domingo, 8 de setembro de 2024

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA - 08/09/2024

ANO B


23º DOMINGO DO TEMPO COMUM

Ano B - Verde

“Ele tem feito bem todas as coisas: aos surdos faz ouvir e aos mudos falar.” Mc 7,37

“O mundo está ficando surdo; precisa de profetas da esperança.”

Mc 7,31-37

Ambientação

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Hoje, temos diante de nós três desafios: ser profeta da esperança, levar a sociedade a abrir os ouvidos ao Evangelho e repudiar todo tipo de distinção injusta entre as pessoas. Que o alimento eucarístico nos conceda a força necessária para não termos medo frente a estes desafios.
https://diocesedeapucarana.com.br/portal/userfiles/pulsandinho/23-domingo-tempo-comum-ano-b-08-09-2024.pdf

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, hoje, dia do Senhor, Ele nos reúne em torno do altar para oferecer o alimento de nossa salvação. Viemos para bendizê-lo por sua fidelidade e amor. Não obstante as forças que rejeitam o Reino que Jesus veio anunciar, cada um de nós e toda a Igreja somos testemunhas dos sinais desse Reino presentes no mundo. Por isso, bendigamos ao Senhor e cantemos as maravilhas do amor de Deus.
https://arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano-46b-50-23-domingo-tempo-comum.pdf

FEZ OUVIR OS SURDOS E FALAR OS MUDOS

A liturgia da Missa deste domingo é um apelo à esperança, à plena confiança no Senhor. Num momento de tribulação, o profeta Isaías levanta-se para reconfortar o Povo eleito que vive no desterro e anuncia o alegre retorno à pátria e os prodígios que terão o seu pleno cumprimento com a chegada do Messias. Descerrar-se-ão os olhos dos cegos e abrir-se-ão os ouvidos dos surdos; os coxos saltarão como os cervos, e desatar-se-á a língua dos mudos; as águas jorrarão no deserto e as torrentes na estepe. Com Cristo, todos os homens são curados, e as fontes da graça, sempre inesgotáveis, convertem o mundo numa nova criação.
O Evangelho da Missa narra a cura de um surdo-mudo. O Senhor levou- -o a um lugar à parte, pôs os dedos nos seus ouvidos e tocou-lhe a língua com saliva. Depois olhou para o céu e disse: “Effatha”, que quer dizer, “abre- -te”. E imediatamente se lhe abriram os ouvidos e se lhe soltou a prisão da língua, e falava claramente. Os dedos significam a poderosa ação divina, e a saliva evoca a eficácia que lhe era atribuída para aliviar as feridas. Ainda que a cura tenha resultado das palavras de Cristo, o Senhor quis utilizar nesta ocasião, como aliás em outras, elementos materiais visíveis, para dar a entender de alguma maneira a ação mais profunda que os sacramentos iriam efetuar nas almas.
Desde os primeiros séculos e durante muitas gerações, a Igreja serviu-se desses mesmos gestos do Senhor para administrar o Batismo, enquanto orava sobre a criança que era batizada: "O Senhor Jesus, que fez ouvir os surdos e falar os mudos, te conceda que a seu tempo possas escutar a sua Palavra e proclamar a fé" (cf. Ritual do Batismo, Batismo das crianças).
Nesta cura que o Senhor realizou, podemos ver uma imagem da sua ação nas almas: ela livra o homem do pecado, abre-lhe os ouvidos para escutar a Palavra de Deus e solta-lhe a língua para que louve e proclame as maravilhas divinas. É uma ação que tem início no momento do Batismo e se prolonga pelo resto da nossa vida.
Santo Agostinho, ao comentar esta passagem do Evangelho, diz que a língua de quem está unido a Deus “falará do bem, porá de acordo os que estão desavindos, consolará os que choram... Deus será louvado, Cristo será anunciado” (Sermão 311, 11). É o que nós faremos se tivermos o ouvido atento às contínuas moções do Espírito Santo e a língua preparada para falar de Deus sem respeitos humanos.
Não podemos ficar mudos quando devemos falar de Deus e da sua mensagem sem constrangimento algum, antes vendo nisso um título de glória: os pais aos seus filhos, desde a primeira infância e continuando depois, com dom de línguas, na puberdade e na juventude; o amigo ao amigo, com sentido de oportunidade, mas sem receios; o colega de escritório aos que trabalham ao seu lado, com o seu comportamento exemplar e alegre, e com a palavra que estimula a sair da apatia; o estudante aos colegas de Universidade com quem convive tantas horas por dia... Os motivos para falar da beleza da fé, da alegria incomparável de possuir a verdade de Cristo são muitos. Mas dentre eles destaca-se a responsabilidade recebida no Batismo de não deixar que ninguém perca a fé ante a avalanche de ideias e de erros doutrinais e morais que inundam o mundo e perante os quais muitos se sentem indefesos (cfr. Francisco Carvajal, Falar com Deus, Vol. 4).
Deveríamos perguntar-nos todos os domingos: “a quem eu falei de Deus nesta semana?” Ou também: “a quem eu falarei de Deus na próxima semana?”
Dom Carlos Lema Garcia
Bispo Auxiliar de São Paulo
https://arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano-46b-50-23-domingo-tempo-comum.pdf

COMENTÁRIO DO EVANGELHO

Jesus cura o homem surdo


As profecias de Isaías nos dão os sinais indicativos do Messias: os olhos dos cegos e os ouvidos dos surdos vão se abrir, os aleijados vão pular e a língua dos mudos vai cantar, as águas vão correr no deserto, os rios vão correr na terra seca. Tudo isso se realiza em Jesus. Ele cura um homem que era surdo e gago, sinalizando que ele é o Messias. Este e outros milagres de Jesus mostram quem ele é e qual é a vontade do Pai.
O próprio modo de fazer o milagre mostra a bondade e o respeito que Jesus tem para com o ser humano e ensina os discípulos, e a nós, que também somos discípulos, como devemos nos relacionar com os outros. São Tiago, por exemplo, nos ensina a não fazer acepção de pessoas e a respeitar os outros, sobretudo os mais pobres. Jesus curou o surdo-gago que lhe foi apresentado, mas não o curou no meio de todo mundo. Levou-o a um lugar à parte e fez alguns pequenos ritos. Disse a palavra “Efatá”, em aramaico, tocou com os dedos os seus ouvidos e com saliva, a sua língua.
O homem, então, começou a ouvir e a falar corretamente. No batismo de crianças há um rito facultativo no qual o celebrante toca nos ouvidos e na boca do batizando e diz “Efatá”, para que ele ouça a Palavra e professe a fé para o louvor e a glória de Deus.
Jesus abre os ouvidos do surdo para que ele ouça como qualquer pessoa normal. Assim ele entrará em comunicação com os outros, superando as barreiras que o isolam do convívio social. Jesus está sempre restaurando o ser humano, em oposição ao demônio que está sempre diminuindo as pessoas.
Guardamos no coração as palavras do Evangelho: “Tudo ele tem feito bem. Faz os surdos ouvirem e os mudos falarem”. Sabemos que o milagre é um acontecimento extraordinário, fora do comum, que só pode acontecer pela ação de Deus. Somente ele faz milagres. Os santos e santas, nossos amigos, são intercessores. No entanto, Deus dotou o ser humano de inteligência e o Espírito Santo o impulsiona a ser solidário com todas as pessoas, particularmente com os mais necessitados.
Pessoas capacitadas e inteligentes se unem e põem suas capacidades a serviço da humanidade. Assim, surdos e mudos se beneficiam com a linguagem de Libras. A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é um meio de comunicação e expressão criado para quem não se pode expressar nem se comunicar. E além deste resultado do esforço da inteligência humana para o bem do próximo, quantas iniciativas não podem ser tomadas sem exigir que Deus faça o que podemos fazer?
O milagre, então, já não será a cura do necessitado de forma extraordinária, e sim a abertura do coração que se torna solidário. Lá pelos idos de 1956, na época de radioamadores, apareceu um filme com o título Se todos os homens do mundo… Uma rede mundial de solidariedade é formada para salvar um barco pesqueiro, longe da costa e sem rádio, no mar do Norte.
Quem viu o filme se impressionou com o que a solidariedade, sem medir esforços, é capaz de realizar. Doze marinheiros caem doentes com botulismo por terem ingerido alimento contaminado. Conseguem lançar um pedido de socorro captado por um rádio amador no Togo, de onde se estabelece uma cadeia de solidariedade, não sem ruptura de regulamentos. Eis um sinal do Messias: todas as pessoas do mundo querendo se dar as mãos.
Cônego Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2024’, Paulinas.
Fontes: https://catequisar.com.br/liturgia/jesus-cura-o-homem-surdo/ e https://www.comeceodiafeliz.com.br/evangelho/08-09-2024

Reflexão

Na tradição profética, a surdez (assim como a cegueira) era figura da resistência à mensagem de Deus. No Evangelho, os primeiros a não acolherem a mensagem de Jesus são seus discípulos, que continuam apegados à ideologia nacionalista, isto é, consideram os judeus superiores aos outros povos. Jesus, no entanto, ensina a igualdade de todos os povos em relação ao Reino. A aclamação dos assistentes – “Ele fez bem todas as coisas” – recorda Gn 1,31: “E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo era muito bom”. Essa entusiasta reação do povo nos ajuda a entender o simbolismo, aplicado à liturgia batismal: o catecúmeno torna-se nova criatura mediante a intervenção de Jesus, que, no batismo, lhe abre os ouvidos e lhe solta a língua, para que escute, viva e faça ressoar para os outros a Palavra de Deus.
(Dia a dia com o Evangelho 2024)
https://www.paulus.com.br/portal/liturgia-diaria/8-domingo-6/

Reflexão

«Trouxeram-lhe, então, um homem que era surdo e mal podia falar, e pediram que impusesse as mãos sobre ele»

Pbro. Fernando MIGUENS Dedyn
(Buenos Aires, Argentina)

Hoje, a liturgia leva-nos à contemplação da cura de um homem «surdo e mal podia falar» (Mc 7,32). Como em muitas outras ocasiões (o cego de Betsaida, o cego de Jerusalém, etc.), o Senhor acompanha o milagre com uma série de gestos externos. Os Padres da Igreja bem ressaltavam neste fato a participação mediadora da Humanidade de Cristo nos seus milagres. Uma mediação realizada numa dupla direção: por um lado, o ?abaixamento? e a proximidade do Verbo encarnado em nós (o toque dos seus dedos, a profundidade do seu olhar, sua voz doce e próxima); por outro lado, a tentativa de despertar no homem a confiança, a fé e a conversão do coração.
De fato, as curas dos doentes que Jesus realiza vão muito mais além do mero ato de aliviar a dor ou devolver a saúde. Estão dirigidos a conseguir a ruptura com a cegueira, a surdez ou imobilidade atrofiada do espírito naqueles que Ele ama. Como fim último uma verdadeira comunhão de fé e de amor.
Ao mesmo tempo vemos a reação agradecida dos receptores do dom divino que é proclamar a misericórdia de Deus: «Contudo, quanto mais ele insistia, mais eles o anunciavam» (Mc 7,36). Dão testemunho do dom divino, experimentam em profundidade a sua misericórdia e enchem-se de uma profunda e genuína gratidão.
Também para todos nós é de uma importância decisiva saber-nos e sentir-nos amados por Deus, a certeza de ser objeto da sua misericórdia infinita. Esse é o grande motor da generosidade e o amor que Ele nos pede. Muitos são os caminhos pelos quais esse descobrimento há de realizar-se em nós. Algumas vezes será uma experiência intensa e repentina do milagre e o mais frequente, o paulatino descobrimento de que toda a nossa vida é um milagre de amor. Em todo caso, é preciso dar-se as condições de consciência da nossa indigência, uma verdadeira humildade e, a capacidade de escutar reflexivamente a voz de Deus.

Pensamentos para o Evangelho de hoje

- «Ficamos confusos quando nos damos conta de que, sendo bons por natureza, criados à imagem de Deus, sejamos, no entanto, maus pelas nossas ações» (S. Lourenço de Brindisi)

- «Effetá', o mesmo mandato é agora dirigido ao homem interior, para que se abra aos mistérios divinos, através da luz da fé, do amor, da esperança» (S João Paulo II)

- «(...) A sua compaixão para com todos os que sofrem vai ao ponto de identificar-Se com eles: `Estive doente e visitastes-Me´ (Mt 25, 36). O seu amor de predileção para com os enfermos não cessou, ao longo dos séculos, de despertar a atenção particular dos cristãos para aqueles que sofrem no corpo ou na alma. Ele está na origem de incansáveis esforços para os aliviar» (Catecismo da Igreja Católica, nº 1.503)
https://evangeli.net/evangelho/feria/2024-09-08

Reflexão

A Doutrina Social da Igreja pertence ao âmbito da “Teologia Moral”

REDAÇÃO evangeli.net (elaborado com base nos textos de Bento XVI)
(Città del Vaticano, Vaticano)

Hoje reparamos na solicitação de Jesus Cristo pela questão social de sua época. A sensibilidade social de Jesus é conhecida e, por isso levam-lhe doentes para que imponha sua mão. Esse é, justamente, o caminho que seguiu a Igreja desde a era apostólica até nossos dias. Essa solicitação pela questão social, a partir de Leão XII (com sua encíclica “Rerum novarum”), fraguou no que hoje conhecemos como Doutrina Social da Igreja.
Não se trata apenas de uma simples "filosofia social”; João Paulo II a declarou como “Teologia Moral”. Bento XVI aprofundou nesta perspectiva assinalando que a caridade é a via principal da Doutrina Social da Igreja, até o ponto de defini-la como “caritas in veritate in re social” (anúncio da verdade do amor de Cristo em sociedade).
— A caridade não é apenas o principio das micro relações, como nas amizades, a família…, senão também das macro relações, como as relações sociais, econômicas e políticas.
https://evangeli.net/evangelho-master/feria/2024-09-08

Comentário sobre o Evangelho

Jesus faz os surdos ouvirem e os mudos falarem


Hoje, alegra-nos ver que Jesus foi pregar até às “fronteiras” e além das fronteiras de Israel. No nosso tempos, através da Igreja e na Eucaristia, Cristo faz-se presente em todas as fronteiras.
- Certo!, há um truque que funciona muito bem com Deus: reza por ti; mas pede principalmente pelas necessidades dos outros. Por aí “vais vencê-Lo” seguramente.
https://family.evangeli.net/pt/feria/2024-09-08

HOMILIA

ESPIRITUALIDADE BÍBLICO-MISSIONÁRIA

Devemos pensar no ato recriador de Deus. Ele está sempre a recriar o ser humano para fazê-lo andar no caminho da paz, da felicidade, na verdadeira liberdade. Foi o que Jesus fez ao curar o homem surdo-mudo. Jesus diz em hebraico: “Efatá”, que quer dizer “Abre-te”. Este abrir não é simplesmente um ato mecânico, mas existencial. O Cristo devolve a vida inteira, e o abrir-se significa acolher o projeto do Reino, que se realiza na pessoa, na Comunidade, na Igreja inteira.
Não podemos ficar imaginando apenas o milagre, pois não é bem assim o que está a nos dizer o Evangelho. Jesus se afasta com o homem surdo-mudo do meio da multidão. Ele era verdadeiro catecúmeno — aquele que se prepara para receber o sacramento do Batismo —, pois, Jesus fala com ele, faz o rito da cura bem de acordo com o rito batismal. Devemos prestar atenção no fato de que o surdo não vai sozinho até Jesus, mas é conduzido por algumas pessoas. É missão do cristão, da Igreja, conduzir as pessoas à Comunidade, ao encontro com Jesus, e se prepararem para receber, de modo consciente, os Sacramentos.
Jesus toca nos olhos, nos ouvidos e na língua do surdo-mudo. É muito profundo esse gesto de Jesus, e em nossa limitação verbal dizemos que Cristo deu àquele homem o dom da fé. Fez dele um discípulo, pois, toca nos olhos para poder contemplar a salvação diante de si, a revelação de Cristo. Toca em seus ouvidos para que possa escutar sua Palavra, que nos revela o querer de Deus, nossa salvação. Toca em sua língua para que anuncie a verdade do Cristo. Ao surdo-mudo é revelado o plano da salvação em Cristo: “Imediatamente seus ouvidos se abriram, sua língua se soltou e ele começou a falar sem dificuldade”.
A beleza está na abertura do surdo-mudo em acolher a pessoa de Jesus, de aprender dele e dispor-se ao discipulado, conforme nos indicam os gestos e as palavras de Jesus. Isso nos revela que o Deus de Jesus não se conforma com o fechamento humano para a verdade do Reino. O fechamento e a autossuficiência andam de mãos dadas, e rejeitam o amor, a partilha, a comunhão e o próprio Evangelho de Jesus. O que ocorreu com o surdo-mudo? Saiu completamente de seu isolamento e restabeleceu os laços que ficaram para trás ou foram perdidos, com a família, a Comunidade, as pessoas.
Diante dessa realidade com Jesus, o que podemos fazer como cristãos? Podemos apresentar o projeto de Jesus, que continua vivo e presente entre nós, enquanto é convite para a vida, para o diálogo, para a boa convivência e vivência da fé, além da solidariedade, do amor e da profecia da esperança. Nós também só precisamos nos colocar na direção do Reino.
Redação “Deus Conosco”
https://www.a12.com/reze-no-santuario/deus-conosco?data=08%2F09%2F2024&leitura=homilia

Oração
— OREMOS: (instante de silêncio) Ó DEUS, olhai com bondade os que redimistes e adotastes como filhos e filhas, e concedei aos que creem no Cristo a verdadeira liberdade e a herança eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém.
https://www.a12.com/reze-no-santuario/deus-conosco?data=08%2F09%2F2024&leitura=meditacao

COLETÂNEA DE HOMÍLIAS DIÁRIAS, COMENTÁRIOS E REFLEXÕES DO EVANGELHO DO DIA, DE ANOS ANTERIORES - 08/09/2024

ANO B


23º DOMINGO DO TEMPO COMUM

Ano B - Verde

“Ele tem feito bem todas as coisas: aos surdos faz ouvir e aos mudos falar.” Mc 7,37

“O mundo está ficando surdo; precisa de profetas da esperança.”

Mc 7,31-37

Ambientação

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Irmãos e irmãs a Palavra viva do Senhor que nos será anunciada nos ajudará a viver a alegria de sermos cristãos ao longo desta semana. Comprometamo-nos com Jesus, o Senhor que cura, e nesta cura utiliza-se de um ritualismo singular: afasta-se com o doente, vai para longe da multidão; toca-lhe os ouvidos com os dedos e a língua com a saliva, ergue os olhos para o céu em atitude de oração suplicante; suspira profundamente em atitude de compaixão e ordena em aramaico ao doente que se ‘abra’, à cura. Todo aquele que deseja viver uma vida de intimidade com Cristo deve abrir-se à escuta da sua Palavra, deve ter primeiramente os ouvidos ungidos para a escuta atenta dos ensinamentos que emanam da Sagrada Escritura, não somente os ouvidos, mas também a boca deve abrir-se para anunciar as maravilhas que o Senhor realiza. Que sejamos capazes de tornar a todos os batizados não evangelizados em nossa comunidade, capazes de agir e de ser novos em Cristo.
Fonte: NPD Brasil em 05/09/2021

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: A presença de Cristo no meio da comunidade rompe com a surdez daqueles que não ouvem a Palavra e a mudez daqueles que não a anunciam. Iluminados pelo Espírito Santo, nos reunimos em comunidade para ouvir sua Palavra e celebrar sua presença em nosso meio.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Lembramos que o último Domingo do mês de setembro é o “Dia Nacional da Bíblia”. Por isso, queremos despertar desde já a comunidade para o conhecimento e o amor às Sagradas Escrituras, e, por isso, motivamos a todos para a leitura cotidiana, atenta e piedosa da Bíblia.
Fonte: NPD Brasil em 05/09/2021

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Neste primeiro domingo do mês da Bíblia, a Liturgia nos ensina que o nosso Deus é Deus de todos, mas tem atenção especial para com aqueles que mais sofrem. Ele está ao lado dos doentes e marginalizados. Ele é força para os que têm defeitos físicos e por isso mesmo se sentem menos dignos. Parece que nos momentos tristes ele está longe, mas é aí que ele se coloca mais perto. Na primeira leitura, o profeta Isaías consola os corações perturbados, garantindo que Deus virá para fazer justiça, virá para castigar e premiar. Quando o Messias chegar, diz o profeta, os coxos vão andar, os cegos vão ver, os mudos falar e os surdos ouvir. No Evangelho, Jesus prova que o Reino de Deus já chegou. O surdo-mudo é curado, confirmando as palavras de Isaías. As leituras bíblicas de hoje mostram a preferência de Deus pelos pobres, os marginalizados e os enfermos. Na cura do surdo-mudo por Jesus começa a se realizar a esperança messiânica dos pobres tal como o anunciava oito séculos antes de Cristo o profeta Isaías. Rezemos para que tenhamos ouvidos para ouvir a Palavra de Deus e língua para anunciá-la por todos os cantos..
Fonte: NPD Brasil em 05/09/2021

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Reunidos ao redor da mesa da Palavra e da Eucaristia, somos convidados a elevar um hino de gratidão ao Pai, que nos concedeu o dom da palavra para proclamar o bem em favor do povo. Por isso, a Eucaristia que estamos iniciando irá colocar diante de nós três desafios: ser profeta da esperança, levar a sociedade a abrir os ouvidos ao Evangelho e repudiar todo tipo de discriminação, especialmente em relação aos pobres. Que o alimento eucarístico nos conceda a força necessária para não ter medo frente a estes desafios.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, hoje, dia do Senhor, Ele nos reúne em torno do altar para nos oferecer o alimento de nossa salvação. Viemos para bendizê-lo por sua fidelidade e amor. Não obstante as forças que rejeitam o Reino que Jesus veio anunciar, cada um de nós e toda a Igreja somos testemunhas dos sinais desse Reino presentes no mundo. Por isso, bendigamos ao Senhor e cantemos as maravilhas do amor de Deus.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Neste primeiro domingo do mês da Bíblia, a Liturgia nos ensina que o nosso Deus é Deus de todos, mas tem atenção especial para com aqueles que mais sofrem. Ele está ao lado dos doentes e marginalizados. Ele é força para os que têm defeitos físicos e por isso mesmo se sentem menos dignos. Parece que nos momentos tristes ele está longe, mas é aí que ele se coloca mais perto. Na primeira leitura, o profeta Isaías consola os corações perturbados, garantindo que Deus virá para fazer justiça, virá para castigar e premiar. Quando o Messias chegar, diz o profeta, os coxos vão andar, os cegos vão ver, os mudos falar e os surdos ouvir. No Evangelho, Jesus prova que o Reino de Deus já chegou. O surdo-mudo é curado, confirmando as palavras de Isaías. As leituras bíblicas de hoje mostram a preferência de Deus pelos pobres, os marginalizados e os enfermos. Na cura do surdo-mudo por Jesus começa a se realizar a esperança messiânica dos pobres tal como o anunciava oito séculos antes de Cristo o profeta Isaías. Rezemos para que tenhamos ouvidos para ouvir a Palavra de Deus e língua para anunciá-la por todos os cantos.
Fonte: NPD Brasil em 09/09/2018

SURDOS OUVEM E MUDOS FALAM

Na sua passagem pela Decápole, região pagã, Jesus cura um surdo-mudo. Toca os ouvidos e a língua dele, sem medo de se contaminar com a “impureza” de um pagão. Jesus não tem medo de transgredir a lei do puro e do impuro quando ela gera discriminação. O importante, para ele, é a defesa da vida sempre que esta se encontre discriminada, ameaçada ou pouco valorizada. Pelo toque de Jesus, o surdo-mudo começa a ouvir e a falar.
A Palavra de Deus, nas celebrações, é de importância capital. Ela necessita de ouvidos bem abertos para ser acolhida e línguas soltas para ser proclamada. A Bíblia fala com freqüência da necessidade de fortalecer a fé na Palavra de Deus, a qual nos convida a não sermos surdos aos seus apelos e não ficarmos mudos diante de suas propostas, mas buscarmos anunciar as maravilhas de Deus e denunciar as injustiças na sociedade.
O tema da surdez é recorrente nos profetas, para falar do fechamento aos apelos de Deus e ao clamor do povo. As curas de surdez realizadas por Jesus nos desacomodam e são fortes chamados à conversão. Não podemos viver surdos à Palavra de Deus e fechados em nós mesmos.
O relato do Evangelho deste domingo é um convite à abertura e à comunicação com os outros. Vivemos no mundo da comunicação e somos bombardeados pelas redes digitais, infelizmente muitas vezes contaminadas com falsas notícias. Necessitamos de discernimento para acolher o que realmente edifica os valores humanos e a convivência fraterna e rejeitar aquilo que pode destruir as relações entre as pessoas.
Cumpre-nos curar bem nossos ouvidos para acolher a autêntica mensagem de Jesus, sermos transformados por ela e proclamar seu projeto de vida e liberdade para todos. Acontece, porém, que os que se propõem viver e divulgar os valores do Evangelho e sair em defesa dos pobres são, não raro, censurados e até perseguidos. Deus nos deu ouvidos para ouvir o grito dos necessitados e a língua para comunicar os valores do seu Reino.
Pe. Nilo Luza, ssp
Fonte: NPD Brasil em 05/09/2021

ABRIR-SE AOS IRMÃOS

No Evangelho deste domingo Jesus está entre pagãos, onde é bem acolhido. Acreditam nele e lhe apresentam um “surdo que gaguejava”, para ser curado.
Jesus recebe o surdo-gago, o afasta da multidão para lhe prestar os cuidados devidos (Mc 7,33). Quer despertar nele uma nova atitude, para ele responder ao seu chamado, ‘Effatta’ (abre-te). A resposta ocorre, e “os ouvidos do homem se abriram, sua língua se soltou”. Diante desse sinal, aquelas pessoas começaram a anunciar Jesus.
Esta cena do Evangelho é inspiradora para os ouvintes da Palavra na comunidade. Em primeiro lugar, lembra a necessidade de manifestar concretamente o cuidado para com os pequeninos da sociedade. Marcos apresenta Jesus anunciando o Reino e suscitando a fé entre os pagãos através da manifestação do seu amor/cuidado a um surdo-gago, deficiência que não permitia àquela pessoa integrar-se totalmente em sua sociedade. Esta mensagem é corroborada pela Carta de São Tiago, “Vossa fé em nosso Senhor Jesus Cristo não deve admitir acepção de pessoas” (Tg 2,1). A comunidade ouvinte precisa abrir-se diante do ‘Effetta’ constante de Jesus, e ir ao encontro dos preferidos de Deus (Tg 1,5) que sofrem exclusão.
Em segundo lugar, ‘Effetta’, também permite refletir acerca da comunicação e seus meios. Após Jesus conclamá-lo a abrir-se, “Sua língua soltou-se e passou a falar corretamente” (Mc 7,35). Hoje as técnicas de comunicação se aperfeiçoam cada vez mais, e as pessoas se esforçam para aprender a utilizá-las. No entanto, nem sempre se prestam a comunicar o que é verdadeiro, e capaz de gerar compromisso solidário. Talvez, porque falte o ‘Effetta’ (abrir-se) ao irmão e às suas interpelações.
O convite à abertura presente no Evangelho de hoje, salva de uma vida auto referencial, circunscrita às asfixiantes preocupações pessoais. A atitude de fechamento, estreita o significado da vida e as dimensões do coração, que assim, não ouve o clamor e nem as necessidades dos irmãos e irmãs, e nem a palavra de Jesus que comunica o rosto misericordioso do Pai e seu projeto de vida para todos. Que o ‘Effetta’ de Jesus seja acolhido.
Dom Luiz Carlos Dias
Bispo Auxiliar de São Paulo

Comentário do Evangelho

Os gestos de Jesus

Jesus iniciou seu ministério na Galileia, onde vivia com sua família. A Galileia era um território gentílico, vinculado à Síria, onde foram implantadas colônias judaicas na segunda metade do séc. 1 a.C. pelo hasmoneu Aristóbulo e por seu sucessor, Alexandre Janeu.
Na segunda etapa de seu ministério, Jesus se dirige aos povos gentílicos vizinhos à Galileia, tradicionalmente repudiados pelo judaísmo, começando por Tiro e, agora, na Decápole, em contato com sua população mesclada de gregos e romanos. O evangelho de Marcos destaca esta fase de missão nestes territórios, realçando como Jesus veio para libertar e comunicar vida a todos os povos, abolindo a distinção entre povos impuros, os gentios, e povo puro, os judeus.
O homem surdo que mal pode falar, curado por Jesus na Decápole, é a expressão da submissão e alienação de um poder dominador que inibe a comunicação das pessoas. Marcos narra minuciosamente os gestos de Jesus, realçando assim a presença do Deus encarnado, compassivo e solidário, entre nós. Os ouvidos do homem se abrem e ele começa a falar corretamente. Jesus liberta aquele homem em território pagão. Aqueles que ouvem Jesus começam a "falar corretamente". Isto é, passam a anunciar os seus feitos. Esta narrativa de Marcos visa mexer com os discípulos. Eles, ainda apegados à doutrina nacionalista e segregacionista de "povo eleito", ficam como surdos e sua palavra é frágil. Estão com dificuldade de entender que os gentios são também destinatários do Reino. É o universalismo da salvação, a comunhão com Deus oferecida a todas as criaturas.
A narrativa de Marcos é pródiga em assinalar a presença física de Jesus no meio da multidão, com o toque, o uso dos dedos e da saliva, sobre o homem que trouxeram para que ele impusesse as mãos. A imposição das mãos e a própria saliva eram tidas como uma comunicação de energia e cura.Aqueles que participaram deste episódio da cura do surdo-tartamudo puseram-se a anunciar os feitos de Jesus em sua região, de maneira semelhante ao possesso geraseno libertado por Jesus (Mc 5,1.20). São registros de Marcos sobre o anúncio missionário em andamento, tendo como agentes os próprios gentios.
As narrativas de cura, envolvendo as multidões de excluídos, carentes e adoentados, são a expressão da atenção especial de Jesus para com estes pobres, escolhidos por Deus, em vista de restaurar-lhes a vida.
A afirmação final, "faz os surdos ouvirem e os mudos falarem", se inspira na profecia atribuída a Isaías (primeira leitura), dirigida aos exilados da Babilônia. Na tradição profética, a menção aos cegos que veem, surdos que ouvem, mudos que falam, aleijados que pulam, "águas vão correr no deserto... e o seco vai se encher de minas d'água", é uma simbologia literária que indica uma nova situação do povo que é erguido de sua exclusão e de seu abatimento e recupera sua dignidade, com novo ânimo de vida. Com este mesmo caráter simbólico teriam sido elaboradas as diversas narrativas de cura encontradas nos evangelhos. Não são transformações milagrosas mas resultam do empenho em promover a vida, restaurando a justiça e a paz no mundo.
José Raimundo Oliva
Oração
Senhor Jesus, impõe sobre mim as tuas mãos e liberta-me do egoísmo que impede a comunicação com o meu próximo.
Fonte: Paulinas em 09/09/2012

Vivendo a Palavra

Jesus se afasta da multidão com o cego e o cura. Ele quer ensinar que o anúncio da chegada do Reino do Céu não é resultado de produção em série ou de uma linha de montagem industrial, mas é artesanato pessoal que requer atenção e cuidado, dedicação individual para cada um dos irmãos que encontrarmos.
Fonte: Arquidiocese BH em 09/09/2012

VIVENDO A PALAVRA

Jesus se afasta da multidão com o cego para curá-lo. Ele ensina que o anúncio da chegada do Reino de Deus não se faz com ações espetaculares, não é produção em série ou linha de montagem industrial, mas é artesanato pessoal que requer atenção e cuidado, dedicação individual para cada um dos irmãos que encontrarmos.
Fonte: Arquidiocese BH em 09/09/2018

Reflexão

ABRIR-SE À PALAVRA

Para além da cura física da audição e da fala, o episódio do surdo que falava com dificuldade mostra, simbolicamente, o que significa tornar-se discípulo de Jesus: superar o fechamento em si mesmo e deixar-se tocar pelo Mestre, para abrir-se a Deus e à sua palavra.
Diz o ditado que “pior surdo é aquele que não quer ouvir”. Quando nos fechamos em nosso próprio egoísmo, acabamos tapando os ouvidos diante de Deus. E, se comunicamos algo ao mundo, é apenas algo segundo nosso modo de julgar e agir, por vezes distante do projeto de Deus e contrário a ele. Nesse caso, as palavras de Jesus a seus discípulos servem também para nós: “Vocês têm olhos e não veem, têm ouvidos e não ouvem?” (Mc 8,18).
Jesus retira aquele homem surdo da multidão. Toca-o com saliva, que era considerada contagiosa. Para abrir-nos a Deus, é necessário um espaço e um tempo só nosso, longe da multidão, a fim de estar a sós com Deus e deixar-nos tocar por ele. Isso para que nossos ouvidos se abram, para que nossas atitudes de fechamento se contagiem com o modo de ser e agir de Jesus e assim se transformem em atitudes de diálogo, partilha e comunicação da vida.
A atitude fundamental que Jesus exige do discípulo está na expressão aramaica “efatá!”, que significa “abra-se!” É essencial para os discípulos abrir-se à palavra de Jesus. Só assim eles poderão ser transformados por ela, e só assim poderão transmitir ao mundo a novidade que Jesus vem realizar.
Assim como o Pai havia criado tudo e visto que era bom, Jesus recria a humanidade, fazendo bem todas as coisas que o Pai o encarregou de fazer. Ele continua a nos tocar, com uma voz diferente da voz da multidão, como se continuasse a dizer a cada um de nós: “Abra-se à minha palavra e ao meu modo de ser”. Sua voz liberta e nos torna sujeitos, para que também nós tenhamos voz e sejamos comunicadores da boa-nova que ele vem revelar.
Pe. Paulo Bazaglia, ssp
Fonte: Paulus em 09/09/2012

Reflexão

Na sua passagem pela Decápole, região pagã, Jesus cura um surdo gago. Tocou os ouvidos e a língua do deficiente, sem medo de se contaminar com a “impureza” de um pagão. Pelo gesto de Jesus, o surdo e gago começa a ouvir e a falar. Jesus não tem medo de transgredir a lei do puro e do impuro quando ela discrimina. O importante para ele é a defesa da vida, principalmente daquela ameaçada ou pouco valo- rizada. O tema da surdez é muito frequente nos profetas, para mostrar o fechamento da pessoa aos apelos de Deus e ao clamor do povo. As curas de surdez, realizadas por Jesus, são fortes apelos de conversão. Não podemos viver surdos diante da palavra de Deus e fechados em nós mesmos. O relato do evangelho deste domingo é um apelo à abertura e à comunicação com os outros. Precisamos abrir bem nossos ouvidos para acolher a mensagem de Jesus, ser transformados por ela e proclamar seu projeto de vida e liberdade para todos. Acontece, muitas vezes, que há instituições ou Estados opressivos que não permitem que o povo abra a boca e grite por direitos e dignidade.
(Dia a dia com o Evangelho 2018 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)
Fonte: Paulus em 09/09/2018

Reflexão

O surdo que fala com dificuldade representa os discípulos de Jesus, que continuam aferrados à ideologia nacionalista e exclusivista do judaísmo. Em outras palavras, consideram-se um povo privilegiado diante de Deus e, desse modo, permanecem inteiramente fechados (surdos) em relação aos pagãos. Não aceitam que estes façam parte do Reino de Deus. Jesus quer mudar essa mentalidade, por isso age primeiramente sobre o ouvido. Uma vez em condições de ouvir os ensinamentos do Mestre, seus discípulos serão capazes de passá-los adiante. Efatá (abre-te) é uma ordem de Jesus também para os cristãos de hoje. É necessário que tenhamos os ouvidos bem abertos para captar e assimilar a Palavra de Deus, pô-la em prática e difundi-la por toda parte, usando todos os meios da técnica moderna.
Oração
Ó Jesus, que fazes os surdos ouvirem e os mudos falarem, de coração sincero te pedimos: abre nossos ouvidos e o coração para captarmos integralmente tua mensagem de amor, justiça e paz e fortalece nosso ânimo para que anunciemos, com ousadia, teu Evangelho por toda parte. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2021 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp e Pe. Nilo Luza, ssp)
Fonte: Paulus em 05/09/2021

COMENTÁRIO

PONTOS DE REFLEXÃO

I LEITURA- IS 35.4-7a

Estamos no contexto do chamado “pequeno apocalipse” do profeta Isaías. Nele colocam-se em confronto o infeliz destino que irão ter os povos pagãos e a perspectiva de bênção que , ao invés, alegrará e infundirá coragem à cidade de Jerusalém, e nela ao povo da promessa. Cada qual terá de Deus o castigo ou a “recompensa”, segundo os seus méritos ou deméritos.
No horizonte escuro e fechado há muito tempo, devido à pouca sorte que se abateu sobre o povo da Aliança, abre-se finalmente uma réstia de luz. Ouve-se o convite a ganhar energia e nova coragem para olhar em frente e para o Alto, para sair do tempo da humilhação e da derrota. Perspectiva-se uma festa com os traços e as cores da Primavera e com os prodígios duma nova criação. Abrangerá tudo, e naturalmente a terra, que é obra de Deus, inclusive o deserto, lugar onde se encontra o Senhor, mas sobretudo as criaturas vivas. Entre estas são nomeadas “cegos”, os “surdos”, os “coxos”, os “mudos”, aos quais se anuncia que poderão novamente “ver”, “ouvir”, “saltar” e “falar”. Libertar-se-ão assim das pesadas limitações em que se encontram: a impossibilidade de ver o céu; de ouvir os passos da terra; de falar com os irmãos. Todos estes serão curados nas dimensões essenciais de criaturas, vistas na sua relação com Deus, com a Criação, com o próximo. Tudo acontecerá num contexto que tem o sabor e saudade das origens: brotará “água” em abundância, água fresca de nascente. Estes toques poéticos descrevem e antecipam a dádiva da “salvação” esperada e agora prometida por Deus que “vem” salvar-nos.

II LEITURA -TG 2,1-5

O capítulo 2 da Carta de Tiago ao desenvolvimento do tema anunciado em 1,26-27: a fé é ativa quando se traduz no serviço aos pobres. O autor explica esta afirmação com um primeiro exemplo inerente à relação entre ricos e pobres na comunidade cristã. O estilo é típico da retórica grega. Não se pretende apresentar de per si um acontecimento preciso, mas uma exemplificação baseada num possível comportamento da comunidade à qual Tiago se dirige.
Com esta expressão carregada de responsabilidade, mas também de familiaridade “Meus irmãos” , Tiago recorda um dado importante da atuação de Deus: Ele não admite acepção de pessoas. Por isso a fé do crente é chamada a imitar e a espelhar-se no Senhor da glória. Todo o batizado é chamado a não distinguir entre pessoas e a não se deixar inspirar em critérios de conveniência humana.
O exemplo referido pela catequese de Tiago é claro e de compreensão fácil. A narração viva e colorida torna-se acusação explícita relativamente à comunidade cristã, que reserva honras às pessoas importantes, desprezando o pobre, trata-se neste caso do pedinte, ou seja, a pessoa que precisa de tudo. Note-se que o autor nesta passagem não fala de pobreza como condição por eleição divina. Deus privilegia os pobres, ou seja, os que são capazes de “amar a Deus”. Entre estes encontram-se também todos os que são pobres de coisas materiais, mas que podem assim tornar-se “ricos na fé”. Vislumbra-se aqui o eco da primeira bem-aventurança do Sermão da Montanha.
Em último lugar, é preciso ter presente que o rico não é condenado porque possui riquezas, mas porque estas se tornam motivo de opressão e de injustiça para com os pobres. A acusação atinge o ápice em Tg 2,7, onde a opressão é equiparada à “blasfêmia”.

EVANGELHO Mc 7,31-37

Nas suas andanças fora da Palestina, Jesus encontra um pagão “surdo que mal podia falar”. Mediante uma série de gestos e uma palavra eficaz, cura-o e permite-lhe que comunique. O surdo-mudo torna-se símbolo do pagão que, antes de acreditar, é incapaz de escutar a Deus e de O louvar, mas logo que tocado por Jesus, t´se torna nova criatura. O Texto presente apenas no evangelho de Marcos, teve um lugar privilegiado na liturgia batismal.
Nesta circunstância Jesus toma algumas atitudes referidas nos curandeiros antigos, mesmo pagãos, os quais atribuíam poderes taumatúrgicos à “saliva”. São pormenores que, de resto, também aparecem no episódio paralelo da cura do cego. De igual modo, a utilização de uma palavra estrangeira (neste texto, “effathá”) era habitual nos curandeiros do Seu tempo. Tudo isto não deve, porém, levar-nos a pensar numa espécie de rito mágico.
O milagre da cura não está ligado de per si aos gestos de Jesus, mas sim à Sua oração e à Palavra. De facto, “erguer os olhos ao Céu” e “suspirar” não são simples gestos de compaixão, antes são gestos de súplica e de pedido, sinais da intimidade do Filho com o Pai. Pelo contrário, pode dizer-se que os gestos de Jesus adquirem um valor “sacramental”, enquanto operam aquilo que simbolizam: o abrir-se dos ouvidos do homem e o soltar-se-lhe a prisão da língua.
Padre José Granja,
Reitor da Basílica dos Congregados, Braga (Portugal)
Fonte: Alexandrina Balasar em 09/09/2012

Meditando o evangelho

A IMPOSIÇÃO DAS MÃOS

A mão é considerada como portadora de força. De certo modo, concentra a força da pessoa e, através dela, é possível transmitir aos outros esta força. Desta forma, torna-se símbolo de poder. Por isso, as pessoas aproximavam-se de Jesus, implorando que lhes impusesse aos mãos. Essa era a maneira de usufruir da força divina que Jesus possuía e obter o benefício da cura.
De sua parte, Jesus nunca se recusava a atender o pedido de quem lhe suplicasse a cura. O efeito da imposição de suas mãos era imediato. Ele agia com a máxima discrição para não suscitar um entusiasmo exagerado e atrair pessoas interessadas apenas em aproveitar-se dele, sem aderir efetivamente ao Reino.
A cura do surdo-mudo, portanto, deu-se longe da multidão e foi seguida da ordem peremptória de não dizer nada a ninguém. Era necessário guardar segredo a respeito do ocorrido. Mas, como era possível manter calado quem fora surdo-mudo e agora tinha recuperado a capacidade de falar corretamente? Como impedi-lo de proclamar, aos quatro ventos, o benefício recebido pela imposição das mãos de Jesus? Eis por que, quanto mais Jesus o proibia de falar, tanto mais ele narrava o ocorrido.
A constatação do povo de que Jesus fazia bem todas as coisas correspondia a reconhecer que, pela imposição de sua mão, o Reino se fazia presente na história humana.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Senhor Jesus, impõe sobre mim as tuas mãos e liberta-me do egoísmo que impede a comunicação com o meu próximo.
Fonte: Dom Total em 09/09/2018 05/09/2021

COMENTÁRIO DO EVANGELHO

1. A cura do surdo-mudo
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - comece o dia feliz)

As profecias de Isaías nos dão os sinais indicativos do Messias: os olhos dos cegos e os ouvidos dos surdos vão se abrir, os aleijados vão pular e a língua dos mudos vai cantar, as águas vão correr no deserto, os rios vão correr na terra seca.
Tudo isso se realiza em Jesus. Ele cura um homem que era surdo e gago, sinalizando que ele é o Messias. Este e outros milagres de Jesus mostram quem ele é e qual é a vontade do Pai. O próprio modo de fazer o milagre mostra a bondade e o respeito que Jesus tem para com o ser humano e ensina os discípulos, e a nós, que também somos discípulos, como devemos nos relacionar com os outros. São Tiago, por exemplo, nos ensina a não fazer acepção de pessoas e a respeitar os outros, sobretudo os mais pobres. Jesus curou o surdo-gago que lhe foi apresentado, mas não o curou no meio de todo mundo. Levou-o a um lugar à parte e fez alguns pequenos ritos. Disse a palavra “Éfata”, em aramaico, tocou com os dedos os seus ouvidos e com saliva, a sua língua. O homem, então, começou a ouvir e a falar corretamente.
No batismo de crianças há um rito facultativo no qual o celebrante toca nos ouvidos e na boca do batizando e diz “Éfeta”, para que ele ouça a Palavra e professe a fé para o louvor e a glória de Deus. Jesus abre os ouvidos do surdo para que ele ouça como qualquer pessoa normal. Assim ele entrará em comunicação com os outros, superando as barreiras que o isolam do convívio social. Jesus está sempre restaurando o ser humano, em oposição ao demônio que está sempre diminuindo as pessoas. Guardamos no coração as palavras do Evangelho: “Tudo ele tem feito bem. Faz os surdos ouvirem e os mudos falarem”.
Fonte: NPD Brasil em 09/09/2018

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. A SURDEZ DO CORAÇÃO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Essa surdez e mudez que hoje refletimos neste evangelho, têm um significado bem mais profundo do que a cura física. Não se trata simplesmente do ouvir com os ouvidos e falar com a boca, a surdez e a mudez abordada pelo evangelista Marcos, localiza-se no coração do ser humano.
Há pessoas muito faladeiras, que contam mil e uma vantagens, ou então que perdem um tempo precioso falando mal da vida do próximo, ou conversas fúteis da qual nada se aproveita, assim como o saber ouvir é uma arte. Aqui a questão do ouvir não se trata apenas de escutar vozes das pessoas falando, ou ruídos. A deficiência auditiva desse homem da comunidade Marcos vai, além disso, seu coração está fechado para Deus e as pessoas e por isso tem o coração assim tão vazio de Deus, não tendo, portanto nada a anunciar, sua vida fechada e isolada em si mesmo é uma fonte de amargura e azedume.
No antigo testamento a principal queixa de Deus durante a travessia do povo pelo deserto, é de que: o povo tinha fechado o coração e não mais o ouvia, escutavam, mas não o ouviam. Na comunidade de Marcos e também nas nossas há pessoas assim... Essa surdez e mudez são causadas pela arrogância e prepotência dos que não creem em Deus e preferem dar ouvidos somente as vozes da razão.
Conviver e relacionar-se com alguém assim, é difícil e complicadíssimo, a comunidade não sabe mais o que fazer e rogam a Jesus para que imponha as mãos sobre aquele homem. A experiência que fazemos de Jesus é algo muito pessoal, por isso ele toma o homem surdo-mudo e o leva á um lugar á parte. O mundo da pós-modernidade está repleto de rituais e de vozes que só alienam e escravizam o homem. No dia do Senhor que é o domingo, a comunidade dos que creem, se afastam do burburinho do quotidiano, e na comunidade se reúnem a outros que querem e precisam ficar a sós com o Senhor.
As palavras de Jesus e seus gestos no ritual da cura do surdo mudo, lembram o rito batismal quando a graça de Deus abre o nosso coração para que Deus possa entrar e fazer morada. Nas celebrações eucarísticas ou mesmo da Santa Palavra, presidida por um Ministro Leigo ou um Diácono, esse ritual se repete, somos tocados pela Palavra, a força do Espírito Santo a leva para dentro de nós, no mais íntimo do nosso ser, transformando aos poucos a nossa vida, a cura da surdez e mudez não é imediata, mas ocorre em um processo que é dinâmico, vamos ouvindo, nos libertando e anunciando, sempre que experimentamos o Senhor.
Comunidade é, portanto o lugar onde todos se preocupam para que cada um se abra cada vez mais á essa Palavra, as nossas orações e cantos nada mais são do que uma súplica para que o Senhor estenda sobre nós suas mãos, abrindo cada vez mais o nosso coração para a sua graça que nos santifica, nos renova e nos liberta. Agora já dá para sabermos quem é esse surdo-mudo que saiu da celebração anunciando com alegria as maravilhas de Deus!
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com

2. Tudo ele tem feito bem - Mc 7,31-37
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - comece o dia feliz)

Jesus curou um homem que era surdo e falava com muita dificuldade. O profeta Isaías já tinha dito no passado: “Os olhos dos cegos e os ouvidos dos surdos se abrirão. O coxo saltará como um cervo, e se desatará a língua dos mudos, e brotarão águas no deserto”. Isaías viu nesses acontecimentos o sinal do Messias. Quando os surdos ouvem, os cegos veem, os coxos andam, a terra seca floresce, é sinal de que o Reino de Deus está acontecendo, é sinal de que o Messias Salvador já está no meio de nós. Note-se que a cura do surdo-gago se dá em território pagão e que, portanto, o Messias Salvador está presente no meio de todos os povos. Os pagãos também são chamados a participar da herança de Israel. Os discípulos de João Batista foram perguntar a Jesus se ele era o Messias ou deviam esperar por outro. João estava preso e foi ele que enviou os seus discípulos. “Vão contar a João o que vocês viram e ouviram, disse Jesus a eles. Os cegos estão enxergando, os coxos estão andando, os leprosos foram purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados”. Uma Boa Notícia está sendo dada a todos. Os corações partidos se alegram, os desanimados recobram a coragem, os pobres são evangelizados. São Tiago diz que “Deus escolheu os pobres deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino”. Por isso, ricos e pobres devem ser tratados com a mesma atenção. A Igreja mostra que é a Igreja de Jesus Cristo nos sinais messiânicos que produz para dentro e para fora. Dentro nos diferenciamos pelos serviços que prestamos, não pelo poder que pretendemos ter. Fora, nos identificamos com todas as pessoas de boa vontade que se esforçam para que o mundo seja melhor para todos. Os cristãos sabem por revelação o que estão fazendo e o que devem fazer. Solidários com aqueles que não sabem, mas fazem, farão com que ninguém desista de um empreendimento nada fácil e por muitos questionado. É um sinal messiânico não fazer distinção entre pessoas. Qualquer grupo humano no qual não há discriminação de pessoas torna-se um sinal messiânico. Um grupo cristão, que recebeu de Deus a revelação dos caminhos da salvação, será um sinal messiânico consciente. Os cristãos sabem o que estão fazendo e o que devem fazer, porque ouviram Deus falando nas Escrituras, na vida dos santos e santas, nos ensinamentos dos Pais e Mães da Igreja em todos os tempos. Seríamos pessoas más se discriminássemos o estrangeiro, o órfão e a viúva. Uma comunidade de Jesus Cristo produz sinais messiânicos. Ela é feita de irmãos e irmãs, sem discriminação de pessoas. Procuram que entre eles não haja necessitados, e todos estão atentos ao “estrangeiro, ao órfão e a viúva”, símbolos do pobre desamparado. Eles se tornam a boca do mudo, o ouvido do surdo, as pernas do coxo. Nossas ações não são meras ações sociais, por importantes que estas possam ser. São antes de tudo sinais do Reino, sinais de Jesus Cristo. Multiplique, pois, ações sociais que mostrem que o Reino está acontecendo entre nós. É isto o que Jesus queria: que o Reino fosse anunciado sem propaganda, mas com sinais claros. Ao curar o cego-gago não fez propaganda de si mesmo nem dos milagres, foi respeitosamente discreto tirando-o do meio da multidão. “Tudo ele tem feito bem”.
Fonte: NPD Brasil em 05/09/2021

REFLEXÕES DE HOJE

DOMINGO

Fonte: Liturgia Diária Comentada2 em 09/09/2018

HOMILIA DIÁRIA

Abram-se os olhos e ouvidos fechados pela dureza interior

Postado por: homilia
setembro 9th, 2012

“Efatá!” é uma palavra chave na liturgia deste 23º Domingo do Tempo Comum. Palavra que o Senhor pronuncia para todos, a qual tem, para cada um de nós, uma ressonância pessoal. É fundamental que cada um de nós veja e pense no conteúdo dela.
“Efatá!”, palavra dita pelo Senhor quando o mar se abriu para a passagem dos escravos rumo à liberdade. “Efatá!”, disse Deus, e se abriram os céus sobre o batismo de Jesus e sobre a humildade do seu batismo; e abriu-se o paraíso sobre a cruz de Jesus, e o paraíso ficou à mercê dos ladrões; e se abriram os sepulcros, e os vencidos fugiram da morte. Esta palavra é dirigida agora a nós, a fim de que enxerguemos o caminho que nos conduz à salvação eterna.
Por isso, não diga: “Abrir-se-ão os olhos do cego e os ouvidos do surdo”. Mas que “abrir-se-ão os meus olhos e os meus ouvidos que estavam fechados por causa da dureza do meu coração, fruto do meu próprio pecado”.
Saiba que a palavra se cumpre, hoje, a profecia está se realizando neste Evangelho. A promessa se torna realidade, hoje e agora, com Cristo e em Cristo na sua vida. Corra e vá atrás d’Ele. E se não tem como, peça ajuda. Deixe-se ajudar. Não seja “cabeça dura”! Escute e siga as orientações, os conselhos da sua esposa, do seu marido, dos seus pais e filhos. Deixe de viver na noite e no mundo do erro, do pecado, da falsidade e da morte.
“Ah! Padre, eu não sou surdo nem mudo. Isso é uma ofensa!” Eu digo que sim. Somos “surdos”, por exemplo, quando não ouvimos o grito de ajuda que se eleva para nós e preferimos pôr entre nós e o próximo o “duplo vidro” da indiferença. Os pais são “surdos” quando não entendem que certas atitudes estranhas ou desordenadas dos filhos escondem um pedido de atenção e de amor. Um marido é “surdo” quando não sabe ver, no nervosismo de sua mulher, o sinal do cansaço ou a necessidade de um esclarecimento. E o mesmo quanto à esposa.
Estamos “mudos” quando nos fechamos, por orgulho, em um silêncio esquivo e ressentido, enquanto, talvez, uma só palavra de desculpa e de perdão poderia devolver a paz e a serenidade ao nosso lar. Os religiosos e as religiosas têm, no dia, tempos de silêncio e, às vezes, acusam-se na confissão, dizendo: “Quebrei o silêncio”. Penso que, às vezes, deveríamos nos acusar do contrário e dizer: “Não quebrei o silêncio”.
O que, contudo, decide a qualidade de uma comunicação não é, simplesmente, falar ou não falar, mas falar ou não fazê-lo por amor. Santo Agostinho dizia às pessoas em um discurso: “É impossível saber, em toda circunstância, o que é justo de se fazer: falar ou calar, corrigir ou deixar passar algo. Eis, aqui, então, que se dar uma regra que vale para todos os casos: “Ama e faz o que quiseres. Preocupa-te de que, em teu coração, haja amor; depois, se falas, será por amor; se calas, será por amor e tudo estará bem, porque do amor não brota mais que o bem”.
As histórias de cura, envolvendo as multidões de excluídos, carentes e adoentados, são a expressão da atenção especial de Jesus para com os pobres, em vista de lhes restaurar a vida, característica do Reino de Deus. A proclamação final - “faz os surdos ouvirem e os mudos falarem” - indica o cumprimento da profecia atribuída a Isaías aos exilados da Babilônia; porém, agora, não restrita àquele povo que se julgava eleito, mas a todos os povos da terra sem discriminações. Jesus vem salvar as maiorias empobrecidas subjugadas pelas minorias que detêm o poder, resgatando a dignidade e a vida neste mundo.
Por isso, meu irmão e minha irmã, o segredo está em entrar em comunhão com Cristo ressuscitado. Você que estava morto veja, escute e entre com Ele pelas portas abertas de Deus.
Ó Senhor, tenho plena consciência de que Vossa voz ressoou no deserto - “Efatá!” – para que, do Céu, caísse como chuva o pão, e da rocha jorrasse água. “Efatá!”, dissestes e abristes, como que com uma faca, as águas do Jordão, as quais se tornaram porta pela qual entraram vossos filhos à terra das vossas promessas. Dignai-vos olhar para mim, para os meus olhos e ouvidos. Impõe sobre mim as Tuas mãos e liberta-me, cura-me do egoísmo que impede a comunicação com o meu próximo.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova em 09/09/2012

HOMILIA DIÁRIA

Permitamos que Jesus toque em nossos ouvidos

É preciso deixar que Jesus toque em nossos ouvidos para que eles se abram à graça divina

“Jesus afastou-se com o homem, para fora da multidão; em seguida, colocou os dedos nos seus ouvidos, cuspiu e com a saliva tocou a língua dele.” (Marcos 7,33)

Ao contemplarmos o Evangelho de hoje, vemos que levaram um homem surdo que falava com dificuldade até Jesus. O próprio Jesus pegou aquele homem pela mão, porque queriam apenas que Ele impusesse as mãos sobre ele. Às vezes, não basta o Senhor colocar as mãos sobre nós, é preciso que Ele nos pegue pela mão, porque Ele precisa nos refazer.
Alguns computadores precisam ser reprogramados, mas não somos computadores, somos criaturas divinas que Deus criou à Sua imagem e semelhança; porém, o mundo e as circunstâncias nos desprogramam daquela graça original. É preciso que Deus nos pegue à parte.
Deus pegou Adão à parte, levou-o para um sono profundo e, então, nasceu uma criatura tão divina quanto ele, que foi Eva, sua esposa. Do mesmo modo, Jesus pegou esse homem pela mão e o afastou da multidão. É importante nos afastarmos dos outros para entrarmos na comunhão com Deus, porque, às vezes, estamos no meio de todo mundo, estamos naquela correria, naquela confusão, naquela vida frenética, estamos vivendo como máquinas. Precisamos nos afastar para encontrar o silêncio original, deixar que a mão de Deus nos toque e nos refaça novamente. Por isso, Jesus, com seus dedos, tocou nos ouvidos daquele homem para que eles se abrissem.
Nossos ouvidos estão, muitas vezes, fechados. A Palavra de Deus não entra mais neles, não conseguimos mais ouvir a sintonia com Deus. Por isso precisamos deixar que o Senhor toque nossos ouvidos, para que eles se abram à graça divina.
Não há nada mais íntimo do que a nossa saliva, e foi com a saliva da intimidade de Deus que Ele tocou na língua daquele homem, para que ele voltasse a falar, para que a sua língua se abrisse. Deus precisa tocar a nossa língua, pois não sabemos mais louvá-Lo, adorá-Lo, proclamar o Seu nome nem falar a verdade. Precisamos do toque da graça.
Aquele homem foi tocado e a sua língua se soltou, mas há muita língua solta para falar o que não deve, para falar da vida dos outros, para fazer fofoca e trazer maledicências. Há muitas línguas soltas, que não param de falar coisas negativas, que é muito melhor que elas se prendam.
Precisamos do toque da graça de Deus, porque o que mais existe são línguas travadas para proclamar a glória do Senhor, para fazer e falar do bem aos outros e para falar bem dos outros. Se a nossa língua está travada, é porque nossos ouvidos estão fechados para ouvir o Senhor.
Aquilo que os ouvidos escutam é o que a boca fala. Se ouvirmos Deus, se escutarmos a Sua Palavra, falaremos d’Ele. Que o Senhor nos toque por dentro, por fora e nos restaure.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Fonte: Canção Nova em 09/09/2018

HOMILIA DIÁRIA

A graça de Deus quer nos tocar

“Trouxeram então um homem surdo, que falava com dificuldade, e pediram que Jesus lhe impusesse a mão.” (Marcos 7,32)

Estamos acompanhando a liturgia deste domingo, onde esse homem surdo e que falava com dificuldade é apresentado a Jesus; ele não era de nascença, tornou-se ao longo da vida por alguma dificuldade, por algum problema, porque ele falava, mas com dificuldade.
A verdade é que nós aprendemos a falar porque nós escutamos, e, quando vamos perdendo a capacidade de escutar, com certeza, vamos também tendo dificuldade para falar. Hora vamos falar embaraçados, hora vamos falar alto demais, porque não estamos escutando, não estamos tendo a medição; hora vamos nos comunicar de uma forma truncada, errada, porque quem não escuta não pode dialogar, não pode falar.
Com esse homem foi rompido o dom da comunicação, porque, uma vez surdo, ele vai se tornando cada vez mais mudo ou vai falando cada vez com mais ruídos e dificuldades. Vão suplicar para que Jesus toque nesse homem, para que Ele o restaure, para que a graça da comunicação divina esteja novamente agindo nele.

A graça de Deus quer nos tirar de tudo aquilo que está tumultuando e bagunçando a nossa vida

É isso que Jesus faz. Primeiro, Jesus o tira da multidão. Você sabe que, quando estamos em meio à multidão, estamos no meio da confusão e no meio da multidão, nós temos dificuldade para escutar, para falar, porque todo mundo fala de uma vez só, todo mundo fala muita coisa, e as coisas se tornam tumultuadas.
Às vezes, estamos perdidos dentro de um tumulto, dentro do nosso próprio coração, porque há multidão de pensamentos e sentimentos, as coisas se tornam confusas dentro de nós e não ouvimos a Deus, não ouvimos o outro falar, não escutamos o sofrimento de quem está ao nosso lado, porque está tudo muito confuso, estamos muito juntos da multidão. E, no meio da multidão, há sempre o tumulto das situações. Por isso, a graça de Deus tira esse homem do meio da multidão. E, quando ele é retirado do meio daquele tumulto, a graça de Deus toca nos seus ouvidos. A graça de Deus é Jesus tocando nos seus ouvidos para que eles possam se abrir.
Que beleza, Jesus cuspindo no chão com sua própria saliva, Ele tocou na sua língua e suplicou ao Pai: “Abra-te! Efatá!”, para que os ouvidos possam se abrir, para que a língua possa se soltar e esse homem ficar curado e, novamente, voltar a ouvir e a falar sem desembaraço.
A graça de Deus hoje quer nos tocar, a graça de Deus quer nos tirar de tudo aquilo que está tumultuando e bagunçando a nossa vida. O que nos tornam surdos, ao longo da vida, são os barulhos que vamos acumulando dentro do nosso interior, e não são poucos os barulhos, são muitos! Vivemos em meio a um tumulto de coisas que agitam o nosso interior. Vamos perdendo a sensibilidade da graça, a sensibilidade da escuta, vamos perdendo a capacidade de nos comunicar como deveríamos.
É por isso que queremos suplicar: “Jesus, abra os nossos ouvidos, silencie o nosso coração, para que possamos te escutar e, assim, comunicar a sua graça”.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Fonte: Canção Nova em 05/09/2021

Oração Final
Pai Santo, dá-nos a sabedoria de nos mantermos inteiros na presença do irmão que nos procura. Que não nos dispersemos, preocupados com outras pessoas, objetos ou interesses, mas estejamos atentos ao aqui e agora da nossa vida. Nós te pedimos, Pai amado, por Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 09/09/2012

ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, dá-nos a sabedoria de nos mantermos inteiros na presença do irmão que nos procura. Que não nos dispersemos, preocupados com outras pessoas, outros objetos ou interesses diferentes, mas estejamos atentos ao aqui e agora do nosso irmão. Nós te pedimos, amado Pai, por Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 09/09/2018