ANO A
Mt 18,1-5.10.12-14
Comentário do Evangelho
O maior é o menor, aquele que serve.
O discurso eclesiológico, ou sobre a Igreja, é orientação de Jesus aos discípulos que visa dar, em primeiro lugar, ante o judaísmo, os traços característicos da comunidade cristã. Essas orientações, contudo, não se encerram num momento histórico específico, ao contrário, são exigências para a Igreja de todos os tempos. A pergunta dos discípulos a Jesus revelam as disputas internas à comunidade cristã. A resposta de Jesus poderia ser compreendida nesses termos: o maior é o menor, aquele que serve. O serviço é um traço característico do discípulo e da comunidade cristã. Mas para que seja um modo de vida, é preciso conversão, mudança radical de mentalidade. A “criança”, aqui, é símbolo do próprio Cristo que se fez servo de todos e que, sendo de condição divina, assumiu plenamente a nossa humanidade (Fl 2,6-7a). Os “pequenos” são os que se sentem desprezados (v. 10) e que são tentados a abandonar a fé. Por eles é exigida da comunidade cristã uma atenção especial para que ninguém se perca, a exemplo do pastor que incansavelmente vai atrás da ovelha perdida, até encontrá-la. Na vida cristã, a ideologia do “cada um por si” não pode ocupar espaço nem mover qualquer decisão. Na Igreja, cada membro é importante e deve ser tratado com o mesmo cuidado com que Deus mesmo cuida de cada um de nós.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, poupa-me de cair na tentação de querer fazer-me grande aos olhos do mundo, pois a verdadeira grandeza consiste em fazer-me amigo e servidor do meu próximo.
Vivendo a Palavra
A nossa conversão deve ser no sentido de nos tornarmos simples como crianças. O mundo nos tenta, seduzindo-nos com promessas de muita cultura, títulos de doutores – quem sabe, de teólogos? Mas Jesus insiste: vivamos a alegria dos pequenos, dos que são capazes de confiar no Pai Misericordioso.
VIVENDO A PALAVRA
Jesus nos entrega a chave do Reino de Deus: devemos segui-Lo ‘como crianças’, que caminham com leveza, simplicidade e alegria, aliviados do entulho que o pretensioso racionalismo moderno vem ajuntando à nossa bagagem mental; tudo sem fazer continhas miúdas, sem contabilizar méritos pessoais ou esperar recompensas e, muito menos, preocupando-nos sobre qual de nós será o maior...
Reflexão
A nossa vida é constantemente condicionada pelos valores e costumes da sociedade e nós temos a tendência de querer levar os valores do mundo para a Igreja e até mesmo para o Reino de Deus. Entre esses valores do mundo que nos influenciam, podemos citar a hierarquização e a competitividade no dia a dia, que fazem com que haja sempre entre nós um clima de disputa e de busca de superioridade em relação às outras pessoas. É esse clima o principal responsável por muitos mal estares na vida da comunidade. São os valores evangélicos que devem transformar o mundo e não os valores do mundo que devem transformar a Igreja.
Reflexão
Aos sensíveis ouvidos de Jesus, deve ter soado agressiva a pergunta dos discípulos: “Quem é o maior no Reino dos Céus?” Falar sobre maior supõe a existência de menor. Quase todos os povos sabiam ou tinham experimentado como funcionava um império: acima de todos, o grande chefe; os demais, seus súditos. No Reino de Jesus, essas categorias caem por terra. O pequeno, o simples, o insignificante, o marginalizado, estes são os que contam para Deus, desde que se abram para fazer a vontade do Pai celeste. Do mesmo modo, Deus tem olhar de predileção e total cuidado com a “ovelha perdida”, o pecador que está longe do rebanho de Cristo. Valorizar os pequenos é honrar a Deus. Recuperar o irmão que se desvia do bom caminho é agir como o pastor que busca a ovelha perdida.
Oração
Ó misericordioso Jesus, com gestos expressivos e uma parábola, apresentas a teus discípulos, e a nós, o verdadeiro perfil do Reino de Deus. Aí, maior é quem se faz pequeno como uma criança. E a preferência é dada à “ovelha” que se extraviou. Alegria exuberante do Pai, ao resgatá-la. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2020 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp (dias de semana) Pe. Nilo Luza, ssp (domingos e solenidades))
Recadinho
Você busca ser simples como as crianças? - Respeita-as? - Dá-se conta de que nelas está o futuro da sociedade? - Você consegue viver sem mágoas e sem rancores? - Conhece algum adulto que vive realmente a simplicidade da vida como uma criança?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Comentário do Evangelho
AMAR OS PEQUENINOS
O amor aos pequeninos deve ser um ponto de honra para a comunidade cristã. Trata-se, aqui, de atitudes concretas de apreço, incentivo e estima, mormente em relação a quem está dando os primeiros passos na fé, uma vez que, nem sempre, é capaz de superar os obstáculos com que se defronta. Corre-se o grande perigo de assumir, diante desses pequeninos, uma atitude farisaica de rigorismo, apresentando-lhes exigências descabidas, a ponto de jogá-los fora da comunidade cristã e afastá-los da salvação.
A exortação de Jesus - "Cuidem de não desprezar um só destes pequeninos" - revela que a fé é uma dinâmica, cujos passos vão sendo dados pouco a pouco. É inútil querer impor-se aos demais, e determinar o ritmo que devem seguir.
Quem está dando os primeiros passos deve ser objeto de especial atenção. O abandono de certos hábitos e a acolhida do modo de ser próprio do discípulo do Reino, muitas vezes, é muito penoso. A simples força de vontade ou a firme decisão de ser diferente podem mostrar-se insuficientes quando se trata de mudar de vida. O efetivamente conseguido não corresponde àquilo que se deseja. Nem por isso, a comunidade tem o direito de desfazer-se de quem vai caminhando com dificuldade. Pelo contrário, este deve ser objeto de atenção redobrada, para não vir a esmorecer na sua opção pelo Reino.
Oração
Espírito de apreço e estimulo, torna-me especialmente atento em relação a quem dá os primeiros passos na fé, buscando, penosamente, trilhar os caminhos da fidelidade ao Reino.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Deus eterno e todo-poderoso, a quem ousamos chamar de Pai, dai-nos cada vez mais um coração de filhos, para alcançarmos um dia a herança que prometestes. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Meditando o evangelho
QUE NINGUÉM SE PERCA
A severidade e o desprezo dos líderes da comunidade em relação àqueles que davam os primeiros passos na vida de fé foram seriamente censurados por Jesus. Não era possível exigir deles uma maturidade própria de quem já havia feito uma longa caminhada. Os pequeninos deveriam ser tratados de maneira muito especial, com paciência e benignidade. Só assim sua fé haveria de se consolidar e se tornariam capazes de dar um testemunho autêntico de sua condição de discípulos.
O carinho dos líderes pelos pequeninos não se parecia, por nada, com o amor do Pai para com eles. A parábola da ovelhinha desgarrada serviu de motivo para a compreensão deste amor paterno. Vale a pena deixar noventa e nove ovelhas, que estão em segurança, para ir em busca de uma que se desviou. O desinteresse pela ovelha desgarrada não tem justificativa. O pastor está em relação pessoal com cada ovelha. Por isso, não pode contentar-se com a perda de nenhuma delas. Para ele, o rebanho não é questão de número. As ovelhas são consideradas na sua individualidade. E a perda de uma só delas é motivo de dor.
O mesmo se passa com o Pai. Ele não considera a comunidade de discípulos sob o aspecto numérico. Cada um deles, por menor que seja, é objeto de um carinho especial. Portanto, os líderes da comunidade não têm o direito de desprezá-los.
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total).
Oração
Senhor Jesus, que eu jamais perca de vista o desejo do Pai em relação aos pequeninos, de forma a me tornar um incansável defensor deles.
HOMILIA
SENHOR LIVRA-ME DA TENTAÇÃO DE QUER SER GRANDE
Quem é o mais importante no Reino do Céu? Ante a pergunta do discípulo, em três partes Jesus dividi o seu discurso. Primeira: Desmonta as grandezas dos pensamentos dos seus discípulos. Pois o Reino não é para aqueles que se fazem grandes mas sim os pequeninos. Depois Ele ameaça a quem fizer qualquer mal a um pequenino. E, por fim, fala como Deus se agrada de reaver um pequenino que estava perdido. Isso leva os discípulos de uma posição de superiores, para uma posição de igualdade aos pequeninos. Ao invés de valorizarem o poder, a vaidade, são levados a se colocarem à disposição. E Jesus faz tudo isso porque percebe a grande vontade deles em participar do Reino dos Céus!
O Evangelho conclui falando ainda que Deus se agrada mais de um pequenino que é resgatado, do que de 99 que não precisaram ser resgatados. Eis uma boa pista para quem quer agradar a Deus e garantir um bom lugar no Reino dos Céus. Ir ao encontro do irmão, da irmã, do filho, da filha, do marido ou esposa que qual ovelha perdida anda longe do rebanho e até mesmo fora de si mesmo.
Jesus dividiu o seu discurso em três partes bem claras. Primeiramente Ele tira a vontade dos discípulos serem grandes. A razão é simples. É que o Reino dos Céus é daqueles que se fazem pequeninos. Assim, todo o atentado contra eles não se deixará impune, ao ofensor. E, por fim, Deus manifesta a grande alegria que sente ao reencontrar um pequenino que estava perdido, um filho que estava morto e que agora ressuscitou, vive. Esta mensagem é para mim e para ti que somos os discípulos de hoje. Temos de nos mover dos conceitos que formamos sobre nós mesmos criados pelas posições que ocupamos dentro da igreja, que muitas vezes nos leva a nos considerarmos os melhores de todos e por isso merecedores de um lugar de distaque e consequentemente superiores, para uma posição de igualdade aos pequeninos. Ao invés de valorizaremos o poder, a vaidade, Jesus nos leva a nos colocaremos à disposição como servidores dos outros. É preciso que por exemplo eu que tomei como meu lema sacerdotal “ em tudo servir para a maior glória de Deus”, realmente me dobre e com a toalha à cintura lave os pés aos homens e mulheres despidos de sua dignidade. Jesus nos dirige estas palavras, porque percebe a grande vontade dos discípulos e hoje nossa em participar do Reino dos Céus!
Portanto, a lição prática que podemos levar conosco para a nossa vida hoje e sempre:
1) A humildade e simplicidade, ingenuidade no pecado e pureza do coração representados pela criança símbolo dos órfãos, excluídos, pobres e parginalizados pela sociedade; 2) A acolhida que se deve dar a estes excluídos condenados à comer o pão que o diabo amassou ou seja acolhida aos pequeninos; 3) E por último não só acolher, mas e, sobretudo, sair em busca dos pequeninos que se perderam, e resgatá-los.
Pai poupa-me de cair na tentação de querer fazer-me grande aos olhos do mundo, pois a verdadeira grandeza consiste em fazer-me amigo e servidor do meu próximo.
Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
HOMILIA DIÁRIA
Sejamos maduros, mas não percamos o coração de criança
Sejamos muito maduros, crescidos, amadurecidos com a vida, mas não percamos esse coração puro de uma criança, porque quanto mais desprovido e necessitado for o nosso coração do amor divino, tanto mais Deus cuidará de nós.
“Em verdade vos digo, se não vos converterdes, e não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus.” (Mateus 18, 3)
A mensagem de Jesus para o nosso coração no dia de hoje é um apelo para que voltemos a ser crianças, mas não no sentido cronológico do tempo. Voltar a ser criança e ter um coração de criança é abraçar novamente a pureza, abraçar novamente aquela criança que tem carência de afeto, de saber, de conhecer e de cuidado.
Vemos que é mais fácil cuidar do filho quando criança do que quando este se torna um rapagão, uma moça, porque nessa fase age conforme a sua cabeça e seus pensamentos. Com a criança isso não ocorre, pois ela precisa de tudo, necessita saber tudo, ela necessita de atenção e de cuidado.
Assim como para alguns pais é mais fácil cuidar de uma criança, porque esta [criança] obedece muito mais, Deus pode cuidar muito mais de nós se tivermos o coração como o de uma criança, que necessita aprender, pois Ele nos ensina. Ao passo que, quando já sabemos tudo e nos comportamos como os grandes sábios, o que Deus pode nos ensinar? O que Ele pode fazer por nós se já somos grandes, autossuficientes, se já podemos tudo? Desse modo como o Senhor pode nos pegar pela mão, nos pegar pelos braços e cuidar de nós?
Criança é sinônimo de humildade e humildade é caminho de salvação. Quando sabemos ser humildes, Deus pode fazer muito por nós. Ser adulto, muitas vezes, é sinônimo de orgulho, de autossuficiência, do “eu posso”. Sejamos muito maduros, crescidos, amadurecidos com a vida, mas não percamos esse coração puro de criança, porque quanto mais desprovido e necessitado for o nosso coração do amor divino, tanto mais Deus cuidará de nós. Quanto menos rebeldes nós formos, tanto mais Deus poderá fazer por nós.
É difícil conversar com um adulto cabeça-dura, é difícil fazê-lo entender, compreender, dialogar com ele, porque ele acha que já sabe de tudo, já tem sua opinião formada e não está aberto para o novo. Ao passo que a criança está sempre descobrindo as novidades do mundo e os horizontes à sua frente. Por isso é gostoso as ensinar, é gostoso entrar no mundo delas; as crianças nos remetem à pureza original. Quanto mais criança for, tanto mais pura é a criatura; quanto mais a nossa alma se aproximar de uma criança frágil, de um bebê ainda no colo da mãe, todo necessitado de afeto, de carinho, totalmente puro, mais a nossa alma se aproximará de Deus.
É por isso que o maior no Reino dos Céus é quem mais se parece com as crianças. Quanto mais tivermos o coração de criança, tanto maiores ficaremos diante de Deus. Por outro lado, quanto mais o orgulho do adulto tomar conta de nós tanto mais vamos nos tornando menores, correndo o risco de desaparecer para o Reino de Deus.
Que nós cresçamos no coração de Deus, que nós possamos diminuir para o mundo e para nós mesmos para sermos grandes aos olhos do Senhor!
Que Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Oração Final
Pai Santo, a porta da simplicidade é para nós, estreita; o caminho da inocência, áspero. Mas, sabemos, são esta porta e este caminho que nos colocam em teu Reino de Amor. Ajuda-nos, Pai amado, a vivê-los, como foram vividos pelo Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo vive e reina na unidade do Espírito Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai que tanto adoramos, bem sabemos que estás à nossa procura, pois nos fizeste para desfrutar das alegrias do teu Reino. Dá-nos, amado Pai, discernimento para encontrar a tua Presença escondida nos dons que nos ofereces com solicitude e radical modéstia. Como ovelha que se perdeu, eu estou longe do teu aprisco. Encontra-me, Senhor! Por Jesus, o Cristo teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.