domingo, 5 de fevereiro de 2012

DEUS É CAPAZ - VIDA RELUZ

Nunca se esqueça.... 

Deus só não é capaz de deixar de te amar

Deus É Capaz

Deus é capaz de transformar tua vida
O impossível Ele fará porque és precioso aos Seus olhos
E se tiveres a coragem e a loucura de acreditar
Então irás provar que Ele pode muito mais

Deus é capaz de trocar reinos por ti
Abre mares para que possas atravessar
E se preciso fosse daria novamente a vida por ti
Deus só não é capaz de deixar de te amar

É preciso crer e se entregar sem medo
Ele nunca vai tirar a tua liberdade se não queres
Mas se te entregas sem reservas tua vida se transformará
Então irás provar que Ele pode muito mais...

SEGUNDA-FEIRA

orkut e hi5, Segunda, Segunda-feira, gatos, mexendo, piscando

Preces – V Domingo do Tempo Comum – Ano B


Sacerdote: Irmãos e irmãs, sem a oração não poderemos permanecer fiéis à Palavra de Nosso Senhor, por isso, num só coração, elevemos a Ele os nossos pedidos:
Todos: Cristo, Pão da Vida, dai-nos vossa força!
1. “O Senhor reconstruiu Jerusalém” (Sl 146). Olhai com bondade para a vossa Igreja e dignai-vos reconstruir o que nossos pecados, infidelidades e omissões tenham nela destruído. Rezemos ao Senhor.
2. “Ai de mim se eu não pregar o Evangelho” (1Cor 9, 16). Recordai-nos que anunciar o Evangelho é uma necessidade de todo cristão e fazei-nos verdadeiros discípulos e missionários vossos. Rezemos  ao Senhor.
3. “Não é acaso uma luta a vida do homem sobre a terra” (Jó 7, 1). Uma vez que não queremos desistir da alegria de estarmos para sempre convosco, dai-nos a vossa força, para não desanimarmos nos combates dessa vida. Rezemos ao Senhor.
4. “A febre desapareceu; e ela começou a servi-los” (Mc 1, 31). Curai-nos, Senhor, das febres que nos impedem de servir-Vos com mais empenho, e tornai-nos generosos no serviço a nossos irmãos. Rezemos ao Senhor.
5. “Os dispersos de Israel juntou de novo” (Sl 146). Reuni em torno de vossa glória nos céus todos os nossos irmãos, amigos, parentes e benfeitores falecidos, e que um dia nos juntemos todos no louvor de vossa majestade. Rezemos ao Senhor.
Sacerdote: Deus eterno e todo-poderoso, Pai bondoso e Deus de toda consolação, renovai em nossos corações o desejo de lutar pelo vosso Reino, para que juntos com a Virgem Maria e todos os Santos, vos louvemos para sempre. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.

Homilia de D. Henrique Soares da Costa – V Domingo do Tempo Comum – Ano B


Jó 7,1-4.6-7
Sl 146
1Cor 9,16-19.22-23
Mc 1,29-39
Iniciemos nossa meditação da Palavra de Deus pela primeira leitura. O livro de Jó, de modo dramático, mostra a vida humana: “Não é acaso uma luta a vida do homem sobre a terra? Seus dias não são como dias de um mercenário? Tive por ganho meses de decepção, e couberam-me noites de sofrimentos. Se me deito, penso: quando poderei levantar-me? E, ao amanhecer, espero novamente a tarde… Meus dias correm mais rápido do que a lançadeira do tear e se consomem sem esperança. Lembra-te de que minha vida é apenas um sopro e meus olhos não voltarão a ver a felicidade”. Eis, caríssimos, não são palavras negativas, desesperadas, essas de Jó. São, antes uma reflexão realista sobre o mistério da vida humana, uma reflexão cheia de esperança, porque feita à luz de Deus. Uma coisa é pensar nas realidades negativas de nossa existência simplesmente contando com nossas forças. Que desespero, que desilusão, que vazio de sentido! Outra, bem diferente, é encarar a vida também com seus trevas, à luz de Deus, o amor eterno e onipotente! Que esperança que não decepciona, que paz que invade o coração, mesmo na dor!
Notem, irmãos: num mundo como o nosso, que cultua o corpo, o físico sarado, a saúde e o vigor físicos e presta tão pouca atenção ao sofrimento, à dor, ao fracasso… Num mundo que tem medo de pensar na morte e de assumir que todos morreremos, num mundo que não sabe o que fazer com o sofrimento, com a doença, com a decadência física, com a deformidade do corpo, estas palavras de Jó, convidam-nos a colocar os pés no chão. Repito: não são palavras pessimistas porque aquele que chora e busca o sentido da existência, fá-lo diante de Deus. Recordem como terminam as palavras da leitura – são comoventes: “Lembra-te de que minha vida é apenas um sopro e meus olhos não voltarão a ver a felicidade”. São uma oração! O triste na vida não é sofrer, não é chorar, não é morrer… Triste e miserável é sofrer e chorar e morrer sem Deus, sem este Parceiro cheio de doce ternura que dá sentido à nossa existência!
Por isso mesmo veio Jesus, nosso senhor! É isto que o Evangelho nos mostra hoje. Cristo nosso Deus, tomando pela mão a sogra de Pedro e erguendo-a do seu leito, revela que vem nos tomar pela mão – a nós, feridos e doentes de tantas doenças, fraquezas e medos! Este é o Evangelho, a Boa notícia: em Jesus, Deus revela o sentido de nossa existência porque se revela como Deus próximo, Deus de compaixão, Deus capaz de dar um sentido às nossas dores e até à nossa morte. Cristo nos toma pela mão, Cristo toma sobre si as nossas dores. Não precisamos fingir que não envelhecemos, que não adoeceremos, que não morreremos… Sabemos que nem a vida nem a morte nos podem afastar do amor de Cristo; sabemos que nele, tudo se enche de novo sentido… Por isso todos o procuram, porque procuram um sentido para a existência!
O grande dom que Cristo nos faz não é milagres nem curas nem solução de problemas. Deixemos essa visão miserável, mesquinha e pagã para os pagãos e os que enganam e ganham dinheiro e poder em nome de Cristo. Nosso modo de ver é outro, é aquele mesmo que o Cristo nos ensinou e do qual ele mesmo nos deu o exemplo pela sua vida e pela sua morte! O Santo Padre Bento XVI, quando ainda era Cardeal Ratzinger, assim escreveu: “Uma visão do mundo que não pode dar um sentido também à dor e não consegue torná-la preciosa, não serve para nada. Tal visão fracassa exatamente ali, onde deveria aparecer a questão mais decisiva da existência. Aqueles que sobre a dor não têm nada mais a dizer a não ser que se deve combatê-la, enganam-se. Certamente, é necessário fazer tudo para aliviar a dor de tantos inocentes e limitar o sofrimento. Mas, uma vida humana sem dor não existe e quem não é capaz de aceitar a dor, foge daquelas purificações que são as únicas a nos tornar maduros. Na comunhão com Cristo, a dor torna-se plena de significado, não somente para mim mesmo, como processo de purificação, no qual Deus tira de mim as escórias que obscurecem a sua imagem, mas também, para além de mim mesmo, é útil para o todo, de modo que, todos nós podemos dizer como São Paulo: ‘Agora eu me alegro nos sofrimentos que suporto por vós, e completo na minha carne o que falta dos padecimentos do Cristo pelo seu corpo que é a Igreja’ (Cl 1,24)… A vida vai além da nossa existência biológica. Onde não há mais motivo pelo qual vale a pena morrer, também não há motivo que faça valer a pena viver.”
Caríssimos, para isso Jesus veio – “foi para isso que eu vim!”, diz o Senhor hoje. Veio para anunciar o Reino e expulsar tudo aquilo que demoniza a nossa existência. E nada nos inferniza mais que viver sem sentido!
Cristãos, não vivamos como os pagãos, que vão sendo levados pela existência, fugindo da realidade e refugiando-se nas ilusões. Quanto excesso de divertimento, de eventos esportivos, de programas turísticos, de sonhos de consumo, de lazer e diversão… Se tudo isso numa justa medida é saudável, com o excesso que hoje se vê, é prejudicial, é sinal de uma humanidade doente, que tem medo de enfrentar as verdadeiras e profundas questões da existência! É que sem uma relação vive e íntima com o Senhor, é impossível enfrentar a nossa dura realidade! É neste sentido que o cristianismo nos apresenta um Evangelho, uma Boa Notícia: porque nos dá o Sentido, que aparece em Cristo Jesus!
Abramo-nos para o Senhor; nele apostemos nossa existência e tornemo-nos para os outros sinais de esperança e de vida, como São Paulo que se sentia devedor do Evangelho a todos. Que seja o Senhor Jesus consolo de nosso pranto, força no nosso caminho, alívio de nossas dores e prêmio de vida eterna. Amém.
D. Henrique Soares

Homilia do Mons. José Maria – V Domingo do Tempo Comum – Ano B


Urgência da Pregação

O Evangelho (Mc 1, 29-39) apresenta Jesus rodeado de uma multidão marcada pelo sofrimento: “Curou muitos enfermos atormentados por diversos males e expulsou muitos demônios” (Mc 1, 34). Mas se, por um lado, Ele se dedica a curar, por outro retira-se para um lugar deserto. E ali orava durante a noite. Ação apostólica e oração se completam. Pedro e seus companheiros o procuram. Quando O encontraram, dizem-lhe: “Todos  Te procuram”. A verdadeira luz deve ser procurada em Deus, sobretudo através da oração.
Quando os apóstolos disseram: “Todos andam à Tua Procura; o Senhor respondeu-lhes: “Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim” (Mc 1, 38).
A missão de Cristo é evangelizar, levar a Boa Nova até o último recanto da terra, através dos Apóstolos e dos cristãos de todos os tempos. Esta é a missão da Igreja, que assim cumpre o que  o Senhor lhe ordenou: “Ide e pregai a todos os povos…, ensinando-os a observar tudo quanto vos mandei” (Mt 28, 19-20).
São Paulo, citando o Profeta Isaías, exclama com entusiasmo: “Como são formosos os pés dos que anunciam a Boa Nova!” (Rm 10, 15). Continua S. Paulo: “Porque, pregar o Evangelho não  é para mim motivo de glória, mas uma necessidade. Ai de mim se eu não pregar o Evangelho” (1 Cor 9, 16).
Com essas mesmas palavras de S. Paulo, a Igreja tem recordado com freqüência  aos fiéis a chamada que o Senhor lhes dirige para levarem a doutrina de Cristo a todos os cantos do mundo, aproveitando qualquer ocasião.
São João Crisóstomo vai ao encontro das possíveis desculpas perante esta gratíssima obrigação: “Não há nada mais frio do que um cristão que não se preocupa pela salvação dos outros. Não digas: não posso ajudá-los, porque, se és cristão de verdade, é impossível que não possas fazer. Não há maneira de negar as propriedades das coisas naturais; o mesmo acontece com isto que agora afirmamos, pois está na natureza do cristão agir dessa forma. É mais fácil o sol deixar de iluminar ou de aquecer do que um cristão deixar de dar luz; mais fácil do que isso seria que a luz fosse trevas. Não digas que é impossível; impossível é o contrário. Se orientarmos bem a nossa conduta, o resto sairá como conseqüência natural. Não se pode ocultar a luz dos cristãos, não se pode ocultar uma lâmpada que brilha tanto”.
Perguntemo-nos se no nosso ambiente, no lugar onde vivemos e onde trabalhamos, somos verdadeiros transmissores da fé, se levamos os nossos amigos a uma maior freqüência dos Sacramentos. Examinemos se encaramos a ação apostólica como algo urgente, como exigência da nossa vocação, se sentimos a mesma responsabilidade daqueles primeiros, pois a necessidade hoje não é menor… “Ai de mim se não evangelizar!
O mundo precisa de santos! A santidade não é um privilégio de poucos; é um dom oferecido a todos: “Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (1 Ts 4,3).
Na pregação não se pode querer agradar a todos reduzindo, de acordo com as conveniências humanas, as exigências do Evangelho:” Falamos, não como quem procura agradar aos homens, mas somente a Deus” (1Ts 2, 4).
Não é bom caminho pretender tornar fácil o Evangelho, silenciando ou rebaixando os mistérios que devem ser cridos e as normas de conduta que devem ser vividas. Ninguém pregou nem pregará o Evangelho com maior credibilidade, energia e atrativo que Jesus Cristo, e houve quem não o seguisse fielmente. Não podemos esquecer-nos de que pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios, mas poder de Deus para os escolhidos, quer judeus, quer gregos” (1 Cor 1, 23-24).
Todos andam à Tua procura… O mundo  tem fome e sede de Deus. Diz o Doc. de Aparecida, nº 29: “Conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-Lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-Lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria”.
Mons. José Maria Pereira


Homilia do Pe. Françoá Costa – V Domingo do Tempo Comum – Ano B


Orar pelos outros

Não sei se também durante a vida terrena do Filho de Deus as sogras já tinham má fama, o fato é que Jesus estende a sua mão misericordiosa a todos: no dia de hoje, lemos que ele curou a sogra de Simão. Você já ouviu aquela piadinha que defende ironicamente que Pedro traiu Jesus porque tinha curado a sua sogra? Ainda assim, conheço sogras admiráveis. Você também, querido leitor, talvez seja dessas pessoas que teve a ventura de não só conhecer, mas de ter uma sogra maravilhosa. No entanto, a bem da verdade, o meu interesse não é falar de sogras, eu quero sublinhar o fato de que ela só foi curada porque outros pediram, intercederam por ela.
O Catecismo da Igreja Católica contêm três parágrafos muito expressivos sobre a oração de intercessão (cf. Cat. 2634-2636). Em primeiro lugar, nos apresenta Jesus e o Espírito Santo como os grandes intercessores junto do Pai. Depois, mostra-nos a beleza e eficácia da intercessão que nós podemos fazer em favor dos outros. Pedir pelos outros “é próprio de um coração que está em consonância com a misericórdia de Deus”. O Catecismo também nos apresenta a oração de intercessão em conexão com aquela verdade de fé tão importante que é a comunhão dos santos, como expressão dessa comum-união. Neste sentido, também fica patente que devemos viver tudo isso não de maneira individualista, mas como membros da grande assembleia das filhas e dos filhos de Deus, como membros da Igreja.
Jesus está totalmente dedicado ao serviço do seu Pai do céu e, por amor ao Pai, de todos os seres humanos. Na primeira parte do Evangelho ele aparece curando a sogra de Simão; na segunda, ele ajuda a tantas outras pessoas necessitadas; na terceira, ele dedica-se a oração para continuar aquela ação penetrada pelo diálogo com Deus: “Ele retirou-se dali, pregando em todas as sinagogas e por toda Galileia, e expulsando os demônios” (Mc 1,39). A oração e a ação de Jesus são inseparáveis: ele reza para agir em nosso favor, ele faz o bem a todas as criaturas contemplando o Pai e com ele dialogando, ou seja, em oração.
Rezemos pelos outros, especialmente por aqueles que estão mais necessitados. Santa Teresa animava as suas carmelitas a rezarem pelos outros com as seguintes palavras: “tenhamos, irmãs, cuidado particular de suplicar, e não descuidar, já que é uma grande esmola rezar pelos que estão em pecado mortal; é um ato de caridade muito grande; é como se víssemos um cristão com as mãos amarradas com fortes correntes, amarrado a um poste e morrendo de fome, não por falta de comida, já que perto de si tem verdadeiros manjares, mas não pode comer porque não consegue levá-los à boca, está também muito cansado e vê que já vai morrer, não morte como esta, mas eterna. Não seria grande crueldade ficar olhando para ele e não chegar-lhe à boca um pouco de comida Pois então… e se pela oração as correntes fossem retiradas Vejam que maravilha! Por amor de Deus vos peço que sempre tenhais presente em vossas orações almas semelhantes” (S.Teresa de Jesus, Moradas 7ª,1,4).
Não somente pelos pecadores (entre os quais nos incluímos), mas também pelas necessidades da Igreja e do mundo, pelo Santo Padre Bento XVI e seus colaboradores, pelo Bispo e por toda a Diocese, pelos que governam o País, pelos nossos familiares e amigos, pelas almas do purgatório etc. Por todos!
Peçamos também a intercessão daqueles que já estão na glória do Senhor. Claro está que se uma pessoa, um comedor de arroz com feijão, pode orar por mim… Como não intercederá por mim de maneira eficaz alguém que já está contemplando o rosto de Deus? E caso se afirmasse que os que morreram em Cristo estão simplesmente dormindo, seria preciso lembrar aquela passagem segundo a qual “está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o juízo” (Hb 9,27) e a recompensa eterna: “hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23,43). O coração daqueles que estão reinando com Cristo se dilatou pela perfeição da caridade, eles amam os seus irmão, nós que estamos ainda peregrinando, e nos ajudam com as suas orações, intercessões e súplicas ante o trono da Divina Majestade.
Pe. Françoá Costa



Comentário Exegético – V Domingo do Tempo Comum – Ano B


EPÍSTOLA (1 Cor 9, 16-19. 22-23)

(Pe. Ignácio, dos padres escolápios)
NECESSIDADE DE EVANGELIZAR: Se, pois, anuncio o evangelho,não há lugar a me gloriar; porque a necessidade me obriga. Já que, ai de mim se não evangelizar!(16). Nam si evangelizavero non est mihi gloria necessitas enim mihi incumbit vae enim mihi est si non evangelizavero. Paulo passa agora à defesa de seu modo de realizar o ministério apostólico. Não só foram os trabalhos e sofrimentos; mas, o que era mais importante, é que Paulo não recebeu nenhuma recompensa por seu trabalho apostólico. Evangelizar era um dever para Paulo e uma necessidade. Seu mérito era fazê-lo sem receber recompensa. Um outro motivo de vanglória é que Paulo se tornou servo de todos para ganhá-los assim para o evangelho. Não prega como superior, mas como quem presta um serviço, acomodando-se aos desejos do amo. ME GLORIAR [kauchëma <2745>=gloria] não existe motivo para me possuir ou orgulhar.Kauchëma é a palavra usada por Paulo em Rm 4, 2 ao dizer que se Abraão foi justificado pelas obras, tem de que se gloriar, mas não diante de Deus. A razão é que foi obrigado a evangelizar, como disse em Rm 1, 14: Eu sou devedor, tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes. E o afirma dizendo que a NECESSIDADE [anagkë <318>=necessitas] como si fosse uma espada de Dâmocles pendente em sua vida, pois usa o verbo epikeimai [<1945>=incumbere], o verbo usado por João para descrever o sepulcro de Lázaro que era uma caverna, e tinha uma pedra posta sobre ela (Jo 11, 38). Chamado para isso, segundo a voz dos profetas, que lhe impuseram as mãos e o enviaram junto com Barnabé (At 13, 2-3). Era um chamado ou vocação por parte de Deus que não podia ser recusado. Daí que se sentisse devedor para com todos como afirma em Rm 1, 14.
A RECOMPENSA: Se, pois, voluntariamente isso pratico, tenho recompensa; se porém forçado, estou encarregado de uma administração (17). Si enim volens hoc ago mercedem habeo si autem invitus dispensatio mihi credita est. Neste versículo, Paulo continua falando de seu ministério, que podia realizar de duas maneiras diferentes: voluntariamente, e de modo forçado. VOLUNTARIAMENTE [ekön<1634>=volens] como em Rm 8, 20: Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou. O contrário é obrar FORÇADO [akön<210>=invitus] apax neste versículo. Trabalhando por livre vontade, como homem livre, é lógico que Paulo tem direito a uma recompensa ou SALÁRIO [misthos<3408>=merces]. Assim era o costume que o direito romano ratificava. Mas se o trabalho era o de um escravo, forçado a fazê-lo, unicamente se podia concluir que era como o de um administrador que na época era efetuado pelo escravo responsável; e que, segundo o evangelho, não tinha outra opção nem outro prêmio que o de ter feito o mandado: Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos sem retribuição, porque fizemos somente o que devíamos fazer (Lc 17, 10).
GRATUITAMENTE: Qual é então minha recompensa, a fim de que evangelizando, de graça proponha o evangelho de(o) Cristo para não abusar de minha autoridade? (18). Quae est ergo merces mea ut evangelium praedicans sine sumptu ponam evangelium ut non abutar potestate mea in evangelio. DE GRAÇA [adapanos <77>=sine sumptu] é também um apax que só sai neste versículo e significa sem paga, composto do negativo a e do nome dapanë que significa custo, despesa ou gasto. Nisso Paulo acha causa de orgulho e  vanglória. E acrescenta: para não ABUSAR [katachrësasthai<2710>=abutar]. O verbo é usado uma outra vez em 1 Cor 7, 31: E os que usam [chrömenoi] deste mundo, como se dele não abusassem [katachrömenoi], porque a aparência deste mundo passa. Como vemos o prefixo Kata transforma o uso natural e necessário em abuso e exploração. Paulo pensa que obter proveito e paga por evangelizar é um abuso de sua AUTORIDADE [exousia<1849>=potestas] de apóstolo. Segundo ele, o ideal é evangelizar gratuitamente, sem receber salário ou recompensa. Assim o fez nas suas missões evangélicas e assim o declara como sendo seu título de orgulho. Ele recordará no seu sermão de despedida aos de Éfeso, como não recebeu emolumento algum por seu ministério e recordou as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber (At 20, 35).
TORNOU-SE ESCRAVO: Pois sendo livre de todos, a todos me escravizei para ganhar os mais (19). Nam cum liber essem ex omnibus omnium me servum feci ut plures lucri facerem. LIVRE [eleutheros<1658>=liber] num mundo classista, os homens se dividiam entre livres e escravos. Paulo afirma que ele não é escravo, sujeito a amo algum. Ele mesmo o tinha afirmado pouco antes na mesma carta: Não sou eu apóstolo? Não sou livre? Porém, se tornou escravo, ME ESCRAVIZEI [edoulösa<1402>=me servum feci] para servir a todos. E assim poder ganhar o maior número possível [para Cristo].  E, na continuação, que não forma do texto epistolar, declara como se tornou como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivesse debaixo da lei, para ganhar os que estão debaixo da lei  (v 20). Essa foi a razão pela qual circuncidou Timóteo por causa dos judeus que estavam naqueles lugares; porque todos sabiam que seu pai era grego (At 16, 3). Ou para os gentios, os que estão sem lei, como se estivesse sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei. De modo que não obrigou aqueles cujo pai era gentio a se circuncidar e por isso teve com Pedro uma discussão em Antioquia (Gl 2, 11).  Neste instante, o texto é reassumido pela liturgia.
FEZ-SE TUDO PARA TODOS: Tornei-me para os débeis como débil, para ganhar os débeis; para todos fiz-me tudo para de todos os modos salvar alguns (22). Factus sum infirmis infirmus ut infirmos lucri facerem omnibus omnia factus sum ut omnes facerem salvos. DÉBEIS [astheneis<772>=infirmi] a palavra asthenës pode significar enfermo como em Lc 10, 9: E curai os enfermos que nela houver. E pode significar pessoas que por seu baixo nível de nascimento e posses nunca chegam a ter influência, mas são desprezadas na sociedade, como em 1 Cor 4, 10: Nós somos loucos por amor de Cristo, e vós sábios em Cristo; nós fracos [astheneis], e vós fortes; vós ilustres, e nós vis. Evidentemente é esta última a situação que Paulo quer descrever aos de Corinto. O texto anterior claramente define esta política de Paulo. É uma prática de acomodação à cultura e pensamento dos ouvintes do evangelho, sempre que não esteja em detrimento da verdade cristã e fraternidade entre as igrejas.
PARTE DO EVANGELHO: Pois isto faço pelo evangelho para me tornar coparticipante do mesmo (23). Omnia autem facio propter evangelium ut particeps eius efficiar. Essa atitude de Paulo é um ato de serviço, que sempre o situa em humilhado ao quem  presta seu ministério em nome de Cristo. Cumpre-se assim o que Jesus disse de sua missão: o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos (Mt 20, 28). COPARTICIPANTE [sigkoinönos<4791>=participes] É parceiro ou associado; alguém como diz João no Apocalipse 1, 9: Eu, João, que também sou vosso irmão, e companheiro na aflição, e no reino, e paciência de Jesus Cristo. Com esse mesmo espírito, Paulo diz que ele forma parte do anúncio evangélico.

EVANGELHO (Mc 1, 29-39)

MILAGRES E ORAÇÃO DE JESUS

(Lugares paralelos: Mt 8, 14-17 e Lc 4, 38-41)
(Padre Ignácio, dos padres escolápios)
INTRODUÇÃO: O milagre assim como a parábola é uma característica da vida pública de Jesus. Não é o milagre, pelo maravilhoso do fato, que a Bíblia o apresenta, mas pelo que contém de acontecimento em que se pode ver a revelação do poder de Deus e o signo da salvação. Por isso, João os chama de semmeia     [sinais] no lugar de dynamis [força ou poder; work of power inglês] a palavra usada pelos outros evangelistas. Em geral, o milagre é uma cura extraordinária, ou a expulsão de um demônio, como era acreditadas determinadas doenças na época. Porém, há outros fatos extraordinários que também recebem os nomes anteriormente escritos: A conversão da água em vinho, segundo João foi o primeiro dos sinais feito por Jesus na Galileia. A multiplicação dos pães também recebe este apelativo (Jo 6, 26). Mas os judeus esperavam algo mais contundente: um sinal do céu (Mt 12, 38) que não seria dado (Mt 12, 39).
PRIMEIRA PARTE:
A CURA DA SOGRA DE SIMÃO(29-31)
SAINDO DA SINAGOGA: Assim, imediatamente, tendo saído da sinagoga, entraram na casa de Simão e André, junto com Jacó e João (29). Et protinus egredientes de synagoga venerunt in domum Simonis et Andreae cum Iacobo et Iohanne. Imediatamente, dirá Marcos, saindo da sinagoga ou levantando-se da sinagoga entraram na casa de Simão, dirá Lucas (4, 38). Os serviços religiosos demoravam toda a manhã do sábado, de modo que terminavam ao meio dia. Era, pois, a hora da refeição. Junto com Simão e André, estavam os dois novos discípulos de Jesus: Jacob [Tiago] e João. A distância não era grande, pois a cidade era pequena, como vimos em comentários anteriores.
A SOGRA: Estava, porém, a sogra de Simão deitada, febril, e logo lhe falam sobre ela (30). Decumbebat autem socrus Simonis febricitans et statim dicunt ei de illa. Os três evangelistas falam sobre a SOGRA [penthera] de Simão que estava doente, de cama, com febre muito alta. Tomada de grande febre, dirá Lucas (4, 38). E pediram a Jesus por ela. Qual era a doença? Talvez impaludismo, ou malária, porque tinha começado com uma febre muito alta; assim tão de repente, só poderia ser uma dessas doenças a causa. O impaludismo é endêmico em países pantanosos. O agente é o mosquito anopheles que transmite o plasmodium; e o sintoma característico é a febre, com acessos de  dois ou três dias de intervalo, que se espaçam com a evolução da doença. Ainda não existe uma vacina nos dias de hoje. O nome de malária foi dado na Itália em  1847 por Torti, porque se acreditava que o mal era causado pelo ar mau [malaria em italiano] ou miasmas que se desprendia das águas estancadas e dos terrenos pantanosos; o de impaludismo [paludismo em espanhol] porque predominava nos lugares pantanosos que em italiano eram paludes do latim palus. Era doença que se dava principalmente na terminação da época pluvial e início da seca. Do relato, deduzimos que Simão Pedro era casado. Imediatamente, depois de chegar em casa, Jesus se informa da doença da sogra de Simão.
A CURA: Então, tendo-se aproximado, a levantou, tendo segurado a mão dela e a febre a abandonou.  E imediatamente os servia (31). Et accedens elevavit eam adprehensa manu eius et continuo dimisit eam febris et ministrabat eis. Therapeuô em grego significa servir, estar em serviço a um superior, cuidar de [como os médicos] e finalmente curar. A palavra cura significa também em latim estar ao serviço de, cuidar. No AT traduz o hebraico ebed como therapon [servo]. As línguas modernas tomam a raiz de therapeia e usa terapia para indicar tratamento de cura. No NT das 43 vezes em que aparece a palavra therapeuô, 40 é para significar o mesmo que Iaomai, termo médico para curar uma doença. E, especialmente nos evangelhos, usa-se therapeuô para os atos de Jesus, em que demonstra seu poder para restituir a saúde dos diversos enfermos. Nestes fatos estão se cumprindo a profecia de Is 53, 4 como declara Mt 8, 16-17. Eram atos de serviço muito mais do que prodígios, semelhantes aos que os theoi anthrópoi [homens divinos] operavam para demonstrar sua capacidade através de milagres. Tendo como base que toda doença era um castigo pelos pecados, quer individual, quer do coletivo correspondente [ver Mc 2, 5 no caso do paralítico, e Jo 8,11 e 9, 2], a cura é um sinal do perdão recebido e da libertação dos laços do maligno (Lc 13, 16). Por isso devemos ter em conta estas premissas, para afirmar que a cura não era uma simples compaixão de quem era médico supremo, mas a ação de uma visão muito mais ampla, como é o ofício de um salvador. O importante na cura era a visão teológica do Salvador e por isso Jesus exigia a fé. Fé no seu ministério, como poder sobre doenças malignas, muito mais do que fé na sua eficácia como médico ou mágico. Segundo o que vemos no evangelho de Lucas em lugar paralelo, Jesus mandou [epetimêsem] à febre que saísse do corpo da sogra de Simão (4, 39). Esta conduta de Jesus segue o pensamento contemporâneo de ver nas doenças, espíritos malignos pessoais, a exemplo do centurião (Mt 8, 8-9) que via em Jesus um homem com autoridade sobre determinadas doenças. Outra coisa foram os dois milagres de devolução de vida ao filho da viúva de Naim e ao seu amigo Lázaro: Em ambos, a compaixão foi a determinante da ação salvífica de Jesus (Lc 7, 13 e Jo 11, 35 e 38). No caso da filha de Jairo, ele ordena à menina e não à doença, embora houvesse dito que estava só dormindo (Mc 5, 41 Lc 8,54). Por isso, a exousia [autoridade] sobre os demônios é parte da dynamis [poder] sobre as doenças que Jesus transmite a seus discípulos. E uma importante observação: Quando Jesus cura o paralítico na casa de Simão disse: Para que saibais que o filho do homem [eu] tem poder para perdoar os pecados, ordena ao paralítico: levanta-te e anda. Ou seja, o poder de cura demonstra o poder de perdoar. Logo o poder de cura dos discípulos é a base de seu poder de perdoar ou reter os pecados (Jo 20, 23). Uma explicação teológica paulina é que Satanás tem poder de atormentar o corpo, pois entrega o incestuoso de Corinto de modo que o corpo fosse destroçado, mas pudesse se salvar no dia do Senhor (1 Cor 5, 5). As curas eram realizadas com a simples imposição das mãos, ou usando algumas poucas palavras, porque os rabinos proibiam orações sobre os enfermos por temerem que fossem palavras mágicas. Sabemos que os discípulos curavam usando óleo (Mc 6, 13) e que esta prática foi normativa na primitiva Igreja, como relata Tiago (5, 14). Nas recomendações finais de Jesus que manda proclamar o evangelho, lemos que os que tiverem crido serão acompanhados por sinais entre os quais está a imposição das mãos sobre os enfermos e estes serão curados (Mc 16, 18). Texto que serve, sem reserva nenhuma, para que muitos dos chamados carismáticos tomem o lugar dos médicos modernos. Este procedimento pode ser uma imprudência e temeridade: Tentar a Deus. As duas posturas, os curandeiros que recorrem  às orações de Vodum e os espíritas, são inaceitáveis do ponto de vista católico. Também devemos ter muito cuidado com os carismáticos que se atribuem o dom de cura. Há exemplos de falhas tremendas. Os santos nunca falavam de ter esse dom, e o usavam de modo pontual e sem espetáculos de multidões.
SEGUNDA PARTE: AS CURAS (32-35)
CHEGADA À TARDE: Chegada à tarde, quando o sol se pôs, trouxeram-lhe todos os doentes e os possessos pelos demônios (32). Vespere autem facto cum occidisset sol adferebant ad eum omnes male habentes et daemonia habentes. Opsias<3789>de genomenes [chegada à tarde] não é uma frase redacional como parece, mas uma conformidade com a realidade, um pequeno detalhe que indica a grande autenticidade evangélica. Após a cura do endemoninhado, todos sabem que Jesus tem um poder de cura e pretendem aproveitar o Kayrós [oportunidade]. Mas a cura era um dos trabalhos não permitido em dia de sábado, e por isso esperam o pôr-do-sol, como diz com propriedade Marcos, ou seja, o início do dia seguinte. E Jesus cura tanto os que tinham doenças, os male habentes latino, que traduz literalmente o grego kakös echontes, assim como os endemoninhados. Já temos explicado a diferença entre os dois poderes de Jesus: a autoridade sobre os demônios e o poder sobre as doenças, que os evangelistas distinguem perfeitamente.
A RESPOSTA: E a cidade toda estava reunida junto à porta (33). E curou muitos que estavam doentes de muitas enfermidades e muitos demônios expulsou e não permitia que falassem os demônios porque o conheciam. Et erat omnis civitas congregata ad ianuam. Et curavit multos qui vexabantur variis languoribus et daemonia multa eiciebat et non sinebat loqui ea quoniam sciebant eum. A cidade era pequena e não podemos falar de grandes multidões como o texto poderia sugerir. NÃO DEIXAVA FALAR: A razão de que não deixasse falar os demônios é que sabiam quem ele era. Já explicamos no comentário do domingo anterior em que consistia o segredo messiânico de Marcos. Um Messias, rei davídico, era o que entenderiam através da linguagem demoníaca e não um servo sofredor que era a verdadeira imagem do autêntico Messias. Por isso a mentira devia ser calada para não ofuscar a verdade. O contrário seria suplantar o VERDADEIRO Messias, que era o que Paulo  pregava nas sinagogas (At 9, 22) e que ele descrevia como o Messias CRUCIFICADO (1 Cor 2, 2), por um FALSO Messias produto de uma insatisfação política do momento. É a mesma mentira que a Igreja moderna teve que enfrentar com certos aspectos ou certas Teologias de libertação. Substitui-se a misericórdia e o perdão do pecado pela justiça e desta vez, não como nos tempos de Jansênio, mas a justiça humana. O Papa Bento XVI claramente advertiu que o opus primum da Igreja é a caridade. Os demônios antigos foram substituídos por alguns teólogos modernos.
TERCEIRA PARTE:
ORAÇÃO DE JESUS (36-39)
CEDO DE MANHÃ: E muito cedo, na profunda noite, tendo-se levantado, saiu e foi a um lugar inóspito e lá orava (35). Então o procuraram Simão e os que com ele [estavam] (36).  Et diluculo valde surgens egressus abiit in desertum locum ibique orabat. Et persecutus est eum Simon et qui cum illo erant. Sem dúvida que as curas, não muitas, porque a população de Cafarnaum não era tanta assim, demoraram algum tempo. Logo houve o descanso do sono noturno. Jesus levantou-se, como diz Marcos, muito cedo [prôi], bem à noite [ennychan lian], quando todos estavam ainda dormindo. Jesus se dirigiu a um lugar inabitado e lá estava orando. Assim o encontraram Simão e seus companheiros que o buscaram. Parece que este era um costume habitual de Jesus, que os apóstolos mais íntimos tiveram ocasião de presenciar no monte Tabor, sendo que talvez, fosse mais habitual essa conversa de Jesus com seres supranaturais, como parece que encontramos nas duas ocasiões em que os discípulos foram testemunhas: Moisés e Elias, na primeira vez (Mc 9, 4) e um anjo na segunda (Lc 22, 44). Ao falar de Simão e outros companheiros, Marcos delata certamente a origem deste comentário; pois, segundo a tradição, Marcos foi discípulo de Pedro.
MISSÃO MAIS AMPLA: E tendo-o encontrado, lhe dizem que todos te buscam (37). Então diz-lhes: Vamos para as aldeias vizinhas para que eu pregue lá. Para isto, pois, foi enviado (38).  Et cum invenissent eum dixerunt ei quia omnes quaerunt te. Et ait illis eamus in proximos vicos et civitates ut et ibi praedicem ad hoc enim veni. Temos traduzido o grego nos tempos correspondentes para dar uma ideia melhor do texto, que vemos estar escrito num presente histórico. Uma vez encontrado, lhe disseram: todos te buscam. Ele respondeu: Vamos às vilas próximas  [Eis tas  echomenas kômopoleis]. Kômopolis é uma palavra composta de Kômê [=vila, aldeia] e polis [=cidade], indicando uma localidade habitada do interior. A palavra echomenos que poderia ser traduzida por habitado, tem em grego um significado próprio de próximo, contíguo.  Vamos a essas próximas cidadezinhas para que também nelas pregue; pois para isso fui enviado. Com estas palavras,  Jesus declara uma parte principal de sua missão: pregar o reino. A outra parte era o sacrifício, sem o qual,  não haveria redenção. A Igreja tem o dever duplo de pregar o evangelho [nome com o qual se designa o Reino] e de renovar o sacrifício da cruz através da Eucaristia, que é um exemplo do que nós devemos fazer em nossas vidas. A GALILEIA: Por isso, Jesus pregava nas sinagogas da Galileia, lugar escolhido por Deus como privilegiado, para ouvir as palavras do Filho, que seriam luz também para as nações, em próximos anos (Mt 4, 15-16 e Lc 2, 32).  EXPULSANDO DEMÔNIOS: Não é narrado como uma especialidade, mas como a derrota de um reino oposto ao divino, reino este que agora estava agindo (Mt 12, 28). Portanto o reino do mal ou de Satanás, agora encontrava o mais forte que o tinha reduzido em sua casa para apoderar-se da mesma (Mc 3, 27).  É por essa razão que o evangelista propositadamente traz esta locução, como final do período de evangelização. Se os homens não se submeteram à palavra do Filho de Deus, pelo menos  os demônios não puderam se subtrair a sua autoridade. Isso quer dizer que o Reino definitivamente triunfará.
PISTAS: 1) A cura está diretamente unida ao kêrygma evangélico ou é uma prova de que ele é autêntico? Quando os discípulos do Batista foram enviados para perguntar a Jesus se ele era o Messias ou deviam esperar um outro, Jesus responde com curas prodigiosas (Lc cap 7). A resposta de Jesus é a resposta de todos os tempos. Sua doutrina não depende das curas, mas sua credibilidade está baseada nas mesmas. Não faz outra coisa a Igreja quando canoniza um santo. A sua vida heróica precede todo milagre que a confirma.
2) Portanto, separar a cura da doutrina é desvirtuar esta e idolatrar aquela. A cura confirma a doutrina e não pode ser separada da mesma, como se fosse a base evangélica em si mesma. Marcos dirá: Proclamai o evangelho…. E estes são os sinais que acompanharão os que tiverem crido (Mc no final do cap. 16). São, pois, sinais que testemunham a fé e não objetivos em si mesmos de uma religião de cura.
3) A expulsão dos demônios teve, nos tempos de Jesus, um papel fundamental. Eram os tempos da iniciação do Reino e a luta de poder determinava os dois inimigos: Jesus e Satanás. Hoje o Reino está instituído e a luta está dentro de nós mesmos. Somos Reino, ou, pelo contrário, as trevas do mal nos situam na calçada da frente?
4) De onde tirava Jesus a sua autoridade e o seu poder? Vemos como, enquanto Jesus ora, os discípulos dormem e só o buscam porque muitos querem ser curados. Hoje também muitos de nós dormimos e só nos interessamos pelos bens materiais, saúde, bem-estar, comida, vestido, casa. Jesus fala de um Reino em que a justiça do mesmo tem prioridade (Mt 5, 37). Certamente essas coisas não correspondem à justiça do Reino que consiste, como diz o Papa atual, no amor a Deus e ao próximo. Quando esse amor estiver realmente presente, a justiça humana terá muito pouco a reclamar.
5) A descristianização do mundo contemporâneo nos obriga a escutar com maior atenção as palavras finais do evangelho de hoje: Vamos para essas cidades, para que também nelas seja pregado o evangelho, porque para isso estamos sendo enviados.