- Início
- Via-Sacra
- Ângelus
- Ano da Misericórdia
- Assembléia Geral da CNBB
- Frases Famosas
- Gotas de Misericórdia
- Homilia Diária
- Imagens Religiosas
- Imitação de Cristo
- Liturgia Diária
- Mensagem do Dia
- Orações
- Podcast
- Rádio Vaticano
- Santo do Dia
- Terços
- CATEQUESE - Papa Francisco
- Liturgia das Horas - Como rezar?
- Meu Dia em Sintonia com o Alto
- Mensagens em Power Point
- NOVENA PEDINDO A CURA DA DEPRESSÃO
- O Dia, a Semana e o Mês do Católico
- OFÍCIO DA IMACULADA CONCEIÇÃO
- Terço da Divina MIsericórdia
- Primeira Exortação Apostólica do Papa Francisco
sábado, 8 de outubro de 2022
HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA - 09/10/2022
ANO C
28º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Ano C – Verde
“Não foram dez os curados?” Lc 17, 17
Lc 17,11-19
Ambientação
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: : Em comunidade, louvamos a Deus que dá,
gratuitamente, vida para todos. A gratidão
é um ornamento da humildade. Por isso, o
senso de gratidão revela o interior do ser
humano e, somado à fé e ao amor, constitui
o autêntico discípulo.
FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, a Igreja, reunida em nome do Senhor, dá graças e bendiz o Pai doador de todos os dons e de todas as bênçãos. Na sua infinita misericórdia, o Pai enviou seu Filho em missão para nos libertar, nos curar e nos salvar. A cada dia experimentamos a ação de Deus que nos salva e nos tira da morte, por seu Filho amado, o Cristo Senhor. Elevemos, pois, a Deus nosso hino de louvor e de ação de graças e, na oferta do seu Filho, ofereçamos a nós mesmos como ofertas vivas e agradáveis a Deus.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Nossas comunidades são um espaço onde o Senhor da vida se manifesta. Não nos reunimos para “pagar graças”, e sim celebrar o Deus que dá gratuitamente a vida para todos. A gratidão é um ornamento da humildade. Por isso, o senso de gratidão revela o interior do ser humano e, somado à fé e ao amor, constitui o autêntico discípulo.
http://diocesedeapucarana.com.br/portal/userfiles/pulsandinho/13-de-outubro-28-Domingo-do-Tempo-Comum.pdf (13/10/2019)
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, a Igreja, reunida em nome do Senhor, dá graças e bendiz o Pai doador de todos os dons e de todas as bênçãos. Na sua infinita misericórdia, o Pai enviou seu Filho em missão para nos libertar, nos curar e nos salvar. A cada dia experimentamos a ação de Deus que nos salva e nos tira da morte, por seu Filho amado, o Cristo Senhor. Elevemos, pois, a Deus nosso hino de louvor e de ação de graças e, na oferta do seu Filho, ofereçamos a nós mesmos como ofertas vivas e agradáveis a Deus.
https://arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/55_-_28o_domingo_do_tempo_comum.pdf (13/10/2019)
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: O anúncio do reino de Deus é anúncio de salvação, proclamado não só com a palavra, mas também com ações. Os milagres confirmam o triunfo do Espírito sobre satanás, e é por isso que Jesus, investido do Espírito, entra em luta com satanás no deserto. O Cristo é o homem forte, que, lutando arduamente, tira o espírito do mal aquilo que ele usurpou. Jesus inaugura o reino messiânico destruindo a obra do adversário.
Fonte: NPD Brasil em 13/10/2019
TUA FÉ TE SALVOU
“Levanta-te e vai! Tua fé te salvou” (Lc 17, 19). Com esta palavra de Jesus ao leproso curado
que voltou para agradecer queremos celebrar a santa eucaristia.
Este grande mistério da nossa fé
é a ação de graças pelo amor de
Deus manifestado no amor de
seu Filho Jesus, que passou por
este mundo fazendo o bem e entregou a sua vida por nós. É o memorial da vitória de Cristo sobre
o mal, a vida que vence a morte.
A libertação do mal pela graça da
fé, dom para a plena vida, nos
torna testemunhas do Ressuscitado, missionários por causa do
Evangelho. Somos chamados a
levantar-nos e ir, uma “igreja em
saída”. Estamos no mês missionário que tem por tema “a Igreja é
missão” e por inspiração bíblica
“sereis minhas testemunhas” (At
1,8). Que sejamos, pela fé e pelas
obras, verdadeiros e autênticos
discípulos missionários de Jesus
Cristo.
A Palavra de Deus deste domingo
permite reforçar nossa fé, pois
não há outro Deus, a não ser o
de Israel. A primeira leitura ( 2 Rs
5.14-17) nos mostra o caminho
de fé e a cura de Naamã e o reconhecimento do Deus verdadeiro.
O profeta Eliseu está a serviço do
Deus doador da vida para todos:
“Pela vida do Senhor, a quem sirvo, nada aceitarei” (v. 16). A fé e
a cura não tem preço, no projeto
de salvação as relações entre as
pessoas são de gratuidade e a
relação com Deus é de confiança e de reconhecimento. Na vida
e na história de cada um de nós,
e da comunidade, como povo de
Deus, nos deve impelir a mesma
atitude de Naamã. Este, ao obedecer e ser curado, volta para junto do homem de Deus, o profeta
Eliseu, e professa a sua fé: “Agora
estou convencido de que não há
outro Deus em toda a terra, senão o que há em Israel” (v. 15).
Também o texto do Evangelho de
Lucas (Lc 17,11-19) nos mostra a
fé que salva. Como é bela a atitude do leproso, entre os dez curados, que volta e se prostra aos pés
de Jesus, com o rosto por terra e
agradece. Os leprosos, excluídos
e marginalizados, se aproximam
e gritam com fé naquele que lhes
pode curar: “Jesus, Mestre, tem
compaixão de nós” (v. 13). Jesus
responde à fé que manifestam e
eles cumprem o que prescrevia
a lei. “Enquanto caminhavam...”
(v. 14), ficam curados. Jesus veio
para salvar os pecadores, Ele é a
Vida, a Verdade, o único Caminho. O episódio fala de dez leprosos curados, mas um só foi salvo,
o samaritano: “Tua fé te salvou”
(v. 19). É preciso crer para ser
salvo. Trata-se de um verdadeiro caminho de fé, um itinerário
onde vamos amadurecendo no
seguimento de Jesus e o acolhendo plenamente como único Salvador. De fato, a fé nasce do clamor
e da esperança naquele que pode
curar, que tem compaixão, que
veio para salvar os pecadores. É
na obediência à palavra de Jesus
que a libertação do mal se concretiza, e se expressa na gratidão
e na glorificação de Deus.
À luz da segunda leitura ( 2 Tm
2.8-13) queremos hoje, como o
apóstolo Paulo, professar nossa fé em Jesus Cristo e anunciar:
“para que eles também alcancem
a salvação que está em Cristo Jesus, com a glória eterna” (v. 10).
Eis nossa missão: anunciar e testemunhar que Jesus é o único
Salvador. Merece fé esta palavra,
“se com ele morremos, com ele
viveremos” (v. 11). Acolhamos
com alegria este chamado à fidelidade, e peçamos o dom da fé e a
graça da salvação.
Dom Angelo Ademir Mezzari, RCJ
Bispo Auxiliar de São Paulo
https://arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano-46-c-55-28-domingo-do-tempo-comum.pdf
GRATIDÃO E HUMANIZAÇÃO
A gratidão é uma resposta de reconhecimento por algum bem recebido. Ela não é uma exigência ou uma compensação e nem um pagamento, porque isso vai contra a virtude da gratidão. A gratidão nasce da espontaneidade de um coração agradecido, que se move na direção do outro. Um simples obrigado, um olhar, aceno de cabeça ou uma flor, são gestos que podem vir carregados de muita gratidão. A gratidão é uma atitude profundamente humana, e humanizadora.
Numa sociedade marcada pela eficiência e pela agilidade na prestação de serviços, a palavra gratidão pode parecer um conceito deslocado. De um lado agradecer por um serviço parece desnecessário, porque tudo é pago com dinheiro e se transforma numa relação comercial. De outra parte, cresce a indiferença no relacionamento com o outro, as pessoas ficam quase invisíveis, assim como os gestos e as atitudes. A obrigação substitui a gratidão e desumaniza.
é fonte transformadora da fé, e é necessário partir do encontro para evangelizar. O Papa Emérito Bento XVI fala claramente a respeito dizendo que, “o cristianismo não é uma filosofia ou uma moral, mas o encontro com uma pessoa, que é Jesus”. No evangelho encontramos muitos relatos dos gestos e dos milagres, que Jesus realizou durante a sua pregação. Em todos esses relatos existe sempre um ponto comum, que é o encontro. O encontro com Jesus humaniza as pessoas excluídas.
No encontro de Jesus com os leprosos aconteceu o milagre da cura, e eles foram enviados para que se apresentassem aos sacerdotes no templo, cumprindo o que a Lei estabelecia. Mas um deles percebeu algo além, que era necessário render graças a Deus ali, em Jesus. Deus é fonte de toda graça e de toda benção, mas não possível recorrer a Ele somente quando há necessidade. Onde fica a gratidão? O encontro com Jesus gerou gratidão a Deus, de forma espontânea e também humanizou. O testemunho cristão será sempre mais verdadeiro quanto mais promover a cultura do encontro, que gera gratidão e humaniza.
Dom Devair Araújo da Fonseca
Bispo auxiliar de São Paulo
Comentário do Evangelho
É uma palavra que comunica o Sopro de Deus e faz viver.
O episódio da purificação do sírio Naamã, um pagão, pelo profeta Eliseu, já foi evocado por Jesus, no início do terceiro evangelho (4,25-27), para responder às objeções dos nazarenos do porquê Jesus não havia realizado em sua própria pátria os atos de poder realizados em Cafarnaum: “Certamente ireis me citar o provérbio: ‘Médico, cura-te a ti mesmo’. Tudo o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum, faze-o, também, aqui, em tua pátria” (4,23). Mas a falta de fé impedia os conterrâneos de Jesus de acolhê-lo como dom de Deus e de ver em sua pessoa a irrupção da vida de Deus em favor de toda a humanidade. O que eles pensavam saber de Deus os cegava. Desse modo, Nazaré passará a ser o protótipo de Israel, que rejeita a salvação no modo como ela é oferecida por Deus ao seu povo, na plenitude do tempo. Essa rejeição será utilizada, no Novo Testamento, como um dos argumentos para afirmar a abertura da salvação aos pagãos.
O evangelho deste domingo trata da cura por Jesus de dez leprosos, entre os quais um samaritano, um estrangeiro (cf. v. 18), o único que retorna a Jesus para agradecer (cf. v. 16). Nós já conhecemos a situação dos leprosos e como, mesmo do ponto de vista religioso, eles eram desprezados e excluídos da graça de Deus. O Levítico descreve a situação com detalhes: “O leproso portador desta enfermidade trará suas vestes rasgadas e seus cabelos sem pentear; cobrirá o bigode e clamará: Impuro! Impuro!… morará à parte: sua habitação será fora do acampamento” (Lv 13,45-46). A lepra era tida como castigo de Deus e somente Deus podia libertar a pessoa de tal enfermidade (cf. Nm 12,9-13). Há uma outra purificação de um leproso, em Lucas 5,12-14, com o mesmo alcance messiânico. “Dez” era o número dos leprosos que gritam implorando compaixão (cf. vv. 12-13). Não há qualquer gesto, ao contrário da história de Eliseu; somente a palavra de Jesus foi suficiente para purificá-los. É uma palavra que é e comunica o Sopro de Deus que faz viver; palavra eficaz, pois, “enquanto estavam a caminho, foram purificados” (v. 14). “Dez” é um número que simboliza a totalidade de um povo. Todo um povo é visitado pela graça de Deus. No entanto, dos dez somente um retorna para agradecer; os outros nove não souberam reconhecer o tempo da graça e da salvação. A cura da lepra é um dos sinais dos tempos messiânicos (cf. 7,22-23). A salvação da qual Jesus é portador e oferta a todos. Mas, se os dez foram beneficiados pela Palavra do Senhor, por que somente o samaritano reconheceu e retornou para agradecer? “Não foram dez os curados? E os outros nove, onde estão?” (v. 17). Somente o samaritano, considerado herético pelos judeus, é que retornou cumprindo a missão de Israel (cf. Sl 96[95],1-3). O texto interpela o leitor do evangelho: quão difícil é reconhecer o Reino de Deus que se aproxima. O que é necessário fazer ou cultivar para que não percamos a oportunidade de reconhecer o tempo em que somos visitados?
Não obstante nós mesmos, “Deus permanece fiel, mesmo quando nós lhe somos infiéis, pois não pode negar-se a si mesmo” (2Tm 2,13).
Vivendo a Palavra
Aquele homem foi um dos dez curados da lepra. Eu sou um dos muitos curados por Jesus. Será que reconheço as curas operadas em mim pelo Senhor? Sou agradecido por isto? Demonstro gratidão, testemunhando aos irmãos o inefável amor com que somos agraciados pelo Pai Misericordioso?
VIVENDO A PALAVRA
Aquele homem foi um dos dez curados da lepra. Eu sou um dos muitos curados por Jesus. Será que reconheço as curas operadas em mim pelo Senhor? Sou agradecido por isto? Demonstro gratidão, testemunhando aos irmãos o inefável amor com que sou agraciado pelo Pai Misericordioso?
Reflexão
A GRAÇA DE DEUS E NOSSO AGRADECIMENTO
I. INTRODUÇÃO GERAL
A liturgia do 28º domingo comum nos apresenta um tema bem caro ao evangelista Lucas e muito esquecido em nossa sociedade: a gratidão. Em nossos dias de individualismo e de egocentrismo exacerbado, por causa do mito do bem-estar e da idolatria do mercado, a gratidão brilha como uma luz nas trevas.
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1. I leitura (2Rs 5,14-17)
A 1ª leitura é a história da gratidão de Naamã, o general sírio que ficou leproso. Aconselha-se, aos padres ou ministros da Palavra, que expliquem e contextualizem bem esta leitura, pois o trecho prescrito no Lecionário ficou muito truncado. O recorte litúrgico exige pelo menos uma pequena introdução narrativa, para pôr os ouvintes a par do que precedeu à entrada de Naamã na água do Jordão! É preciso lembrar como esse estrangeiro concebeu a ideia de consultar um profeta de Israel e, sobretudo, como ele queria montar um espetáculo, levando ricos presentes e vestes (2Rs 5,5). O poderoso general sírio queria que o profeta Eliseu o curasse por sua palavra, mas Eliseu o mandou banhar-se no Jordão, para que ficasse claro que não era Eliseu quem curava, e sim o Senhor de Israel e das águas do Jordão. O general, apertado, aprendeu a obedecer.
Então veio a hora de agradecer. Novamente, Naamã quer mostrar seu prestígio oferecendo um presente digno de príncipe. Eliseu recusa, pois quem agiu não foi ele, mas foi Deus! Então vem o comovente fim da história: curado não só de sua lepra, mas de seu orgulho de militar, Naamã pede para levar consigo, nos jumentos, umas sacas de terra, para poder adorar, na Síria, o Deus de Eliseu sobre o chão de Israel! Além disso, pede antecipadamente perdão, porque, como funcionário real, terá que adorar também, de vez em quando, o deus sírio Remon; e Eliseu responde: “Pode fazer tranquilamente”…
As lições dessa história são diversas: a gratuidade do agir de Deus, pois o que o move não são as manias militarescas ou os presentes, mas a simples confiança de Naamã; a humildade do profeta, que só quer que Deus apareça; a comovente gratidão do sírio; a abertura de espírito do profeta quanto às obrigações religiosas do sírio; o fato de ele ser estrangeiro e, nesse sentido, o fato de Deus o atender gratuitamente, sem “ter obrigações” para com ele…
2. Evangelho (Lc 17,11-19)
O evangelho lembra, sob vários aspectos, a história de Naamã (1ª leitura). Trata-se de lepra. Dez leprosos são curados não imediatamente (exatamente como Naamã), mas somente depois de ter mostrado confiança inicial na Palavra de Jesus, que os mandou mostrar-se aos sacerdotes. Porém, quando eles obtêm a cura, a história se torna menos emocionante que a de Naamã: torna-se um caso grave de ingratidão. Só um dos dez volta para agradecer, e este é, por sinal, um estrangeiro (como Naamã), e, além disso, samaritano, inimigo dos judeus.
Parece que a graça de Deus é melhor acolhida pelos estrangeiros. E é verdade, pois os estrangeiros se sabem agraciados, enquanto as pessoas da casa acham que tudo quanto recebem é “por direito” e que, portanto, não precisam agradecer! Esquecem que tudo é graça. Acham que estão quites quando cumprem as prescrições: mostrar-se aos sacerdotes. Sua atenção é absorvida por seu próprio sistema. Por isso, diz-se que os piores cristãos são os que moram perto da Igreja: apropriam-se da religião e esquecem o extraordinário de tudo o que Deus faz.
3. II leitura (2Tm 2,8-13)
Na 2ª leitura, o “testamento de Paulo” (cf. domingos anteriores) chega ao ponto mais significativo: Paulo confia a seu cooperador, Timóteo, o evangelho que ele mesmo pregou, o anúncio da ressurreição de Cristo, que garante também a nossa ressurreição – se ficarmos firmes na fé nesta palavra. Quem segue no trilho do Apóstolo arrisca-se. O amor ao Evangelho e aos “eleitos” exige empenho total. Isso é possível a partir da certeza de que Cristo foi ressuscitado dos mortos (2,8). Paulo está algemado, mas a palavra não está algemada (v. 9)!
As últimas frases da perícope (2Tm 2,11-13) formam um hino. A palavra que é verdadeira nos ensina: se morrermos com Cristo, viveremos; se formos firmes, reinaremos com ele; se o renegarmos, ele nos renegará; – e agora vem uma quebra surpreendente nos paralelismos – se formos infiéis, ele será… fiel! À nossa infidelidade, Deus responde com sua fidelidade, pois não pode negar seu próprio ser!
III. PISTAS PARA REFLEXÃO
Gratidão: os textos nos convidam a refletir sobre a gratidão. A 1ª leitura nos oferece uma das mais belas histórias do Antigo Testamento. Naamã, general sírio, foi curado da lepra pelo profeta israelita Eliseu. Para mostrar a sua gratidão, levou consigo para a Síria, nos seus jumentos, uns sacos cheios de terra de Israel, para, lá na Síria, adorar o Deus de Israel no seu próprio chão! Em contraste com este exemplo de singela gratidão, o evangelho narra a história dos dez leprosos curados por Jesus, dos quais apenas um voltou para agradecer. E esse era, por sinal, um estrangeiro (como o general sírio), pior, um samaritano, inimigo do povo de Jesus…
Gratuidade do agir de Deus, gratidão por tudo o que Deus faz: tudo é graça. O tema da gratidão é bem enquadrado pela liturgia toda. A oração do dia reza que a graça de Deus deve preceder e acompanhar nosso agir; devemos estar atentos ao bem que Deus nos dá para fazer. O salmo responsorial (Sl 98[97]) e a aclamação ao evangelho estão no mesmo tom. É também o dia indicado para ler o belo prefácio comum IV: agradecemos a Deus até o dom de o louvar! Graça, gratuidade, gratidão, agradecimento: é o momento de ensinar ao povo o parentesco, não apenas etimológico, mas vital, dessas palavras.
As antigas orações estão cheias de ação de graças. O próprio termo “eucaristia”, que indica a principal celebração cristã, significa “ação de graças”. Contudo, quando se faz, depois da comunhão, uma ação de graças partilhada, a maioria das pessoas dificilmente consegue formular um agradecimento; a oração de pedido é que lhes vem aos lábios. Numa missa, depois da comunhão, o padre convidou os fiéis a formular orações de louvor e gratidão, não de pedido, mas a primeira voz que se fez ouvir rezou: “Eu te agradeço, Senhor Deus, porque te posso pedir por meu marido e meus filhos…”.
A gratidão é uma flor rara. Brota, frágil e efêmera, nas épocas de trocar presentes (Natal, Páscoa…), mas desaparece durante o resto do ano. Quase ninguém agradece pelos dons que recebe continuamente, dia após dia: a vida, o ar que respira, os pais, irmãos, vizinhos…
Se fosse apenas o costume de pedir, não seria grave. Pedir com simplicidade pode ser outra face da gratidão – como aquele frei que, depois de uma boa sobremesa na casa de uma benfeitora, assim falou: “Minha senhora, não sei como mostrar minha gratidão por esse almoço e essa sobremesa tão gostosa… posso pedir mais um pedaço?”. Ao contrário, porém, a mania de pedir sem agradecer reflete a mentalidade de nosso ambiente: sempre querer levar vantagem. Será por causa das dificuldades da vida? Mas os que têm a vida mais folgada é que mais pedem sem agradecer… Falta motivação para se dirigir em simples agradecimento àquele que é a fonte de todos os bens. Talvez não seja apenas a gratidão que desapareceu. Receio que Deus mesmo tenha sumido dos corações.
Não só as pessoas individuais, também as comunidades eclesiais devem precaver-se desse perigo. Lutar pelo amor-com-justiça é bom e necessário, mas a luta deve estar inspirada pela visão alegre e alentadora do bem que Deus dispõe para todos, e não pela insatisfação e frustração. Um espírito de gratidão pelo que já se recebeu, em termos de solidariedade e fraternidade, é o melhor remédio para que a luta não faça azedar as pessoas. Então a desgraça que se vive não abafará a gratidão; será apenas um desafio a mais para que tudo o que fizermos seja uma ação de graças a Deus, conforme a palavra de Paulo na 2ª leitura.
Pe. Johan Konings, sj
Nascido na Bélgica, reside há muitos anos no Brasil, onde leciona desde 1972. É doutor em Teologia e licenciado em Filosofia e em Filologia Bíblica pela Universidade Católica de Leuven (Lovaina). Atualmente, é professor de Exegese Bíblica na Faje, em Belo Horizonte. Entre outras obras, publicou: Descobrir a Bíblia a partir da liturgia; A Palavra se fez livro; Liturgia dominical: mistério de Cristo e formação dos fiéis – anos A - B - C; Ser cristão; Evangelho segundo João: amor e fidelidade; A Bíblia nas suas origens e hoje.
E-mail: konings@faculdadejesuita.edu.br
Fonte: Vida Pastoral em 13/10/2013
Reflexão
“TUA FÉ TE SALVOU”
A primeira leitura e o evangelho de hoje se assemelham ao relatar a cura de pessoas doentes. O profeta Eliseu cura o sírio Naamã, usando como terapia o banho no rio Jordão; e Jesus, a caminho de Jerusalém, cura o grupo dos dez homens, dos quais apenas um volta para dar glória a Deus.
Quando Cristo realizava os milagres, não tinha como objetivo fazer alarde de sua condição divina, tampouco ser visto como “todo-poderoso”; na verdade, sempre se opôs a tais atitudes. Seus milagres devem ser vistos na perspectiva libertadora do reino de Deus e como sinais messiânicos desse reino. Pois assim fez ele em várias ocasiões: na sinagoga de Nazaré (cf. Lc 4,31-34), na casa de Pedro (cf. Mt 8,14-15), diante da mulher enferma (cf. Lc 8,43-48). Os milagres são, na verdade, sinais da presença salvadora do reino do Deus vivo e atuante na história e parte integrante da boa-nova anunciada por Cristo por meio de palavras e obras.
Mas de onde eles brotam? São frutos da fé que os destinatários tinham em Jesus: “Levanta-te e segue o teu caminho; a tua fé de salvou”. Ou seja, era a fé dos favorecidos pelos milagres que suscitava a ação do poder divino presente em Jesus de Nazaré. A fé era o pressuposto essencial e condição indispensável para a realização dos milagres. Prova disso é que, onde não encontrava fé, como ocorreu com seus conterrâneos em Nazaré, Jesus “não pôde” fazer nenhum milagre (cf. Mt 6,5).
Na atualidade, não raro nos queixamos da falta de milagres em nossa vida – seja o de ganhar na loteria, seja o de conquistar um bom emprego, a casa nova ou até mesmo um grande amor. Esquecemo-nos que o maior milagre Jesus já realizou em nossa vida: acordar todos os dias com a oportunidade de ser melhores, melhores com nós mesmos e com o próximo.
Ao que parece, o que nos falta é voltar aos pés de Jesus, como fez o samaritano, e agradecer tão grande dádiva. Confiantes, digamos: “Senhor, livra-nos da falta de fé”.
Jorge Alves Luiz, ssp
Reflexão
COMPAIXÃO E GRATIDÃO
Os dez enfermos do evangelho – que atualmente poderiam ser identificados com os hansenianos – gritam a Jesus que tenha compaixão, algo que não encontram na sociedade. As doenças de pele que se reuniam sob o nome “lepra” não tinham cura no tempo de Jesus; hoje, graças a Deus, a hanseníase tem cura, mas ainda muita gente sofre dessa doença. Os doentes de pele, além da doença, sofriam a dor da discriminação e da exclusão. Não podiam conviver socialmente nem ser tocados, pois eram considerados impuros.
Obedecendo ao mandato de Jesus, enquanto vão aos sacerdotes, ficam curados. Somente um toma a iniciativa de voltar para agradecer; era um samaritano, desprezado como estrangeiro. Este nos deixa bela lição de gratidão. Nesse relato do evangelho encontramos duas nobres atitudes: a compaixão, por parte de Jesus, e a gratidão, por parte do samaritano.
Aqueles doentes de pele representam as pessoas que sofrem e são discriminadas e marginalizadas na sociedade. Diante disso, cabe-nos a pergunta: quem hoje vive o mesmo drama de sua condição? Todos os que sofrem a exclusão: doentes, dependentes químicos, mendigos de rua das grandes cidades, certos grupos étnicos e religiosos… Eles, quando encontram compaixão, que faz cessar a indiferença e resulta em socorro, recuperam a dignidade e se reintegram ao convívio social. Seu grito, além de denúncia de sua miséria, é apelo por uma vida mais digna.
O exemplo do samaritano motiva e desperta nossa atitude de gratidão. Esse gesto enobrece a vida de qualquer cidadão. Parece que a gratidão hoje saiu de moda ou é algo para os fracos. Certo é que, na atual sociedade mercantilista, ela está sumindo. Tudo se rege pelo comércio, pela troca. A gratidão a Deus produz na pessoa agradecida novo olhar, novo relacionamento com os outros e com a natureza, porque sabe que a sua existência e a dos outros são dons de Deus. O samaritano que voltou e agradeceu recebe de Jesus a alegre boa-nova: Tua fé te salvou.
Pe. Nilo Luza, ssp
Reflexão
A caminho de Jerusalém, dez doentes (leprosos) vão ao encontro de Jesus e gritam por piedade. O Mestre os envia aos sacerdotes, para que, curados, possam retomar a vida social, da qual estavam excluídos por causa de sua doença. Enquanto vão, ficam curados e um deles volta para agradecer. Jesus se admira que só o samaritano (estrangeiro) voltou para dar “gloria a Deus”. Os doentes são fiéis cumpridores da Lei: param a distância, pois não podiam se aproximar de outras pessoas por causa da doença; obedecem à palavra de Jesus, que os envia aos sacerdotes. Os nove que não retornam para agradecer se julgam curados por ter observado a Lei; consideram-se merecedores. O samaritano, porém, reconhece a ação e a bondade de Deus, que se revelam em Jesus. Muitos cristãos, por serem fiéis cumpridores dos mandamentos de Deus e da Igreja, pensam ter méritos diante de Deus e da comunidade. Mais uma vez, temos a lição de um samaritano (desprezado pelos judeus) que foi capaz de reconhecer o dom e agradecer ao Pai, que é fonte de todos os dons. Como são bonitos os gestos de gratidão ao Senhor e também às pessoas que nos auxiliam em alguma necessidade.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)
Reflexão
A caminho de Jerusalém, dez leprosos vão ao encontro de Jesus e gritam por piedade. O Mestre os envia aos sacerdotes, para que, curados, possam retomar a vida social, da qual estavam excluídos por causa de sua doença. Enquanto vão, ficam curados e um deles volta para agradecer. Jesus se admira que só o samaritano, estrangeiro e adversário dos judeus, voltou para dar “glória a Deus”. Os doentes cumprem as determinações da Lei: param a distância, pois não podiam se aproximar de outras pessoas por causa da doença; obedecem à palavra de Jesus, que os envia aos sacerdotes. Os nove que não retornam para agradecer, talvez, se julguem curados por ter observado a Lei; consideram-se merecedores. O samaritano, porém, reconhece a ação e a bondade de Deus, que se revelam em Jesus. Muitos cristãos, por serem fiéis cumpridores dos mandamentos de Deus e da Igreja, pensam ter méritos diante de Deus e da comunidade. Mais uma vez, temos a lição de um samaritano, desprezado pelos judeus, que foi capaz de reconhecer o dom e agradecer ao Pai, que é fonte de todos os dons. Como são bonitos os gestos de gratidão ao Senhor e também às pessoas que nos auxiliam em alguma necessidade. A gratidão deveria ser uma característica fundamental do cristão.
(Dia a dia com o Evangelho 2022)
Meditação
Que lugar ocupa a gratidão em sua vida? - Com relação a Deus, você mais pede ou mais agradece? - Reconhece e retribui os gestos de generosidade que encontra no seu dia a dia? Cite alguns testemunhos de fé que você dá. - Conhece alguém que é de uma fé inabalável?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Meditando o evangelho
O PECADO DA INGRATIDÃO
O modo como os leprosos agem em relação ao benefício recebido de Jesus corresponde às nossas atitudes perante a misericórdia divina.
No seu desespero, os leprosos recorrem a Jesus, implorando piedade. Era insuportável a situação em que se encontravam, vítimas da doença. Mesmo para recorrer ao Mestre, deviam manter-se à distância, como mandava a Lei. Esta os obrigava a andar com as vestes rasgadas, com os cabelos desgrenhados e a barba coberta. E mais, deveriam habitar fora da cidade, e gritar: "impuro, impuro!", quando alguém se aproximasse, para evitar a contaminação. Situação dolorosa!
A súplica pungente do grupo de doentes encontra guarida no coração de Jesus. Ele os atende imediatamente, ordenando que se apresentem aos sacerdotes, como se já estivessem curados.
Só um sentiu-se motivado a voltar atrás e agradecer a quem o havia curado. Jogou-se aos pés de Jesus, dando gritos de louvor a Deus. E este era um samaritano, membro de um povo inimigo dos judeus, visto com desprezo. A gratidão brotou-lhe espontânea do coração.
Já os outros nove, judeus de origem, esqueceram-se de agradecer. Assim, deram mostras de não ter dado o passo da fé, reconhecendo a condição messiânica de Jesus. E perderam a chance de receber os benefícios da salvação.
Fonte: Dom Total em 13/10/2019 e https://domtotal.com/religiao/liturgia-diaria.jsp?dia=9&mes=10&ano=2022
Oração
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total).
Espírito de agradecimento, torna-me sensível aos benefícios que eu recebo cada dia, e dá-me um coração que seja sempre capaz de agradecer.
Comentário
No tempo de Jesus, a lepra era uma doença que excluía duramente a pessoa enferma do lugar onde vivia e de sua própria família. A pessoa era condenada a viver na periferia das cidades. Um leproso só podia conviver com outros leprosos justamente para evitar o contágio em pessoas “sadias”. Se uma pessoa sadia se aproximasse do lugar onde os leprosos ficavam, estes eram obrigados a gritar para informar que eram contagiosos, impuros, e, além disso, deviam se afastar.
É nesse contexto que Jesus, numa zona de fronteiras entre a Galileia e a Samaria, encontra dez pessoas com lepra na periferia de um povoado; elas aproximam-se dele, mas a uma certa distância, param e gritam: “Jesus, Mestre, tem piedade de nós!”. Estes leprosos pedem ajuda a Jesus. Eles não podem fazer nada por si mesmos, mas podem receber ajuda de alguém que tem poder sobre a sua enfermidade.
Mas o texto parece mostrar que Jesus quer se livrar deles também. Manda eles irem aos sacerdotes, sem ter feito absolutamente nada para curá-los. Segundo as leis do AT, os sacerdotes têm a competência de verificar a cura de um leproso, e, assim, reintegrá-lo na sociedade.
Na I leitura, do II Livro dos Reis, quando o sírio Naamã é curado por Deus, vai apresentar-se imediatamente a Eliseu e agradece ao profeta. Os dez leprosos devem ser, antes de tudo, curados para que possa haver sentido irem se apresentar aos sacerdotes; mas, Jesus, simplesmente os põe a caminhar; e é aí, que vemos a fé e a confiança daqueles leprosos em Jesus, na esperança de que, cumprindo seu mandamento, conseguirão aquilo que desejam.
Um deles, ao perceber que estava curado, toma uma atitude diferente da dos outros nove que correram apressadamente para serem readmitidos na sociedade; este tal retorna a Jesus para agradecê-lo. Aqueles nove olham só para seus próprios interesses, só para o futuro, já não se lembram de quem os livrou daquele destino miserável; e, Jesus, decepciona-se com eles: “onde estão os outros nove?”
Todos gritavam por Jesus quando estavam no momento do sufoco, mas por que só um gritou de agradecimento: glorificando a Deus? Na realidade, é que só para este, a cura foi um verdadeiro encontro com Deus.
E quanto a nós? Quando recebemos uma graça de Deus na nossa vida, o que vale mais para nós? O dom ou aquele que nos concedeu o dom? Quando ganhamos um presente, se a nossa atenção se restringe ao bem material, somos egoístas; se, pelo contrário, se a experiência do presente nos leva a colocar a nossa atenção no amor e na benevolência daquele que nos presenteou, isto torna-se um encontro novo e pessoal com o nosso benfeitor.
Ganhar um presente é muito bom. Mas, dá-nos mais felicidade ainda reconhecer a benevolência e a ajuda daquele que nos presenteou e poder agradecê-lo. Junto com o pedido, a acção de graças deve ser a forma fundamental da nossa oração e da nossa relação com Deus. Quantas vezes durante a nossa vida pedimos, imploramos a Deus por uma série de coisas e quando Ele finalmente nos concede a graça, esquecemo-nos completamente dele. Desta forma, perdemos a chance de reconhecer e experimentar o amor de Deus.
A lepra tinha levado a um primeiro encontro com Jesus, mas um encontro à distância. Movido pela fé em Deus, o samaritano foi curado, sua relação com Deus tornou-se mais íntima, o que lhe rendeu uma fé mais firme.
Assim, podemos dizer que não basta a saúde para ser feliz. Ela é um bem precioso, e deve ser conservada, procurada, com um estilo de vida saudável, com exercícios físicos, reeducação alimentar, é preciso ter paz no coração de quem encontra Deus e descobre o próprio projeto de vida, para ter um bem estar psicofísico profundo. Mas não basta só a saúde, precisamos da felicidade. Jesus nos diz que a saúde não é tudo, mais que a saúde, precisamos nutrir constantemente a esperança e a fé na salvação. E a felicidade consiste no abrir o coração à gratidão de um Deus que nos cura no profundo de toda solidão, de toda a dor.
Que nós também tenhamos a coragem de gritar por socorro ao Senhor para que ele cure a nossa lepra, especialmente, aquela espiritual, a fim de que reconhecendo as maravilhas que ele opera na nossa vida, possamos cada vez mais ter uma fé firme e contagiante.
Pe. Ulrish Pais
Sacerdote de Lisboa
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. De novo Israel perde para um estrangeiro…
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Mateus, que escreve para os Judeus, não provocaria dessa maneira seus leitores, mas estamos diante de Lucas, para quem Jesus é o Salvador e a oferece gratuitamente a todos os homens. Por isso o personagem em evidência é novamente um estrangeiro, um Samaritano, mal visto pelos Judeus, considerado impuro e que por isso mesmo jamais iria ser salvo, uma vez que não tinha acesso aos ritos de purificação e expiação dos pecados. A palavra “Estrangeiro” com a qual Jesus se refere ao Samaritano nos induz a pensar que os outros nove eram Judeus. Por que será que não voltaram?
A primeira leitura nos dá uma dica importante quando Naamã, ao ver-se curado totalmente da lepra, como predissera Eliseu que o mandou mergulhar sete vezes no rio Jordão, ele quer de alguma forma retribuir ao profeta com presentes, que Eliseu recusa veementemente. Naamã professa uma fé maravilhosa mas se vê na obrigação de “dar algo em troca da cura”. O judeu pensa a mesma coisa “Deus faz, mas eu preciso dar algo, eu preciso merecer, com minhas boas ações, rituais, holocaustos e a prática da Lei. Eis aí porque os outros não voltaram, pensavam assim: se foram curados, é porque mereceram aquela ação Divina a seu favor e agora o mais importante a fazer era apresentar-se diante do Sacerdote do templo, que iria homologar a cura” .Depois certamente iriam procurar Jesus para agradecê-lo. Mas o Samaritano não pensa assim, para ele, a sua cura não está em nível institucional, mas físico e espiritual. Cura de lepra, por aquele tempo, era algo fantástico, que somente o Poder Divino poderia fazê-lo. Lepra significava pecado, e a Instituição apenas separava os “Impuros” dos “puros” , os pecadores dos que estavam salvos. Era a religião altamente excludente!
Compreender a Graça como Dom realmente gratuito não é nada fácil, até mesmo para nós,pois, quando alguém de nossas relações, recebe algum ganho ou benefício, seja ele material ou espiritual, logo dizemos “Você merece!”. Por que será que Deus atende a alguns, cura esses, e não cura aqueles? Parece que atende mais a oração de alguém em especial. Isso me lembra “Súplica Cearense” onde a certa altura da música, a letra diz “Desculpe, eu não rezei direito o Senhor me perdoe, eu acho que a culpa foi, deste pobre que não sabe fazer oração”. Existirá uma fórmula certa para se rezar? O Segredo está no mais íntimo do ser humano, quando percebemos Deus e a sua Graça agindo em nossas entranhas, somos impelidos a louvá-lo, manifestando assim nossa gratidão.
O Samaritano deixa que o coração fale mais alto, não há nada com que possa retribuir aquela cura, que para ele, diferente do modo de pensar dos outros nove, era imerecida! Só Deus poderia manifestar um amor tão grande, gratuito e incondicional, por isso ele volta e se prostra aos pés de Jesus, reconhecendo o seu messianismo, possivelmente disposto a tornar-se um seguidor. Os outros nove como já o dissemos anteriormente, também viriam agradecê-lo, mas certamente não iriam se prostrar, pois a Ação Divina estava no templo e no sacerdote, que para eles estava acima de qualquer coisa.
Não coloquemos a Instituição, nossas virtudes e labutas pastorais, como uma paga á Deus pelos inúmeros benefícios que Ele nos concede no dia a dia. Antes, sintamos a alegria da sua Graça presente em nós, e que é muito maior que nossos pecados e limitações. Gratidão e louvor que expressamos em nossas liturgias, por esse Deus manifestado em Jesus, e que nos ama do jeito que somos agora. Dando abertura a essa Graça, como aquele Samaritano, sentiremos sempre uma alegria inexplicável, que um dia se tornará plena, quando o Reio de Deus for manifestado á toda a Humanidade!
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com
2. Mestre, tem compaixão! - Lc 17,11-19
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)
Jesus está iniciando a quinta etapa da subida para Jerusalém. No caminho, dez leprosos lhe suplicam: “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós”. Jesus manda que se apresentem aos sacerdotes, como previa a Lei mosaica, para que fosse constatada a cura. Eles são curados no caminho e um deles volta imediatamente para agradecer a Jesus. E este era samaritano. Jesus, então, pergunta por que os outros não voltaram para agradecer e glorificar a Deus? Talvez porque quisessem garantir o cumprimento da Lei, apresentando-se logo aos sacerdotes, ou por não terem sentimento de gratidão. Pode ser até que achassem desnecessário, uma vez que eram membros do povo eleito. Afinal, Deus tem obrigações para com os eleitos!
Aquele que voltou para agradecer não era membro do povo eleito. Era samaritano, e homem de fé. Sua fé se manifestou na gratidão. Agradeceu e glorificou a Deus. Outro estrangeiro, um sírio chamado Naamã, também foi um homem de fé, cheio de gratidão. Era leproso como os dez que procuraram Jesus. O profeta Eliseu o atendeu e mandou que se banhasse sete vezes no rio Jordão. No começo ele não quis, mas depois aceitou e ficou muito agradecido quando se viu curado. Quis até dar um presente a Eliseu, que não aceitou. Reconheceu, então, que não existe outro deus a não ser o Deus de Eliseu.
O Senhor faz prodígios, seu amor é fiel e o mundo pode ver a sua salvação, diz o salmista. Por que a Palavra de Deus dá um destaque tão grande a quem não pertence ao povo escolhido, e parece criticar os que são membros de tal povo? São Paulo, na segunda leitura, faz uma afirmação esclarecedora. Ele diz que “a Palavra de Deus não está algemada”. Ele mesmo, Paulo, está na prisão, por causa de Cristo e de seu Evangelho. A Palavra, porém, não está presa. Ela não é prisioneira de Paulo nem do povo eleito, seja ele judeu, seja cristão. Ela paira sobre o universo até se realizar plenamente, e se realiza em qualquer lugar e em qualquer pessoa.
Isto não significa um destaque aos de fora em detrimento dos de dentro. Ao contrário, significa que, se ela se realiza fora, deve realizar-se muito mais dentro, onde tem cidadania, onde está naturalmente em casa. O discípulo é fiel e agradecido. Se não for, outros o serão, para estimulá-lo. Se os discípulos não forem fiéis e agradecidos, Deus não ficará preso.
Para mostrar que a Palavra não está algemada, ele fará surgir gente fiel e agradecida para estimular os seus discípulos e, sobretudo, para revelar que o importante é ser fiel e agradecido. Para que os eleitos sejam verdadeiramente eleitos, Paulo suporta as algemas da prisão e não tem medo nem mesmo da morte. E mais uma vez faz uma afirmação desconcertante: “Deus permanece fiel, mesmo se lhe formos infiéis”.
Paulo sabe o que também sabemos, que o único verdadeiramente fiel é somente Deus. A certeza que temos de ser plenamente a Igreja de Cristo nos obriga a ser coerentes com nossa fé,e nos leva a admirar tudo o que vemos de bom no mundo e nos outros, inclusive o coração agradecido do sírio e do samaritano.
Liturgia comentada
Era um samaritano... (Lc 17,11-19)
No Evangelho de São Lucas – que escreveu para um público de cristãos provenientes do paganismo – a figura do estrangeiro merece o maior destaque. Em contraste com a dureza de coração do Povo Escolhido, sobram elogios de Jesus para a fé cega do centurião romano (Lc 7,9), a gratidão do leproso samaritano(Lc 17,18), além do ato de fé do outro oficial romano aos pés da cruz (Lc 23,47) e da confiança inabalável da siro-fenícia (Mt 15,28). E Jesus, admirado: “Não vi fé igual em Israel.” Isto é, era de esperar que o Povo da Aliança manifestasse uma fé fosse maior, mais fácil, mais visível. Quem dera!
Desta vez, temos dez leprosos: nove judeus e um samaritano. Aos olhos dos judeus, o samaritano era inimigo, herético, idólatra, bastardo, impuro (cf. Eclo 50,27-28). Eram incomunicáveis (cf. Jo 4,9). Naturalmente, a desgraça comum – a lepra que os atingira – tinha colocado os dez no mesmo nível, superadas as divergências religiosas e sociais. Daí estarem juntos naquelas fronteiras entre Judeia e Samaria.
Assim, todos os dez clamam à passagem de Jesus, pedindo cura e compaixão. Jesus prontamente os remete aos sacerdotes do Templo, que tinham o encargo de examinar o ex-leproso e dar-lhe um atestado de saúde (cf. Lv, cap. 12 e 13). Obedecendo – o que supõe um ato de fé -, eles se põem a caminho para Jerusalém. Na estrada, os dez se veem curados. Enquanto os nove judeus seguem adiante, em busca do tão desejado atestado de saúde, o estrangeiro (o samaritano) volta-se para Jesus, para dar graças pela cura recebida.
O Evangelho não chega a dizer que os nove judeus são mal-agradecidos. Mas é claro que, para eles, a declaração de pureza sanitária vinha em primeiro lugar. Também em nossa vida, nós corremos o risco de deixar a ação de graças em último plano, enquanto procuramos sempre a Deus em busca de vantagens pessoais: paz interior, cura física, progresso material, sucesso no vestibular, melhores salários...
Ora, o Senhor tem coisas melhores para nos dar, a começar por seu próprio Espírito, que nos convence da filiação divina e nos leva a chamar a Deus de Pai. Deus tem para nós dons de eternidade, que não passam com tempo, não acabam roídos pela inflação nem corroídos pelo tempo.
Que vale mais para nós? A gratidão ou o atestadúde?
Orai sem cessar: “Fora de vós, Senhor, não há felicidade para mim!” (Sl 16,2)o de sa
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
santini@novaalianca.com.br
REFLEXÕES DE HOJE
DOMINGO
REFLEXÕES DE HOJE
DOMINGO
HOMILIA DIÁRIA
O egoísta não reconhece a grandeza do amor de Deus
Precisamos aprender com este leproso do Evangelho que não basta pedir, e que um coração egoísta é incapaz de reconhecer a grandeza do amor de Deus.
“Um deles, ao perceber que estava curado, voltou glorificando a Deus em alta voz” (Lc 17,15).
Foram dez os leprosos que tentaram se aproximar de Jesus. A situação da lepra, na época de Jesus, era uma coisa muito dolorosa. Esses dez leprosos pararam a uma certa distância de Jesus, pois quem era leproso não podia se aproximar de quem não tinha lepra.
A lepra era uma impureza, não só material, mas também impureza no sentido religioso da Palavra, e por isso os leprosos mantiveram-se à distância, pois sabiam que Jesus podia fazer algo por eles. Por este motivo que de longe gritaram: “Jesus, tenha compaixão de nós!”. E Jesus pede que eles se apresentem aos sacerdotes. Enquanto eles deram atenção à Palavra de Jesus e foram adiante, perceberam no meio do caminho que estavam curados. A lepra havia desaparecido!
Mas, somente um voltou para agradecer. É importante lembrar que esse “um” era estrangeiro, não era judeu, não fazia parte do povo eleito, não era parte desse povo consagrado ao Senhor. Esse único estrangeiro, esse samaritano, voltou glorificando e bendizendo o nome do Senhor.
Jesus, então, diz a ele: “Levanta-te e vai! Tua fé te salvou”.
Hoje, nós precisamos aprender com este leproso do Evangelho que não basta pedir. A religião que só pede benefícios, que só busca receber os benefícios de Deus, mas não é capaz de nos ensinar a ter um coração grato, que glorifica o Senhor, nos mantêm cativos das nossas lepras e impurezas, porque a pior delas se chama “egoísmo”. E um coração egoísta é incapaz de reconhecer a grandeza do amor de Deus.
Essa maldita “lepra” que nos faz egoístas e orgulhosos, nos mantêm cativos de nós, presos ao nosso pecado; faz de nós pessoas que reclamam por tudo e quase não agradecem por nada, faz de nós pessoas muito ociosas, com um desejo, com ímpeto de somente receber graças e não viver em ação de graças.
A graça já acontece, a libertação vem ao nosso caminho, ao nosso encontro, quando temos um coração agradecido, quando sabemos reconhecer Deus na nossa vida. Seja mais agradecido! Seja mais homem e mulher do louvor, da ação de graças! Retire da sua vida o mal da murmuração, da reclamação, de viver sempre dizendo que as coisas não andam boas e tudo está mal.
O Deus de bondade está conosco. A Ele todo o louvor, toda a glória, toda a honra, toda ação de graças, pois quando você entrega o seu coração ao louvor, a bendizer o nome do Senhor, você verá que – a começar pela sua cabeça – aquilo que tanto o importuna e o deixa “para baixo”, já vai estar deixando a sua vida.
Que Deus seja glorificado e exaltado na nossa própria vida!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
HOMILIA DIÁRIA
Tenhamos um coração agradecido
“Um deles, ao perceber que estava curado, voltou glorificando a Deus em alta voz, atirou-se aos pés de Jesus, com o rosto por terra, e lhe agradeceu. E este era um samaritano” (Lucas 17,15-16).
Dez leprosos foram curados por Jesus. A situação desses leprosos que gritavam “Mestre, tem compaixão de nós” é a situação de muitos de nós que estamos gritando por Jesus, que estamos clamando por Ele para que venha em nosso socorro, em nosso auxílio, para que olhe para as nossas misérias, nossos sofrimentos, dores, aflições e enfermidades.
É o grito da súplica, é o grito daquele que, realmente, tem a alma desejosa de que Deus venha. Todos nós passamos por momentos em que as aflições parecem ser mais pesadas, então, invocamos Deus e pedimos o socorro d’Ele.
Quantas vezes a graça de Deus nos socorreu, livrou-nos, libertou-nos, purificou-nos, renovou-nos, santificou-nos. A graça de Deus nos perdoa todas as vezes que buscamos o seu perdão. A pena, o lamentável é que a maioria de nós se parece com os nove agraciados que foram embora.
Aprendamos com esse único leproso agradecido a ter um coração que reconheça a grandeza de Deus no meio de nós
Sabemos que a graça não reconhecida se transforma numa verdadeira desgraça, porque nos tornamos pessoas ingratas e sem reconhecimento. A grande graça da vida é saber que aquilo que Deus faz em nós, coloca-nos em comunhão com Ele.
Não há nada mais justo para uma alma do que viver o louvor, a gratidão e o reconhecimento a Deus. Só posso lhe dizer: não seja uma alma ingrata, não tenha um coração mal-agradecido, sobretudo, na sua relação com Deus. Gaste a sua voz, os sentimentos da sua alma e do seu coração para agradecer, louvar, bendizer, adorar e glorificar esse Deus que tanto realiza em nossa vida.
Ficamos muito doentes na alma e no espírito, porque somos aquelas pessoas que mais murmuram do que agradecem, mais reclamam do que agradecem, mais estão em busca de favores do que de um coração que tenha gratidão.
Que aprendamos com esse único leproso agradecido a ter um coração grato, um coração que reconheça a grandeza, o poder, a majestade, a presença amorosa e bondosa de Deus no meio de nós.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: https://homilia.cancaonova.com/pb/homilia/tenhamos-um-coracao-agradecido/?sDia=13&sMes=10&sAno=2019
Oração Final
Pai Santo, faze-nos reconhecer a tua presença amorosa no cotidiano da vida. Que a rotina da existência não nos torne acomodados – sempre esperando mais, sempre pedindo milagres, esquecidos de que extraordinário é o teu Amor. Por Jesus Cristo, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, faze-nos reconhecer a tua presença amorosa no cotidiano da vida. Que a rotina da existência não nos torne acomodados – sempre esperando mais, sempre pedindo milagres, esquecidos de que extraordinário é o teu Amor, extraordinárias são a nossa vida e a nossa fé. Por Jesus Cristo, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 13/10/2013
Assinar:
Postagens (Atom)