Lc 5,12-16
Comentário do Evangelho
Jesus deixa-se tocar
A lepra era considerada uma desgraça, castigo de Deus em razão da infidelidade à Aliança. O leproso era excluído do convívio da comunidade (Nm 12,9-16; cf. Lv 13–14). Somente Deus poderia purificar alguém da lepra. O gesto do leproso caindo por terra, confiado no poder de Jesus de purificá-lo, é reconhecimento da divindade de Jesus. Jesus toca com sua mão no leproso; o Espírito Santo que habita nele (cf. Lc 3,22; 4,18), Espírito puro, santificador, é o que purifica ou, semelhantemente, o que perdoando liberta da enfermidade. A atitude de Jesus de ouvir, acolher e purificar o leproso corrige a distorção da imagem, histórica e culturalmente plasmada no imaginário judeu, de que Deus pune e castiga. Ora, Deus “não nos trata segundo as nossas faltas”. Ao sacerdote cabia constatar a purificação e reintegrar a pessoa à comunidade. Ao mandato de ir mostrar-se ao sacerdote, é expressa a motivação: “isto lhes servirá de testemunho”, isto é, será um sinal de que em Jesus habita a plenitude de Deus. Se a fama de Jesus se espalha, ele resiste à tentação do sucesso fácil e se refugia e se entrega à oração, lugar onde o sentido de sua missão é cultivado.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, que a oração me ajude a descobrir o verdadeiro sentido do serviço que presto ao Reino, de modo a coibir a tentação de ser contaminado pelo orgulho e pela soberba.
Vivendo a Palavra
Quando Jesus disse: ‘Eu quero, fique purificado’, Ele nos mostrava que a eficácia da ação que pretendia executar dependia do envolvimento da sua vontade. Vontade de acudir o irmão, de estar junto dele. Mas dependia, sobretudo, da consciência de que a obra realizada é sempre dom do Pai Misericordioso e a Ele devemos dar graças.
VIVENDO A PALAVRA
Quando Jesus disse: ‘Eu quero, fique purificado’, Ele nos mostrava que a eficácia da ação que pretendia executar dependia do envolvimento da sua vontade. Vontade de acudir o irmão, de estar junto dele. Mas dependia, sobretudo, da consciência de que a obra realizada é sempre dádiva do Pai Misericordioso e a Ele devemos dar graças.
vIVENDO A PALAVRa
Tão diferente dos ídolos deste nosso tempo de moderno-consumismo, todos em permanente avidez pela fama e a exposição nos meios de comunicação… Jesus, não: Ele ordenava que não dissessem nada a ninguém e, depois de curar o irmão, retirava-Se para lugares desertos, a fim de orar. Seu deleite era a convivência com o Pai que tanto amava.
Reflexão
Uma das características fundamentais do evangelho de São Lucas é a apresentação da dimensão orante de Cristo. Muitas vezes, vemos que Jesus se afasta da multidão e procura lugares solitários com a finalidade de entregar-se à oração. Mas a oração de Jesus não é uma fuga da realidade ou um afastamento dos sofrimentos das pessoas. O encontro amoroso de Jesus com o Pai está sempre relacionado com o encontro amoroso que ele tem com as outras pessoas, principalmente com os que sofrem, como nos mostra o evangelho de hoje, que antes do seu encontro com Deus, ele se encontra com o leproso e o cura para que, cumprindo as exigências da lei, ele possa ser reintegrado na sociedade.
Reflexão
Os últimos versículos nos oferecem um rico traço da personalidade de Jesus. Ele não se apegava aos aplausos da multidão, nem dependia do reconhecimento popular para perseverar na missão; ao contrário, afastava-se da euforia das massas e se recolhia na intimidade com o Pai, e ali rezava. Isso, depois de acudir um leproso que ansiava por ser curado para tomar parte do convívio social. Sim, porque os leprosos eram banidos da sociedade como ameaça para a saúde pública, e considerados indignos de participar do culto religioso. Para o leproso, que se apresenta cheio de fé no poder de Deus, Jesus tem um toque de amor e uma palavra firme, poderosa: “Eu quero; fique purificado”. Quais são os marginalizados de hoje que estão esperando nosso toque amoroso e terapêutico?
Oração
Ó Jesus, recebes um homem cheio de lepra e, atendendo ao pedido dele, o livras da doença. Desse modo, o reintegras na vida social e lhe dás condições de ir ao Templo prestar culto a Deus. Dupla libertação. Livra também o nosso povo, Senhor, de tudo o que o impede de ter vida plena. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2020 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp (dias de semana) Pe. Nilo Luza, ssp (domingos e solenidades))
Reflexão
Mais um leproso (hanseniano) aproxima-se de Jesus para lhe pedir a cura. O Mestre, sem medo de se tornar impuro – assim eram vistos os que tinham alguma doença da pele -, estende-lhe a mão e o cura da lepra. Em respeito à Lei, pede para se apresentar ao sacerdote e cumprir a Lei de Moisés como prova da cura. O narrador continua apresentando Jesus como alguém capaz de purificar a pessoa impura e readmiti-la na sociedade civil e religiosa. O gesto de Jesus, além da cura do doente, é uma crítica contra o isolamento de pessoas por causa de alguma doença, contra uma sociedade que discriminava por motivos insignificantes, principalmente os mais pobres e os doentes. Sua ação é uma expressão de misericórdia para quem necessita e uma contestação contra as estruturas que marginalizam as pessoas.
Oração
Ó Jesus, recebes um homem cheio de lepra e, atendendo ao pedido dele, o livras da doença. Desse modo, o reintegras na vida social e lhe dás condições de ir ao templo prestar culto a Deus. Dupla libertação. Livra também o nosso povo, Senhor, de tudo o que o impede de ter vida plena. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2021 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp e Pe. Nilo Luza, ssp)
Recadinho
Em que momentos de meu dia eu rezo? - Em que consiste minha oração? - O leproso demonstrou ter muita fé. Como é minha fé? - Preciso de milagres físicos, palpáveis, ou me bastam os milagres de minha cura interior? - Não precisamos sair realizando milagres! O milagre que Deus pede de nós é um amor verdadeiro para com nosso próximo! Que o espírito de caridade e misericórdia estejam sempre em nosso coração! Assim, trilharemos caminhos de paz!
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Meditando o evangelho
O MESSIAS EM AÇÃO
A cura do leproso ilustra a ação do Messias Jesus, em conformidade com o discurso programático, proclamado na sinagoga de Nazaré. Este enfermo era a imagem viva da mais total pobreza. Excluído da convivência humana, perambulava errante, em busca de misericórdia. Sua imundície repugnante tornava irremediável sua exclusão.
A presença de Jesus na vida do leproso reverteu o quadro de sua situação. O Mestre não fugiu dele, temendo ser contaminado. Antes, permitiu ao homem aproximar-se. Este, num gesto de profunda humildade, prostrou-se diante de Jesus, com a face por terra, num gesto típico de adoração. Ao chamá-lo de Senhor, o leproso fez uma confissão de fé, reconhecendo Jesus como Messias de Deus.
Jesus fez um gesto inusitado, quando tocou o leproso para curá-lo, pois os leprosos jamais deveriam ser tocados, uma vez que transmitiam impureza. Com Jesus, porém, o processo foi inverso: não foi o leproso quem transmitiu impureza para Jesus, e sim, Jesus foi quem purificou o leproso, curando-o de sua enfermidade. Desta forma, a dignidade daquele homem foi restaurada, porque voltou a ser integrado no convívio social e religioso, como também, começou a partilhar da vida que o Reino anunciado por Jesus fazia jorrar para a humanidade. E, assim, a identidade messiânica de Jesus revelava-se e se tornava conhecida.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Senhor Jesus, faze-me reconhecer, em teus gestos de misericórdia, o Reino de Deus acontecendo na história humana.
Meditando o evangelho
AÇÃO E ORAÇÃO
Os curas realizadas por Jesus atraíam sobre ele a atenção das pessoas. Sua fama difundia-se cada vez mais, fazendo com que grandes multidões se reunissem a seu redor para ouvi-lo e serem curadas por ele.
A cura do homem vítima de uma terrível e contagiosa doença de pele deu margem para que sua fama se espalhasse ainda mais.
Na sua humildade, e cumprindo uma lei religiosa que proibia aos leprosos aproximarem-se das pessoas sadias, o homem simplesmente prostrou-se com face em terra, assim que viu Jesus. A seguir, dirigiu-lhe uma súplica. No seu pedido, ao mesmo tempo em que reconhecia o poder taumatúrgico do Mestre, o enfermo submetia-se totalmente à vontade dele, colocando suas sorte nas mãos de que podia restituir-lhe a saúde.
Então, movido de compaixão, Jesus desconsiderou as leis religiosas que segregavam os leprosos. Estendendo a mão, tocou o homem doente, declarando seu desejo de vê-lo curado. E o milagre aconteceu!
O entusiasmo do povo levava o Mestre a se voltar, com toda intensidade, para Deus. Também desta vez, retirou-se para um lugar deserto a fim de orar. Pela oração buscava desprender-se de toda atenção concentrada sobre si, recordando que só o Pai era merecedor de glória e louvor. Assim, procurava manter-se distante do orgulho e da soberba, que poderiam desvirtuar toda a sua ação.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Pai, que a oração me ajude a descobrir o verdadeiro sentido do serviço que presto ao Reino, de modo a coibir a tentação de ser contaminado pelo orgulho e pela soberba.
COMENTÁRIO DO EVANGELHO
1. Jesus tocou nele e disse: quero, sejas purificado! - Lc 5,12-16
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)
Este Jesus que se revelou aos Reis Magos vai ser batizado nas águas do rio Jordão e começará a ensinar com palavras e gestos que o que há de melhor em Deus é a sua bondade. “Senhor, se queres, tens o poder de purificar-me”, tem o poder de devolver a alegria da vida. “Eu quero”, responde Jesus. Ó Jesus, ensina-nos a dizer “eu quero”! Ensina a tua Igreja a dizer um “eu quero” cheio de bondade, de compaixão e compreensão! Que a vida não nos torne indiferentes, que leis e regulamentos não sequem a seiva da graça em nossos corações! Jesus, que tudo pode, nos ensina a fazer ao menos o que está ao nosso alcance, a não dar de ombros, a não passar adiante sem ter feito alguma coisa. Jesus cura o pobre leproso e manda que ele cumpra a Lei. O sacerdote precisa de um testemunho legal. “Vai […] e apresenta por tua purificação a oferenda prescrita por Moisés”. A Lei podia declarar que alguém era leproso, mas não era capaz de curar. Só a misericórdia supera a Lei, vai além da justiça e restaura o ser humano diminuído. “Jesus, se queres, podes ouvir o que tenho a te dizer!”
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Diálogo interessante...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Vamos conversar um pouco com esse Leproso sem nome, que representa todo Homem ou mulher que teve um encontro com Jesus deixando-se por ele transformar no mais íntimo do seu Ser. O personagem é imaginário, mas a reflexão é bem profunda...
___Como foi seu encontro com Jesus?
Homem curado ____ Eu tinha em meu coração um forte desejo de me encontrar com Jesus mas as possibilidades eram poucas. Nós leprosos não podíamos ficar na cidade, pois sendo impuros ficávamos em lugares desertos, longe de todas as pessoas, em acampamentos isolados.
___Assim que o avistou você caiu aos pés dele...
Homem Curado___ Sim, eu prostrei-me aos seus pés porque no fundo eu sabia que só Ele poderia curar-me e mudar a minha vida. Ele representava minha esperança e Salvação, nesse sentido.
___Mas você não pediu a cura logo que o viu...
Homem curado___ Não! Primeiro eu me submeti à sua Vontade, por isso eu disse “Se queres...”
___Mas você acha que ele poderia “Não querer”?
Homem Curado___ Isso eu não sei, só sei que pedi com Fé, e pedir com Fé não é ter o domínio sobre Deus, ao contrário, é nos submeter a Ele.
___Por que a sua cura foi tão marcante para você e para as pessoas que presenciaram?
Homem Curado___O fato dele ter me tocado, antes de dizer: Eu quero, fica curado!... Naquele tempo as pessoas religiosas eram proibidas de nos tocar, pois ficavam também impuras.
____Este fato parece estar associado ao mistério da Encarnação de Jesus, ou não?
Homem Curado ___Está sim, a Humanidade toda estava impura pela lepra do pecado, e com sua encarnação, assumindo a nossa natureza humana, Jesus “tocou” em nós assumindo a nossa fragilidade humana. Por isso o evangelista não cita o meu nome, pois essa é a história de toda humanidade.
___Mas no final ele proibiu você de falar sobre a cura, e mandou se apresentar ao sacerdote, para que a cura fosse oficialmente reconhecida. Seria isso um mero formalismo religioso?
Homem Curado__ Jesus não quis mostrar-se superior à Instituição Religiosa, ele respeitou o rito de purificação do templo, embora tivesse mostrado que só Ele é quem faz a verdadeira purificação do Ser Humano. Esse evangelho apenas quer ensinar que os ritos são sinais de uma ação Divina em nossa vida. Não se deve ficar só no rito, mas nele fazer uma experiência profunda de Deus. Vocês têm os Sacramentos, que devem ser vividos e não apenas celebrados e ritualizados.
2. Senhor, se queres, tens o poder de purificar-me - Lc 5,12-16
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)
Quem é o Menino que os reis do Oriente encontraram com Maria, sua Mãe? É aquele que se retira para lugares desertos e se entrega à oração; é aquele que tem o coração cheio de misericórdia e cura a lepra do corpo e da alma. A lepra da alma é o pecado. Ele é o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. O homem coberto de lepra faz uma profissão de fé: “Se queres, tens o poder de purificar-me”. E a resposta de Jesus não poderia ser outra: “Eu quero”. Ele quer o que há de melhor para nós. Seja, pois, feita a sua vontade, mesmo quando não a compreendemos. Há momentos muito difíceis em nossa existência, difíceis de suportar e difíceis de compreender. Há sem dúvida uma dimensão na existência que ultrapassa os nossos limites de tempo e de espaço. Isso não nos dispensa de trabalhar para que comece a existir na terra o que esperamos no céu. Há quem trabalhe para aliviar a dor dos enfermos, envolvendo-os de carinho. E há pesquisadores que procuram descobrir o que pode ajudar o ser humano a superar as limitações da vida, “purificando-o” dos males do corpo e da alma.
Liturgia comentada
Podes limpar-me! (Lc 5, 12-16)
Era terrível a situação do leproso nos tempos de Jesus. Comenta a Bíblia de Navarra: “Na lepra via-se um castigo de Deus (cf. Nm 12, 10-15). O desaparecimento dessa doença era considerado como uma das bênçãos da época messiânica (Is 35, 8; Mt 11, 5; Lc 7, 22). Ao doente de lepra, pelo caráter contagioso dessa doença, a Lei tinha-o declarado impuro e transmissor de impureza àquelas pessoas que tocava, ou àqueles lugares em que entrava. Por isso tinha de viver isolado (Nm 5, 2; 12, 14ss) e mostrar, por um conjunto de sinais externos, a sua condição de leproso.”
Mas há lepra ainda pior! A ruína do pecado supera em nós as deformações da lepra. Afinal, pelo Batismo, fomos configurados com Cristo, lavados da culpa original, recebendo a face de Cristo. Quando optamos pelo pecado, desfiguramos essa imagem e maculamos o templo de Deus em nós. Todo pecado é lepra: rói, deforma, corrói. Desfigura o pecador. Pense na avareza, que leva o médico a fazer da medicina apenas um meio de ganhar dinheiro. Veja como o pobre não merece sua atenção. Veja como pergunta ao virtual consulente se ele tem dólares para pagar pela cirurgia de sua esposa. E como se presta a fazer abortos assassinos, desde que lhe paguem por isso...
Pense na luxúria, que leva o homem a comprar o corpo da mulher. A olhar para toda mulher que passa com um olhar que é despir. Veja como ninguém escapa de sua gula assassina, nem a criancinha indefesa. Como ele aluga filmes pornô e acumula em seu computador centenas de fotos obscenas, sem perceber que emporcalha sua alma e se rebaixa a um nível sub-humano. Sem amor, o sexo o esvazia sempre mais de toda ternura e toda delicadeza... E a ambição, que move o político a trocar tudo pelo poder, a aceitar qualquer negociata, qualquer ato de corrupção, desde que isso lhe permita manter-se em posição de mando. Ambição que leva o empresário a explorar a mão-de-obra do pobre, fazendo-o escravo ou pagando-lhe salário de fome...
E todos os leprosos podem ser limpos de seu pecado. Um ladrão, crucificado ao lado de Jesus, iria reabrir o paraíso (Lc 23, 43). O Saulo odioso e violento seria o novo Paulo a anunciar a salvação estendida aos pagãos. O Agostinho pecador viria a ser o cantor da misericórdia e da graça de Deus.
Do fundo do poço, revestido de lepra, o pecador se volta para Cristo e faz um ato de fé: “Se queres, podes limpar-me...” E Jesus responde: “Eu quero! Sê limpo!”
Orai sem cessar: “Purifica-me, Senhor, do meu pecado!” (Sl 51, 4)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança
santini@novaalianca.com.br
HOMILIA
CURA-ME JESUS
No episódio de hoje, aparece bem claro duas atitudes: a do leproso e a de Jesus. Da parte do leproso a confiança e o desejo da cura: “se queres, tens o poder de me curar”. Da parte de Jesus, a compaixão: “Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão e tocou nele”. Depois, a vontade de curar: “Eu quero, fica curado! No mesmo instante a lepra desapareceu e ele ficou curado. Então Jesus completa: “Vai mostrar-te ao sacerdote”! Para poder ser reintegrado na comunidade. Mas este gesto de Jesus não significa apenas a libertação de uma moléstia. Jesus faz mais: Ele toca no leproso. E tocar num impuro era contrair a impureza. Isto sim é que é amar! Contrair um mal para curar! Já havia sido profetizado por Isaias: “Era desprezado e abandonado pelos homens, um homem sujeito à dor, familiarizado com a enfermidade, como uma pessoa de quem todos escondem o rosto; desprezado não fazíamos caso nenhum dele. E no entanto, eram as nossas enfermidades que ele levava sobre si, as nossas dores ele carregava”( Is 53, 3-5 ). Ou seja: carregou a nossa lepra para nos curar na raiz do nosso ser!
Infelizmente ainda existe muita lepra em nossos dias apesar de todo o progresso da medicina. Há os leprosos físicos e os leprosos morais. Os leprosos físicos são os banidos da nossa sociedade moderna: os que moram nas ruas, cortiços, favelas, passando fome como aquelas famílias pedintes ao longo das ruas, os desempregados, os jovens drogados, as crianças prostituídas, os idosos abandonados os contaminados com vírus do HIV. Os leprosos morais são, não os banidos, mas… os bandidos de nossos dias os corrompidos e corruptores de todos os tipos, os egoístas de todos os matizes, os pecadores contumazes, os infiéis, os adúlteros que pregam a dissolução da família, os violentos, seqüestradores, assaltantes e assassinos. Já pensaram num marido ao chegar em casa depois de cometer adultério? Ele deveria gritar como os leprosos: “Impuro! Impuro!”
Diante dos leprosos físicos Jesus age através de nós! Onde quer que falte o alimento, bebida, roupa, casa, medicamento, trabalho, instrução, saúde…aí deve a caridade cristã ir buscá-los, consolá-los, reerguê-los. Este é o grande testemunho que o mundo de hoje espera de ti e de mim como membros da Igreja que somos. É o que dizia o nosso Papa Bento XVI na recém publicada encíclica “Deus é amor”: O amor do próximo, radicado no amor de Deus, é um dever antes de mais para cada um dos fiéis, mas é-o também para a comunidade eclesial inteira, e isto a todos os seus níveis: desde a comunidade local passando pela Igreja particular até à Igreja universal na sua globalidade. A Igreja também enquanto comunidade deve praticar o amor.”
Diante dos leprosos morais, Jesus quer curar pessoalmente. O problema é irem até Jesus e pedirem a cura, pedirem para ficarem limpos! Diante das “lepras” físicas, não hesitemos em pedir a Jesus: se queres podes me curar. Mas diante das “lepras morais”, hesitemos e, muitas vezes, não queremos que Ele nos cure… Jesus quer curar. Basta se arrepender, ajoelhar-se aos seus pés, e pedir: Senhor, se quiseres podes me curar. E Jesus vai dizer: Quero, fica curado, mas vai apresentar-te ao sacerdote, confessa o teu pecado, para receberes o sinal do meu perdão no sacramento da Penitência.
Lucas viu neste homem, não apenas a enfermidade física, mas espiritual. Jesus o purifica dizendo, fica limpo, vai ao sacerdote (verso 14). Uma decisão acertada. Aquele homem não se importou com o que haveriam de pensar acerca da sua presença ali, nem da sua condição física ou financeira, não estava preocupado se iriam repreendê-lo, e até expulsá-lo, o que ele queria era estar aos pés de Jesus. Que decisão acertada, buscou o Melhor para lhe dar o que ele precisava: além da cura física para a sua recuperação e restauração ao convívio, como também, a cura espiritual, por um ato de fé, de confiança. Mas em quem confiar? Aquele homem não buscou outros mediadores, caminhos, simpatias, nada que lhe fosse passado; buscou o Senhor dos Senhores, Aquele que disse Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Se aquele homem tivesse por um instante sequer, uma indecisão, perderia com certeza a única de sua vida.
O poder de Deus está muito além da nossa fé. Porque o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza, Jesus Cristo quebra as barreias e nos dá a libertação. Basta inclinar-se na humilhar diante do Senhor, clamar e suplicar, para que na vontade do Senhor as coisas aconteçam, e através dos olhos da fé possamos ver o agir de Deus, pois o restante não está em nós, mas no seu agir. Aquele homem não queria ser apenas curado, mas o seu desejo era ser purificado, “se quiseres podes me purificar”. Jesus o curou e determinou, para a tua purificação, procure o sacerdote, e oferece em sacrifício o que Moisés determinou (LEVÍTICO 14).
Pai, que a oração me ajude a descobrir o verdadeiro sentido do serviço que presto ao Reino, de modo a coibir a tentação de ser contaminado pelo orgulho e pela soberba.
Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
HOMÍLIA DIÁRIA
Deixe que a luz de Jesus brilhe em sua vida!
Nós queremos ser purificados, nós acreditamos que Jesus pode curar as nossas impurezas e as nossas lepras!
”Vendo Jesus, o homem caiu a seus pés, e pediu: ‘Senhor, se queres, Tu tens o poder de me purificar”’ (Lc 5, 12).
Aquele leproso mostrou toda a sua confiança naquilo que Deus podia fazer por ele, e só Deus podia fazê-lo! E uma vez que ele reconhece que Jesus é Senhor, ele sabe que Cristo age no poder de Deus e pode limpá-lo.
Meus queridos irmãos, que tristeza vivia aquele homem, imundo por causa daquilo que a lepra fazia com ele! E porque ele estava imundo e, porque ele estava impuro, ele não poderia viver junto das pessoas. O preconceito de todos, a visão de que poderiam ser contaminados e tantas outras coisas deixavam os leprosos marginalizados e distantes da sociedade e das pessoas. Mas esse leproso é um homem ousado, ele desafia todo e qualquer preconceito, ele desafia toda e qualquer lei que o impede de ir ao encontro d’Aquele que poderia fazer algo por ele.
Não basta separar as pessoas, deixá-las no canto, à margem, quando não apontamos o caminho, a direção a elas! E a luz de Jesus brilhou na vida desse homem, é por isso que ele diz: “Senhor, se tu queres, o Senhor pode sim, o Senhor pode me curar!” Ele não O “obrigou”, mas ele mostrou a sua fé e a sua confiança em Jesus, que poderia curá-lo. Por isso, ele [leproso] disse: “Sim, eu quero ser purificado”! E daquela hora em diante a lepra deixou aquele homem.
Você quer ser purificado? Nós queremos ser purificados, nós acreditamos que Jesus pode realmente curar as nossas impurezas, as nossas lepras. É verdade que nós, muitas vezes, andamos bem vestidos, cuidamos de nossa aparência externa, e ninguém vê o nosso lado “podre”, ninguém vê as sujeiras que se acumulam dentro de nós, ninguém vê as maldades que se escondem por baixo de nossas aparências. Esse tipo de coisa é pior do que a lepra daquele homem, porque a lepra dele era visível, todos a reconheciam e sabiam do que se tratava; a nossa se esconde! E porque a escondemos, não cuidamos delas; e porque não cuidamos dela, a lepra cresce e se torna um mal maior em nossa vida.
Meu irmão e minha irmã, olhemos para o Senhor e também digamos: Senhor, se Tu queres podes me curar, se Tu queres pode me lavar, me salvar, me purificar e me mostrar o caminho da vida. Lava-me, Senhor, das minhas lepras, lava-me dos meus pecados, purifica-me de todas as minhas faltas.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
HOMÍLIA DIÁRIA
Deixemo-nos conduzir pela unção de Cristo
“Assim, são três que dão testemunho: o Espírito, a água e o sangue; e os três são unânimes” (1Jo 5,7).
É importante olharmos aquilo que a Palavra de Deus está nos dizendo porque fomos ungidos em Cristo. Jesus Cristo nos deu a Sua unção porque Ele é o ungido do Pai, e são três que testemunham a unção de Deus em nós.
O primeiro é óbvio: o próprio Espírito Santo, o Espírito que foi derramado em nossa alma, em nosso coração, que nos foi dado quando fomos batizados. O selo do Espírito está em nosso peito, está na nossa alma, em nosso coração e em nossa mente.O Espírito de Deus está em nós, precisamos dar a vida a esse Espírito que está em nós e não podemos aniquilar a ação d’Ele em nós. O Espírito nos leva a testemunhar, a proclamar e amar.
Se não estamos proclamando e anunciando a Jesus, se não estamos amando uns aos outros é porque não estamos deixando nos conduzir pela unção que recebemos do Espírito. A forma desse Espírito nos ungir é pela água e pelo sangue, a água que nos lavou no Espírito. Não foi simplesmente um ritual simbólico, aquela água nos lavou e nos purificou para sermos todos de Deus.
Cristo nos deu a Sua unção porque Ele é ungido do Pai, e são três que testemunham a unção de Deus em nós
Precisamos sempre voltar às águas batismais simbolizadas, na pia batismal de nossa Igreja, mas também sacramentalizada no sacramento da confissão e em todos os momentos em que participamos de purificação e regeneração da alma.
A água é sempre para nós a vitalidade e o revigoramento da alma em Deus. Não podemos permanecer sujos, não podemos permanecer no pecado, por isso, o Espírito está nos lavando; e precisamos constantemente nos lavar.
Outro testemunho foi dado pelo sangue de Cristo Jesus. Ele disse: “Pai, em tuas mãos Eu entrego o meu Espírito”, do Seu lado aberto saía sangue e água do batismo. O sangue é o próprio Cristo porque o sangue é a vida, por isso, a Eucaristia é o sacramento do corpo e sangue do Senhor.
No pensamento e, sobretudo, na teologia bíblica, o sangue representa toda a vida humana. Quando diz que Ele derramou Seu sangue, diz que Ele derramou toda a Sua vida, toda o Seu amor por nós.
O sangue de Jesus é o alimento da nossa vida. Quando recebemos na Eucaristia o corpo do Senhor, recebemos a vida do Senhor em nós. Precisamos deixar que a vida de Cristo esteja em nós, deixar que a vida d’Ele esteja cultivada em nós.
Como precisamos viver em Cristo para que Ele viva em nós! Como precisamos realmente mergulhar no sangue de Jesus! O sangue que circula em nós é aquele que nos dá a vida, o sangue que nos leva a ter vigor, vitalidade, responsabilidade e impulso. O sangue que nos retém, que nos leva a ter rancor, raiva, medo, pavor, o sangue ferve dentro de nós, o sangue se acalma dentro de nós.
Precisamos do sangue de Jesus em nós, da vida d’Ele em nós para sermos impulsionados por esse sangue para darmos a nossa vida e o nosso sangue por amor a Deus.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Oração Final
Pai Santo, dá-nos humildade para reconhecer que tudo é dom do teu Amor. Jamais permitas, Pai amado, que nos orgulhemos ou nos apropriemos dos méritos de obras que tu realizas em benefício do teu povo, ainda que utilizando da nossa pobre humanidade. Por Jesus Cristo, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, dá-nos humildade para reconhecer que tudo é dom do teu Amor. Jamais permitas, amado Pai, que nos orgulhemos ou nos apropriemos dos méritos de obras que Tu realizas em benefício do teu povo, ainda que utilizando da nossa pobre humanidade. Por Jesus Cristo, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
oRAÇÃO FINAl
Pai Misericordioso, venha a nós o teu Reino – trazendo a Paz, a Luz e o Amor! E nos dá plena consciência de que tudo que temos e somos é Dom de teu infinito Amor. Que a Vida, a Fé, a tua Presença Amorosa em nós, entre nós e na nossa história sejam reconhecidas, acolhidas e glorificadas em todo tempo e lugar. Por Jesus, o Cristo teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.