ANO C
Jo 15,18-21
Comentário do Evangelho
A palavra encorajadora de Jesus
O tema principal é a perseguição que os
discípulos sofrem e, aqui, muito provavelmente da parte da sinagoga. No relato
do envio dos setenta e dois discípulos, Jesus alerta: “Eis que eu vos envio
como cordeiro entre lobos” (Lc 10,3). O prólogo do evangelho de João já
antecipa o tema da perseguição e da rejeição: “… a luz brilha nas trevas, mas
as trevas não a apreenderam” (1,5); “ele estava no mundo e o mundo foi feito
por meio dele, mas o mundo não o reconheceu” (v. 10). No diálogo
catequético-batismal com Nicodemos, o tema da rejeição também aparece: “… a luz
veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque as suas obras
eram más” (3,19). Neste pano de fundo, a palavra de encorajamento de Jesus
ganha ainda mais força: “Se o mundo vos odeia, sabei que primeiro odiou a mim”
(v. 18). O discípulo é chamado a configurar a sua vida à vida do seu Senhor e
encontrar nele e por ele a força para enfrentar e não sucumbir diante da
perseguição. As razões da perseguição são a ignorância e a falta de fé: não
conhecem Aquele que enviou Jesus (cf. v. 21).
Carlos Alberto Contieri,sj
Oração
Pai, faze-me forte para enfrentar o ódio e a
perseguição do mundo, sem abrir mão de minha fidelidade a ti e a teu Reino, a
exemplo de Jesus.
Vivendo a Palavra
O mundo nos odeia. Nós fomos escolhidos pelo Pai
e, mesmo permanecendo no mundo, não pertencemos mais a ele. Temos, aqui na
terra, a missão de sal, fermento e luz, para dar sabor, leveza e iluminar esta
vida que já é sinal do Reino de Deus, embora ainda não em sua plenitude.
VIVENDO A PALAVRA
O Evangelho nos ajuda a reconhecer que no
caminho do discípulo aparecerão obstáculos. A novidade do Reino que anunciamos
surpreende e extrapola a expectativa limitada dos que estão ligados aos
tesouros que enferrujam, as traças corroem e os ladrões podem roubar. O Reino
de Deus está dentro de nós! Essa Boa Notícia, é claro, não satisfaz os
interesses imediatistas da sociedade de consumo em que vivemos.
Reflexão
Todas as pessoas vivem segundo uma hierarquia de
valores que norteiam a sua existência. Esta hierarquia de valores é determinada
pelas experiências da vida, pela educação recebida, pela cultura em geral e
pelos conhecimentos adquiridos. Quando uma pessoa é de fato alguém de fé, a fé
passa a ser o elemento fundamental da sua hierarquia de valores, toda a sua
vida é direcionada para ela e todos os esforços são no sentido de defender e
assumir esses valores. Mas quem vive segundo a hierarquia de valores proposta
pelo mundo, defende com todas as suas forças os valores do mundo e combate os
valores da fé, odiando quem é de Jesus.
Reflexão
Jesus nunca ocultou a dura realidade de perseguição
que seus discípulos haveriam de enfrentar. Nem deveria ser novidade para eles
que, na convivência com o Mestre, percebiam que ele era acolhido pelas
multidões, mas também rechaçado, sobretudo pelo grupo dirigente. Por que os
discípulos serão perseguidos? Porque não pertencem ao mundo da injustiça, da
opressão, da desigualdade. Jesus não faz aliança com esse mundo fechado à
mensagem de amor. Seus discípulos deverão ser fiéis ao Mestre, por isso sabem
que a rejeição os aguarda, já que “um servo não é maior do que seu senhor”.
Mas, não fiquem desanimados, nem tudo é tempestade na vida desses missionários.
Pois do mesmo modo que eles ouviram e acolheram a palavra de Jesus, outros
darão crédito às palavras de seus discípulos.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 – Pe. Luiz Miguel
Duarte, ssp)
Meditando o evangelho
SEM MEDO DE SER ODIADO
O Mestre Jesus procurou consolar e encorajar os seus discípulos diante
da perspectiva do ódio e da perseguição. Sem criar neles o complexo de vítima,
levou-os a encarar o futuro, com realismo: assim como o seu testemunho
despertou a fúria de seus adversários, o mesmo aconteceria com os seus
enviados.
Que tipo de personalidade pressupõe-se que o discípulo deva ter, se
considerarmos as palavras de Jesus?
Antes de tudo, o discípulo deve ser alguém inabalavelmente comprometido
com o Mestre, colocando-o como centro de sua vida, e com o Reino. Supõe-se que
deva possuir uma personalidade destemida, se não audaciosa, alheia às
influências negativas e pessimistas, perspicaz para detectar e denunciar as
artimanhas do maligno, precavendo-se delas, predisposta a testemunhar a sua fé
até o martírio, se for o caso.
Sem isto, o discípulo não terá a mínima condição de defrontar-se com o
mundo, e sair vitorioso. Sua vida será sempre uma batalha, pois foi arrancado
do mundo. Por isso, o mundo não o perdoa. Sua missão consistirá em desmontar as
estruturas contrárias ao projeto de Deus, saneando-as com o amor e a justiça.
Seu destino será como Jesus: levar adiante esta luta sem tréguas, da qual
deverá sair vencedor.
Basta ao discípulo contemplar a vida do Mestre, e, por ela, pautar a
sua.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe.
Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE –
e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Espírito de encorajamento, diante da perspectiva de ser odiado e
perseguido, reveste-me de coragem, para eu não permitir que as forças do mal
tenham poder sobre mim.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Abraçar a Missão
(O
comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
A Palavra "mundo" é largamente empregada pelo evangelista
João, mas as vezes com sentido diferente, neste evangelho por exemplo, mundo
não é o planeta ou a Obra da Criação, mas sim o mundo do mal, dos que
deliberadamente se opõe a Verdade que Deus revelou em Jesus. Odiar é o
contrário do Amar, o amor quer a Vida do outro e a sua alegria, o Ódio quer a
morte e a destruição daquele que é odiado.
O homem quer um Deus forte e poderoso, um ser de moral irrepreensível,
seguidor da lei de Moisés, um Deus que privilegie os justos e santos, e que
castigue implacavelmente os injustos e pecadores. Um Deus que continue a ter
uma raça escolhida, exemplo de pessoas boas, sinceras, e que por isso mesmo são
sempre abençoadas com longa vida, e bens materiais. Um Deus que se valorize e
que não se misture com os míseros mortais.
O primeiro problema na relação da comunidade judaica tradicional com
Jesus, Ele não atende essa expectativa e ainda por cima, se relaciona com
pessoas que nem de longe fazem parte da "raça escolhida e Nação
Santa". Mas o que provocou o ódio e a rejeição a Jesus por parte dos
Judeus tradicionais, foi ele ter se apresentado como Filho de Deus, o grande
esperado e não havia outro.
Os seguidores autênticos de Jesus o imitam em tudo, ensinam suas
palavras, realizam as mesmas obras, ou seja, dão continuidade á Missão de Jesus
tornando-se assim a prova inequívoca de que Jesus ressuscitou, está vivo e
caminha com eles. Quem odeia a alguém, quer ver esse alguém morto, esmagado e
destruído para sempre, e alguém que lembre 4 essa presença, só fará aumentar o
ódio dos seus opositores.
Na pós-modernidade essa rejeição e esse ódio por Jesus, seu evangelho e
seu reino, continua. Muda-se a referência, os Judeus conservadores o odiavam
porque ele não correspondia ao modelo de Messias que eles acreditavam, a partir
de suas tradições e da escritura, já o homem da pós-modernidade quer um Jesus
que seja á sua imagem e semelhança, adequado a um estilo de vida que privilegie
a busca de prazer, de realização pessoal, em um egocentrismo exacerbado onde o
homem é o deus de si mesmo.
Qualquer postura, pensamento ou atitude que contrarie tudo isso, irá
atrair ódio e rejeição. O discípulo de Jesus sempre navega contra a correnteza!
2. Não
sois do mundo
Perseguiram a Jesus, perseguirão a nós também porque o servo não é maior
do que o seu senhor. Nós estamos no mundo, mas não somos do mundo. Não pensamos
como o mundo nem agimos como o mundo. Escrevendo aos romanos, São Paulo
recomenda não se deixar esquematizar pela sociedade na qual estamos inseridos.
Não assimilar o esquema do mundo. Ao contrário, temos que ir na direção oposta.
Há o mundo criado por Deus e há a sociedade criada por nós. O mundo que hoje
muitos propõem como espaço cultural da vida humana não coincide com a proposta
evangélica do Reino de Deus. Há, sem dúvida, uma luta entre a cultura da vida e
a cultura da morte. Temos consciência de defender a vida e tudo o que coopera
para que todos tenham vida em abundância. A liberdade é um valor a ser
defendido. A libertinagem, porém, que permite a cada um fazer o que bem
entende, cria uma cultura de morte com predomínio do egoísmo sobre o respeito
mútuo. Penso em minhas conveniências, não penso na família; penso em meu corpo,
não penso no nascituro; penso no meu prazer, não penso nas consequências. Um
mundo sem família, um mundo sem ética, um mundo de espertos impunes pode ser
para o cristão o mundo do bom combate. Um combate em favor da realização plena
do ser humano.
HOMILIA DIÁRIA
Postado por: homilia
maio 4th, 2013
Disse Jesus: “Se o mundo vos odeia, sabei que,
primeiro, odiou a mim, porque o servo não é maior que o seu Senhor”. Muitas
vezes, ficamos tristes, deprimidos, para baixo, porque as pessoas não gostam de
nós, nos menosprezam por aquilo que vivemos e acreditamos. Até mesmo em nossas
casas, nossa própria família, nos chamam de beatos, bitolados… Mas aprenda uma
coisa: o mundo odiou Jesus, odiou nosso Mestre.
Quando olhamos para o crucifixo e contemplamos
Jesus crucificado, temos convicção disso. Ele morreu primeiro, porque o mundo o
odiou, porque não aceitaram Sua palavra, não aceitaram a vida que Ele nos deu.
Se nós nos tornamos discípulos d’Ele, nós não somos maiores do que Ele; pelo
contrário, tornamo-nos servos. E se assim O perseguiram, se assim não O amaram
nem O aceitaram, é normal também que o mundo não nos aceite. É por isso que ser
Igreja é viver o martírio, é ser, muitas vezes, rejeitado, discriminado.
Primeiro, precisamos ser coerentes e não é só
falar, mas viver tudo aquilo que acreditamos, ou seja, que o Evangelho é vida.
Precisamos encarnar este modo de vida, e, uma vez feito isso, temos de deixar
nosso “couro da pele” preparado, porque o mundo não vai nos aceitar. Mas
entendam que, se perseguiram nosso Mestre, a nós também irão perseguir.
Nós estamos no caminho! Que Deus nos dê forças para suportarmos as adversidades
que o mundo nos faz passar.
Padre Roger Araújo –
Comunidade Canção Nova
Oração Final
Pai Santo, dá-nos discernimento, coragem e
perseverança para fazermos nossa opção radical de vida pelo teu Reino de Amor.
Que vençamos a sedução do mundo, caminhando rumo ao teu abraço paternal,
seguindo o Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na
unidade do Espírito Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, nós desejamos seguir o Caminho de
Jesus. Em seu Nome, queremos anunciar o Reinado de Amor que destinas aos teus
filhos. Faze-nos humildes para que nosso anúncio seja transparente: não
apareçamos nós, mas o Amor Misericordioso que nos deste no Cristo, teu Filho
Unigênito que se fez humano em Jesus de Nazaré, e contigo reina na unidade do
Espírito Santo.