ANO B
32º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Ano B - Verde
“O que você está oferecendo a Deus?
Mc 12,38-44
Ambientação
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: A liturgia destes últimos domingos do Ano Litúrgico propõe-nos uma avaliação do nosso modo de viver, pois um dia, estaremos diante de Deus. Diante Dele, não conta o que fazemos de modo visto ou até mesmo teatral, mas a sinceridade do coração que age por Ele e pelo bem dos irmãos. Conscientes de que a Páscoa de Jesus se manifesta nos grupos que sabem ser hospitaleiros e partilhar o pouco que possuem, iniciemos nossa celebração intercedendo a graça de unir nossa vida à oferta de Jesus Cristo ao Pai.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, neste Dia do Senhor, voltemos o olhar e o coração para o Céu, para junto do Pai! Lá está o nosso Salvador, imolado e vitorioso no amor, o Cristo Senhor que nos deu tudo e que se ofereceu totalmente por nós! No Altar desta Eucaristia, em torno do qual nos reunimos, Jesus nos associa à oferta que Ele fez da sua vida. Sejamos gratos ao Senhor por este dom, por este Mistério do qual Ele nos faz tomar parte.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: Jesus é a revelação da presença humilde de Deus entre nós, em contato com as multidões, fazendo-se igual a todos em tudo que há de bom, justo e verdadeiro, para nos comunicar sua vida divina e eterna pela vivência do amor e da misericórdia.
O GESTO DE AMOR DAS DUAS VIÚVAS
A Palavra de Deus nos apresenta duas viúvas pobres, a primeira, apesar de sua quase miséria, acolhe em sua casa Elias, o homem de Deus; e a segunda é acolhida no Templo, onde Deus habita, e em gratidão lança no tesouro do Templo as duas únicas moedas de que dispõe.
As duas mulheres têm muitos elementos em comum, mas há um elemento que destacarei: o gesto de amor a Deus manifestado em atitudes concretas. Para a primeira viúva foi um ato de caridade para com o próximo e, a segunda viúva o ato de cuidado com a casa do Senhor.
Os pequenos gestos de amor são valorizados e acolhidos por Deus, Ele abençoou a primeira viúva com um milagre, a cura do filho doente; Jesus também olhou com amor o pequeno gesto da viúva, o óbolo da viúva: “no Evangelho Jesus elogia aquela que coroará no juízo (Cf. São Paulino de Nola, Carta 34,2-4).
O gesto de amor comum às duas viúvas tem um grande ensinamento para nós hoje, pedras vivas da Igreja: ninguém é tão pobre que não possa dar algo. Um dia dá um copo de água a um sedento, outro dia uma moeda a quem pede na rua, noutro o quilo levado no ofertório da Igreja; no domingo a pequena oferta em dinheiro para manter o culto a Deus, todos os meses a contribuição com o dízimo, segundo as suas possibilidades.
São gestos pequenos, mas são exatamente estes pequenos gestos que o Papa Francisco nos convida, como comunidade de fé, a guardar, na qual os membros cuidam uns dos outros e formam um espaço aberto e evangelizador, lugar da presença do Ressuscitado que a vai santificando segundo o projeto do Pai Pai (Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate 145).
A generosidade das viúvas foi um traço característico de suas vidas. Ela manifesta um percurso a ser percorrido para todo aquele que aprendeu através da Palavra e da vida de Comunidade que tudo vem de Deus, vai para Deus, porque já está em Deus.
Hoje, Jesus olha para nós como olhou para a viúva, pede coragem para dizer-lhe - confiamos em Ti -, e generosidade para colocar em suas mãos misericordiosas o que temos e o que somos.
Dom Sergio de Deus Borges
Bispo Auxiliar de São Paulo
Comentário do Evangelho
A oferta dos pobres
Nos evangelhos a crítica à classe dirigente das sinagogas, do Templo e da Judeia, os escribas, os fariseus, os sacerdotes e os latifundiários, é muito contundente. Essa crítica atinge tanto a sua doutrina como a sua prática. A sua doutrina tem um sólido caráter ideológico em vista de consolidar seu prestígio e poder, religioso e político. A sua prática prioriza a acumulação de riqueza. Lucas caracteriza os fariseus como amigos do dinheiro (Lc 16,14).
Nesta narrativa de Marcos, estando em Jerusalém e tendo expulsado os comerciantes do Templo, Jesus, ao ensinar aí, faz uma contundente advertência contra a prática dos escribas e o sistema deste Templo. Os evangelhos de Mateus (cap. 23) e Lucas (11,37-12,1) apresentam, cada um, um bloco com várias destas agressivas advertências, com vários "ais". Marcos restringe-se apenas a esta.
Os escribas, enquanto, de maneira hipócrita, fazem questão de ostentar piedade e prestígio, devoram as casas das viúvas. Em continuidade a esta denúncia, segue a narrativa da oferta da pobre viúva. O Templo de Jerusalém, como os templos dos impérios do Oriente, tinha um anexo, o Tesouro ou Gazofilácio (do grego gazophilakion), onde eram guardadas as riquezas acumuladas, que cresciam com os depósitos das ofertas feitos através de algumas pequenas aberturas externas, os "cofres".
Jesus, ostensivamente, senta-se diante do Tesouro e se põe a observar. A pobre viúva, como as multidões de empobrecidos que faziam sua peregrinação religiosa a Jerusalém e depositavam suas ofertas, sacrificava-se dando do necessário para viver, sendo assim explorada por aqueles que usufruíam das riquezas acumuladas no Tesouro do Templo. Esta multidão de excluídos (ochlós) lançava pequenas moedas, que somadas davam grande valor. Alguns ricos depositavam muito, o que não lhes pesava, pois eles próprios se beneficiavam do sistema do Templo.
Jesus chama a atenção sobre a viúva pobre que deu duas moedinhas, que era tudo o que tinha para viver. Com isso Jesus denuncia o próprio sistema do Templo. Com as exigências das estritas observâncias de suas leis, de seus dízimos e ofertas, os chefes do Templo exploram os pobres.
Na segunda leitura, a exaltação da autoimolação de Cristo, como sacerdote e vítima, é característica da controversa epístola aos Hebreus. Este enfoque, típico da doutrina sacrifical do Antigo Testamento, inspirou a espiritualidade do autossacrifício como agradável a Deus. De certo modo ela está presente no episódio da viúva de Sarepta (primeira leitura), que se sacrifica para alimentar o profeta, sendo recompensada por Deus. Tal espiritualidade, que favorece a opressão sobre o povo explorado e sofrido, não corresponde ao Deus de Jesus, Deus do amor e da libertação, que, de maneira paterna e materna, com carinho quer a vida plena de seus filhos.
José Raimundo Oliva
Oração
Pai, instrui-me com tua sabedoria, para que eu saiba avaliar os gestos humanos com parâmetros divinos, e assim ser capaz de perceber o que é invisível aos nossos olhos.
Fonte: Paulinas em 11/11/2012
Vivendo a Palavra
Jesus incentiva a generosidade, o desprendimento. Não se trata de quão rico ou pobre nós sejamos, o importante é que coloquemos tudo o que somos e temos à disposição dos companheiros de jornada nesta terra cheia de encantos. E, sobretudo, agir sem ostentação, viver com humildade e discrição.
Fonte: Arquidiocese BH em 11/11/2012
VIVENDO A PALAVRA
Jesus incentiva a generosidade, o desprendimento. Não se trata de quão rico ou pobre nós sejamos, o importante é que coloquemos tudo o que somos e temos à disposição dos companheiros de jornada nesta terra cheia de encantos. E, acima de tudo, devemos agir sem ostentação, vivendo com humildade, discrição e transparência.
Reflexão
A GRATUIDADE
O que vale de verdade na vida é a simplicidade. Não são as pompas, os luxos, os eventos espetaculosos. Geralmente as pompas e circunstâncias estão carregadas de vaidades e pretensões egoístas. Elas podem até impressionar, mas são levadas pelo vento como palha seca.
A simplicidade é a beleza no seu estado mais puro, qual uma criança que aprende a juntar as primeiras palavras e pronuncia “mama”, “papa”. Por trás dessa beleza simples há uma sofisticação profunda. Para uma criança que está aprendendo a falar, o ato de juntar letras e dizer palavras exige um esforço mental sem medida. Aprender é devagar, porque o conhecimento deve ser profundo. O que é superficial dura pouco.
A criança pequena não joga palavras ao vento. Ela oferece tudo de si nas poucas palavras que sabe. Nem tem a pretensão de discursos pomposos. A inocência nunca se ostenta. Com o tempo, porém, expandimos a linguagem e criamos verdadeiro arsenal linguístico. Isso é bom! O problema é que também aprendemos a guerrear com as palavras e tendemos a complicar tudo. E mais: passamos a querer ser vistos pelo que temos, fazemos ou pelo que apenas parecemos ser.
Jesus, no evangelho de hoje (Mc 12,38-44), repudia veementemente os comportamentos fingidos. Ele contrasta a hipocrisia dos ricos poderosos com a transparência e simplicidade da viúva pobre. Os ricos fingidos ofertam altas quantias no cofre do Templo, achando que estão fazendo grandes coisas. Ocorre que o que mais desejam é serem vistos e aplaudidos. No entanto, para Jesus, o que conta é a gratuidade.
A viúva é pura gratuidade, faz a oferta de tudo que tem. Ela não dá do que sobra. Ela dá do que é seu. Não roubou de ninguém. É uma oferta generosa e gratuita, totalmente desinteressada. Não é uma oferta de troca, ela não espera retribuição. Sabe que sua esperança está em Deus, que é amor e se nos revela como amor incondicional.
A liturgia de hoje convida-nos a ser comunidade fiel ao Senhor, na fraternidade. Ao nosso Deus não interessam grandes manifestações religiosas ou ritos externos pomposos. A ele interessa atitude permanente de entrega, disponibilidade para os seus projetos, acolhimento generoso dos desafios da vida e prontidão constante para doar a vida em benefício dos irmãos e irmãs. O amor sem reserva é a religião querida por Jesus, nosso mestre.
Pe. Antonio Iraildo Alves de Brito, ssp
Fonte: Paulus em 11/11/2012
Reflexão
Jesus no templo critica os escribas, os mestres da Lei, que pela exibição e autopromoção, cobiçam sempre os primeiros lugares que lhes deem visibilidade. Diante do tesouro do templo – ponto nevrálgico onde se praticava exploração – Jesus observa o comportamento dos ricos e dos pobres nas suas doações. Ele não é um alienado que vive no mundo da lua, está bem atento ao que acontece em sua volta. A insignificante oferta da viúva pobre chamou a atenção do Mestre, que a apresenta como símbolo de generosidade: ela doou tudo o que possuía para viver. Segundo Jesus, o “pouco do pobre vale mais que o muito do rico”. Dar “esmola” do supérfluo não tem o valor da “generosidade” do pobre, que se doa a si mesmo. Não estaria Jesus fazendo também certa crítica à exploração dos pobres que acontece até no caminho da fé? Em nome da religião e da fé, muitos pobres podem estar sendo sugados de suas poucas economias. Isso pode acontecer até na comunidade cristã, como em toda a sociedade, quando os políticos e governantes, com suas manobras, enquanto são “generosos” com os ricos, acabam onerando os pobres e trabalhadores.
(Dia a dia com o Evangelho 2018 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)
Meditando o evangelho
O POUCO QUE É MUITO
As aparências não influenciavam o juízo que Jesus fazia das pessoas, porque seu olhar penetrava no íntimo delas. Por esse motivo, não lhe era difícil perceber a motivação profunda de suas ações.
Os mestres da Lei, por exemplo, não o enganavam. Prevalecendo-se da estima que gozavam do povo, tornavam-se vaidosos e inescrupulosos. Sentiam prazer em ser reconhecidos como pessoas altamente consideradas. Sendo assim, abusavam da boa fé e da hospitalidade das pobres viúvas, passando longas horas de oração na casa delas, só para comer do bom e do melhor. Portanto, tornavam-se operadores de injustiça e dignos da mais severa condenação.
A generosidade dos ricos também não enganava Jesus. Com prazer jogavam consideráveis esmolas no tesouro do templo, para serem vistos e louvados pelos presentes. Tal esmola, porém, embora valiosa em termos monetários, não tinha valor para Deus.
Bem outra era a situação da pobre viúva que, tendo oferecido apenas algumas moedinhas, fez um gesto altamente agradável a Deus, porque marcado pela simplicidade e pela discrição. Talvez, só Jesus a tenha observado. A viúva não ofereceu do seu supérfluo. Antes, abriu mão do que lhe era necessário, para fazer um gesto agradável a Deus. Por isso, seu pouco tornou-se muito aos olhos de Jesus.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Senhor Jesus, dá-me pureza de coração, para que todas as minhas ações sejam marcadas pela sinceridade e por um amor verdadeiro ao Pai.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. QUEM NADA TINHA, DEU TUDO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Li umas várias vezes o evangelho desse domingo, e em pensamento queixei-me com o seu autor, o Evangelista São Marcos, pois á primeira impressão que se tem, é que Jesus estava falando de um assunto, no caso, da ostentação dos escribas, e de repente mudou, como se diz “de saco prá mala”, abordando a oferta da viúva pobre. Parece que encerrou uma conversa e iniciou outra, assim, a abordagem fica meio complicada.
Achei melhor pedir socorro á primeira leitura, que compõe a liturgia e que não está ali só de enfeite: Na casa de uma viúva pobre, o profeta Elias, primeiro pede-lhe água para beber, depois, o profeta meio folgado pediu também um pedaço de pão, o que colocou a pobre mulher em pânico, pois o restinho de farinha que possuía, só dava para fazer um pãozinho que seria a última refeição para ela e o filho.
Aqui dá para perceber algo em comum entre essas duas viúvas, as duas moedinhas de cinco centavos, e o punhadinho de farinha, que sobrou no fundo da despensa, era tudo o que as duas tinham. Como dar para alguém algo que é essencial para nós? Tirar da própria boca para sustentar o outro, não é arriscar passar fome por causa daquilo que se deu? Há uma perda material, isso é indiscutível, entretanto o Profeta garante que aquela pobre viúva não ficará desassistida, não lhe faltará aquilo que é essencial para a sobrevivência, a farinha e o óleo, até o dia em que Deus mandar a chuva, que fertilizará a terra, acabando com a miséria daquela região. O amor ágape é sempre um mistério, quanto mais se ama e se doa, mais se tem! Aqui começa a ganhar corpo uma idéia bonita, a do amor que se doa por inteiro, que não dá ao outro as migalhas, ou o que está sobrando e não vai lhe fazer falta.
O amor verdadeiro nos faz perder algo, pelo menos na lógica humana, isso é mesmo uma grande verdade, quem se dedica a um enfermo dia e noite, cuidando dele com paciência e carinho, quem se dedica aos filhos, ou ao esposo ou a esposa, com igual dedicação, Quem se dedica aos trabalhos da igreja, ou a família, se o fizer de forma autêntica, estará perdendo algo precioso: o seu tempo, por exemplo, que poderia ser melhor aproveitado, quem sabe, dedicando-se ao lazer, a algum negócio rendoso, esse tempo que foi dedicado a alguém em especial, ou á comunidade, não voltará jamais, ficou perdido. Parece que amar é perder sempre algo que nos é essencial.
Deus não nos deu o que lhe sobrava, e que não ia lhe fazer falta, mas o que tinha de mais precioso e valioso, seu amado Filho Jesus, que por sua vez, vivendo a fidelidade da missão, chegou à encruzilhada Getesâmani, “Beber o cálice de amargura, que significaria abrir mão de sua vida, pela salvação de todos, ou encontrar outra forma de amar, que não significasse uma perda total”. Afastar-se do cálice ou aceitá-lo? Sendo Deus, só podia mesmo nos amar com o amor de Deus, que olha a miséria humana com misericórdia e compaixão, e entrega a sua vida, na juventude dos 33 anos, com um amor sem limites. Aceita o sacrifício vicário, morrer em lugar de todos, para que todos pudessem se salvar. Ele não poderia morrer somente para os bons, os que fossem corresponder ao seu grande amor, ontem, hoje e no futuro, mas sua morte resgatou, e continuará a resgatar muitos ímpios.
E com a ajuda preciosa das duas primeiras leituras, agora sim, dá para entender o porquê do seu elogio aquela pobre viúva, ele não olhou para o valor que estava sendo ofertado, mas sim para a disposição interior daquela mulher que com certeza pensava “Ao meu Deus, que me deu tudo, também ofereço este pouco, que é meu tudo”. Pelo que diz o santo evangelho, os escribas gostavam de ser notados, por tudo o que faziam, impondo admiração e respeito, conquistando assim os lugares de maior importância. Aparentemente estavam se doando a Deus e aos irmãos, mas na verdade, cobravam, pela sua doação, um alto preço, o prestígio, a fama, o poder e o domínio sobre os demais. Mas havia também nas comunidades de Marcos, como há nas nossas, uma gente que se doa totalmente, e nem aparece, são discretos no servir, dão o melhor de si, talvez não exerçam um trabalho importante, mas tem no coração o carisma do amor sem medidas e sem reservas, que se doa com humildade e alegria. Uma gente que espalha alegria e o doce perfume de Cristo por onde anda.
Não nos deixemos enganar pelo falso brilho dos escribas, o poder e o brilho que ostentam, é efêmero! Busquemos no anonimato da assembléia, aqueles e aquelas que refletem no rosto o Cristo Servidor, são esses que fazem a nossa Igreja caminhar, e que a sustenta com uma oração sincera e um coração repleto de amor a Cristo e aos irmãos. ...(32º. Domingo do Tempo Comum – Mc 12, 38-44)
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com
2. A pobre viúva depositou duas moedinhas no cofre das ofertas
O fim do ano se aproxima, do ano litúrgico e do ano civil, e a liturgia nos prepara para o juízo final, quando o Senhor virá julgar os vivos e os mortos. Há coisas que passam e há coisas que ficam. Fica o que tem valor aos olhos de Deus e pode não coincidir com o que vale aos nossos olhos ou aos olhos do mundo. Jesus estava no Templo com os discípulos e seus olhos atentos viam as pessoas e seus gestos. Ele estava diante do cofre das esmolas e podia ver as pessoas depositando as suas ofertas.
Os ricos punham muito, o que era bom e era sua obrigação. Os pobres certamente punham pouca coisa, como a viúva que colocou no cofre duas moedinhas. Ensinando os seus discípulos, Jesus queria que percebessem o que estava acontecendo, como as duas moedinhas da viúva tinham mais valor do que as ofertas dos mais abastados. Por quê? Porque eles não ficaram mais pobres com o que deram, pois deram do que tinham de sobra.
A viúva, porém, deu tudo o que tinha para viver. Tendo dado tudo, ficou sem nada. Era uma mulher de fé, cheia de confiança na providência de Deus, que não lhe faltaria na hora da necessidade. Afinal, Jesus estava olhando para ela, sabia o que ela estava fazendo e conhecia sua pobreza. Esperamos que Jesus tenha feito o que fez o profeta Elias e que a farinha da vasilha dessa viúva nunca tenha acabado!
Jesus chamou a atenção para a atitude dos escribas: “Cuidado com os escribas!”. No início do seu Evangelho, Marcos já tinha dito que Jesus ensinava com autoridade, e não como os escribas, e que os escribas se sentiram ameaçados pelo ensinamento e pelas ações de Jesus. Aqui Jesus diz abertamente: “Cuidado com os escribas!”. Por que é preciso ter cuidado com eles? Exatamente porque devoram as casas das viúvas, fingindo fazer longas preces. Eles serão julgados com mais rigor e receberão condenação mais severa.
Estamos no fim dos tempos e o juízo de Deus se aproxima. Eis aí uma atitude a ser evitada: a exploração religiosa dos mais fracos!
A viúva que deu suas duas últimas moedinhas merece louvor, se assim procedeu para adorar a Deus. Pode não merecer louvor quem, sem escrúpulos e por interesse pessoal, a convenceu a dar o que lhe faria falta, alguém que tenha desenvolvido uma ideologia religiosa de dominação para explorar os incautos. A viúva irá para o céu e os “escribas” de todos os tempos, que exploram os outros com longas orações, receberão uma severa condenação. Morremos uma só vez e depois vem o julgamento!
REFLEXÕES DE HOJE
11 DE NOVEMBRO-DOMINGO
VEJA AQUI MAIS HOMILIAS DESTE DOMINGO
HOMILIA DIÁRIA
Jesus sabe daquilo que podemos doar
Postado por: homilia
novembro 11th, 2012
O Evangelho segundo São Marcos nos diz que os escribas e os fariseus fazem ostentação da sua suposta bondade. Dão esmolas tocando a campainha; rezam no Templo, à frente, e em tom de grandiosidade; ocupam os primeiros lugares, etc.
“Acautelai-vos dos escribas. Eles gostam de passear com longas vestes e de receber cumprimentos nas praças. Querem os primeiros assentos nas sinagogas e os primeiros lugares nos banquetes”.
Logo a seguir, o Evangelho nos conta a história da viúva que, dando a menor moeda, dava tudo quanto possuía. Foi uma atitude que Jesus apreciou e dela fez o elogio aos Seus discípulos. A esmola da viúva, modesta no seu valor, foi a de maior significado. A misericórdia é uma virtude moral pela qual uma pessoa se dedica à outra com compaixão, dando ajuda espiritual e material na medida das suas posses.
O mérito não está na grandeza ou na pequenez da nossa oferta a Deus, mas em como a fazemos.
Os mestres da Lei, por exemplo, prevalecendo-se da estima que gozavam junto ao povo, tornavam-se vaidosos e inescrupulosos. Sentiam prazer em ser reconhecidos como pessoas altamente consideradas. Sendo assim, abusavam da boa fé e da hospitalidade das pobres viúvas, passando longas horas de oração na casa delas só para comer do bom e do melhor. Com prazer jogavam consideráveis esmolas no tesouro do Templo para serem vistos e louvados pelos presentes. Tal esmola, porém, embora valiosa em termos monetários, não tinha valor para o Senhor.
Bem diferente era o destino e a situação da pobre viúva que, tendo oferecido apenas algumas moedinhas, fez um gesto altamente agradável a Deus, porque marcado pela simplicidade e pela discrição. Talvez, só Jesus a tenha observado. A viúva não ofereceu do seu supérfluo; antes, abriu mão do que lhe era necessário para fazer um gesto agradável a Deus. Por isso, seu pouco se tornou “muito” aos olhos de Jesus. Deus vê o coração, sabe a sua dor, as suas aflições e necessidades.
Jesus sabe daquilo que eu e você podemos doar. Ele acredita no meu e no seu potencial, por isso preparou muitas coisas que somente nós podemos resolver. Mas eu e você ainda não demos tudo o que podíamos, por isso continuamos amarrados e, muitas vezes, infelizes. Não sejamos egoístas, mas generosos! Diga o seu “sim” e dê tudo aquilo que você pode e deve dar. Siga o exemplo da viúva e veja como ela agradou o Senhor. Se assim você fizer, também a sua oferta será agradável a Ele.
Senhor Jesus, dai-me pureza de coração para que todas as minhas ações sejam marcadas pela sinceridade e por um amor verdadeiro ao Pai.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova em 11/11/2012
Oração Final
Pai Santo, infunde em nós os sentimentos de solidariedade e compaixão com os irmãos, especialmente os que sofrem e carecem dos bens essenciais para sua sobrevivência. Faze-nos fontes de esperança e alívio para todos, assim como foi para nós o Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 11/11/2012
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, infunde em nós os sentimentos de solidariedade e compaixão com os irmãos, especialmente aqueles que sofrem e carecem dos bens essenciais para sua sobrevivência. Faze-nos fontes de esperança e alívio para todos, assim como foi para nós o Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.