ANO B
Lc 14,25-33
Comentário do Evangelho
O caminho da cruz
Dentre as multidões que acompanham Jesus, muitos se inclinam a ser seus discípulos. Jesus apresenta as exigências desse discipulado. O desapego da família, em vista da ampla solidariedade com os pobres e excluídos, conforme a vontade de Deus, reaparece algumas vezes nos evangelhos sinóticos. Carregar a cruz e caminhar após Jesus, expressão usada pelos evangelistas depois da morte de Jesus na cruz, significa estar disposto a enfrentar as dificuldades e a repressão a partir dos que rejeitam a proposta libertadora de Deus. Duas parábolas sugerem que cada um deve avaliar suas disposições em seguir Jesus. A proposta é a renúncia a tudo o que se tem, isto é, confiar em Deus e fixar sua vontade nele.
José Raimundo Oliva
Fonte: Paulinas em 07/11/2012
VIVENDO A PALAVRA
As leituras falam de coragem e perseverança. São virtudes que se originam na opção radical de vida pelo Reino de Deus e pelo seguimento do Cristo em seu caminho de cruz. Uma decisão firme, que exige renúncia aos encantos tentadores e enganosos do mundo e a aceitação do caminho às vezes áspero do discípulo missionário.
Reflexão
O nome de cristão é motivo de orgulho para muita gente e muitos usam esse nome e fazem propaganda do fato de serem cristãos. Mas muitos são cristãos de apenas de nome e de conversa, porque quando surgem as exigências da vivência coerente com o evangelho, são os primeiros a recuarem e a ficarem teorizando formas de religião que justifiquem a sua incoerência evangélica e outros valores nada cristãos que marcam as suas vidas. A exigência de Jesus é clara: renunciar a todos os valores que são contrários ao evangelho e fazer do seu seguimento o centro da própria vida. O resto e conversa fiada de quem quer usar do discurso para legitimar os próprios erros.
Fonte: CNBB em 07/11/2012
Reflexão
Quem aceita o convite de Jesus para segui-lo tem que estar disposto a assumir a proposta do Reino dos Céus, ou seja, a prática da justiça e o exercício da fraternidade. Não é possível continuar mergulhado nas solicitações deste mundo e ao mesmo tempo ser autêntico discípulo do divino Mestre. Tudo deve ser colocado na balança, também os afetos referentes aos laços familiares. Servir ao mundo e seguir a Jesus Cristo são duas atitudes que não combinam. É preciso escolher e decidir. Prioridade é para o Reino. Viver como cristão não consiste em exibir camisetas com a figura de Jesus ou fazer passeata gritando bordões favoráveis a Cristo. A vida cristã pede convicções mais profundas. Do contrário, diante das primeiras tribulações, o cristão renega o Mestre e escapa do campo de missão.
(Dia a dia com o Evangelho 2018 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)
Meditando o evangelho
DECIDIR-SE COM PONDERAÇÃO
A decisão de seguir Jesus, por ser muito exigente, deve ser feita com muita ponderação. É indigno do discípulo ficar pelo caminho, sem atingir a meta fixada pelo Senhor. De sua parte, Jesus jamais pretendeu enganar seus seguidores, induzindo-os a assumir um projeto de vida, sem conhecer-lhe o teor. Ele falou claro, para evitar frustrações.
O discípulo de Jesus deveria estar disposto a colocar o Reino acima de tudo. Mesmo as relações familiares ocupariam um lugar secundário, quando confrontadas com as exigências do Reino. Caso contrário, seria impossível fazer-se discípulo. Por outro lado, a decisão pelo Reino comportaria perseguições, incompreensões e ódio para os discípulos. É a cruz inevitável do discipulado. Só quem está preparado para defrontá-la, poderá pôr-se no seguimento de Jesus.
Duas parábolas ilustram esta situação do discípulo. Ficará sujeito ao ridículo quem se puser a construir uma torre, sem verificar se tem condições para concluí-la. Está fadado à derrota quem vai lutar contra um exército mais forte, sem ter uma idéia exata do seu próprio potencial. Igualmente, quem pretende fazer-se discípulo de Jesus sem avaliar se está em condições de levar adiante este projeto, acabará por abandoná-lo na primeira dificuldade.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Senhor Jesus, reforça o que em mim é fraco, para eu perseverar no discipulado, sem me render diante das dificuldades.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. DECIDIR-SE COM PONDERAÇÃO
A decisão de seguir Jesus, por ser muito exigente, deve ser feita com muita ponderação. É indigno do discípulo ficar pelo caminho, sem atingir a meta fixada pelo Senhor. De sua parte, Jesus jamais pretendeu enganar seus seguidores, induzindo-os a assumir um projeto de vida, sem conhecer-lhe o teor. Ele falou claro, para evitar frustrações.
O discípulo de Jesus deveria estar disposto a colocar o Reino acima de tudo. Mesmo as relações familiares ocupariam um lugar secundário, quando confrontadas com as exigências do Reino. Caso contrário, seria impossível fazer-se discípulo. Por outro lado, a decisão pelo Reino comportaria perseguições, incompreensões e ódio para os discípulos. É a cruz inevitável do discipulado. Só quem está preparado para defrontá-la, poderá pôr-se no seguimento de Jesus.
Duas parábolas ilustram esta situação do discípulo. Ficará sujeito ao ridículo quem se puser a construir uma torre, sem verificar se tem condições para concluí-la. Está fadado à derrota quem vai lutar contra um exército mais forte, sem ter uma ideia exata do seu próprio potencial. Igualmente, quem pretende fazer-se discípulo de Jesus sem avaliar se está em condições de levar adiante este projeto, acabará por abandoná-lo na primeira dificuldade.
Oração
Senhor Jesus, reforça o que em mim é fraco, para eu perseverar no discipulado, sem me render diante das dificuldades.
2. QUEM SE SALVARÁ?
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
As exigências do Reino apresentadas por Jesus levou os discípulos a se perguntarem pelo número dos que seriam salvos. Imaginavam serem poucas as pessoas predispostas e fiéis ao projeto apregoado pelo Mestre. A dinâmica do Reino, como Jesus a entendia, rompia com os esquemas mundanos e só podia ser vivida por quem, de fato, se predispunha a enfrentar a cruz, como caminho necessário para a glória.
A questão levantada pelos discípulos pareceu ser irrelevante para Jesus. Era inútil saber se os salvos seriam poucos ou muitos. Importava, sim, empenhar-se continuamente para, com a graça de Deus, entrar no Reino, através da porta estreita. Portanto, era tempo de refletir e tomar uma decisão sábia, para evitar o risco de ser deixado do lado de fora.
A exclusão do Reino poderá ser uma experiência trágica. O choro e ranger de dentes expressam o desespero de quem desperdiçou a chance que lhe fora oferecida. A segurança fundada em elementos inconsistentes frustrar-se-á quando o cristão comparecer diante do Senhor. Ter comido e bebido na presença de Jesus e tê-lo visto ensinar nas praças não será suficiente para garantir a salvação. Jesus só reconhecerá como discípulo e salvará quem, como ele, tiver sido capaz de colocar-se a serviço do próximo, sem medo de perder tudo por causa do Reino.
Oração
Senhor Jesus, que eu me esforce sempre para entrar no Reino pela porta estreita do serviço ao próximo e da disposição de perder tudo por causa de ti.
Fonte: NPD Brasil em 07/11/2012
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A Opção Fundamental
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Quem durante a infância ou adolescência, não brincou em uma casa inacabada? Na minha rua tinha uma que nos abrigava após as malandragens, só tinha uma parte do telhado e buracos disformes em lugar das portas e janelas. Invadida pelo matagal tornara-se um depósito de lixo, virando ainda esconderijo de casais mal intencionados e de bandidos de outras plagas que ali pernoitavam. É para isso que serve uma casa inacabada, para ser usada para o mal.
Poderia ser uma bela casa e abrigar uma família de bem, mas acabou ficando daquele jeito, escura, triste, feia e abandonada, e tudo por falta de planejamento do seu construtor, que não teve o bom senso e a prudência de sentar-se para elaborar o orçamento, planejando o início e o término da obra, que desta forma tornou-se um testemunho vergonhoso contra ele.
Na outra parábola, Jesus é ainda mais claro, qual o rei que antes de sair para o combate, primeiro não se senta para avaliar se valerá a pena marchar contra o inimigo que vem com um exército numericamente superior, e depois envia mensageiros para negociar a paz?
Em qualquer empreendimento humano é necessário um planejamento para atingirmos a meta. Em nossos trabalhos pastorais e, sobretudo na missão fundamental de evangelizar, pecamos muito por falta de planejamento, esse também é o pecado de algumas pastorais e movimentos, pois nem sempre nossos planos pastorais são levados a sério e daí, é claro que os resultados nem sempre serão os esperados.
Em resumo o evangelho quer nos ensinar que antes de tomar uma decisão importante, é preciso pensar e refletir porque depois da decisão tomada, haverá consequências às quais temos que assumir. Um exemplo claro disso é o casamento, onde os casais recebem o sacramento, mas não têm consciência sobre o que estão assumindo e daí não perseveram na vida a dois e o casamento se transforma em uma casa velha, inacabada, que só trará desgosto e aborrecimento.
Pode assim entender por que as palavras de Jesus parecem ser tão duras e exigentes neste evangelho! No meio da multidão dos seus seguidores, e também nas comunidades de Lucas, havia muitas pessoas que ainda não tinham entendido o que é ser cristão, pois Jesus e seu evangelho não é apenas uma opção a mais, mas é a única e verdadeira opção para quem quer ser discípulo.
Ser cristão não é poder escolher em uma vitrine, algumas virtudes, ideologias ou tendências que mais nos agradem. Infelizmente há muitos que agem desta forma e por isso acabam fragmentando o evangelho e os ensinamentos cristãos, idealizando a imagem de um Jesus Cristo mais "Light", esquecendo-se que Cristo não é apenas a parede da casa, mas o alicerce sobre o qual construímos a nossa existência e tudo se fundamenta nele: nossa relação com os outros, tudo o que somos e temos, absolutamente nada deve ficar fora do ideal cristão!
É isso que Jesus quer dizer com a palavra desapego e renúncia, que não significa abrir mão de tudo que se tem, mas sim colocar o reino de Deus acima de todas essas coisas, até mesmo das relações afetivas com os familiares, simplesmente porque tudo o que temos e somos nesta vida é transitório e efêmero diante do Reino.
Há cristãos que planejam mal a sua vida de fé, muitas vezes almejam a glória da ressurreição tentando cortar por atalhos o caminho do calvário, esquivando-se da cruz que nos pertence, mas que o Senhor carregou por todos nós. Este é na verdade o grande perigo desse cristianismo da modernidade, ser discípulo de um Cristo sem cruz, onde não se precise fazer renúncias e nem desapegos, onde não seja necessário tomar decisão radical a favor do evangelho e nem se precise ser tão exigente conosco, no campo da ética e da moral.
As renúncias devem estar presentes em nosso dia a dia, como consequência natural de quem fez uma opção fundamental por Jesus, trata-se de uma escolha que se iniciou no dia do nosso batismo, quando pais e padrinhos falando em nosso nome, confiantes no efeito da graça de Deus em nossa vida, prometem solenemente naquele dia RENUNCIAR todas as forças do mal, contrárias ao reino que Jesus inaugurou.
2. Grandes multidões acompanhavam Jesus
A quarta etapa da subida de Jesus a Jerusalém começa com a observação de Lucas de que “grandes multidões acompanhavam Jesus”, e trata exatamente do seguimento de Jesus. Quem quer seguir Jesus deve se desapegar de tudo, dos afetos familiares e da própria vida. Os seguidores de Jesus devem estar livres de qualquer compromisso que não seja o anúncio do Reino de Deus. Quando Jesus diz que é preciso preferir a ele mais do que à própria vida, não está propondo para desistirmos de viver. Está pedindo que nossa vida esteja a seu serviço. Não está pedindo que abandonemos a família. Está pedindo que nosso relacionamento familiar esteja a seu serviço. E pede também que o discípulo tenha disposição de carregar a própria cruz.
HOMILIA DIÁRIA
O discipulado se faz num caminho de entrega total a Cristo
Postado por: homilia
novembro 7th, 2012
O tema de hoje está precedido por uma introdução, na qual vemos grandes multidões acompanhando Jesus. À vista disso, Ele terá de determinar quais são as verdadeiras características dos que querem realmente se tornar Seus discípulos. Temos, pois, duas exigências essenciais para formar parte do discipulado de Cristo, junto com duas parábolas ou exemplos, finalizando com uma conclusão que determina toda a matéria, unificando coerentemente a lógica dos argumentos precedentes.
Jesus está no lugar do próprio Deus, o qual pede o máximo como criador do homem. Sua figura como Salvador e Redentor O coloca no plano divino do absoluto e transcendente. Cristão e discípulo de Cristo são sinônimos de uma radicalização da vida que oferece uma nova visão do mundo e dos problemas humanos sob a luz da redenção do Senhor. A Ele pertencemos como novas criaturas, resgatadas pelo preço de sangue único e incomparável.
Com a referência às grandes multidões que acompanhavam Jesus, Lucas muda de tema. Ele passa das narrativas anteriores, em torno do tema do banquete, para as narrativas em torno do seguimento a Cristo. Com algumas sentenças, são apresentadas as condições para este seguimento.
A primeira condição é a liberdade plena em relação às tradições vinculadas aos laços de parentesco e à própria realização pessoal na escala de status deste mundo. No ambiente do Antigo Testamento, essa desvinculação em relação à família significa uma ruptura com a tradição hereditária e consanguínea, segregativa e elitista de “povo eleito”.
A opção do discípulo deve ser radical por Jesus com Sua proposta do Reino, na qual é priorizada a vida plena para todos sem discriminações ou privilégios. A segunda condição – o “carregar Sua cruz” – tomou forma nas primeiras comunidades, as quais viam, na cruz de Jesus, o modelo do dom total. O carregar a cruz foi o auge da repressão sofrida por Ele e imposta pelos poderosos da teocracia sediada em Jerusalém. Assim, o discípulo deve estar disposto a enfrentar a repressão ao exercer o serviço da Palavra e sua ação salvífica, sem medo da morte.
A seguir, temos duas curtas parábolas que mostram a necessidade de se tomar consciência das consequências ao decidir-se pelo seguimento a Cristo, para não vacilar, depois, diante das dificuldades que virão. O discípulo é chamado a uma renúncia total. Os que aceitam as condições são os que, pela sabedoria, conhecem o projeto de Deus.
Antes de iniciar uma guerra, que pode ser um desastre total, é preciso pensar seriamente se com o exército disponível podemos vencer um inimigo superior. Caso contrário, é melhor optar por uma paz, embora seja menos honrosa. São comparações que podem ser entendidas do ponto de vista puramente natural pelo homem “psychikós” que diria Paulo, levado unicamente por sua razão e sentimentos.
O discipulado de Cristo é um chamado a todos. Mas unicamente serão verdadeiros discípulos os que estejam dispostos a uma renúncia total – a começar por si mesmos – que é notada externamente pela pobreza de uma opção aparentemente irracional. Discípulo de um Mestre que teve uma cruz como fim e uma vida na qual o sofrimento era parte essencial, especialmente o sofrimento da incompreensão e da perseguição.
A cruz não é unicamente um símbolo de Quem sofreu por nós, mas uma opção necessária que deve dirigir nossas vidas de discípulos de Cristo. Não existe um Cristianismo “light” em que a humilhação, o escárnio e o sofrimento possam ser referidos unicamente ao Senhor. Os discípulos devem, como Jesus pediu aos filhos do Zebedeu, optar por beber o cálice amargo de Sua Paixão.
Seguir Jesus é continuar o projeto do Pai, experimentando um clima novo em relação às pessoas, às coisas materiais e consigo mesmo. Trata-se de assumir com liberdade e responsabilidade a condição humana sem superficialismos, conveniências ou egoísmos. Decidir-se por uma humanidade que Jesus adotou como modelo, em que a renúncia a si mesmo é a base da entrega a Deus e ao próximo.
Ambas as parábolas explicam as dificuldades e inconvenientes que levarão muitos a abandonar o caminho empreendido. Por isso, devemos enfrentar o nosso discipulado com a intenção de total e absoluta renúncia a tudo o que possuímos.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova em 07/11/2012
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, que eu consiga ver meus pais, minha mulher, meus filhos, irmãos – e até a minha própria vida! – e amá-los a todos como dons de teu carinho, muito mais do que como objetos de minha propriedade. E que eu saiba dar-Te graças pela existência de todos eles como sinais de teu Amor paterno. Por Jesus Cristo, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.