ANO A
Mt 18,21—19,1
Comentário do Evangelho
Perdão restaurador da vida
Mateus integra a fala de Pedro e a parábola de Jesus em um conjunto organizado em vista de orientar as suas comunidades para uma vida fraterna e pacífica. Na parábola um rei perdoa um servo rico e este servo não perdoa um seu devedor e o maltrata. O rei volta atrás, castiga o servo, até que lhe pague. O desfecho da parábola é trágico, pouco condizendo com a imagem de Deus. A mensagem é que recebemos o perdão de Deus e devemos partilhá-lo, sem limites. O perdão é restaurador da vida. Quem toma consciência de que recebeu o infinito perdão de Deus, deve também perdoar sem limites.
José Raimundo Oliva
Oração
Pai, predispõe meu coração para o perdão, e que eu esteja sempre disposto a perdoar e a querer viver reconciliado com meu semelhante.
Comentário do Evangelho
Não se pode pôr limite à disposição de perdoar.
O evangelho de hoje é o último trecho do discurso sobre a Igreja. À pergunta de Pedro, porta-voz do grupo dos discípulos, sobre quantas vezes se devia perdoar o irmão reincidente no seu pecado, Jesus responde com a parábola do devedor implacável ou sem compaixão. Pedro certamente pensa ser generoso ao indicar a cifra sete como número de vezes para perdoar alguém. Mas, corrigindo Pedro, Jesus diz “setenta vezes sete”. Isso significa que não se pode pôr limite à disposição de perdoar. As cifras “sete” e “setenta vezes sete” evocam Gn 4,24. À cadeia de vingança e violência, Jesus opõe a fraternidade disposta a perdoar sem limite. A razão do por que não se deve colocar limite ao perdão é dada na parábola do devedor sem compaixão. O sentido de toda a parábola se encontra na boca do próprio monarca (vv. 32-33): o devedor de uma soma incalculável devia perdoar seu semelhante, que lhe devia uma quantia irrisória, porque ele mesmo tinha sido beneficiado pela generosidade do rei. De certo modo, o servo sem compaixão fere seu senhor, pois a sua atitude impiedosa em relação ao seu semelhante demonstra a sua total incompreensão em relação à graça que ele mesmo recebeu. A lição é clara: é necessário perdoar de coração o irmão, como Deus perdoa generosamente a cada um.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, predispõe meu coração para o perdão, e que eu esteja sempre disposto a perdoar e a querer viver reconciliado com meu semelhante.
Vivendo a Palavra
O Evangelho aponta a prática a seguir: mostrarmos a gratidão que devemos ao Pai, que nos perdoa por nossas grandes infidelidades, perdoando aos companheiros que estão ao nosso lado as suas pequenas faltas. O jeito que temos de mostrar o amor que devemos a Deus é cuidar dos irmãos, especialmente dos pobres.
Vivendo a Palavra
‘Pai, perdoa as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos que nos devem.’ Nós deveríamos viver esta oração, invertendo: ‘Pai, ajuda-nos a perdoar aos que nos devem, pois Tu já nos perdoaste com o perdão infinito de Pai que tem coração de Mãe…
VIVENDO A PALAVRa
Voltemos ao texto lido: «Não lhe digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete! Porque o Reino do Céu é como um rei…» Deve encantar-nos na parábola, o perdão sem medidas oferecido pelo Pai e anunciado pelo Filho, o Cristo Jesus. Na Misericórdia não cabe apegos, contabilidade, nem cobrança de méritos pessoais e, muito menos, de reconhecimento. O Reino é puro amor e gratuidade.
Reflexão
Nós não temos como pagar a Deus para obtermos o perdão dos nossos pecados, de modo que merecemos a paga pelos mesmos que é a morte. Mas o amor misericordioso de Deus não permite que nenhum dos seus filhos e filhas seja entregue à morte, de modo que a verdadeira paga pelos nossos pecados foi a obediência de Jesus, amando-nos até o fim e, assim, apesar dos nossos pecados, temos a eterna aliança com ele. Desse modo, Deus nos dá o exemplo do verdadeiro perdão, nos ensinando que tudo devemos fazer para restaurar a unidade perdida por causa dos males que as pessoas comentem contra nós.
Reflexão
Qual é a medida do perdão, em caso de ofensa pessoal “contra mim”? Jesus nos ensina a praticar o perdão sem medida. Ora, conforme a gravidade da ofensa, torna-se muito difícil perdoar do fundo do coração. Às vezes são necessários tempo e disposição interior, para um perdão completo. No entanto, Jesus recomenda perdoar sempre. Quem já teve oportunidade de oferecer o perdão por alguma ofensa recebida, sente alívio e bem-estar. O contrário também é verdade: quando a pessoa guarda rancor contra alguém, ou alimenta desejo de vingança, só leva prejuízo. Sofre, perde o sono e abre espaço para alguma doença grave. Nesse campo, nosso modelo é o próprio Deus, que perdoa infinitamente. Nós é que somos mesquinhos. Gastamos energia calculando se vamos perdoar!
Oração
Senhor Jesus, realças um dos mais importantes temas do Reino, o perdão. Tua parábola sobre os dois devedores põe em destaque a imensa capacidade que tem o Pai celeste para nos perdoar, ao passo que nós somos mesquinhos para perdoar a quem nos ofendeu. Senhor, ensina-nos a perdoar generosamente. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2020 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp (dias de semana) Pe. Nilo Luza, ssp (domingos e solenidades))
Recadinho
É fácil perdoar? - Pense em alguma situação de sua vida que `depois da tempestade´ trouxe-lhe a bonança. - Conhece alguma situação de devedor cuja situação chegou a bom termo? - E o contrário? - Comente o “perdoai assim como nós perdoamos” do pai nosso.
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Comentário do Evangelho
RECONHECER-SE PERDOADO
A parábola evangélica visava desmascarar a intransigência de certos líderes da comunidade cristã primitiva, por demais severos, quando se tratava de perdoar as faltas alheias. Quiçá, o contraponto desta atitude fosse uma condescendência com os próprios pecados, para os quais fechavam os olhos.
Tais líderes são comparados com o servo desalmado que, após ter sido perdoado de uma dívida incalculável, mostra-se sem compaixão para com o companheiro que lhe devia uma quantia insignificante. A quantia exagerada que o primeiro servo devia - dez mil talentos - sublinha que, por maior que fosse o perdão concedido aos membros faltosos, sempre seria inferior ao perdão que Deus concedia à liderança da comunidade. Em última análise, o perdão concedido deveria corresponder a um gesto de reconhecimento pelo perdão recebido de Deus.
O senhor da parábola foi inclemente com o servo incapaz de ser misericordioso, uma vez que tinha sido, por primeiro, objeto de misericórdia. A lição é evidente. Quem não perdoa, não será perdoado. Quem não corresponde à misericórdia de Deus, sendo misericordioso com seu próximo, receberá o castigo divino. Quem não demonstra para com o próximo a mesma paciência que recebeu de Deus, será vítima da cólera divina. Portanto, quem se sabe infinitamente perdoado, tem a obrigação de estar sempre disposto a perdoar.
Oração
Espírito que ensina a perdoar, dispõe-me a conceder o perdão a quem me ofende, consciente de que o Pai também está sempre pronto a me perdoar.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Ó Deus, inflamastes são Miximiliano Kolbe, presbítero e mártir, com amor à virgem imaculada e lhe destes grande zelo pastoral e dedicação ao próximo. Concedei-nos, por sua intercessão, que trabalhemos intensamente pela vossa glória no serviço do próximo, para que nos tornemos semelhantes ao vosso Filho até a morte. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Meditando o evangelho
PERDÃO ILIMITADO
A capacidade de perdoar, sem limites, deve caracterizar as relações na comunidade cristã. Esta exigência diz respeito, de forma especial, à liderança da comunidade, quando esta deve lidar com aqueles que apenas iniciam sua caminhada de fé. As contínuas recaídas destes iniciantes não podem ser motivo para desespero. Pelo contrário, deve haver sempre a predisposição para o perdão.
Esta predisposição brota sempre no coração de quem experimentou o perdão ilimitado de Deus. Quem é perdoado, ilimitadamente, pelo Pai deve perdoar, ilimitadamente, os irmãos. Seria sinal de mesquinhez agir de maneira diferente. O próprio Deus não suporta esta atitude contraditória. Quem não está sempre disposto a perdoar, ilude-se, ao contar com o perdão divino.
A atitude do servo impiedoso da parábola chama a atenção para o comportamento de certos líderes das comunidades primitivas.
Tendo sido perdoado de uma dívida fabulosa, este servo omitiu-se de perdoar uma dívida ínfima de um companheiro seu. Tamanha crueldade levou o senhor daquele servo a rever o seu perdão e a exigir dele o pagamento de quanto devia, até o último centavo.
Essa parábola foi um alerta para os líderes da comunidade: que não se enganassem quanto ao erro que cometiam, recusando-se a perdoar as fraquezas dos pequeninos!
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Senhor Jesus, que eu me inspire na atitude do Pai, o qual oferece a todos perdão ilimitado.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Perdoar Sempre
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Sempre que meditamos esse evangelho, nosso coração certamente se questiona de maneira inquietante porque se dá conta de que perdoar sempre, sem nenhum limite ou condição, a quem nos ofender, é algo quase impossível, pois a gente perdoa, mas quando a vê a pessoa lá vem no coração um restinho da raiva que ali sobrou, pelo mal que ela nos fez. E não adia ta querer disfarçar, pois isso acontece com todos nós, na família, no trabalho e na comunidade.
A prática cristã deixada por Jesus parece sempre tão fascinante, mas quando chega nesse amor radical pelo próximo, que ama sempre e perdoa sempre, a gente fica se lamentando, quando percebe que não somos capazes de tal proeza. Será que Jesus, sendo nosso Deus e Senhor, não sabe que teríamos dificuldade para por isso em prática? Se esse for um dos critérios principais para demonstrarmos nossa total fidelidade á Jesus Cristo e a seu evangelho, quem irá sobrar no final? Ou melhor, irá sobrar alguém?
Precisamos compreender esse evangelho com muita clareza, para que o desânimo não nos faça desistir de ser cristão, achando que o mesmo não é para nós, pois não somos perfeitos e santos como Deus espera que sejamos. Então vamos para algumas observações importantes nesse sentido. Em primeiro lugar, como membros da Igreja peregrina nesta terra, na prática das virtudes morais e da relação com o nosso próximo, sem por cento não conseguiremos atingir, pois o amor é infinito e sempre há algo novo a ser alcançado na experiência amorosa que fazemos com Deus e com o próximo. É como se marcássemos uma montanha como a nossa referência do horizonte, e quando chegamos lá, descortinamos outro horizonte mais á frente, a ser alcançado.
Foi esta lógica que levou o apóstolo Pedro a descortinar um patamar bem acima das práticas judaicas do perdão, que se limitava a três vezes, com as pessoas mais próximas, Pedro descortinou um horizonte novo, que ao ser alcançado, estaria em concordância com os ensinamentos do Mestre, ou seja, há um limite, um patamar que é a referência, e que cada um deve esforçar-se em atingi-lo. Talvez isso possa se aplicar a outras religiões como o próprio Judaísmo, Hinduísmo, Islamismo e outras mais, onde a Divindade se deixa encontrar, mas isso requer o esforço humano de elevar-se a patamares mais altos, na virtude moral e na relação com o outro. No cristianismo, porém, isso cai por terra, pois a iniciativa é sempre de Deus, é ele que nos atrai para a Salvação que ele mesmo oferece.
Esse evangelho não exige de nós que da noite para o dia a gente saia por aí, á procura de quem nos ofendeu, ofereça a ele o nosso perdão e tudo volte a ser como era antes. Isso seria uma grande utopia. Exatamente por isso que a parábola nos mostra algo de grandioso... A relação amorosa de Deus para com cada um de nós, tínhamos para com ele uma dívida impagável (o Devedor da parte 1 da parábola, aquele que implorou e suplicou pedindo um prazo) o Credor sabia que jamais ele pagaria, e perdoou totalmente toda a dívida. É aqui que vem a prática que Jesus ensinou aos discípulos: ter pelo menos um coração que consiga perdoar o “pouco” que o próximo nos deve e para isso, basta apenas sempre termos presente que a nossa dívida era impagável e ele nos perdoou.
Fica como conclusão desta reflexão, prestarmos muita atenção ao nosso dia a dia, onde as pequenas ofensas que possamos receber, no trânsito, na família, no trabalho e até na comunidade, possam ser relevadas, sinal de que há em nós uma misericórdia Cristã, que sempre se exercita em pequenos gestos de perdão, estando nós assim preparados para perdoar também uma grande ofensa, quantas vezes seja necessário.
2. Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? - Mt 18,21-19,1
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)
O perdão faz bem a quem perdoa.
HOMILIA DIÁRIA
A exemplo de Jesus, ofereça um perdão sem limites
Postado por: homilia
agosto 16th, 2012
Diante das palavras de Jesus sobre a correção fraterna e a reconciliação, Pedro pergunta:“Quantas vezes devo perdoar? Até sete vezes?”.
Nesta pergunta do discípulo, podemos ver o conhecimento dele sobre a necessidade de perdoar sempre. Até porque o número “sete”, segundo as Sagradas Escrituras, significa “perfeição”. A este nobre pensamento, Jesus quer que os discípulos avancem para mais longe, por isso não põe limites para o perdão: “Não te digo até sete, mas até setenta vezes sete!”.
O homem, sendo imagem e semelhança de Deus, está vocacionado a viver o perdão divino por amor às criaturas. Assim como Deus é amor, misericórdia e perdão para com os homens, assim deve ser o homem para com os seus irmãos.
A parábola que Jesus conta a Pedro é uma forma pedagógica para esclarecer Sua resposta. Assim como o perdão de Deus não tem limites, assim também deve ser o meu e o seu.
Se nós não aprendermos a perdoar nossos irmãos, Deus virá e nos chamará de “miseráveis”; então, nos mandará para fora do Seu Reino como aquele empregado que não soube perdoar seu semelhante.
Existe, nos dias de hoje, quem diga: “Eu perdoo, mas não esqueço!”. Como cristão, qual tem sido a sua posição ante o infinito perdão de Deus, no trato com os seus semelhantes? Jesus deu o exemplo. Na hora de ser morto, pediu perdão para os Seus assassinos (cf. Lc 23,34). Será que somos capazes de imitar Jesus?
Muitas vezes, queremos que Deus nos perdoe pelos nossos pecados, mas não queremos perdoar os outros. Como Ele nos perdoará se nós mesmos não o fazemos? Veja o que Jesus disse: “É isso o que o meu Pai, que está no céu, vai fazer com vocês se cada um não perdoar sinceramente o seu irmão”.
“Senhor Jesus, ensinai-me a graça de perdoar sempre. Amém.”
Padre Bantu Mendonça
Oração Final
Pai Santo, que estás sempre pronto para perdoar, dá-nos o teu Espírito e assim teremos grandeza de alma e de coração para não julgar os companheiros que peregrinam conosco por esta terra encantada. Queremos seguir sempre os passos do Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Oração Final
Pai Santo, livra-nos de julgar nosso próximo, de contabilizar créditos e débitos, de esperar e cobrar acertos de contas. Faze-nos generosos, compassivos e misericordiosos, como nos ensinou o Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão que contigo reina na unidade do Espírito Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai muito querido, não permitas que nos tornemos pessoas acostumadas com as regras de mercado que vigoram na nossa sociedade de consumo. Faze-nos capazes de perdoar com alegria e sem medidas, assim como alegre e sem limites é o teu Perdão. Pelo Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.