ANO C
Mt 19,3-12
Comentário do
Evangelho
“por causa da dureza do vosso coração”
A perícope sobre o divórcio, em Mateus, está
construída sobre a de Marcos 10,1-12. Tanto num como noutro evangelista, o tom
é de controvérsia: trata-se de “pôr Jesus à prova” (Mt 19,3; Mc 10,2).
Como Deuteronômio 24,1-4 não especificava
claramente por que motivo o marido poderia dar à sua esposa uma carta de
divórcio, deixava espaço para interpretações diferentes e divergentes. Jesus
defende com clareza a indissolubilidade do matrimônio, recorrendo ao projeto
original de Deus (Mt 19,4-6; Gn 1,27; 2,24; 5,2). O projeto original de Deus
impede o repúdio: “... o que Deus uniu, o homem não separe” (v. 6).
À pergunta do porquê da prescrição de Moisés, Jesus
responde: “por causa da dureza do vosso coração” (v. 8), isto é, da
incapacidade de compreender e pôr em prática os mandamentos de Deus, da
resistência de amar verdadeiramente. Uma única exceção é feita por Jesus: em
caso de “união ilícita” (v 9), ou seja, em casos de consanguinidade, por
exemplo (ver: Lv 18).
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, infunde nos casais cristãos o desejo de
experimentarem a santidade do matrimônio, porque tu és a causa e a razão da
comunhão que existe entre eles.
Vivendo a Palavra
O homem não deve separar o que o Deus uniu. Deus –
que é Amor – une em matrimônio dois corpos, corações, mentes e almas numa
relação santa. Torna-se adúltero quem expõe essa relação pura ou introduz nela
sentimentos, sensações, pensamentos ou desejos que traem a prometida fidelidade
mútua.
VIVENDO A PALAVRA
O homem não deve separar o que o Deus uniu.
Deus – que é Amor – une em matrimônio dois corpos, dois corações, duas mentes e
duas almas numa relação santa. Torna-se adúltero quem expõe essa relação pura
às luzes permissivas do mundo, ou introduz nela sentimentos, sensações,
pensamentos e desejos que traem a prometida fidelidade mútua.
Reflexão
Quem comete adultério, peca duas vezes. O primeiro
pecado é o da fornicação, do desrespeito da pessoa do outro ou da outra como
templo do Espírito Santo, o que se constitui em profanação do sagrado, da
propriedade divina pela consagração batismal. O segundo pecado é contra o
vínculo matrimonial, é o rompimento de uma promessa que foi feita diante de
Deus e da Igreja. E a causa de tão grave pecado encontra-se na dureza do
próprio coração, que não é capaz de abrir-se à graça divina e aos verdadeiros
valores e se torna escravo da luxúria, fazendo dela o verdadeiro deus da
própria vida.
Reflexão
Jesus
contesta a sociedade permissiva de seu tempo e recorda aos discípulos o
desígnio do Criador: Deus criou o homem e a mulher para um matrimônio
indissolúvel. O casamento baseia-se no amor forte que rompe os laços com os
pais e deixa o casal totalmente livre para construir nova família. Se houve
alguma concessão por parte de Moisés, era apenas um remendo no projeto original
de Deus, e a separação era permitida por causa da insensibilidade humana ao
amor. Mais que procurar motivos para se divorciar, o casal cristão deve
encontrar motivos para unir-se ainda mais. O não casar, isto é, o celibato, se
justifica quando for assumido em função do Reino de Deus. Em outras palavras, a
pessoa acolhe o celibato como dom de Deus, a fim de entregar-se completamente à
causa da justiça.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 - Pe. Luiz Miguel
Duarte, ssp)
Meditação
- O que você pode fazer para o bem do seu
casamento? - Qual deve ser o modo de agir de sogros e sogras na educação dos
netos? - E no campo de interferências? - E no que se refere a autoridade e
privacidade? - Pense num exemplo de alguém que não se casou para se dedicar
mais e melhor ao serviço do reino de Deus.
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Meditando o evangelho
A SANTIDADE DO MATRIMÔNIO
A questão levantada pelos fariseus expressava a mentalidade da época que
legitimava o divórcio.
Em geral, a decisão era tomada pelo marido, sem que a mulher tivesse o
direito de se defender. Os rabinos discutiam acerca dos motivos que o marido
podia alegar para mandar embora sua esposa.
As duas principais escolas defendiam posições diferentes: uma, mais
rigorista, exigia um ato de infidelidade da mulher; outra, mais laxista,
ensinava bastar motivos triviais para que o marido pudesse repudiar sua esposa.
Jesus se recusa a tomar partido na discussão de escolas, antes proclama
a santidade do matrimônio, apelando para o projeto original de Deus ao criar o
ser humano. Com isto, condena a mentalidade divorcista e declara inúteis as
discussões a respeito dos motivos que levam ao divórcio.
No projeto de Deus, pelo matrimônio o homem está de tal forma unido à
sua mulher a ponto de formar "uma só carne". Esta expressão revela a
profundidade da comunhão que o matrimônio estabelece entre os cônjuges.
Separá-los seria dividir em dois o corpo humano. Coisa impensável!
Portanto, os discípulos do Reino devem precaver-se contra a profanação
do matrimônio. É loucura querer destruir a obra de Deus. Aos casais cristãos, a
responsabilidade de conservar essa união!
(O comentário do Evangelho abaixo é
feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica,
Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total).
Oração
Pai, infunde nos casais cristãos o desejo de experimentarem a santidade
do matrimônio, porque tu és a causa e a razão da comunhão que existe entre
eles.
Comentários do Evangelho
1 - Moisés permitiu despedir a mulher, por causa da
dureza do vosso coração – Claretianos
Moisés permitiu despedir a mulher,
por causa da dureza do vosso coração. Mas foi assim desde o início.
A lei judaica permitia ao homem
repudiar sua mulher, se encontrasse nela “algo vergonhoso” (Dr 24,1). Nos
tempos de Jesus existia uma forte controvérsia entre escolas: a rabínica
de Hillel, interpretava que o homem podia repudiar a mulher por coisas
triviais; a escola de Gamaliel considerava que somente por
infidelidade a mulher poderia ser despedida.
Os fariseus querem saber a opinião
de Jesus, que, passando por alto o Gênesis, proclama o principio criador e
igualitário entre o homem e a mulher. Deus quer que o homem e a mulher vivam
unidos e se respeitem mutuamente. O texto de hoje é reflexo de uma legislação e
uma prática machistas. Jesus toma partido pela unidade e também pela mulher,
excluída na tomada de qualquer decisão. Somente o homem tinha o direito a
repudiar.
A luta não é entre o homem e a
mulher. O chamado de Jesus é à unidade criadora e igualitária no compromisso de
construir, como casal, um projeto de vida respeitoso e duradouro. Contudo, são
muitas as práticas machistas que discriminam a mulher na família, nas igrejas e
na vida social.
2 - Uma só carne - José Salviano
"O homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá
à sua mulher; e os dois formarão uma só carne"
Quem casa quer casa longe da casa onde
casa. É um ditado que se refere à independência que o casal de
jovens deve ter em relação aos pais, porque muitos casamentos já foram
desfeitos pelos pais dos cônjuges, principalmente pela sogra. Aí é
que está o "x" da questão. A sogra, salvo casos especiais, não tem a
menor intenção de prejudicar os recém-casados. Tudo ela faz com a melhor das
intenções, isto é, só para ajudar aqueles jovens inexperientes em matéria de
convivência a dois. Mais para o casal, as atitudes da sogra em relação a eles,
não passam de interferências, ou intrometimentos, que tiram a sua liberdade, e
a sua autoridade com relação aos filhos, e até interrompe a sua
privacidade. É uma situação complicada e geradora de brigas fatais entre
os dois, porque se o marido reclama das interferências da sogra na vida dele, a
esposa se ofende porque está falando da sua querida mãe. Do mesmo modo, por sua
vez, o marido fica aborrecido quando a mulher reclama da sogra que é a mãe
dele. E por aí vão as brigas que se avolumam a ponto de causar uma separação.
Certa vez tive a honra de ser convidado para o casamento de um conceituado e
bem sucedido empresário, da minha cidade, e no final da cerimônia, o sacerdote
chamou as mães dos recém-casados até o altar, e mandou que as duas repetissem
em voz alta, que não iriam se intrometer na vida dos dois. Todos os presentes
levaram aquela cena na esportiva, e muitos até elogiaram a atitude daquele
padre, principalmente quem já teve ou estava tendo algum tipo de aborrecimento
por causa da sogra. Está aqui uma bela sugestão aos celebrantes de
casamentos: Convidar as sogras para fazer um juramento no altar, diante de
Deus, que vão deixar os dois jovens viverem a sua vida, formando uma só carne.
E por formar uma só carne, se entende que a partir do altar, o corpo de um
passa a pertencer ao corpo do outro, o que não dá o direito nem a esse nem
àquele de ter nenhuma aventura com o seu corpo fora do seu compromisso de
casamento celebrado pelo ministro de Deus na presença e com o consentimento de
Deus e tendo a sociedade local como testemunha. É Por isso que o
que Deus uniu, o homem ou a mulher não devem separar. E é bom lembrar
que neste mandamento de Jesus está incluída a sogra também.
Maria, mãe da Sagrada Família. Rogai a Jesus pelas
nossas famílias. Para que haja paz, amor, união, compreensão e
principalmente a presença de Deus em todas elas. Amém.
Sal
3 - “a integridade do matrimonio” - Helena Serpa
- 1a. Leitura – Josué 24, 1-13 – “retrospectiva de
vida”.
Por meio de Daniel Deus recorda ao Seu povo a
trajetória de vida dos seus pais, desde Abraão, Isaac e Jacó, sua entrada e
saída da escravidão do Egito. Dá-lhe consciência de todas as maravilhas e
prodígios realizados por Ele na travessia do deserto até a chegada a Jericó,
terra prometida. Tudo o que possuíam lhes foi dado por Deus, terra, cidades,
plantações e frutos numa demonstração de que Ele providencia o essencial para
todas as necessidades. Se nós também fizéssemos o exercício de olhar para trás
e enxergar a trajetória da nossa vida, da vida da nossa família, de todos os
acontecimentos da nossa história, iríamos, com certeza, perceber que a cada
instante, e em toda a dificuldade, a mão de Deus esteve sobre nós. A nossa
história não começou em nós, nem tampouco irá terminar conosco. Antes de nós
existiram os nossos ancestrais com quem Deus fez uma Aliança de Amor. Josué
reuniu as tribos de Israel para que tomassem conhecimento de toda a sua
história. Assim também nós poderíamos fazer quando nos reunimos em família:
recordar para os mais jovens o nosso itinerário de vida dando a eles testemunho
da providencia do Senhor. Esta, com certeza, é uma maneira segura de passarmos
para as futuras gerações a nossa experiência, que lhes serviria como
aprendizado. Que nós possamos perceber como este trecho se torna atual na nossa
vida! - Faça uma retrospectiva da vida da sua família e da sua comunidade e
anote o que “os seus olhos veem”.- O que você terá para contar aos seus filhos
e netos? Registre tudo. Você precisa escrever a sua história.
- Salmo 135 – “Eterna é a sua misericórdia!”
O amor de Deus é eterno porque é constante e nunca
se acaba. Em qualquer situação que nós estejamos, mesmo em pecado, Deus nos ama
e espera por nós. A misericórdia é uma característica deste amor infinito.
Por Amor foi que Jesus deu a vida por nós e é com Amor que Ele espera
pacientemente que nós reconheçamos a sua bondade infinita. Demos graças ao
Senhor, porque ele é bom!
- Evangelho – Mateus 19, 3-12 – “a integridade do
matrimonio”
“Cada matrimônio é certamente fruto do livre
consenso do homem e da mulher, mas a sua liberdade traduz em ato a capacidade
natural inerente à sua masculinidade e feminilidade. A união realiza-se em
virtude do desígnio do próprio Deus, que os criou homem e mulher, dando-lhes o
poder de unir para sempre aquelas dimensões naturais e complementares das suas
pessoas. A indissolubilidade do matrimônio não deriva do compromisso definitivo
dos contraentes, mas é intrínseca à natureza do "poderoso vínculo estabelecido
pelo Criador" (João Paulo II, Catequese de 21 de Novembro de 1979, n. 2).
O que mantém a integridade do matrimônio são a reciprocidade, a amizade, e a
vivência de um mesmo ideal em conformidade com a Palavra de Deus. Deus faz
aliança com o homem e a mulher para perpetuar a espécie, não apenas procriando,
mas difundindo o Seu amor no mundo e deu a esse homem e a essa mulher o encargo
de se unirem para povoar a terra e nela espalhar a semente do Seu amor, por
meio dos filhos que gerarem. Por isso, Jesus recusa ver o matrimônio a partir
de permissões ou restrições legalistas. Ele reconduz o matrimônio ao seu
sentido fundamental: aliança de amor e, como tal, abençoada por Deus, e com
vocação de eternidade. Marido e mulher são igualmente responsáveis por uma união
que deve crescer sempre. No entanto, Jesus mesmo é quem nos fala: “existem
homens incapazes para o casamento”. Nem todos estão preparados para enfrentarem
os desafios de uma vida a dois, por isso, percebemos que em muitos casamentos
não foi bem aprofundada a questão da complementaridade entre o homem e a
mulher. Jesus adverte para que o compromisso seja conscientemente assumido
diante de Deus que faz dos dois, uma só carne. “O que Deus uniu o homem não
separe”. Esta Palavra deve servir de base para um discernimento muito maior
entre aqueles que escolhem a sua vocação. Uma vez unidos, juntos, completados,
quem poderá separá-los? - Se você escolheu ou ainda não escolheu sua vocação, o
que é que o Espírito lhe revela sobre isso? - Você está certo (a) de que o que
Deus une o homem não separa?
Helena Serpa
4 - Qual é a importância do sacramento do
matrimônio para nós católicos?- Alexandre Soledade
Bom dia!
Qual é a importância do sacramento do matrimônio
para nós católicos? Qual é o grau de seriedade que temos por ele? Meus irmãos!
Talvez o fato, que ao longo dos anos, o casamento não tenha sido valorizado,
seja culpa nossa.
Vemos artistas de TV (modelos de nossa juventude)
casando e descasando inúmeras vezes; vemos ainda pessoas empurrando seus filhos
para fora de casa; vemos ainda pessoas “escolhendo” maridos e esposas pelo
poder aquisitivo, (…); em contra partida também vemos casais se unindo e juntos
construindo ou reconstruindo seus sonhos.
Quando casamos, fazemos ou tomamos uma decisão
madura: “Sim! É essa pessoa que escolhi e com ela quero construir uma
história”! No entanto muitos casais não abraçam a idéia que agora sua família
se reduziu a uma pessoa. Não tenho mais mãe e nem pai, tenho agora uma esposa
ou um marido. É a ele (a) que tenho que focar meu pensamento, até que um dia
essa família volte aos poucos a crescer com a vinda dos filhos. “Por isso o
homem deixa o seu pai e a sua mãe para se unir com a sua mulher, e os dois se
tornam uma só pessoa.”
Quantos casais sucumbem pelo fato de sua família
começar com mais gente que o esperado? Não estou dizendo ou falando dos filhos
que por ventura às vezes são concebidos, mas sim do não abandono de suas casas.
Maridos que insistem em comparar sua esposa com sua mãe, cunhados de ambos os
lados, que sugerem como o casal deve se comportar e sem querer acabam causando
intrigas; esposas (os) que não desapegam de suas casas fazendo com que essa
família almoce e jante na casa dos sogros (…).
Como católicos temos que fazer o possível para não
estragar esse sacramento. Mas como? Dando importância a essa instituição
sagrada e frágil que é a família.
“(…) porque, onde dois ou três estão juntos em meu
nome, eu estou ali com eles”. (Mateus 18, 20).
“Estragar” ou desvalorizar a instituição
família é talvez não reconhecer sua importância para nossa fé cristã. Uma
instituição sagrada e também Frágil.
Certo dia em reunião do nosso grupo de
discernimento, quando pedíamos a Deus a direção para o trabalho com as
famílias, uma de nossas irmãs via um pé de pimenta. Talvez nossas crendices do
passado pudessem lembrar-nos do famoso olho-gordo, mas a botânica e a biofísica
comprovam que essa planta sofre muito com a influência externa. Sendo assim,
casais e futuros casais! Coloquemos Deus em nossas relações diárias. Não nos
escondamos Dele; não corramos de sua presença; não vivamos a procura da eterna
adolescência; cresçamos juntos, conquistemos juntos, eduquemos juntos, (…)
Quem esta namorando ou procurando, apresente também
seu Pai do céu a seu (sua) namorado (a). Não o apresente como aquele da
propaganda da MASTERCARD (um urso), mas como alguém que tomará conta de nossas
vidas. Se preocupe em mostrar aquilo que Deus te deu e te faz alguém diferente
e não uma tatuagem tribal erótica, um piercing no umbigo, músculos (…)
5 - “A decisão de amar por toda a vida, não pode
ser revogada” - Diac. José da Cruz
1ª Leitura Josué 24, 1-13
Salmo 135(136)
“Louvai o Senhor, porque ele é bom, porque sua
misericórdia é eterna”
Evangelho Mateus 19, 3-12
Eis aqui um evangelho que seria melhor tirar do
Novo Testamento, pois falar sobre ele e a verdade que proclama, é arranjar
encrenca até em família. Como é que vamos falar desse evangelho em família se
temos um filho ou uma filha, um sobrinho ou neto, que está nesta situação? Na
própria comunidade, já vi pregadores da Palavra tentar amenizar a pregação,
para não ofender casais em segunda união, levando estes ao desanimo na Fé. Para
a pós modernidade esse ensinamento evangélico é uma velharia do passado, pois
hoje em dia não dá mais para se falar em adultério.
Prestemos atenção nessa palavra tão pesada
“Adultério”, que significa “Falsa” ou que foi adulterada, mudada, como os
ladrões de veículos fazem com o número do chassis, tentam assim, fazer com que
o veículo roubado passe por outro e não mais aquele original em sua numeração
saída da fábrica.
Com dinheiro falso é também essa atitude, não
ficamos escandalizados quando compramos algo e o caixa examina a nota de cem ou
cinquenta á nossa frente, para certificar-se de que ela não é falsa. Também na
compra de peças para veículos ou outro equipamento, exigimos originais, porque
sabemos que têm qualidade, não são imitação, não foram adulteradas.
Mas quando tratamos das coisas de Deus, e
principalmente desse ensinamento sobre a vida Conjugal dos que se uniram
um dia na Igreja, deixamos de lado nosso rigorismo e exigências, e começamos a
achar que tanto faz casar-se na igreja ou não, e uma vez casados, a separação é
sempre uma possibilidade, e a união com outra pessoa também é coisa
normalíssima em nossos dias. A confusão e o desconhecimento é tão grande nessa
área, (com certeza culpa da nossa própria igreja) que amasiados ou divorciados
procuram os Ministros Ordinários do Matrimônio, para pedir uma bênção, ás vezes
em um salão durante a festa. E tem mais ainda, quando o caso acontece com a
filha ou o filho da vizinha, logo alardeamos que se trata de um adultério,
quando, porém, é com o nosso filho ou filha, daí não é adultério pois temos uma
justificativa.
Claro que Bênção também significa compromisso, mas
para a maioria é um modo de envolver o Divino em nossos interesses humanos, e
se ter dele a necessária proteção ou ter “sorte” no casamento, como me dizia um
amigo, nessa situação, e que queria que eu fosse ministrar a bênção para ele e
a sua Terceira esposa...Esse descompromisso total que têm marcado a vida
conjugal de tantos casais, mesmo os cristãos, nada mais é do que influência do
Néo-ateísmo que impera em nossa sociedade, onde se crê em Deus, mas Ele não tem
nada a ver com minha vida da qual faço o que quiser....
Sacramento do matrimonio é uma Graça Santificante e
Operante, que eleva o amor humano dando a este a mesma força e grandeza do amor
Divino. No altar, homem e mulher dizem o SIM não para um amor sentimental ou
somente do Eros, mas trata-se de uma decisão sagrada, manifestada naquele sim e
que significa “Sei das minhas fraquezas, mas diante de Deus e da Igreja, tomo a
decisão de amar para sempre, até a morte esta pessoa que Deus colocou na minha
vida, confiando que só conseguirei isso com a Graça de Deus que vou agora
receber”.
O SIM dos noivos supõe exatamente isso, daí que
neste evangelho, Jesus manifesta o desejo e a vontade, de que este projeto
original, iniciado para o casal precisamente no dia do casamento, seja mantido
até o fim. Quando ocorre o contrário, e a união com uma segunda pessoa quebra e
rompe este vínculo, esta união foi adulterada, falsificada e nem por isso Deus
manda do céu a sua Ira na vida do casal. E então, perante a Santa Igreja, que
acolheu a decisão dos nubentes no dia do casamento, a comunhão de vida do casal
já não existe, e como a Igreja não pode voltar atrás em sua decisão, ela
precisa sinalizar que a ruptura aconteceu e por isso, casais em segunda união
são orientados a não receberem a Eucaristia, que é a expressão mais alta e por
Excelência, da nossa comunhão com Deus, uma vez que, recebendo-a, não podem
vivê-la na vida conjugal de maneira autêntica, já que a pessoa com quem se
vive, não é aquela que diante de Deus e da Igreja decidiu amar para sempre.
E se foi um casamento errado, celebrado diante de
Deus em cima de mentiras e falsidades, compete ao Tribunal Eclesiástico
verificar cada caso, dando as pessoas envolvidas o direito de recomeçar a sua
vida conjugal.
HOMILIA DIÁRIA
Não dá para ser casado e querer viver como solteiro
Não dá para ser casado e querer viver como solteiro. Não dá para ser
casado e pensar em fazer as coisas do seu modo, da sua maneira. Se o casal tem
uma atitude e decide se casar, precisa assumir o matrimônio.
“Por isso, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois
serão uma só carne. De modo que eles já não são dois, mas uma só carne.
Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe” (Mt 19,5-6).
Que mistério maravilhoso o amor de Deus estar
presente no coração do homem e da mulher! Quando os dois se unem para o
sacramento e a união matrimonial, acontece a graça sublime do amor de Deus, o
qual une duas naturezas representadas no feminino e no masculino.
As tendências, os gostos, as aptidões, o modo de
encarar o mundo, as histórias de vida são tão diferentes entre homens e
mulheres. Mas, de repente, em uma graça sublime, um começa a gostar do outro; e
desse gostar cresce um sentimento que se torna amor, de modo que decidem viver
para sempre um para o outro.
Dar-se em matrimônio é uma graça que exige
renúncia, sacrifício. O matrimônio é um desafio, um mistério; ao mesmo tempo,
uma graça sublime de Deus.
O mistério do amor divino está ali escondido,
presente, é um mistério insondável, impenetrável, mas possível de ser vivido
pela união do homem e da mulher. É um desafio, pois a vida a dois não é fácil,
ela exige muita doação, sacrifício e renúncia.
Não dá para ser casado e querer viver como
solteiro. Não dá para ser casado e querer pensar só em si. Não dá para ser
casado e pensar em fazer as coisas do seu modo, da sua maneira. Se o casal tem
uma atitude e decide se casar, precisa assumir o matrimônio. Essa é a atitude
da humildade, a decisão de renunciar toda a forma de egoísmo que existe no
coração do homem.
O homem e a mulher se unem e vivem um novo desafio:
ser uma só carne, formar uma única família.
Hoje, quero pedir a Deus a graça de abençoar os
casamentos, abençoar os casais que vivem essa linda aventura, esse grande
desafio de se casarem conforme a vontade do Senhor. Casar não é fácil, mas é um
mistério sublime. Vale a pena o sacrifício, a doação, no entanto é preciso
consciência e responsabilidade.
Que o Senhor conceda a cada homem e a cada mulher a
graça de viverem na intensidade do amor d’Ele.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e
colaborador do Portal Canção Nova.
Oração Final
Pai Santo, que os homens e mulheres ouçam a voz de
Jesus e, a cada dia com mais vigor, vençam os desafios do mundo para manter
puras as relações assumidas diante de Ti, Pai amoroso, e da comunidade. Nós te
pedimos pelo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, que contigo reina na
unidade do Espírito Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, que os homens e mulheres ouçam a voz
de Jesus e, a cada dia com mais vigor, vençam os desafios do mundo para manter
puras as relações assumidas diante de Ti, amoroso Pai, e da comunidade. Nós te
pedimos pelo mesmo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, que contigo reina na
unidade do Espírito Santo.