real presença na Festa de Corpus Christi, deve fazer parte da nossa vida, deve estar no mais íntimo de nós, deve ser o sentido maior da nossa existência. Senão, caímos na comparação da Dona Gertrudes, da nossa equipe de reflexão "Quem adora a Eucaristia, mas não comunga, é como a pessoa que vai na padaria, olha a vitrine os doces e bolos saborosíssimos, e depois vai embora com água na boca, sem experimentar nada daquelas guloseimas. Jesus, antes de ser adorado, quer ser comungado, o Ostensório mais esplendoroso que Ele deseja estar sempre, é no coração humano dos que o aceitam e Nele crêem ...
E não se confunda a Eucaristia com um belo troféu para quem tem uma moral inabalável e pratica todas as virtudes. Nosso “Papa Francisco escreveu na sua primeira Encíclica “Evangelium Gaudio” que a Eucaristia é o alimento dos Fracos”.

2. Eu sou o pão vivo que desceu do céu - Jo 6,51-58
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Experimente ler todo o capítulo sexto do Evangelho de São João. Faça-o hoje, que é feriado de Corpus Christi. É o grande sermão do pão. Jesus é o Pão da Vida, que alimenta o ser humano. Ele alimenta na sua palavra e no sacramento. O sacramento é feito de palavras e de matéria. Neste sacramento as palavras são as da consagração sobre o pão e o vinho no contexto da celebração da Santa Missa. Ao terminar o sermão do pão, Jesus disse que sua carne é verdadeira comida e seu sangue, verdadeira bebida. Por que teve que dizer duas vezes “verdadeira”? Para dar força à nossa fé, para a superação da fraqueza e das dúvidas. Os sentidos podem duvidar, assim como a ciência, e até mesmo a ignorância. Era preciso dizer com força o que era verdade: “Minha carne é verdadeira comida e meu sangue é verdadeira bebida”.

HOMILIA

Meditação da Solenidade de Corpus Christi

Amados irmãos e irmãs em Cristo, o pão vivo descido do céu!
Estamos reunidos em torno da mesa da Palavra e do Santo Sacrifício para fazer memória do Senhor e de sua presença mais real e íntima dentro de nós – a Eucaristia.
A Igreja reserva um dia belíssimo como este para proclamar publicamente a fé na Eucaristia – Corpo e Sangue de Jesus. Neste dia santo e de guarda somos todos os felizes convidados para a ceia do Senhor que também nos convida a estendermos em nossas vidas o mistério celebrado!
Uma das funções ou necessidades mais fundamentais do ser humano é comer e beber! Sem esta condição a vida não pode ser mantida! Quanto mais no deserto onde a escassez de alimento e bebida é intensa. Nesta experiência, o povo de Deus é lembrado da presença e do auxílio de Deus que o libertou, conduziu, instruiu, alimentou, mas também o pôs à prova em sua fidelidade à aliança estabelecida. Quando necessário, por se tratar de um povo de coração fechado e cabeça dura, também o humilhou entregando-o à própria sorte. Entretanto a imagem mais marcante é a memória do povo que é alimentado no deserto com o maná (pão que caía do céu!) pelo próprio Senhor!
A experiência de alimentar-se é necessariamente uma atividade coletiva e porque não dizer comunitária. Como é triste alguém comer sozinho, parece até que o alimento não tem sabor nem a refeição o seu sentido. São Paulo Apóstolo nos lembra que a nossa refeição eucarística no corpo e sangue de Cristo é comum união com o próprio Senhor e com os irmãos também!
Nesta solenidade o Senhor apresenta-se para nós como “o pão vivo descido do céu” (Jo 6,51), sua carne, verdadeira comida e seu sangue, verdadeira bebida são o alimento que nos revigora e nos forma enquanto discípulos-missionários. É o alimento da vida eterna, onde pela fé os nossos sentidos são orientados e ordenados para percebermos no pão e no vinho, eucaristizados, o “pannis angélicus” – o pão dos anjos que se tornou pão dos homens que em sua grande riqueza tornou-se pobre para nos enriquecer e nos alimentar. Comendo e bebendo com o Senhor, permanecemos n’Ele, sua vida divina permanece em nós e nos tornamos no alimento que recebemos para a vida do mundo.
Por tratar-se de uma “refeição festiva” ninguém deve ficar de fora, porém nós temos que avaliar bem se estamos de fato condizentes com o que vamos receber, não por causa de nós mesmos, mas pelo que recebemos – o próprio Senhor. É claro que estaremos sempre aquém, em dignidade; entretanto, o alimento sagrado que recebemos deve ser para a nossa salvação e não para ser motivo de condenação.
No coração da Igreja existe uma profunda dor pelos filhos e filhas que estão privados da comunhão eucarística, por alguma restrição pessoal, contudo será muito útil, pastoralmente, indicar a comunhão na Palavra (Proclamada e Explicada), pois é o próprio Senhor quem nos alimenta, como também na comunhão espiritual onde o nosso coração se une misteriosamente com o coração amoroso de Jesus Eucarístico.
Em Jesus o Bom Pastor e no Coração Imaculado de Maria.
Pe. Fernando Antonio Carvalho Costa – Arquidiocese de Fortaleza
Fonte: Liturgia da Palavra em 19/06/2014

HOMILIA DIÁRIA

Na Eucaristia temos a presença amorosa de Deus entre nós!

A Eucaristia é a presença amorosa de Deus entre nós, no meio de nós! Tenhamos cada vez mais uma espiritualidade voltada para a Eucaristia.

“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele” (João 6, 56).

Glórias e louvores sejam dados a todo momento ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento. Nós celebramos hoje a grande Solenidade de Corpus Christi; na verdade, nós hoje nos voltamos naquela Quinta-feira Santa, quando o Senhor, na Última Ceia, nos deu Seu Corpo e Seu Sangue como sinal permanente da Sua presença em nosso meio.
O mistério é grande e ultrapassa a nossa compreensão humana, e, ao mesmo tempo, é profundo e cercado de amor. Esse amor maravilhoso que Deus tem para conosco.
O Senhor não sacrifica animais, o Senhor não quer pele de cordeiros e de touros, é o Senhor mesmo quem se sacrifica, é o Senhor mesmo que se dá a nós; Ele é o sacerdote e, ao mesmo tempo, é o alimento que sacia a nossa fome e a nossa sede.
A Eucaristia é a presença amorosa de Deus entre nós e no meio de nós! Porque se a promessa de Deus é que estará conosco todos os dias, até o fim do mundo, Ele tem muitas maneiras de estar entre nós. Mas existem manifestações, por excelência, de Deus entre nós,  existem as manifestações sacramentais e o sacramento por excelência, por meio do qual nós vislumbramos, contemplamos e nos saciamos, até diariamente quando possível, da presença de Deus é no mistério e no Sacramento da Eucaristia.
O pão transubstanciado já não é mais pão, o cheiro, a aparência e a forma são de pão, mas a substância se transformou no Corpo do Senhor [no ato da consagração feita pelo sacerdote na Santa Missa]. Do mesmo jeito o vinho que vem das mãos de nós sacerdotes, o cheiro, o gosto, a aparência é de vinho, mas foi transubstanciado no Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo após a oração. Daí podemos todas as vezes que comungamos, devidamente, exclamar como São Paulo: “Já não sou que vivo, é Cristo que vive em mim”, é Ele que está em mim, pelo Seu Corpo e pelo Seu Sangue. Por isso o próprio Senhor nos afirma, que quem come a Sua Carne e bebe o Seu Sangue, permanece n’Ele.
Meus irmãos, nós hoje somos convidados a permanecer no Senhor e com Ele. Somos convidados a ter em nosso corpo as marcas do Senhor, a presença maravilhosa de Deus entre nós. Sejamos cada vez mais eucarísticos, tenhamos cada vez mais uma espiritualidade voltada para a Eucaristia. E para isso não importa se você pode comungar ou se você não pode comungar, se você tem condições de ir à Missa todos os dias ou não pode. O Senhor está presente nos sacrários do mundo inteiro, mesmo que a porta da igreja esteja fechada, e até quando o ônibus e o seu carro passam em frente a uma igreja, lembre-se de que o Senhor está ali.
Na intenção, no desejo, na vontade, adore o Senhor presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Adore-O realmente, volte para Ele todo o seu coração, toda a sua alma e todo o seu ser para reconhecer esse grande mistério do amor de Deus por nós. Glórias, louvores e exaltações se deem a todo momento na presença maravilhosa de Jesus na Eucaristia!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 19/06/2014

Oração Final
Pai Santo, nós te agradecemos pelo grande Dom da Vida – da Vida Plena que se manifestou no Cristo Jesus. E te pedimos, Pai amado, que nos mantenhas fieis e perseverantes no Caminho do teu Reino, já sinalizado na comunhão fraterna que buscamos viver nesta terra. Pelo mesmo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 19/06/2014

ORAÇÃO FINAL
Pai amado, dá-nos a consciência de que a participação no Mistério do Corpo (Vida e trabalho) e Sangue (sofrimento e Morte) de Cristo significa para nós, mais do que um privilégio. Ela é nosso compromisso de nos lembrarmos sempre que estamos unidos com a Criação e a Humanidade como testemunhas – perante os companheiros de caminhada – de que somos todos amados Filhos teus, com o Cristo Jesus, teu Unigênito que se fez nosso Irmão, e contigo reina na unidade do Espírito Santo.