19
de Junho de 2014
ANO A

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Dia de Corpus
Christi
Jo 6,51-58
Comentário
do Evangelho
Para viver
plenamente, é preciso uma adesão livre a Jesus, enviado do Pai.
A festa de Corpus Christi é uma
festa devocional. Inicialmente, o acento dessa festa era posto sobre as
espécies eucarísticas e, particularmente, sobre a hóstia consagrada. Esse
aspecto da festa predomina em muitíssimos lugares. No entanto, é preciso
superar essa visão, fruto de uma época, para dar à Eucaristia o seu valor
eclesial: “a Eucaristia faz a Igreja e a Igreja, Corpo de Cristo (1Cor
12,12-31), faz a Eucaristia”. O mistério pascal de Jesus Cristo é o sustento, o
verdadeiro alimento do seu povo em marcha. Os judeus não compreendem o
ensinamento de Jesus; as palavras de Jesus são para eles um enigma, pois não
conseguem transpor o nível puramente racional e penetrar no sentido da
afirmação de Jesus. Para o leitor do evangelho, no entanto, o discurso sobre o
pão da vida é uma catequese sobre o sentido da Eucaristia. “Comer a carne” e
“beber o sangue” remete a outra realidade, diversa do que primeiramente pode
parecer. “Comer a carne” significa acolher, na fé, a existência humana e
terrena de Jesus; “beber o sangue” é aceitar que no sacrifício da entrega do
Senhor nos é dada a vida. Dito de outra maneira, para viver plenamente, é
preciso uma adesão livre a Jesus, enviado do Pai. É pela fé que o discípulo
participa da vida do Filho unigênito de Deus. Quem aceita esse alimento espiritual
vive em comunhão com o Senhor. A plenitude dessa vida será dada na ressurreição
da qual o Senhor nos fez seus herdeiros.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai,
louvo-te e agradeço-te por nos teres amado tanto, a ponto de oferecer-nos a
salvação, por meio de teu Filho, ao qual somos atraídos pela força do teu
Espírito.
Vivendo a Palavra
As palavras de Jesus – Eu
sou o Pão da Vida – filtradas pelo crivo da fé, nos enchem de encantamento. Por
elas, temos a certeza de que, participando da Ceia Eucarística nós somos Um com
o Cristo, isto é, fazemos parte da manifestação da presença do Pai Misericordioso
em nós e entre nós.
Recadinho

Como é sua fé? - Que
lugar ocupa a Eucaristia em sua vida? - O que você mais pede a Deus? - Você se
dirige frequentemente a Deus? Como? - Que lugar ocupam as coisas de Deus em sua
vida?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Comentário do Evangelho
A Festa de Corpus
Christi foi instituída pelo papa Urbano IV em 11 de agosto de 1264, em vista de
destacar a dimensão sacramental que a tradição romana associou à última ceia de
Jesus, já celebrada na semana santa.
A ceia é um momento de
alegria, partilha e comunhão. Descartando a manducação do cordeiro pascal,
Jesus apresenta-se como o pão que dá a vida, e o vinho que alegra a todos,
inaugurando a nova celebração do Reino de Deus. A Eucaristia é a celebração da
comunidade viva, animada pelo Espírito, unida em torno de Jesus, empenhada em
cumprir a vontade do Pai, que é vida para todos.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Senhor
Jesus Cristo, neste admirável sacramento, nos deixastes o memorial da vossa
paixão. Dai-nos venerar com tão grande amor o mistério do vosso Corpo e do
vosso Sangue, que possamos colher continuamente os frutos da vossa redenção.
Vós, que sois Deus com o Pai, na unidade do Espírito Santo.
19
de junho – CORPUS CHRISTI
Por
Pe. Johan Konings, sj
I. INTRODUÇÃO GERAL
Como que prolongando a
atmosfera pascal, atmosfera do mistério de nossa redenção pelo Senhor morto e
glorificado, a Igreja quer celebrar de modo mais expressivo o sacramento pelo
qual participamos da doação até o fim de seu corpo e sangue, conforme a palavra
de Jesus na Última Ceia.
A festa de Corpus
Christi não é veneração supersticiosa de um pedacinho de pão nem simplesmente
ocasião para procissões triunfalistas pelas ruas. É comprometimento pessoal e
comunitário com a vida de Cristo, dada por amor até a morte. É o memorial da
morte e ressurreição do Cristo, como diz a oração do dia, mas não é um
mausoléu. É memorial vivo, no qual assimilamos em nós o Senhor mediante a
refeição da comunhão cristã, saboreando um antegosto da glória futura (cf. a
oração depois da comunhão e a bela oração O
sacrum convivium, de santo Tomás de
Aquino). Merece atenção ainda a oração sobre as oferendas, inspirada naDidaqué e em 1Cor 10,17, utilizando o simbolismo do trigo e da
uva reunidos até formarem pão e vinho para exprimir a unidade da Igreja em
Cristo. Pois a festa de Corpus Christi é também a festa do seu Corpo Místico, a
Igreja, que ele nutre e leva à unidade da mútua doação.
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1. I leitura (Dt
8,2-3.14b-16a)
A primeira leitura
serve para preparar o reto entendimento do sinal do pão, ao qual o evangelho
faz alusão. Já em Dt 8,3, o dom do maná, do “pão caído do céu”, é interpretado
num sentido não material, mas teologal: o ser humano vive de tudo que sai (da boca)
do Senhor – sua palavra, sua Lei. Ora, a Palavra por excelência é Jesus Cristo.
“Foi Deus quem te alimentou no deserto…”: o maná era símbolo da completa
dependência de Israel de Javé, no deserto; e também do amor e da fidelidade de
Javé. A recordação disso – um jarro com o maná era conservado no santuário (Ex
16,33-34) – serve de guia para a história (Dt 8,2.14). O caminho do deserto era
um ensaio de toda a história salvífica, um teste em que Deus quis mostrar seus
dons a seu povo, como os continua mostrando (Dt 8,16b). Não provindo da
tecnologia humana, o maná significa que o ser humano vive da Palavra e da
iniciativa de Deus.
2. II leitura (1Cor
10,16-17)
Na II leitura, Paulo
lembra – talvez utilizando algum hino dos primeiros cristãos – que o “cálice da
bênção” (beraká, “brinde sagrado”) e o pão repartido na assembleia
cristã são participação e comunhão do sangue e do corpo do Senhor. Essa
participação, ou “mistério”, faz-nos reviver a doação do Cristo e realizá-la em
nossa vida. E essa comunhão do único pão nos torna o único Corpo do Cristo. Na
ceia eucarística, comungamos da existência (corpo) e morte (sangue) de Cristo.
Sendo uma só essa vida que comungamos, formamos um só corpo também. Dizer isso
não é um jogo de palavras: quem despreza o “corpo de Cristo” (a Igreja), ao
participar da ceia de seu Corpo sacramentado, exclui-se a si mesmo da comunhão
da vida (1Cor 11,29). Quem comunga em Cristo não pode comungar com os ídolos de
qualquer tipo (1Cor 10,14), e sabemos que não faltam ídolos de todo tipo em
nossa sociedade. Não o consumo de tudo que se nos oferece, mas a comunhão do
corpo de Cristo é nossa vocação.
3. Evangelho (Jo
6,51-58)
O evangelho de Corpus
Christi é o final do “sermão do Pão da Vida” segundo o Evangelho de João.
Depois da multiplicação dos pães, Jesus explicou o sentido do “sinal” que
acabou de fazer: ele mesmo é “o pão que desce do céu” como presente de Deus à
humanidade (Jo 6,26-50). E, no fim de seu discurso, explicou um sentido mais
profundo ainda desse mesmo “sinal”: o sentido que celebramos na eucaristia
(6,51-58). Depois de ter explicado ser o verdadeiro maná (cf. I leitura), Jesus
pede que também seja tomado como alimento, em todos os sentidos: não só como
alimento espiritual (alimentar-se de sua palavra, de seu mandamento e do
exemplo de sua vida), mas também como alimento físico, no gesto sacramental.
(No texto grego de Jo 6,54 está que devemos “mastigar” sua carne e beber seu
sangue. Maior realismo dificilmente se imagina!)
Esse ensinamento, só
podem entendê-lo os que têm o Espírito (6,63), os que receberam o “prometido”
da Última Ceia e continuam celebrando essa ceia como realização da ordem que
Cristo nos legou. Alimentamo-nos de Cristo não somente escutando sua palavra,
mas recebendo o dom de sua “carne” (= vida humana) e “sangue” (= morte
violenta) dados “para a vida do mundo” (v. 51). Tomando o pão e o vinho da
eucaristia, recebemos Jesus como verdadeiro alimento e bebida. A sua vida, dada para a vida do mundo, até a efusão de
seu sangue, torna-se nossa vida, para
a eternidade.
Esse texto é,
portanto, o ensinamento eucarístico de João. Não se encontra no contexto da
Última Ceia, como nos evangelhos sinóticos, mas no contexto da multiplicação do
pão. Esse contexto permite mostrar melhor, por contraste, o sentido profundo, “espiritual”,
que Jesus quer revelar pelo “sinal do pão”. Se, para os judeus, que pensam no
maná mediado por Moisés, o “pão do céu” significa um alimento material (Jo
6,30-34), para Jesus, significa o dom de Deus que desce do céu e é ele mesmo,
em pessoa (6,35-50), especialmente no dom do céu que é “sua carne (= existência
humana) para a vida do mundo” (6,51; cf. a fórmula paulina da instituição da
eucaristia: “meu corpo por vós” [1Cor 11,23]). Graças a esse dom, podemos ter
em nós a vida que ele nos traz, a vida que não é deste mundo, mas de Deus
mesmo, a vida eterna (literalmente: “a vida do século [vindouro]”). Devemos
assimilar em nós a existência de Cristo por nós, sua “pró-existência”
(existência para os outros). Essa assimilação se dá pela fé, pela adesão
existencial, pela qual reconhecemos a verdade de Jesus e conformamos nossa vida
com a sua. O sinal sagrado, o sacramento disso, é: comer realmente o pão que é
sua “carne” e beber o vinho que é seu sangue. A “carne” é a existência humana,
carnal, mortal; o sangue é a vida derramada na morte violenta. É isso que
devemos assimilar em nós pelos sinais sagrados. A essas realidades devemos
aderir na fé assinalada pelo sacramento. Devemos “engolir” Jesus bem assim como
ele foi: dado radicalmente, até a morte sangrenta. Realizando autenticamente
esse sinal, teremos a vida divina que ele nos comunica.
III. DICAS PARA REFLEXÃO: Eucaristia e comunhão
Depois da
multiplicação dos pães, Jesus deu a entender que ele mesmo é “o pão que desce
do céu” como um presente de Deus à humanidade. No fim dessa explicação, eclode
o sentido mais profundo do “sinal”, o sentido que celebramos na eucaristia:
alimentamo-nos de Cristo não somente escutando sua palavra, mas recebendo o dom
de sua “carne” (= vida humana) e “sangue” (= morte violenta) dados “para a vida
do mundo” (Jo 6,51). Tomando o pão e o vinho da eucaristia, recebemos Jesus
como verdadeiro alimento e bebida. A
sua vida, dada para a vida do mundo, até a efusão de seu sangue, torna-se nossa
vida, para a eternidade.
Celebrar é tornar
presente. Receber o pão e o vinho da eucaristia significa assumir em nós mesmos
a vida a todos nós dada por Jesus até morrer, em corpo e sangue. Significa
“comunhão” com essa vida, viver do mesmo jeito. E significa também comunhão com
os irmãos, pelos quais Cristo morreu (“um só pão”, como diz a II leitura).
Na oração eucarística
celebrada no contexto da fé, quando o sacerdote invoca o Espírito Santo e
pronuncia sobre o pão e o vinho as palavras de Jesus na Última Ceia, Jesus se
torna presente, dando-nos seu corpo e sangue, sua vida dada em amor até o fim.
Quando então recebemos o pão e o vinho, entramos em comunhão com a vida, a morte
e a glória eterna de Jesus e também com os nossos irmãos, que participam da
mesma comunhão.
Na eucaristia,
torna-se presente o dom da vida de Cristo para nós. Mas a eucaristia se torna
fecunda apenas pelo dom de nossa própria vida, na caridade e solidariedade
radical. Para que o pão eucarístico realize a plenitude de seu sentido, é
preciso resgatar o pão cotidiano da “hipoteca social” que o torna sinal de
conflito, de exploração, de desigualdade, de “anticomunhão”. Quando, ao
contrário, o pão cotidiano significar espontaneamente comunhão humana, e não
suor e exploração, o sentido de comunhão do pão eucarístico será mais real. Por
isso, antes de falar da eucaristia, Jesus providenciou o pão comum…
Pe. Johan Konings, sj
Nascido na Bélgica,
reside há muitos anos no Brasil, onde leciona desde 1972. É doutor em Teologia
e mestre em Filosofia e em Filologia Bíblica pela Universidade Católica de
Lovaina. Atualmente é professor de Exegese Bíblica na Faje, em Belo Horizonte.
Dedica-se principalmente aos seguintes assuntos: Bíblia – Antigo e Novo
Testamento (tradução), evangelhos (especialmente o de João) e hermenêutica
bíblica. Entre outras obras, publicou: Descobrir a Bíblia a partir da liturgia;
A Palavra se fez livro; Liturgia dominical: mistério de Cristo e formação dos
fiéis – anos A-B-C; Ser cristão; Evangelho segundo João: amor e fidelidade; A
Bíblia nas suas origens e hoje; Sinopse dos Evangelhos de Mateus, Marcos e
Lucas e da “Fonte Q”.
19
de junho: Corpus Christi
O
PÃO QUE VEM DO CÉU
Jesus, no evangelho
desta solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, apresenta-se como o “pão descido
do céu”. É o pão eucarístico que comungamos nas missas e é a palavra de Deus, a
mensagem do Pai que nos alimenta toda vez que participamos da eucaristia e da
celebração da Palavra. O pão da eucaristia e o pão da Palavra são o alimento de
todo cristão.
Logo a seguir,
escandalizando as autoridades judaicas, Jesus diz que sua própria carne é para
ser comida e seu sangue é para ser bebido. Todo alimento que ingerimos é
assimilado, torna-se parte de nós, transforma-se em nossa própria carne.
Alimentar-se de Jesus é identificar-se com ele. Comer a carne e beber o sangue
de Jesus é deixar-nos transformar em novos cristãos, é ser fermento e sal no
meio da sociedade, é permitir que Cristo se encarne em nós e o nosso viver
passe a refletir a vida dele. Isso, porém, não acontece de forma mágica.
Cristo se oferece a
nós como alimento e como bebida para saciar nossa fome e sede de justiça, paz e
amor.
Santo Tomás diz que
Cristo ofereceu “seu corpo a Deus Pai como sacrifício no altar da cruz para
nossa reconciliação; seu sangue, ele o derramou ao mesmo tempo como preço do
nosso resgate e purificação de todos os nossos pecados. A fim de que
permanecesse para sempre entre nós o memorial de tão imenso benefício, sob as
aparências do pão e do vinho, deixou o seu corpo como alimento e o seu sangue
como bebida”.
A solenidade do Corpo
e Sangue de Cristo é a festa do pão eucarístico e do pão que alimenta dia a dia
a vida de todo ser humano. Cristo é o pão descido do céu; dádiva celeste é
também o pão como símbolo do alimento cotidiano, não porque cai do céu de forma
mágica, mas porque para as famílias é uma bênção ter diariamente o alimento nas
mesas. Cristo é pão não apenas porque se apresenta como tal, mas porque
alimentou o povo faminto e nos ensinou ser a partilha o grande milagre que não
deixa ninguém passar fome.
Pe. Nilo Luza, SSP
http://www.paulus.com.br/portal/o-domingo/19-de-junho-corpus-christi#.U6KD5JRdWyE

CORPUS CHRISTI
Irmãos e irmãs. Rezemos por aqueles que vêem no dia de hoje apenas um feriado para relaxar.
REFLEXÕES DE HOJE

DIA 19 DE JUNHO – QUINTA
I – Deus dá-Se por inteiro

CORPUS CHRISTI
Irmãos e irmãs. Rezemos por aqueles que vêem no dia de hoje apenas um feriado para relaxar.
REFLEXÕES DE HOJE

DIA 19 DE JUNHO – QUINTA
REFLEXÃO
I – Deus dá-Se por inteiro
Existindo desde toda a eternidade, a Trindade não
necessitava da criação. Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo bastavam-Se
inteiramente, desfrutando de uma felicidade perfeita, infinita. Nisso consiste
a glória intrínseca e insuperável das Três Divinas Pessoas. No entanto, ao
criar, Deus quis tornar as criaturas partícipes de sua felicidade, e estas, ao
se assemelharem ao Criador Lhe renderiam a glória extrínseca, cumprindo assim a
finalidade mais alta de seu ser. Foi, pois, a criação um ato de doação, de
entrega e de generosidade supremas1, requintado depois com a Encarnação do
Verbo, quando Deus sujeitou-Se a assumir a pobre natureza humana a fim de nos
remir do pecado de nossos primeiros pais.
O Homem-Deus haveria de prolongar sua presença na
Terra
Mas o incomensurável amor de Deus por nós não se
limitou a isso. Para nos abrir as portas do Céu, chegou a padecer dolorosa
Paixão, morrer na Cruz e ressuscitar. E o teria feito, se preciso fosse, para
resgatar um único homem. Ora, cabe-nos perguntar: depois de manifestar esse
inacreditável amor por nós, haveria Ele de simplesmente subir aos Céus e
abandonar o convívio com os homens cuja redenção tão caro Lhe custou? Seria
possível imaginar, depois de tal união conosco, haver essa irremediável
separação?
A maravilhosa solução para esse perplexitante
problema só a Deus poderia ocorrer. Comenta belamente, a este propósito, o
Prof. Plinio Corrêa de Oliveira:
“Não quero dizer que a Redenção e o sacrifício da
Cruz impusessem a Deus, em rigor de lógica, a instituição da Sagrada
Eucaristia. Mas pode-se dizer que tudo clamava, tudo bradava, tudo suplicava
por que Nosso Senhor não Se separasse assim dos homens. E uma pessoa com senso
arquitetônico deveria entrever que Nosso Senhor arranjaria um meio de estar
sempre presente, junto a cada um dos homens por Ele remidos. De forma tal que,
depois da Ascensão, Ele estivesse sempre no Céu, no trono de glória que Lhe é
devido, mas ao mesmo tempo acompanhasse passo a passo a via dolorosa de cada
homem aqui na Terra, até o momento extremo em que cada um dissesse, por sua
vez, o ‘Consummatum est’ (Jo 19, 30)”.2
E conclui com esta piedosa confidência: “Creio que
se eu assistisse à Crucifixão e soubesse da Ascensão, ainda que não soubesse da
Eucaristia, eu começaria a procurar Jesus Cristo pela Terra, porque não
conseguiria me convencer de que Ele tivesse deixado de conviver com os homens.
Esse convívio verdadeiramente maravilhoso de Jesus Cristo com os homens se faz,
exatamente, por meio da Eucaristia”.3
O fato de Deus ter operado a Criação para dar-Se a
Si mesmo já nos enche de admiração. Muito mais, porém, é Ele ter assumido a
natureza humana para, por sua morte, propiciar-nos o infinito dom da vida
sobrenatural e abrir-nos as portas do Céu. Contudo, levar o amor a ponto de
dar-Se aos homens em alimento, supera qualquer capacidade de imaginação!
Pode-se dizer com propriedade que o ápice dessa doação, se encontra no
Sacramento da Eucaristia.
Aparente simplicidade da Santa Ceia
Como se deu a instituição do mais excelente e
sublime dos Sacramentos, o fim para o qual se ordenam todos os outros? 4
Na aparência, de um modo muito simples. Para os
Apóstolos, tratava-se de uma ceia rotineira, celebrada todo ano pelos judeus
segundo o multissecular rito indicado com detalhes por Deus a Moisés e Aarão,
como algo a ser perpetuado de geração em geração (cf. Ex 12, 1-14). Ela
lembrava aos judeus a Páscoa do Senhor, a morte dos primogênitos do Egito e a
travessia do Mar Vermelho. Os discípulos estavam, portanto, com a ideia de uma
simples rememoração religiosa quando de fato se realizaria no Cenáculo o que
fora prefigurado na Antiga Lei: o sacrifício de animais cederia lugar ao
holocausto do Cordeiro Divino que em breve seria imolado no altar da Cruz, para
nossa salvação. As vítimas materiais simbolizavam o corpo de Cristo, e este
seria ao mesmo tempo sacerdote e vítima no Novo Sacrifício, eterno e de valor
infinito.
Segundo relatam os Evangelistas, depois de Jesus
instituir a Eucaristia e dar a Comunhão aos Apóstolos, eles cantaram os salmos
e saíram para o Monte das Oliveiras (cf. Mc 14, 26; Mt 26, 30). Constituíam
esses salmos o poema de ação de graças intitulado Hallel — “Louvai a Javé” —,
próprio da liturgia hebraica para a celebração da Páscoa5 e especialmente
simbólico naquela circunstância: enquanto uns davam graças por terem comungado,
o Messias rendia louvores ao Pai pela instituição da Eucaristia, que
representava a concretização do anseio manifestado no início da Sagrada Ceia:
“Desejei ardentemente comer convosco esta ceia pascal, antes de padecer” (Lc
22, 15).
Se soubessem com antecedência a grandeza do que
seria instituído naquele dia — não só a Eucaristia, mas também o Sacerdócio —,
é de se supor que os Apóstolos teriam preparado uma cerimônia à altura. Mas,
naquele momento, quem tinha noção do que estava se passando?
II – Maria e a Eucaristia
Apenas Maria Santíssima tinha consciência da
sublimidade da hora, pois é compreensível ter-Lhe Nosso Senhor revelado o que
iria acontecer. Por quê?
Durante nove meses, operou-se em Maria a Transubstanciação
Tendo Maria recebido do Arcanjo Gabriel a
Anunciação, o Espírito Santo A cobriu com sua sombra e iniciou-se o misterioso
processo de gestação do Deus encarnado. Bem se pode dizer que, durante nove
meses, a cada segundo n’Ela como que se celebrava uma Santa Missa.
Com efeito, no instante em que a alma de Jesus foi
criada, fez Ele seu primeiro ato de adoração ao Pai, acompanhado de um
perfeitíssimo oferecimento de Si mesmo como vítima; ou seja, realizou uma ação
sacerdotal como Sumo Sacerdote “santo, inocente, sem mancha, separado dos
pecadores e elevado acima dos céus” (Hb 7, 26). E para esse sublime sacrifício
não havia na face da Terra altar mais digno do que o claustro virginal de Nossa
Senhora. Por nove meses, viveu Ela no mais íntimo contato com Jesus, numa relação
única na ordem do criado: tendo oferecido o seu corpo imaculado a Deus, Este
tomava os elementos maternos e os transubstanciava; quer dizer, eles
tornavam-se divinos a partir do momento em que passavam a integrar o corpo de
Jesus.
E pensar que esse grandioso mistério não se teria
realizado sem o consentimento da Virgem: “Faça-se em Mim segundo a vossa
palavra”! (Lc 1, 38).
Assim, à medida que se formava o corpo do Menino em
seu seio virginal, Maria tudo conferia em seu coração e ia explicitando,
maravilhada, a fisionomia física e moral de seu Filho. Este, de seu lado,
assumia cada vez mais o ser da Mãe e A ia divinizando. De fato, pela
maternidade divina, “a Bem-aventurada Virgem Maria chegou aos confins da
divindade”.6 Concebida em graça, Ela era verdadeiramente “o Paraíso terrestre
do novo Adão”.7
O anseio de Maria por reviver esses momentos
Completados os dias e tendo Jesus nascido, que
alegria não terá sentido a Virgem Santa ao segurar em seus braços aquele Menino
gestado em seu seio, constatando como Ele correspondia ao que Ela, em sua
inocência, imaginara! Não é possível fazer ideia da sublimidade da primeira
troca de olhares entre Mãe e Filho. Quanta coisa foi dita sem articular palavra
alguma! Olhar este talvez superado apenas por um outro: o último olhar de Jesus
para sua Mãe, do alto da Cruz. Contudo, de outro lado, que saudades deveria Ela
sentir do relacionamento, ao mesmo tempo inefável e misterioso, havido durante
o tempo em que ia sendo formado em seu claustro o Corpo de Cristo!
O anseio santíssimo e equilibradíssimo d’Ela de
receber novamente Jesus em seu interior com certeza foi crescendo8 a ponto de
nesse desejo Ela comungar espiritualmente a todo instante. Portanto, seria
arquitetônico que em certo momento Nosso Senhor tivesse revelado a instituição
da Eucaristia9 a Quem é o modelo perfeito dos adoradores de Jesus-Hóstia.
Porque, sem dúvida, os atos de amor eucarístico da Virgem Maria deram mais
glória a Deus do que todas as honras prestadas ao Santíssimo Sacramento pelos
anjos e homens ao longo da História, uma vez que somente Ela O compreendeu,
amou e adorou adequadamente.
III – Grandeza do Mistério da Eucaristia
Com efeito, é a Eucaristia um dos mais profundos
mistérios da nossa Fé: as aparências, os sabores e os aromas são de pão e de
vinho; porém, tanto numa como noutra espécie, encontramos apenas a substância
do Corpo, Sangue, Alma e Divindade Não é possível fazer ideia da sublimidade da
primeira troca de de Cristo! Os sentidos nos olhares entre Mãe e Filho
apresentam uma realidade, mas nossa Fé nos propõe “Virgem com o Menino Jesus” -
Igreja de Notre Dame de Auteil (França) outra, na qual acreditamos.
Se, segundo ensina São Tomás, “o bem da graça é,
para o indivíduo, melhor que o da natureza de todo o universo”10, o que dizer
da menor fração visível de uma hóstia consagrada? Ali está o próprio Cristo.
Não se trata de uma gota de graça, mas sim do próprio Autor da graça. Portanto,
é algo cujo valor supera toda a criação, incluindo a ordem da graça. Juntemos
as graças que os anjos e os homens receberam e ainda receberão, mais as
existentes no mais alto grau em Nossa Senhora, e todas elas somadas não se
comparam ao que há numa partícula consagrada: a recapitulação do Universo (cf.
Ef 1, 10) numa aparência de pão! A grandeza contida neste Sacramento é
inexprimível em linguagem humana. Tudo quanto há na criação foi promovido por
Deus em ordem a Jesus Cristo, e o supremo ato de amor d’Ele pelos homens
consistiu na instituição da Eucaristia para proporcionar-nos uma extraordinária
forma de união pessoal com o Verbo Encarnado. Às palavras da Consagração,
pronunciadas pelo sacerdote, o próprio Deus obedece, e se realiza o maior
milagre da face da Terra. Por essa maravilha, bem podemos avaliar o quanto Ele
nos ama de maneira incomensurável.
O Santíssimo Sacramento embeleza a alma
Qualquer um pode comprovar como as plantas expostas
aos raios solares ostentam uma exuberância, uma beleza e uma vitalidade que
elas não têm estando à sombra. Uma grande diferença, devida apenas ao esplendor
do Sol.
Ora, se a natureza é embelezada dessa maneira pela
luz solar, que admiráveis benefícios não deve proporcionar à alma o raio
espiritual emanado diretamente do Deus Escondido? Muito mais benéfica é a
Eucaristia para nossa alma do que o Sol para nosso organismo corporal. Tendo
algumas faltas ou misérias — veniais evidentemente, porque com pecado mortal
não se pode comungar —, está a pessoa obrigada a afastar-se de Jesus
Eucarístico? Não. Pelo contrário, deve aproximar-se d’Ele ao máximo. Não fugir
de Jesus, mas abrigar-se n’Ele, porque assim ela será purificadas dessas
misérias, e sua alma sairá aperfeiçoada.11 Nossos olhos corporais não conseguem,
infelizmente, contemplar tais mudanças. Santa Catarina de Sena desejando
conhecer o esplendor de uma alma habitada pela graça divina, ouviu dos lábios
do próprio Jesus esta declaração: “Minha filha, se Eu te mostrasse a beleza de
uma alma em estado de graça, seria a última coisa que verias neste mundo,
porque o esplendor de sua formosura te faria morrer”.12
De fato, a graça ao divinizar a alma, a torna tão
bela e atraente que, se nos fosse possível vê-la, teríamos a tendência de
adorá-la, imaginando que fosse Deus. Fortalecendo todas as suas potências,
nutrindo-a com inspirações santas e com impulsos de amor, Jesus-Hóstia faz com
que a alma pervadida pela graça se assemelhe cada vez mais a Ele.13 Por isso,
quando vemos as maravilhas operadas pelos homens de Deus, podemos estar certos
de que elas provêm muito mais da Eucaristia, da qual são devotos, do que de
eventuais qualidades pessoais.
Além desses sublimes benefícios produzidos na alma
pela Eucaristia, devemos considerar que, apesar de nossas limitações ou até
imperfeições, Nosso Senhor tem saudades de nós, e quer nos aproximar d’Ele,
pois encontra as suas “delícias em estar com os filhos dos homens” (Pr 8, 31).
Com muita propriedade, encontra-se em algumas capelas do Santíssimo Sacramento
a expressiva frase de Santa Marta à sua irmã: “Magister adest et vocat te” — “O
Mestre está aqui e te chama” (Jo 11, 28). Quando entramos no recinto sagrado
para fazer-Lhe uma visita, Jesus-Hóstia nos acolhe com alegria, como que
dizendo: “Aqui está o meu filho! Há quanto tempo Eu não o via... Venha!”. De
fato, nosso Redentor nos ama tanto que, por maiores que sejam nossas misérias,
Ele Se alegra em nos ver.
Energia para enfrentar as dificuldades
Muitas são as conjunturas nas quais a pessoa se
sente anêmica espiritualmente: ocasiões próximas de pecado que se apresentam,
ou circunstâncias favorecedoras de um depauperamento espiritual, enfim,
inúmeras situações que podem dessorar a fortaleza de alma. Onde então recuperar
energias? Na Eucaristia. Disso nos dá exemplo — entre outros incontáveis santos
— São Tomás de Aquino. Nas primeiras horas da manhã, ele celebrava sua Missa e
em seguida assistia à de outro frade.14 Segundo consta, gostava inclusive de
acolitar as Missas de seus irmãos de hábito. “Falando sobre os Sacramentos —
disse recentemente o Papa Bento XVI —, o grande São Tomás reflete de modo
particular sobre o Mistério da Eucaristia, pelo qual alimentou uma enorme
devoção, a tal ponto que, segundo os antigos biógrafos, costumava aproximar a
sua cabeça do Tabernáculo, como que para sentir palpitar o Coração divino e
humano de Jesus”.15
Permanência dos efeitos da Eucaristia
Às vezes, cometemos o equívoco de pensar que,
quando comungamos, Jesus Cristo mantém-Se presente em nós apenas nos cinco ou
dez minutos de duração das espécies eucarísticas. Trata-se de uma realidade
espiritual muito mais profunda. De fato, mesmo após cessar a presença real de
Nosso Senhor “a graça permanece na alma que comunga, porque ela recebeu em
estado de graça o Pão da Vida”, afirma Santa Catarina de Sena.16
Na Comunhão é Cristo que “nos diviniza e transforma
em Si mesmo. “Consumidos os acidentes do Na Eucaristia alcança o cristão sua
máxima ‘cristificação’” pão”, disse-lhe Nosso Senhor em uma revelação, “deixo
em vós a marca de minha graça, como o selo aplicado sobre a cera quente.
Tirando o selo, fica nela sua marca. Assim, resta na alma a virtude desse
Sacramento, ou seja, mantém-se o calor da divina caridade, clemência do
Espírito Santo. Continua em vós a luz da sabedoria de meu Filho Unigênito, que
ilumina os olhos de vossa inteligência para que conheçais e vejais a doutrina
de minha verdade e dessa mesma sabedoria”.17
Um alimento que assume quem o toma
Quando comemos, nosso organismo assimila os
alimentos ingeridos, deles retirando as substâncias úteis para a vida. Mas,
ensina-nos a Teologia, quando comungamos passa-se o contrário: é Cristo que
“nos diviniza e transforma em Si mesmo. Na Eucaristia alcança o cristão sua
máxima cristificação, em que consiste a santidade”.18 Não O consumimos, pois
Ele cessa a sua presença sacramental em nós a partir do momento em que as
Sagradas Espécies deixarem de subsistir. Estando em nós, Ele nos enche de vida
sobrenatural, santifica nossa alma e beneficia em consequência nosso corpo.
Por essa razão, o próprio Jesus, como nos narra o
Evangelho desta Solenidade, ressalta a substancial diferença entre o maná
recebido pelos judeus no deserto e o alimento trazido por Ele na Eucaristia:
“Este é o pão que desceu do Céu. Não é como aquele que os vossos pais comeram.
Eles morreram. Aquele que come este pão viverá para sempre” (Jo 6, 58).
Penhor da ressurreição para a vida eterna
“Pela Santa Comunhão renova-se de certo modo o
augusto mistério da Encarnação”19, afirma com autoridade São Pedro Julião
Eymard. O padre Royo Marín é mais afirmativo: na alma de quem acaba de
comungar, diz ele, “o Pai engendra seu Filho Unigênito, e de ambos procede essa
corrente de amor, verdadeira torrente de chamas, que é o Espírito Santo”.20 Em
virtude da união eucarística, a alma do fiel se torna “mais sagrada que a
custódia e o cálice, mais até que as próprias espécies sacramentais, que
certamente contêm a Cristo, mas sem tocá-Lo e sem receber d’Ele qualquer
influência santificadora”.21 E por isso, quem comunga recebe graças para bem
viver de acordo com os Mandamentos e depois ter o prêmio da ressurreição com o
corpo glorioso: “Aquele que come este pão, viverá para sempre” (Jo 21, 58).
IV – Saibamos retribuir sem medidas
Infelizmente, muitas vezes não avaliamos com
profundidade todos os benefícios recebidos nesse sacral convívio com a
Eucaristia na qual nosso Divino Redentor está realmente presente como quando
operou a transformação da água em vinho nas bodas de Caná, ou quando
ressuscitou Lázaro, ou ainda quando expulsou os vendilhões do Templo. O que não
daríamos para presenciar um único milagre de Jesus ou ouvir algum de seus
sermões? Ou mesmo receber d’Ele um só olhar? Quando chegarmos ao Céu, se Deus
nos conceder essa suprema graça, compreenderemos que um instante de adoração
eucarística compensa mil anos de sacrifícios na Terra.
E, no entanto, hoje temos Jesus-Hóstia nos
tabernáculos sempre à nossa disposição; a qualquer momento Ele lá está nos
aguardando com insignes graças, desejoso de receber nossa pobre visita. Se na
Encarnação Deus quis Se unir à mais pura das criaturas, na Santa Comunhão Ele
celebra suas bodas com cada pessoa em particular, numa união sem paralelo. “A
alma une-se de tal forma a Jesus Cristo que perde, por assim dizer, seu próprio
ser e deixa viver tão-somente Jesus nela”.22 Perde-se em Nosso Senhor como uma
gota d’água no oceano. E a correspondência de nosso amor tornará mais perfeita
e profunda essa união.
Peçamos a Jesus Sacramentado, nesta festa da
Eucaristia, um amor íntegro e uma entrega total a Ele, única restituição digna
por tudo quanto d’Ele recebemos. E transbordemos de alegria e de entusiasmo por
sermos tão amados individualmente por um Deus que já nesta vida é a nossa
“recompensa demasiadamente grande” (Gn 15, 1).
Fonte Mons. Clã Dias
HOMILIA
Meditação da
Solenidade de Corpus Christi (Jo 6,51-58)
Amados irmãos e irmãs em Cristo, o
pão vivo descido do céu!
Estamos reunidos em torno da mesa da
Palavra e do Santo Sacrifício para fazer memória do Senhor e de sua presença
mais real e íntima dentro de nós – a Eucaristia.
A Igreja reserva um dia belíssimo
como este para proclamar publicamente a fé na Eucaristia – Corpo e Sangue de
Jesus. Neste dia santo e de guarda somos todos os felizes convidados para a
ceia do Senhor que também nos convida a estendermos em nossas vidas o mistério
celebrado!
Uma das funções ou necessidades mais
fundamentais do ser humano é comer e beber! Sem esta condição a vida não pode
ser mantida! Quanto mais no deserto onde a escassez de alimento e bebida é
intensa. Nesta experiência, o povo de Deus é lembrado da presença e do auxílio
de Deus que o libertou, conduziu, instruiu, alimentou, mas também o pôs à prova
em sua fidelidade à aliança estabelecida. Quando necessário, por se tratar de
um povo de coração fechado e cabeça dura, também o humilhou entregando-o à
própria sorte. Entretanto a imagem mais marcante é a memória do povo que é
alimentado no deserto com o maná (pão que caía do céu!) pelo próprio Senhor!
A experiência de alimentar-se é
necessariamente uma atividade coletiva e porque não dizer comunitária. Como é
triste alguém comer sozinho, parece até que o alimento não tem sabor nem a refeição
o seu sentido. São Paulo Apóstolo nos lembra que a nossa refeição eucarística
no corpo e sangue de Cristo é comum união com o próprio Senhor e com os irmãos
também!
Nesta solenidade o Senhor
apresenta-se para nós como “o pão vivo descido do céu” (Jo 6,51), sua carne,
verdadeira comida e seu sangue, verdadeira bebida são o alimento que nos
revigora e nos forma enquanto discípulos-missionários. É o alimento da vida
eterna, onde pela fé os nossos sentidos são orientados e ordenados para
percebermos no pão e no vinho, eucaristizados, o “pannis angélicus” – o pão dos
anjos que se tornou pão dos homens que em sua grande riqueza tornou-se pobre
para nos enriquecer e nos alimentar. Comendo e bebendo com o Senhor,
permanecemos n’Ele, sua vida divina permanece em nós e nos tornamos no alimento
que recebemos para a vida do mundo.
Por tratar-se de uma “refeição
festiva” ninguém deve ficar de fora, porém nós temos que avaliar bem se estamos
de fato condizentes com o que vamos receber, não por causa de nós mesmos, mas
pelo que recebemos – o próprio Senhor. É claro que estaremos sempre aquém, em
dignidade; entretanto, o alimento sagrado que recebemos deve ser para a nossa
salvação e não para ser motivo de condenação.
No coração da Igreja existe uma
profunda dor pelos filhos e filhas que estão privados da comunhão eucarística,
por alguma restrição pessoal, contudo será muito útil, pastoralmente, indicar a
comunhão na Palavra (Proclamada e Explicada), pois é o próprio Senhor quem nos
alimenta, como também na comunhão espiritual onde o nosso coração se une
misteriosamente com o coração amoroso de Jesus Eucarístico.
Em Jesus o Bom Pastor e no Coração
Imaculado de Maria.
Fonte Pe. Fernando Antonio Carvalho Costa – Arquidiocese de Fortaleza
Palavra de Vida Eterna | São João 6, 51-58 -
19/06/2014
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HOMILIA
Na Eucaristia temos a presença amorosa de Deus entre nós!
A Eucaristia é a presença
amorosa de Deus entre nós, no meio de nós! Tenhamos cada vez mais uma
espiritualidade voltada para a Eucaristia.
“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele” (João 6, 56).
“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele” (João 6, 56).
Glórias e louvores sejam dados a todo momento ao Santíssimo e
Diviníssimo Sacramento.Nós celebramos hoje a grande
Solenidade de Corpus Christi; na verdade, nós hoje nos voltamos naquela
Quinta-feira Santa, quando o Senhor, na Última Ceia, nos deu Seu Corpo e Seu
Sangue como sinal permanente da Sua presença em nosso meio.
O mistério é grande e
ultrapassa a nossa compreensão humana, e, ao mesmo tempo, é profundo e cercado
de amor. Esse amor maravilhoso que Deus tem para conosco.
O Senhor não sacrifica
animais, o Senhor não quer pele de cordeiros e de touros, é o Senhor mesmo quem
se sacrifica, é o Senhor mesmo que se dá a nós; Ele é o sacerdote e, ao mesmo
tempo, é o alimento que sacia a nossa fome e a nossa sede.
A Eucaristia é a
presença amorosa de Deus entre nós e no meio de nós! Porque se a promessa de
Deus é que estará conosco todos os dias, até o fim do mundo, Ele tem muitas
maneiras de estar entre nós. Mas existem manifestações, por excelência, de Deus
entre nós, existem as manifestações sacramentais e o sacramento por
excelência, por meio do qual nós vislumbramos, contemplamos e nos saciamos, até
diariamente quando possível, da presença de Deus é no mistério e no Sacramento
da Eucaristia.
O pão transubstanciado
já não é mais pão, o cheiro, a aparência e a forma são de pão, mas a substância
se transformou no Corpo do Senhor [no ato da consagração feita pelo sacerdote
na Santa Missa]. Do mesmo jeito o vinho que vem das mãos de nós sacerdotes, o
cheiro, o gosto, a aparência é de vinho, mas foi transubstanciado no Sangue de
Nosso Senhor Jesus Cristo após a oração. Daí podemos todas as vezes que
comungamos, devidamente, exclamar como São Paulo: “Já não sou que vivo, é
Cristo que vive em mim”, é Ele que está em mim, pelo Seu Corpo e pelo Seu
Sangue. Por isso o próprio Senhor nos afirma, que quem come a Sua Carne e bebe
o Seu Sangue, permanece n’Ele.
Meus irmãos, nós hoje
somos convidados a permanecer no Senhor e com Ele. Somos convidados a ter em
nosso corpo as marcas do Senhor, a presença maravilhosa de Deus entre
nós. Sejamos cada vez mais eucarísticos, tenhamos cada vez mais uma
espiritualidade voltada para a Eucaristia. E para isso não importa se você pode
comungar ou se você não pode comungar, se você tem condições de ir à Missa
todos os dias ou não pode. O Senhor está presente nos sacrários do mundo
inteiro, mesmo que a porta da igreja esteja fechada, e até quando o ônibus e o
seu carro passam em frente a uma igreja, lembre-se de que o Senhor está ali.
Na intenção, no desejo,
na vontade, adore o Senhor presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Adore-O
realmente, volte para Ele todo o seu coração, toda a sua alma e todo o seu ser
para reconhecer esse grande mistério do amor de Deus por nós. Glórias, louvores
e exaltações se deem a todo momento na presença maravilhosa de Jesus na
Eucaristia!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova. Facebook Twitter
LEITURA ORANTE
Jo 6,51-58 - O pão que desceu do céu - Corpus Christi
Preparo-me para a Leitura orante,colocando-me,com todos os que estão na
internet, na presença de Deus e
invocando o Espírito Santo:
invocando o Espírito Santo:
Espírito de verdade,
a ti consagro a mente
a ti consagro a mente
e meus pensamentos: ilumina-me.
Que eu conheça Jesus Mestre
e compreenda o seu Evangelho.
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida,
tem piedade de nós.
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida,
tem piedade de nós.
1.
Leitura (Verdade)
Leio atentamente, na Bíblia, o texto de hoje: Jo 6,51-58.
"Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem come deste pão viverá
eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne, entregue pela vida do
mundo". Os judeus discutiam entre si: "Como é que ele pode dar a sua
carne a comer?" Jesus disse: "Em verdade, em verdade, vos digo: se
não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis
a vida em vós. Quem se alimenta com a minha carne e bebe o meu sangue tem a
vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois minha carne é verdadeira
comida e meu sangue é verdadeira bebida. Quem se alimenta com a minha carne e
bebe o meu sangue permanece em mim, e eu nele. Como o Pai, que vive, me enviou,
e eu vivo por meio do Pai, assim aquele que de mim se alimenta viverá por meio
de mim. Este é o pão que desceu do céu. Não é como aquele que os vossos pais
comeram - e no entanto morreram. Quem se alimenta com este pão viverá para
sempre".
Jesus afirma que quem come da sua carne e bebe do seu sangue vive nele e
ele vive nesta pessoa. E mais: quem come deste pão vive eternamente.
Mas, quem não comer deste pão e não beber do seu sangue, não terá a vida
eterna.
2. Meditação (Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
Jesus é muito claro para mim. Ele diz
que eu preciso dele, preciso me alimentar dele para ter a vida. Ele quer viver
em mim e quer que eu viva nele. Em Aparecida, os bispos disseram: “Igual às primeiras comunidades de
cristãos, hoje nos reunimos assiduamente para “escutar o ensinamento dos
apóstolos, viver unidos e tomar parte no partir do pão e nas orações” (At
2,42). A comunhão da Igreja se nutre com o Pão da Palavra
de Deus e com o Pão do Corpo de Cristo. A Eucaristia, participação de
todos no mesmo Pão de Vida e no mesmo Cálice de Salvação, nos faz membros do
mesmo Corpo (cf. 1 Cor 10,17).
Ela é a fonte e o ponto mais alto da vida cristã, sua expressão mais
perfeita e o alimento da vida em comunhão. Na Eucaristia, nutrem-se as
novas relações evangélicas que surgem do fato de sermos filhos e filhas do Pai
e irmãos e irmãs em Cristo. A Igreja que a celebra é “casa e escola
de comunhão”, onde os discípulos compartilham a mesma fé, esperança e amor
a serviço da missão evangelizadora.”(DAp 158).
3.Oração (Vida)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo, com o Padre Zezinho:
Daqui do meu lugar
Daqui do meu lugar, eu olho teu altar,
e fico a imaginar aquele pão aquela refeição,
partiste aquele pão e o deste aos teus irmãos,
criaste a religião do pão do céu do pão que vem do céu,
somos a igreja do pão, do pão repartido e
do abraço e da paz,
somos a igreja do pão,
do pão repartido e do abraço e da paz,
Daqui do meu lugar, eu olho o teu altar,
e fico a imaginar aquela paz, aquela comunhão,
viveste aquela paz, e a deste aos teus irmãos,
criaste a religião do pão da paz,
da paz que vem do céu.
Somos a igreja da paz,
da paz partilhada e do abraço e do pão.
Somos a igreja da paz,
da paz partilhada e do abraço e do pão.
(CD Muito mais que pão, Pe. Zezinho,scj)
e fico a imaginar aquele pão aquela refeição,
partiste aquele pão e o deste aos teus irmãos,
criaste a religião do pão do céu do pão que vem do céu,
somos a igreja do pão, do pão repartido e
do abraço e da paz,
somos a igreja do pão,
do pão repartido e do abraço e da paz,
Daqui do meu lugar, eu olho o teu altar,
e fico a imaginar aquela paz, aquela comunhão,
viveste aquela paz, e a deste aos teus irmãos,
criaste a religião do pão da paz,
da paz que vem do céu.
Somos a igreja da paz,
da paz partilhada e do abraço e do pão.
Somos a igreja da paz,
da paz partilhada e do abraço e do pão.
(CD Muito mais que pão, Pe. Zezinho,scj)
4.Contemplação (Vida e Missão)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Meu novo olhar será no dia de hoje renovado pela fé na Eucaristia,
para Jesus Cristo que vive em mim e eu nele.
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós.
Bênção
Pode-se cantar:
A bênção do Pai,
a bênção do Filho,
a bênção do Espírito Santo. Amém.
A bênção do Pai,
a bênção do Filho,
a bênção do Espírito Santo. Amém.
Irmã Patrícia Silva, fsp
Oração
Final
Pai
Santo, nós te agradecemos pelo grande Dom da Vida – da Vida Plena que se
manifestou no Cristo Jesus. E te pedimos, Pai amado, que nos mantenhas fieis e
perseverantes no Caminho do teu Reino, já sinalizado na comunhão fraterna que
buscamos viver nesta terra. Pelo mesmo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão,
que contigo reina na unidade do Espírito Santo.
