(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - comece o dia feliz)
“Quando jejuar, perfume a cabeça e lave o rosto.” Esta é a orientação de Jesus no dia de hoje, que consagramos com o jejum e, no entanto, colocamos cinzas sobre a cabeça. Temos consciência de que não são as cinzas que o Pai quer ver. Ele vê o que em nós está oculto. Permanece a orientação de Jesus: não faça nada para aparecer. Converse com o Pai, partilhe seus bens, oriente a inclinação da natureza.
HOMILIA
Espiritualidade Bíblico-Missionária
Quarta-feira de Cinzas nos faz um grande e importante convite: iniciar nossa caminhada com Cristo, durante 40 dias, rumo à Páscoa. Essa caminhada com o Cristo tem sua exigência e por isso Ele nos diz: “Convertei-vos e crede no Evangelho”.
As Cinzas vêm nos alertar que é preciso prestar atenção em nossas atitudes e nos recordar nossa frágil condição humana. Somos pecadores! Precisamos nos dispor para o arrependimento, a conversão, a mudança de vida, a penitência, que é investir em si mesmo — essa coragem precisamos ter. Assim, vamos reconstruindo nossa existência e a dos irmãos e irmãs. Deus coloca diante de nós sua misericórdia e por meio dela podemos mudar nossa vida, pois ela nos traz o frescor de seu amor.
A conversão é uma exigência de nossa vida, pois continuamente teremos o que mudar em nós. Se estamos atentos em cada dia, o Senhor nos dá a graça de nos percebermos em nossas atitudes. Aliás, isso é muito exigente, pois quase sempre nos julgamos com razão. É nossa precariedade humana. Portanto, a conversão é uma meta a ser trabalhada em nossa vida inteira.
A Palavra de Deus e toda a Liturgia deste dia nos indicam os compromissos importantes da Quaresma: o jejum e a oração, a caridade e a Palavra de Deus, a mortificação (fazer morrer algo em mim que não é bom) e o amor aos pobres, o olhar atento e a mão estendida para acolher e servir. Isso é exigente, mas agrada a Deus, pois nos fará ter um coração aberto para o amor vivo, real, concreto, que vai ao encontro do irmão, da irmã, na sua realidade. Essa Liturgia nos faz viver realmente a fé e não ficar em devaneios que em nada colaboram para o bem.
O pecado é a grande indecência da humanidade. Hoje, até no meio dos cristãos, é uma realidade incompreendida. Infelizmente, ele não acabou, continua gerando suas vítimas; suas marcas estão aí e é possível vê-las a olho nu: opressão, injustiça, ódio, violência, lei da maior vantagem, falsidade, infidelidade, egoísmo, autossuficiência. São realidades diante de nossos olhos. É impossível negar, pois isso não é querido por Deus em nenhum momento. A conversão, portanto, é algo sério para nossa caminhada quaresmal, pois irá nos favorecer a experiência viva do amor ao Cristo. Com Ele alcançamos a ressurreição, a plenitude da vida.
Eis a grande chance que o Senhor nos dá: experimentar a alegria da salvação! Caminhemos, pois, com o Cristo e a Comunidade no caminho da vida que Jesus nos oferece sem cessar.
Redação “Deus Conosco”
Fonte: a12 - Reze no Santuário - Deus Conosco em 22/02/2023
HOMILIA
ESPIRITUALIDADE BÍBLICO-MISSIONÁRIA
Com a Quarta-feira de Cinzas iniciamos o Ciclo Pascal, que segue até o Domingo de Pentecostes. Começando com a Quaresma, a Palavra vem nos propor a fidelidade batismal. O ponto de chegada nessa caminhada é a Páscoa de Cristo. São quarenta dias propostos pela Igreja para uma contemplação mais profunda das coisas de Deus, de sua Palavra, e ainda a mística que deve nos acompanhar: a oração, a misericórdia, o gesto de ir ao encontro de quem está à margem da sociedade e de nós mesmos. Reviver o batismo é reviver a missão de cristãos, vencendo o espírito do mal, libertando-nos das amarras que vamos colocando sobre nós.
A Palavra de Deus nos faz dois apelos bem fortes: “Reconciliai-vos com Deus” e “Convertei-vos e crede no Evangelho”. Somos chamados para acolher com amor a ação misericordiosa de Deus, voltando-nos para Ele, pois Ele vem ao nosso encontro. É momento sublime, pois, se admitimos que devemos melhorar nosso modo cristão, estejamos certos de que haverá progresso em nós. Quando me esforço para viver o projeto do Reino, Deus me dá a graça do crescimento nele.
O profeta Joel nos faz um convite veemente: “Rasgai o vosso coração e não vossas vestes”. É do agrado do Senhor o que vem do coração, nosso esforço, nosso empenho em viver a fé de modo comprometido com a vida e a dignidade. Exterioridade não é do agrado do Senhor, por isso, “rasgar as vestes” não importa; o que importa é “rasgar o coração”, algo que venha de dentro. Deus nos dá, pois, uma nova chance de progredir na busca da salvação e da santificação.
O Evangelho nos convida para olharmos para dentro de nós mesmos. A oração, o jejum, a penitência, a prática do bem são obras boas que o Evangelho nos indica. Certamente que a sobriedade, a austeridade e a abstinência são atitudes que nos amadurecem e nos fazem interrogar um mundo que privilegia o conforto, o bem-estar, o que pode nos fazer insensíveis aos apelos de Deus e às necessidades alheias.
Tudo deve ser feito por amor a Deus e aos irmãos. Não há outro caminho, nem outra escolha. Esse é o caminho. É bem isso que São Pedro Crisólogo nos diz: “Quem jejua compreende bem o que significa para os outros não ter o que comer. Escuta quem tem fome, se queres que agrade a Deus o teu jejum”. Nosso modelo é Jesus no deserto. Rejeitou as ciladas do inimigo e foi fiel ao Pai. Nós só podemos ser fiéis a Ele.
Redação “Deus Conosco”
Fonte: a12 - Reze no Santuário - Deus Conosco em 14/02/2024
HOMILIA DIÁRIA
´Convertei-vos e crede no Evangelho´
Postado por: homilia
fevereiro 22nd, 2012
Com a Celebração das Cinzas, na Quarta-feira de Cinzas, damos início à Quaresma, tempo forte de oração, penitência e jejum. É o tempo forte de conversão do coração humano diante das necessidades dos outros.
Como o próprio nome no-lo diz, são quarenta dias de penitência, os quais nos preparam para a celebração da vitória final da graça sobre o pecado e da vida sobre a morte. Durante estes dias, a nossa oração se torna mais intensa e a penitência mais acentuada. É um período especial de retorno a Deus, de conversão e de abertura aos outros.
A cerimônia de Imposição das Cinzas nos recorda que nossa vida na terra é passageira, que algum dia vamos morrer e que o nosso corpo vai se converter em pó e que a vida definitiva se encontra no céu. Ensina-nos ainda que os céus e a terra hão de passar um dia. Em troca, todo o bem que tenhamos realizado em nossa vida nós vamos levá-lo à eternidade. Ao final da nossa vida, só levaremos aquilo que tenhamos feito por Deus e por nossos irmãos.
As cinzas são um sacramental, o qual não nos tira os pecados, mas nos relembra a nossa condição de miseráveis, de frágeis e pecadores. E assim, reconhecendo a nossa situação, recorremos ao sacramento da reconciliação. É um sinal de arrependimento, de penitência, mas sobretudo, de conversão. Com essa celebração, damos início à nossa caminhada com Cristo do Jardim das Oliveiras até o triunfo na manhã do primeiro dia da semana, que é o Domingo da Ressurreição.
Quaresma é realmente um tempo de reflexão em nossa vida, de entender aonde vamos, de analisar como está nosso comportamento com nossa família – o marido, a esposa, os filhos, os pais – e todos os que nos rodeiam.
O Evangelho de hoje nos ajuda a entendermos como praticar as três obras de penitência – oração, esmola e jejum – e como viver bem o tempo quaresmal.
Jesus fala das três obras de piedade dos judeus: a esmola, o jejum e a oração. E faz uma crítica pelo fato de que eles as praticam para ser vistos pelos outros.
O segredo para o efeito é a atenção para que não sejamos como os fariseus hipócritas: “Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes vistos por eles. Caso contrário, não recebereis a recompensa do vosso Pai que está nos céus” (Mt 6,1).
Para Jesus é preciso criar uma nova relação com Deus. Ao mesmo tempo, Cristo nos oferece um caminho de acesso ao coração do Pai. Para Ele, a justiça consiste em conseguir o lugar onde Deus nos quer. O caminho para chegar ali está expresso na Lei de Deus: “Se a vossa justiça não superar a justiça dos doutores da Lei e dos fariseus, não entrareis no Reino dos Céus”.
Como foi dito anteriormente, este é um tempo de oração que se caracteriza por uma relação de aliança entre Deus e o homem em Cristo. Este encontro com Cristo não se exprime apenas em pedidos de ajuda, mas também em louvor, ação de graças, escuta e contemplação.
Rezar é confiar no Senhor que nos ama e corresponder ao Seu amor incondicional. Por sua vez, a oração penitencial privilegia o agradecimento da misericórdia de Deus e prepara o coração para o perdão e para a reconciliação.
É tempo da prática do jejum. O jejum tem certamente também uma dimensão física, como a privação voluntária de alimentos, além da espiritual. O que jejuamos deve ser partilhado, ou seja, entregue aos nossos irmãos que passam fome. É sobretudo a privação do pecado. O jejum é sinal do combate contra o espírito do mal. O modelo deste combate é Cristo, que foi tentado pelo maligno muitas vezes para que cedesse ao sucesso, ao domínio e à riqueza. No entanto, a Sua vitória sobre todo o mal, que oprime o homem, inaugurou um tempo novo, um Reino de justiça, verdade, paz, amor e partilha.
A experiência do jejum exterior e interior favorece a opção pelo essencial. No nosso tempo, o jejum tornou-se uma prática habitual. Alguns jejuam por razões dietéticas e estéticas. O jejum cristão não tem uma dimensão dietética ou estética como é prática nos nossos dias, mas sim uma referência cristológica e solidária com os nossos irmãos e irmãs excluídos da sociedade por causa de diversas condições: raça, religião, cor, tribo, língua, entre outros.
Como Cristo e com Cristo jejuamos para ser mais solidários e abertos ao outro. Sob várias formas podemos jejuar, como por exemplo, o jejum midiático da televisão, da internet, do celular, da língua, etc.; para redescobrirmos a beleza do diálogo em família, da partilha de interesses, do encontro e da comunhão com os irmãos.
Quando vivemos bem o jejum nos convertemos em seres solidários, pessoas que partilham tudo entre todos. Ninguém chamará de “seu” o que possui. Em outras palavras, atualizaremos os Atos dos Apóstolos 2,42, que é a essência do Cristianismo. A relação dinâmica entre o amor e a adesão a Cristo faz do gesto de ajuda – expresso na esmola – uma partilha fraterna e não algo humilhante.
Quaresma é tempo de dar esmola. E esta nos ajuda a vencer a incessante tentação do egoísmo, educando-nos para irmos ao encontro das necessidades do próximo e partilhar com os outros aquilo que, por bondade divina, possuímos. Tal é a finalidade das coletas especiais para os pobres que são promovidas em muitas partes do mundo durante o período quaresmal. Desta forma, a purificação interior é confirmada por um gesto de comunhão eclesial, como acontecia já na Igreja primitiva.
Hoje a oração, o jejum e a esmola não perderam a atualidade e continuam a ser propostos como instrumentos de conversão. A estes meios clássicos podemos acrescentar outros, em ordem a melhorar a relação com Deus, com nós mesmos e com os outros.
E o maior dentre eles é o amor. O amor é criativo e encontra formas sempre novas de viver a fraternidade. Permite-nos que contribuamos para a sinceridade do coração e a coerência das atitudes no caminho da paz. Faz-nos evitar a crítica maldizente, os preconceitos e os juízos sobre os outros, favorece a autenticidade da vida cristã. E tem como obstáculos a ser vencidos o egoísmo e o orgulho que impedem a generosidade do coração.
Estamos hoje diante de um convite veemente: CONVERTEI-VOS E CREDE NO EVANGELHO. O Evangelho é o próprio Cristo, que nos convida à conversão interior e à mudança de mentalidade para acolher o Reino de Deus e para anunciar a Boa Nova.
Padre Bantu Mendonça
HOMILIA DIÁRIA
Quaresma, tempo de reencontrar a amizade de Deus
Postado por: homilia
fevereiro 13th, 2013
Por ocasião do início deste tempo tão importante de oração e penitência na vida da Igreja que é a Quaresma, quero recordar as palavras do Santo Padre Bento XVI durante a Celebração da Quarta-feira de Cinzas há alguns anos:
Hoje, e com esta Celebração Eucarística, vamos iniciar um caminho de verdadeira conversão para enfrentar vitoriosamente com as armas da penitência o combate contra o espírito do mal. Ao receber neste dia as cinzas sobre a cabeça, ouve-se mais uma vez um claro convite à conversão que pode expressar-se numa fórmula dupla: “Convertei-vos e acreditai no Evangelho”, ou “Recorda-te que és pó e em pó te hás de tornar”.
Precisamente devido à riqueza dos símbolos e dos textos bíblicos, a Quarta-feira de Cinzas é considerada a “porta” da Quaresma.
“Convertei-vos a mim de todo o vosso coração com jejuns, com lágrimas, com gemidos”. Com estas palavras inicia a Primeira Leitura, tirada do livro do profeta Joel (2,12). Os sofrimentos, as calamidades que afligiam naquele tempo a terra de Judá estimulam o autor sagrado a encorajar o povo eleito à conversão, isto é, a voltar com confiança filial ao Senhor dilacerando o seu coração e não as vestes. De fato, recorda o profeta, Ele “é clemente e compassivo, paciente e rico em misericórdia e se compadece da desgraça” (2,13)
O convite que Joel dirige aos seus ouvintes também é válido para nós. Não hesitemos em reencontrar a amizade de Deus perdida com o pecado; encontrando o Senhor experimentamos a alegria do seu perdão. E assim, quase respondendo às palavras do profeta, fizemos nossa a invocação do refrão do Salmo responsorial: “Perdoai-nos Senhor, porque pecamos”. Proclamando o Salmo 50, o grande Salmo penitencial, apelamos à misericórdia divina; pedimos ao Senhor que o poder do seu amor nos volte a dar a alegria de sermos salvos.
Com este espírito, iniciamos o tempo favorável da Quaresma, como nos recordou São Paulo na Segunda Leitura, para nos deixarmos reconciliar com Deus em Cristo Jesus. O apóstolo apresenta-se como embaixador de Cristo e mostra claramente como precisamente através d’Ele, seja oferecida ao pecador, isto é, a cada um de nós, a possibilidade de uma reconciliação autêntica.
“Aquele que não havia conhecido o pecado – diz o apóstolo – Deus o fez pecado por nós, para que nos tornássemos, nele, justiça de Deus” (2 Cor 5,21). Só Cristo pode transformar qualquer situação de pecado em novidade de graça. Eis por que assume um forte impacto espiritual a exortação que Paulo dirige aos cristãos de Corinto: “Em nome de Cristo suplicamo-vos: reconciliai-vos com Deus”; e ainda: “Este é o tempo favorável, é este o dia da salvação” (5,20; 6,2).
Enquanto Joel falava do futuro dia do Senhor como de um dia de terrível juízo, São Paulo, referindo-se às palavras do profeta Isaías, fala de “momento favorável”, de “dia da salvação”. O futuro dia do Senhor tornou-se o “hoje”. O dia terrível transformou-se na Cruz e na Ressurreição de Cristo, no dia da salvação. E este dia é agora, como ouvimos no Canto ao Evangelho: “Hoje não endureçais os vossos corações, mas ouvi a voz do Senhor”. O apelo à conversão e à penitência ressoa hoje com toda a sua força, para que o seu eco nos acompanhe em cada momento da vida.
A liturgia da Quarta-feira de Cinzas indica, assim, na conversão do coração a Deus a dimensão fundamental do tempo quaresmal. Esta é a chamada muito sugestiva que nos vem do tradicional rito da imposição das cinzas. Rito que assume um duplo significado: o primeiro relativo à mudança interior, à conversão e à penitência, enquanto o segundo recorda a precariedade da condição humana, como é fácil compreender das duas fórmulas diversas que acompanham o gesto.
Em Roma, a procissão penitencial da Quarta-feira de Cinzas parte de Santo Anselmo e conclui-se na basílica de Santa Sabina, onde tem lugar a primeira estação quaresmal. A este propósito é interessante recordar que a antiga liturgia romana, através das estações quaresmais, tinha elaborado uma singular “geografia da fé”, partindo da ideia que, com a chegada dos apóstolos Pedro e Paulo e com a destruição do Templo, Jerusalém se tivesse transferido para Roma. A Roma cristã era vista como uma reconstrução da Jerusalém do tempo de Jesus dentro dos muros da Cidade. Esta nova geografia interior e espiritual, ínsita na tradição das igrejas “estacionais” da Quaresma, não é uma simples recordação do passado, nem uma antecipação vazia do futuro; ao contrário, pretende ajudar os fiéis a percorrer um caminho interior, o caminho da conversão e da reconciliação, para chegar à glória da Jerusalém celeste onde Deus habita.
No Evangelho que foi proclamado, Jesus indica quais são os instrumentos úteis para realizar a autêntica renovação interior e comunitária: as obras de caridade (a esmola), a oração e a penitência (o jejum). São as três práticas fundamentais queridas também à tradição hebraica, porque contribuem para purificar o homem aos olhos de Deus (cf. Mt 6, 1-6.16-18).
Estes gestos exteriores, que devem ser realizados para agradar a Deus e não para obter a aprovação e o consenso dos homens, são por Ele aceitos se expressam a determinação do coração em servi-Lo com simplicidade e generosidade.
O jejum, ao qual a Igreja nos convida neste tempo forte, certamente não nasce de motivações de ordem física ou estética, mas brota da exigência que o homem tem de uma purificação interior que o desintoxique da poluição do pecado e do mal; que o eduque para aquelas renúncias saudáveis que libertam o crente da escravidão do próprio eu; que o torne mais atento e disponível à escuta de Deus e ao serviço dos irmãos. Por esta razão, o jejum e as outras práticas quaresmais são consideradas pela tradição cristã “armas” espirituais para combater o mal, as paixões negativas e os vícios.
A este propósito, apraz-me refletir convosco sobre um breve comentário de São João Crisóstomo: “Como no findar do Inverno – escreve ele – volta a estação do Verão e o navegante arrasta para o mar a nave, o soldado limpa as armas e treina o cavalo para a luta, o agricultor lima a foice, o viandante revigorado prepara-se para a longa viagem e o atleta depõe as vestes e prepara-se para as competições; assim também nós, no início deste jejum, quase no regresso de uma Primavera espiritual forjamos as armas como os soldados, limamos a foice como os agricultores, e como timoneiros reorganizamos a nave do nosso espírito para enfrentar as ondas das paixões. Como viandantes retomamos a viagem rumo ao céu e como atletas preparamo-nos para a luta com o despojamento de tudo” (Homilias ao povo antioqueno, 3).
Meu irmão, minha irmã, a partir destas palavras do Santo Padre, desejo que você tenha uma santa Quaresma!
Padre Bantu Mendonça
HOMILIA DIÁRIA
Quaresma é tempo de graça e bênçãos em nossa vida
Que este tempo da Quaresma nos ajude a vivermos um tempo propício de conversão, de graça, de mudança de mentalidade, de hábitos e comportamentos!
”Rasgai o coração, e não as vestes; e voltai para o Senhor, vosso Deus; porque Ele é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia, inclinado a perdoar o castigo.” (Joel 2,13)
Nós, hoje, começamos com toda a alegria do nosso coração esse tempo maravilhoso e abençoado, que se chama o tempo da Quaresma, tempo da graça de Deus para conosco. Algumas pessoas olham esse tempo quaresmal como uma coisa pesada, como um tempo de muito sacrifício, penoso e triste. Mas, na verdade, não é assim! Esse tempo nos conduz ao tempo da graça, que nos ajuda a refletir e a meditar sobre as profundezas maravilhosas da nossa fé à luz da ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.
O dia de hoje é um convite para nos voltarmos ao silêncio, à meditação, ao desprendimento, à conversão, que consiste na verdadeira mudança do coração e da mente. Essa é a penitência que somos chamados a viver durante esse tempo. E por isso nós vimos tantas pessoas durante esses dias “rasgarem” suas roupas, mas nós não fazemos isso. O que nós fazemos hoje é rasgar o nosso coração para Deus e dizer: ”Senhor, queremos ser inteiramente Seus, queremos inteiramente entregar nossa vida em Suas mãos”.
O caminho para o tempo da Quaresma, proposto pela Igreja, se baseia em três elementos da fé e da religião: o jejum, a esmola e a oração. O jejum, pois não podemos ser escravos dos alimentos, não podemos ser escravos dos prazeres e dos instintos; pelo contrário, precisamos nos alimentar bem, mas sem nos esquecer de que milhões de pessoas, mundo afora, estão passando fome. Por isso, quando nós sabemos nos privar de algum alimento, por algum sacrifício, pela união com Deus, nós estamos afirmando que Deus é primeiro em nossa vida e não o alimento que nós temos.
A esmola, porque traduzimos esmola por ”caridade”, para cuidar do outro, para tirar daquilo que é nosso em favor daqueles que não têm, dos mais sofridos e dos mais necessitados. Como é importante saber repartir aquilo que nós temos, por isso, a esmola é bem ligada ao jejum. Não adianta só deixarmos de comer, é preciso pegar aquilo que não comemos ou nos privamos e repartir com aqueles que não têm. É preciso que nos preocupemos e cuidemos do outro que sofre e necessita de nós.
No entanto, o jejum e a esmola devem ser guiados pela oração, pela nossa relação pessoal com Deus, para nos voltarmos ao nosso interior a fim de conversar com o Pai. A oração feita na intimidade do nosso quarto, a oração na qual o nosso coração está inteiramente voltado para o Nosso Deus.
Que esse tempo da Quaresma nos ajude a vivermos um tempo propício de conversão, de graça, de mudança de mentalidade, de hábitos e comportamentos! Se praticarmos estes elementos: a oração, a esmola e o jejum, vividos com a intensidade da nossa alma, a Quaresma será um tempo de graça e de bênçãos em nossa vida.
Deus abençoe você!
HOMILIA DIÁRIA
Na Quaresma abra seu coração para Jesus
A Quaresma é tempo de conversão do nosso coração com jejum e penitência
“Agora, diz o Senhor, voltai para mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos; rasgai o coração, e não as vestes; e voltai para o Senhor, vosso Deus.” (Jl 2, 12-18)
O convite que Deus nos faz, no início desta Quaresma, nesta Quarta-feira de Cinzas, não é nem um outro a não ser nos voltarmos inteiros para Ele. Porque, se existe uma tentação na vida e no mundo, é a tentação de ter um coração dividido e fracionado. Ninguém que esteja me escutando agora, tenho a certeza de que, não afastou-se de Deus inteiramente. Se está me escutando é porque no seu coração tem espaço para Deus, porque, caso contrário, escutaria outras coisas que causam mais prazer a degustação do coração humano.
Se ainda escuta a Palavra de Deus é porque no seu coração tem espaço para Deus, mas não adianta ter espaço para o Senhor, se o coração é dividido, porque com isso, o coração declina-se , cai e não vive a integridade do amor de Deus. Desculpe, Deus não nos dá migalhas, e sim, se dá por inteiro a nós, e Ele quer que sejamos inteiramente d’Ele, pois, de outra forma, nosso coração continuará se machucando e tomado pela incredulidade, maldades e seduções do mundo.
Esse tempo de graça, que agora começamos, não é somente um tempo de jejum e penitência; é mais do que isso. O objetivo maior é outro, nós queremos é que nossos corações sejam inteiros de Deus, e não sejam mais dividido entre o Senhor e o mundo.
Estamos no mundo, mas somos todos de Deus. Esse é o propósito que deve guiar a nossa caminhada quaresmal.
Passamos pelo deserto da vida e das provações, mas somos todos de Deus. Rasgue e abra seu coração, mas para que vamos rasgar o nosso coração? Para tirar as coisas velhas, impuras, que não são de Deus e estão dentro do nosso coração.
Vamos tirar as profanações, as coisas estragadas, mentiras do mundo e tudo aquilo que nos rouba da presença do Senhor nosso Deus. Rasgue! A penitência ajuda; o jejum é um santo remédio; a esmola, a caridade e o amor ao próximo nos colocam no prumo e na direção certa.
Mas o fundamental é rasgar-se, jogar-se e se lançar para que, o nosso coração, não se dividida mais por ninguém e nem por nada, mas seja do Senhor, nosso Deus.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
HOMILIA DIÁRIA
Com toda a intensidade da nossa alma, nos voltemos para o Senhor
Que este Tempo Quaresmal abra as portas do nosso coração, para que nela a graça do Senhor
“Agora, diz o Senhor, voltai para Mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos; rasgai o coração, e não as vestes; e voltai para o Senhor, vosso Deus; Ele é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia.” (Joel 2, 12-13)
Começamos, hoje, com a Quarta-Feira de Cinzas, o tempo da graça, o Tempo Quaresmal. E a Palavra de Deus nos faz um convite muito explícito, nos convida a voltarmos para o Senhor, nosso Deus. E, nos voltarmos para o Senhor, é nos voltarmos inteiros para Ele. Podemos até dizer: “Eu nunca me afastei do Senhor”, mas não está inteiro n’Ele, não está mergulhado n’Ele.
Agora é o tempo favorável, agora é o tempo da graça. É a hora e o tempo de Deus realizar, em nosso coração, a conversão de que tanto precisamos. Seja do pecador que está longe, distante; seja de quem se sente menos pecador e um pouco mais santo; sempre existem reparos a serem feitos em nossa vida e em nossa espiritualidade.
“Rasgai o vosso coração”
Primeiro, aquilo que orienta a Palavra: “Rasgai o vosso coração, e não as vestes”. O povo, muitas vezes, rasgam as vestes, andam até sem elas, como andaram nesses dias todos de carnaval. Mas o importante não é isso, o importante é o coração aberto, rasgado, dilacerado, para que, ali, a graça de Deus possa acontecer.
“Voltai-vos para mim, com jejuns e lágrimas”, tanto uma coisa quanto a outra são importantes. As lágrimas do arrependimento, alguém já disse que não sejam “lágrimas de crocodilo” mas que sejam lágrimas de sinceridade, de contrição, de tomada de consciência.
Por isso, esse tempo da graça precisa ser vivido na intensidade do significado que tem para a nossa conversão. Não podemos abrir mão da penitência, ou seja, reparar os males da vida para compreendermos a direção à qual a nossa vida pode vir a andar.
Que este Tempo Quaresmal abra as portas do nosso coração, para que nela a graça de Deus possa entrar. E, com toda a intensidade da nossa alma, nos voltemos para o Senhor, porque Ele quer nos conduzir neste tempo de graça. Uma boa Quaresma para todos nós!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
HOMILIA DIÁRIA
O tempo da Quaresma
Quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de rezar em pé, nas sinagogas e nas esquinas das praças, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. (Mt 6,5)
Pela graça de Deus, começamos, hoje, este tempo da graça, que é o tempo quaresmal, é o tempo oportuno, é o tempo da bênção que o Senhor mesmo nos dá para que rasguemos o nosso coração, a fim de que nele o Senhor possa entrar para renovar, para santificar, fazer novas todas as coisas.
Não olhemos o tempo da Quaresma como um tempo pesado, como tempo daquela penitência dura em que vamos ter de ficar de molho. Não! Olhemos o tempo da Quaresma como o tempo de renovação da alma, do espírito, do coração e das relações humanas. Olhemos este tempo como oportunidade de estreitarmos os nossos laços de amor e comunhão com Deus. Para isso, são três os elementos que a Quaresma nos oferece: primeiro, a cura da nossa alma, da nossa relação conosco, da nossa própria intimidade humana.
O jejum, que nos é oferecido como remédio, é, na verdade, a graça de recuperarmos a nossa própria autoestima de lidarmos com a nossa natureza, muitas vezes, seduzida pelas vaidades, pelo orgulho, pela soberba. Jejum é, acima de tudo, a disciplina interior; e nenhum alimento, nem as vaidades, nem as necessidades humanas podem estar acima do nosso autocontrole e da disciplina para com a vida.
O tempo da Quaresma nos convida a estreitarmos os nossos laços de amor, de amizade nos relacionamentos que nós temos com a humanidade, com as outras pessoas. Esmola não é como nós entendemos no sentido muito comum da palavra, que é darmos o que sobra, socorrermos apenas o necessitado; esmola é muito mais do que isso, esmolar-se é dar-se, é oferecer-se para o outro, é preocupar-se com o outro, é tirar o melhor de si para socorrer as necessidades dos irmãos.
Olhemos o tempo da Quaresma como o tempo de estreitarmos os nossos laços de amor e comunhão com Deus
Quaresma é tempo de sairmos de nós para irmos ao encontro do outro, por isso caprichemos na caridade, no amor fraterno, caprichemos mesmo nas nossas relações com a sociedade ferida, machucada por causa do pecado, e prestemos, sobretudo, atenção ao que a Campanha da Fraternidade está nos dando: são muitos os sofredores, são muitos os que estão nas nossas esquinas, ao nosso lado e ao nosso redor, precisando do nosso amor e da nossa caridade fraterna.
A terceira indicação é a nossa relação com Deus. Como precisamos crescer na comunhão com o Senhor! E não há caminho mais sensato, coerente, concreto e real do que a oração; não é a oração para aparecer, não é a oração para que nos vejam com o terço nas mãos, com a Bíblia para lá e para cá; é aquela oração que fazemos quando entramos no nosso quarto, onde nos recolhemos na intimidade para com o Senhor, e buscamos, no silêncio da meditação da Palavra, viver a comunhão com Deus. Por isso, caprichemos na via da oração, caprichemos para estreitar os nossos laços de amor para com o Senhor nosso Deus, porque Ele vem ao nosso encontro e quer, cada vez mais, ter intimidade conosco. Nós precisamos nos abrir para ter intimidade com Ele.
Que Deus nos dê uma santa e abençoada Quaresma para crescermos na via espiritual, no nosso relacionamento com Deus e com o nosso próximo.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
HOMILIA DIÁRIA
Precisamos exercer o amor caridade
“Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes vistos por eles.” (Mateus 6,1)
Na sociedade das aparências, que é o mundo em que vivemos, muitas vezes nos preocupamos com aquilo que é aparente, e não com aquilo que é real, essencial e verdadeiro. Por isso, iniciando este tempo da graça, que é o Tempo Quaresmal, somos chamados por Deus a nos despirmos de todas as nossas máscaras e fantasias, a nos despirmos de tudo aquilo que não é autêntico em nossa vida para nos purificarmos pela graça de Deus.
Como está nos dizendo a profecia de Joel, o importante não é alguém rasgar as suas vestes, mas rasgar o coração, dilatá-lo na presença de Deus, para que este coração seja renovado e purificado pelo amor divino.
Aquele que se relaciona com Deus relaciona-se por via da oração verdadeira e autêntica, aquela oração que é feita no segredo. Sim, fazemos muitas orações que são públicas, e elas têm seu valor, mas a oração que agrada a Deus é aquela em que nos retiramos para o nosso interior, para o nosso quarto, o nosso cantinho, onde estamos só nós e Deus. Precisamos, mais do que nunca, caprichar na oração pessoal, na oração em que nos colocamos na presença do Senhor Nosso Deus.
O amor caridade não é o amor a quem escolhemos amar, mas, com o Espírito de Cristo, amarmos a todos cuidando
Precisamos corrigir muitas coisas em nós, por isso a penitência é um caminho de conversão nas próprias más inclinações que temos dentro de nós, nos pensamentos, nos sentimentos; e uma das penitências com certeza recomendadas é o jejum.
Não façamos jejum para fazer propaganda, não façamos jejum para engrandecer, façamos jejum para nos penitenciarmos e, sobretudo neste tempo, para exercermos o autodomínio e o autocontrole. Como precisamos da prática do jejum! Precisamos alcançar os frutos do jejum na vida. A disciplina na língua, no olhar; a disciplina dos ouvidos, dos sentimentos, dos afetos. Por isso, o jejum deve ser cada vez mais um elemento purificador da nossa alma e dos nossos sentidos.
Ao nosso lado estão os irmãos que precisam de nós, e nós precisamos cuidar uns dos outros, a começar pelos que estão mais próximos, na nossa convivência e na nossa família. Mas ao nosso lado existem muitas pessoas sofrendo, padecendo, e precisamos exercer o amor caridade, que é o amor cuidado, amor responsabilidade, que não é o amor a quem escolhemos amar, mas com o Espírito de Cristo amarmos a todos cuidando.
A esmola é uma expressão da caridade que significa: cuidar daquilo que o outro precisa, mas não é aquela esmola onde damos alguma coisa que sobrou, que não queremos mais, onde queremos nos livrar da pessoa. Precisamos nos converter para saber cuidar das dores e dos sofrimentos dos nossos irmãos.
Que, neste Tempo Quaresmal, Deus rasgue o nosso coração para que a Sua graça nos converta. Uma boa e santa Quaresma a todos nós!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
HOMILIA DIÁRIA
Abra o seu coração para a transformação de vida
“Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: ‘Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes vistos por eles. Caso contrário, não recebereis a recompensa do vosso Pai que está nos céus’.” (Mateus 6,1)
Hoje, a Igreja celebra a Quarta-feira de Cinzas, o dia em que nós nos penitenciamos para dar início a essa nossa caminhada quaresmal. Todos nós buscamos algum reconhecimento daquilo que nós fazemos; certamente, todos nós temos isso. Quando fazemos alguma coisa, precisamos de confirmação, mas ser notado por alguém nem sempre é sinal de vaidade, porque, às vezes, temos essa necessidade de nos sentir vivos para alguém, que aquela pessoa nos note. Estamos no mundo e isso é normal, mas o amor livre de verdade é aquele que se alegra dentro, é aquele que age silenciosamente, aquele que não precisa do “muito obrigado”, dos aplausos, do reconhecimento. Esse sim é o amor livre, e é a esse tipo de amor que nós somos chamados, a essa maturidade.
Precisamos passar da lógica da aparência para a lógica da pertença. Quem quer aparecer fica sempre buscando as confirmações. Quem se sente parte de alguém só busca o bem desse alguém de forma gratuita. A diferença de viver da aparência e viver na pertença: buscar esses elogios e esses reconhecimentos, mas quando você pertence a alguém, busca somente o bem dessa pessoa.
Um desafio para os tempos atuais, para nós que temos aí o avanço das redes sociais. As pessoas ficam escravizadas pelos likes, comentários… Poste uma foto sua e não receba nenhum like, nenhum comentário, como vai ficar o seu interior? Como você ficaria se ninguém comentasse uma foto sua? Será que você ficaria em paz, ficaria tranquilo ou isso causaria em você um mal-estar? É um bom termômetro para você que usa muito a rede social, para saber se o seu coração está apegado a isso!
Se faltar amor no coração, nós vamos buscar em qualquer lugar uma forma de preencher esse vazio
Falta-nos muito mais discrição e menos ostentação. Vivemos no mundo da ostentação, mas para nós cristãos a discrição é muito boa. Pergunte ao seu coração se ele está se sentindo amado, porque, se faltar amor no coração, nós vamos buscar em qualquer lugar uma forma de preencher esse vazio. Então, quando estiver muito apegado às coisas exteriores, pergunte para o coração: “Você está se sentindo amado?”, “Está faltando alguma coisa?”, “Falta o amor de Deus aí?”.
Hoje, parece que é assim: se você não aparece, você não existe. Se você não está na rede social, se você não posta alguma coisa, parece que você não existe neste mundo. A vida espiritual que eu tenho, será que se tornou também para mim um espaço para me mostrar e colocar-me à mostra dos outros?
Hoje é Quarta-feira de Cinzas, os três temas do Evangelho: esmola, oração e jejum. Eu os faço para aparecer melhor, para me colocar melhor do que alguém? Tenho o espírito realmente do que é a esmola, do que é pensar no outro? A oração como lugar de encontro com Deus silencioso. Tenho o jejum como a experiência de colocar Cristo no centro da minha vida ou eu faço realmente todas essas práticas só por mera aparência?
Preciso fazer por amor a Deus, que me ama, que deu a vida por mim e que me ama até mesmo no escondimento, onde ninguém sabe. Ali, também quando posso fazer algo por Ele, os Seus olhos estão sobre mim, e um dia Ele me dará a justa recompensa, e eu não preciso correr atrás dessas recompensas humanas.
Vamos viver bem o tempo quaresmal, vamos abrir o nosso coração e receber, na testa, as cinzas, sinal de penitência e de transformação de vida.
Sobre todos vós, a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!
Padre Donizete Ferreira
Sacerdote da Comunidade Canção Nova.
HOMILIA DIÁRIA
Viva com profundidade o tempo quaresmal
“Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: ‘Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes vistos por eles. Caso contrário, não recebereis a recompensa do vosso Pai que está nos céus’.” (Mateus 6,1)
Hoje, iniciamos o tempo da Quaresma; que são esses 40 dias de preparação para a celebração da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus.
A Quaresma é tempo privilegiado de conversão, de combate espiritual, de jejum medicinal e caritativo, mas, sobretudo, é tempo de oração e de profunda escuta da Palavra de Deus.
São estes os exercícios espirituais: a esmola, a oração e o jejum. E, neste tempo, nós somos chamados a realizá-los, com o intuito de estarmos preparados e em condições de colhermos os frutos da redenção que nos foi oferecido pelo sacrifício de Jesus.
Não desperdicemos este tempo, esta oportunidade de recebermos os bens eternos de Deus
Chamamos de exercícios espirituais porque, de fato, exigem um esforço pessoal para serem realizados, não somente como uma prática externa, mas principalmente em sua devida intenção: como algo interior, visível somente para Deus. E se nós não fazemos com o verdadeiro sentido, esses exercícios espirituais se tornam vazios e externos, ou seja, visíveis aos homens, mas estéreis diante de Deus.
E Jesus, no Evangelho de hoje, nos alerta para termos cuidado com aquilo que pode esterilizar os exercícios espirituais: a vaidade, a ostentação, a hipocrisia em fazer somente para ser visto, ser notado, ser elogiado, pois isso tornam toda prática espiritual estéril e vazia diante de Deus.
Tomemos cuidado, meus irmãos, e não desperdicemos este tempo, esta oportunidade de recebermos os bens eternos de Deus. Vivamos com profundidade esse tempo quaresmal, deixando de lado as vaidades que nos afastam de Deus e nos impedem de receber os Seus bens.
Aqueles que fazem dos exercícios espirituais e das práticas de oração um palco de exposição de suas vaidades, esses não terão de Deus Pai a recompensa reservada para aqueles que os praticam no escondimento.
Desça sobre você a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!
Padre Bruno Antônio
Sacerdote da Comunidade Canção Nova.
HOMILIA DIÁRIA
Abra-se à conversão que Deus quer realizar em sua vida
“Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes vistos por eles. Caso contrário, não recebereis a recompensa do vosso Pai que está nos céus.” (Marcos 6,1)
Hoje, iniciamos a Quaresma, um tempo riquíssimo da nossa espiritualidade, onde vivemos um verdadeiro retiro de 40 dias, em preparação para a grande Solenidade da Ressurreição de Jesus, a grande Solenidade da Páscoa.
A Quaresma, de fato, apresenta-se a nós como este momento favorável da graça de Deus, é um tempo forte, um tempo favorável da graça de Deus, tempo onde somos chamados por Deus, convocados pelo Espírito Santo, a uma profunda conversão e revisão de vida.
A Quarta-feira de Cinzas marca, justamente, o início deste tempo favorável, neste momento favorável para voltarmos para Deus. Somos chamados a nos voltarmos inteiramente para Deus.
As leituras escolhidas para iniciar este tempo forte são um grande incentivo para assumir este compromisso quaresmal de maneira autêntica, é um compromisso que assumimos de adentrarmos na Quaresma de forma autêntica.
A conversão acontece a partir da nossa disponibilidade de nos deixarmos reconciliar com Deus
O difícil movimento da conversão é, antes de tudo, algo que Deus deseja que nós vivamos, então, precisamos nos abrir a este convite, o principal convite da Quaresma é esse: convertei-vos, mudai de vida — “Voltai para mim de todo o coração” —, diz-nos o Senhor.
A conversão acontece a partir da nossa disponibilidade de nos deixarmos reconciliar com Deus. O nosso coração que, muitas vezes, desvia-se da vontade de Deus, que erra o alvo, precisa voltar, precisa acertar a direção novamente. Por isso, as Escrituras nos recordam que na Quaresma é necessário rezar.
A partir da nossa oração, usar as armas que temos para treinar a nossa alma — a esmola, o jejum. Precisamos assumir essa disciplina dos nossos gestos concretos, o nosso coração pode descobrir essa alegria, a alegria de nos doarmos aos outros, a importância absoluta de dar primazia à escuta da Palavra de Deus, a urgência de nos desapegarmos um pouco dos nossos próprios apetites e dos nossos próprios interesses.
Então, o tempo da Quaresma marca esse dinamismo da conversão. Na medida em que estivermos dispostos a nos reconhecermos como pecadores, a admitirmos com sinceridade que somos pecadores, Deus vai nos concedendo a graça de nos voltarmos para Ele. Devemos dar espaço para Deus fazer uma grande revolução na nossa vida!
Somos pecadores, isso é real! Somos pó, isso é verdade! Mas, somos um pó habitado pelo Espírito do Ressuscitado; somos lugar santo, onde habita a misericórdia de Deus.
Sobre você, desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!
Padre Bruno Antonio
Padre Bruno Antonio de Oliveira é Brasileiro, nasceu no dia 18/10/1987, em Lavras, MG. É Membro da Associação Internacional Privada de Fieis – Comunidade Canção Nova, desde 2012 no modo de compromisso do Núcleo.
Oração Final
Pai Santo, que a quaresma hoje iniciada marque a nossa vida como tempo de conversão e nos prepare para a alegria da Páscoa de Jesus que esperamos seja também a nossa páscoa – entrada em teu Reino de Amor. Por Jesus Cristo, teu Filho e nosso Irmão, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Oração Final
Pai Santo, faze de nossa vida uma grande preparação para recebermos o teu abraço misericordioso. Ajuda-nos, Pai amado, a viver desde esta quaresma que hoje iniciamos o jejum, a esmola e a oração que nos foram ensinados pelo Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo na unidade do Espírito Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, que a quaresma hoje iniciada marque a nossa vida como tempo de conversão e nos prepare para a alegria da Páscoa de Jesus que esperamos seja também a nossa páscoa – entrada plena em teu Reino de Amor. Por Jesus Cristo, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo. Amém.
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, o apóstolo Paulo nos diz que “é agora o momento favorável.” Faze-nos atentos aos sinais que tua Providência coloca em nosso caminho e que eles nos ajudem a fazer da vida uma permanente quaresma – tempo de oração, jejum e partilha – preparando-nos para viver no Reinado do Amor. Por Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, nós nos jogamos em teus braços como filhos confiantes. Conduze-nos por este tempo de penitência quaresmal para celebrarmos – ao final desses dias, – a Ressurreição do Cristo. Que vivamos o clima de fraternidade em nossas comunidades e sejamos sempre agradecidos pelo Dom do Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai, nós nos encantamos porque Tu ouves os pobres e os simples. Venha a nós a tua Compaixão! Inspira-nos para que este caminho quaresmal que iniciamos hoje marque a nossa vida como tempo de conversão e nos prepare para a alegria da Páscoa de Jesus que, com certeza, também será a nossa Páscoa – a entrada plena e eterna em teu Reino de Amor. Pelo Cristo, teu Filho amado que se fez humano em Jesus de Nazaré e hoje, ressuscitado, contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Oração
SENHOR, concedei-nos iniciar com o santo jejum este tempo de conversão para que, auxiliados pela penitência, sejamos fortalecidos no combate contra o espírito do mal. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém.
Fonte: a12 - Reze no Santuário - Deus Conosco em 14/02/2024