ANO C
Jo 10,31-42
Comentário do Evangelho
É pela Palavra que Jesus é rejeitado
A ameaça e o desejo de matar Jesus são contínuos do quarto evangelho (veja, por exemplo: 8,59; 10,31, entre outros). A razão pela qual querem matar Jesus é dada, a blasfêmia: “Tu, sendo apenas um homem, pretendes ser Deus!” (v. 33). O texto apresenta ainda uma divisão acerca da pessoa de Jesus: para uns ele é um blasfemo (v. 33), enquanto outros o julgavam digno de fé (vv. 41-42). Não são pelas obras que querem apedrejar Jesus (cf. v. 33), mas pela palavra – a blasfêmia. Ora, o leitor do evangelho, que já passou pelo prólogo, sabe que “no princípio era a Palavra, a Palavra estava com Deus, e a palavra era Deus” (Jo 1,1).
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, reforça minha fé em Jesus, em cujas palavras e ensinamentos tu te fazes presente na nossa história humana.
Comentário do Evangelho
Crer no Enviado de Deus.
Repetidas vezes no evangelho de João, Jesus denuncia a intenção dos judeus de matá-lo (8,28.40; 10,32) e, efetivamente, os judeus fizeram várias tentativas de eliminar Jesus (8,59; 10,31). Já no capítulo 6, à pergunta da multidão sobre o que fazer para trabalhar nas obras de Deus, Jesus responde que há uma questão fundamental que precede todo agir: crer no Enviado de Deus. Para os judeus do nosso texto não são as boas obras o objeto da perseguição e das suas tentativas homicidas, mas a blasfêmia. Ora, para Jesus agir e falar estão intimamente unidos, e as obras e, definitivamente, o Pai dão testemunho dele. Ainda no capítulo 6, é apontada a dificuldade de os judeus discernirem as obras de Jesus, de reconhecerem nelas sinais que remetem ao mistério de Deus revelado em Jesus. A causa da rejeição é a falta de fé, apontada no capítulo 9 como “cegueira”. Jesus, é bom notar, não se entrega facilmente às mãos dos judeus; busca sem covardia nem medo preservar a própria vida (cf. 10,39). A divisão entre os que rejeitam Jesus e os que creem nele mostra a ambiguidade própria do sinal que, por isso mesmo, precisa ser discernido.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, reforça minha fé em Jesus, em cujas palavras e ensinamentos tu te fazes presente na nossa história humana.
Vivendo a Palavra
Jesus revela a presença do Pai no Filho. A grande ‘novidade’, o mistério de um Deus que se encarna e se humaniza, confundia seu povo e continua confundindo os seguidores do Mestre de Nazaré. Muitos preferiam – e ainda preferem... – um Deus que é Senhor dos Exércitos e não o nosso Abbá (Papai querido!)
Vivendo a Palavra
O Evangelho – a palavra significa ‘boa notícia’ – anunciado por Jesus surpreendeu ao povo e, decorridos dois milênios, continua superando nossa capacidade de compreensão. É pela fé que nós cremos no Filho de Deus que se humaniza, torna-se um de nós para nos libertar e conduzir a humanidade ao abraço do Pai Misericordioso.
VIVENDO A PALAVRA
O Evangelho – palavra que significa ‘Boa Notícia’ – anunciado por Jesus foi surpreendente para o seu povo e, decorridos dois milênios, continua superando nossa capacidade de compreensão. É pela fé que nós cremos no Filho de Deus que se fez Homem, tornando-se um de nós para nos libertar e conduzir toda a humanidade ao abraço do Pai Misericordioso.
VIVENDO A PALAVRA
Jesus disse: «O Pai está presente em Mim, e Eu no Pai.» As autoridades do povo judeu tinham razão para prendê-Lo: afinal, Ele afrontava a ‘verdade’ que a religião do Templo pregava: o Senhor é um deus distante e poderoso… Mas aquele andarilho humilde apresentava Deus como um Pai que está bem próximo e é amoroso, fonte de Esperança e de Perdão. Hoje, com qual dessas compreensões se parece o meu Deus?
Reflexão
Quando a gente não está com o coração aberto, não está disposto a acolher a palavra de Jesus, não querendo de fato assumir um compromisso de fé com Deus e com os irmãos, não buscando novos valores e não querendo uma constante mudança de vida para cada vez mais procurar uma união mais íntima e profunda com Deus, qualquer coisa torna-se motivo para a crítica e para a rejeição de Jesus. Assim aconteceu com os judeus, que não quiseram abandonar antigos valores para viver valores novos e mais plenos, sempre procuraram motivos para dizer que eles estavam certos e Jesus estava errado.
Reflexão
Quando a gente não está com o coração aberto, não está disposto a acolher a palavra de Jesus, não querendo de fato assumir um compromisso de fé com Deus e com os irmãos, não buscando novos valores e não querendo uma constante mudança de vida para cada vez mais procurar uma união mais íntima e profunda com Deus, qualquer coisa torna-se motivo para a crítica e para a rejeição de Jesus.
Reflexão
A tensão aumenta. A pressão dos chefes do povo sobre Jesus atinge grau elevado. Jesus, no entanto, ainda tenta conversar com seus adversários, na esperança de fazê-los refletir sobre o que estavam prestes a fazer: matá-lo. Eles argumentavam que o matariam por ele ter blasfemado: “Tu, que és apenas um homem, te mostras como se fosses Deus”. O momento é grave, Jesus não está divertindo um público fazendo graça. O que ele faz é reafirmar o que seus opositores já ouviram de sobra: “Saibam vocês e se convençam de que o Pai está presente em mim, e eu no Pai”. Fatigado por discussões tão cansativas junto a interlocutores nada receptivos, Jesus vai ao “lugar onde antes João ficava batizando”. Conforta-se ao constatar que nesse lugar muitos se tornaram seus discípulos.
Oração
Senhor e Mestre, passas pela incômoda situação de ter de conversar com um grupo de pessoas com pedras na mão, prontas para te apedrejar. Dizem que blasfemas porque “te mostras como Deus”. Queremos pertencer ao grupo dos que creem em ti e te acolhem de coração sincero. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2020 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp (dias de semana) Pe. Nilo Luza, ssp (domingos e solenidades))
Reflexão
No versículo anterior, Jesus proclama: “Eu e o Pai somos um”. Isso é tomado como blasfêmia por parte das autoridades judaicas e, por isso, querem lapidá-lo. O Mestre propõe suas obras como testemunhas. Mas não é pelas obras, e sim pelo fato de se igualar a Deus, que querem eliminá-lo. Jesus recorre novamente à Escritura para sua defesa. Percebemos que as controvérsias continuam entre ele e seus opositores. Parece que as armas da época (pedras) eram muito usadas para eliminar adversários das autoridades. Hoje em dia temos armas mais sofisticadas para eliminar pessoas da sociedade. A arma de Jesus é a Palavra que liberta e salva; a arma dos adversários são as pedras que matam e eliminam. Ao longo de sua vida, Jesus sempre esteve ao lado da vida, principalmente daqueles que a tinham diminuída: pobres, doentes, estrangeiros.
Oração
Senhor e Mestre, passas pela incômoda situação de ter de conversar com um grupo de pessoas com pedras na mão, prontas para te apedrejar. Dizem que blasfemas porque “te mostras como Deus”. Queremos pertencer ao grupo dos que creem em ti e te acolhem de coração sincero. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2021 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp e Pe. Nilo Luza, ssp)
Reflexão
Mais uma vez, os judeus se colocam em posição agressiva e procuram matar Jesus. Eles pegam pedras e tentam dar fim à vida do Filho de Deus por meio do apedrejamento. Novamente, há percepções diferentes acerca da realidade que envolve Jesus e os judeus. De um lado, Jesus que faz o bem; do outro, os judeus que enxergam em Jesus um blasfemo, ou seja, um homem que abertamente ofende a Deus, por se apresentar como Deus ou Filho de Deus. Nem sempre é fácil assimilar as informações que chegam até nós. Para os judeus, como já refletimos noutra ocasião, admitir que um humano se declare filho de Deus é inconcebível, pois fere a Lei que eles acreditam. Por outro lado, os judeus não se abrem (ao menos, uma boa parte deles) àquilo que Jesus diz e faz e, com isso, perdem a oportunidade de experimentar nas próprias vidas a graça e o bem. Estejamos atentos ao que Jesus tem a nos dizer.
(Dia a dia com o Evangelho 2022)
Recadinho
Num sentido bem amplo, quem é santo? - Qual a imagem de Jesus que mais lhe agrada: manso, bom, misericordioso, severo... - Você tem alguma imagem de Jesus com você, em seu local de trabalho, em sua casa... - Já aconteceu de você não ter tido coragem de demonstrar publicamente sua fé? - Jesus é “Deus conosco”. Você pode dizer que ele está de fato sempre presente em você?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Comentário do Evangelho
UM HOMEM FAZENDO-SE DEUS?
Embora, Jesus jamais tivesse afirmado "Eu sou Deus!", seus adversários acusavam-no de, sendo apenas um homem, pretender passar por Deus. E chegavam a esta conclusão, não por causa de uma declaração peremptória de Jesus, e sim pelo modo como ele falava e agia. Suas palavras tinham uma autoridade desconhecida, e pareciam ir de encontro a tudo quanto, até então, era ensinado como Palavra de Deus. Esta liberdade diante da tradição religiosa revelava, no pensar dos inimigos, que Jesus estava pretendendo ocupar o lugar de Deus. Quanto aos sinais que realizava, eram de tal modo portentosos que só das mãos de Deus poderiam provir. Quem, a não ser Deus, pode curar os doentes, ressuscitar os mortos, transformar a água em vinho? Este poder criador é prerrogativa divina.
Essas falsas acusações foram rebatidas com dois argumentos. O primeiro foi tirado das Escrituras, precisamente do Salmo que, referindo-se aos juízes deste mundo, declara: "Vocês são deuses!". Eles, ao julgar, exercem um poder divino. Se as Escrituras fazem tal declaração, é possível aplicá-la também a Jesus. O segundo é tirado da própria pregação do Mestre. Suas palavras exatas foram "Eu sou o Filho de Deus". Esta consciência de ser Filho era o pano de fundo de tudo quanto fazia e ensinava. Sem isto, suas palavras cairiam no vazio e seriam sem sentido. Ele é, sim, o Filho santificado e enviado ao mundo para fazer as obras do Pai. E elas são as primeiras a testemunhar em seu favor.
Oração
Pai, reforça minha fé em Jesus, em cujas palavras e ensinamentos tu te fazes presente na nossa história humana.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Perdoai, ó Deus, nós vos pedimos, as culpas do vosso povo. E, na vossa bondade, desfazei os laços dos pecados que em nossa fraqueza cometemos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Meditando o evangelho
O TESTEMUNHO DAS OBRAS
As obras prodigiosas de Jesus deveriam ser suficientes para dar credibilidade às suas palavras. Todavia, seus adversários recusavam-se a acreditar nele, persistindo no seu intento de eliminá-lo. Reconheciam haver algo de incomum e inexplicável nas ações de Jesus. Mas concluíam: apesar de ser homem, ele estava querendo passar por Deus. Isto era uma blasfêmia insuportável.
As dificuldades de Jesus com seus adversários não provinham de suas palavras, mas de suas obras. Estas é que testemunhavam a seu favor e evidenciavam sua condição divina, rejeitada pelos adversários.
O testemunho das obras era sempre incômodo, porque não se podia facilmente negar. Quem fora curado por Jesus, não podia deixar de agradecê-lo. Quem fora perdoado de seu pecado e acolhido em sua fraqueza, mantinha viva e publicava a misericórdia do Mestre. Quem tivera sua fome saciada, não podia minimizar as dimensões do milagre.
Os adversários de Jesus, por conseguinte, estavam rodeados de testemunhos em favor dele. E todos apontavam na mesma direção: só Deus poderia realizar obras tão maravilhosas! Ao invés de render-se à evidência, estreitavam mais e mais sua rejeição a Jesus. Entretanto, não faltou quem se deixasse convencer pelas obras realizadas por Jesus, depositando nele sua fé.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Senhor Jesus, que o testemunho de tuas obras abra o meu coração para a fé!
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Ser Filho de Deus, a grande Blasfêmia
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Todas as ações de Jesus a favor do bem das pessoas incomodavam os Judeus, afinal ele brilhava mais do que os Doutores da LEI, Escribas e Fariseus, porque ensinava com autoridade, então, qualquer ação de Jesus era motivo para tentar condená-lo. A preocupação constante das lideranças religiosas era realmente fazer Jesus calar a boca, entretanto, havia algo que fazia toda aquela fúria dobrar-se... era quando Jesus se fazia Deus assumindo diante deles a sua Filiação Divina.
Naquelas cabeças duras e corações insensíveis, a ideia de um Deus feito homem, de um Deus entranhado na carne humana, era algo inconcebível, uma grande blasfêmia! Hoje, pelo modo com que o Ser humano é tratado, despojado de sua dignidade, violentado em seus direitos, massacrado e humilhado em sua dor e sofrimento, podemos dizer que, o homem não acredita que o seu irmão é Filho de Deus, não consegue crer em uma dignidade tão grande.
As obras que Jesus realizava eram incontestáveis, seu posicionamento a favor da vida, dos mais pequenos e dos miseráveis, dos impuros e excluídos, o fazia desprezível diante das lideranças religiosas que tinham no coração e na mente um outro Deus, uma outra verdade. e não queriam, trocar isso por nada desse mundo.
A religião do comodismo continua ainda hoje a ser uma grande tentação, quando nos deparamos com algum profeta corajoso e ousado que questiona a religião e o sentido de se viver na Fé, mexendo com as nossas estruturas espirituais e eclesiais, trememos na base e damos um jeitinho de fazê-lo calar a boca. A pregação de Jesus questionava e os fazia pensar e eles queriam uma pregação que anunciasse um missionário glorioso e vencedor. Eles bem que tentaram acabar com Jesus ali mesmo mais uma vez mais Jesus se retira imune para o deserto onde tudo havia começado com o Batismo e a pregação de João.
Nesta quaresma devemos também buscar o deserto onde Deus nos fala ao coração apontando-nos a missão e o caminho a ser seguido. Que nada desvie a nossa atenção e que não tenhamos medo de mudanças, mesmo que estas sejam bem no íntimo de nós...
2. Eu vos mostrei muitas obras boas da parte do Pai... - Jo 10,31-42
Querem prender e apedrejar Jesus, não pelas boas obras que fez, mas por dar a entender que é Deus como o Pai é Deus. Os judeus sabem que Jesus é um homem de Nazaré, por isso não compreendem que ele dê a entender que também é Deus. Querem apedrejá-lo pelo que chamam de blasfêmia. Por que não percebem os sinais que mostram Jesus no Pai e o Pai nele? Porque a fé é um dom que abre os olhos fechados por ideias preconcebidas e faz ver os sinais. Os sinais não podem ser vistos por quem já tem a rejeição elaborada na mente. É preciso ver com vontade de enxergar.
HOMILIA
JESUS E OS FARISEUS
Estamos chegando perto da Semana Santa, em que comemoramos e atualizamos a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Desde a quarta semana da quaresma, os textos dos evangelhos diários são tirados quase exclusivamente do Evangelho de João, dos capítulos que acentuam a tensão dramática entre, de um lado, a revelação progressiva que Jesus faz do mistério do Pai que o enche por inteiro e, de outro lado, o fechamento progressivo da parte dos judeus, que, se tornam cada vez mais impenetrável à mensagem de Jesus. O trágico deste fechamento é que ele é feito em nome da fidelidade a Deus. É em nome de Deus que eles rejeitam Jesus.
Esta maneira de João apresentar o conflito entre Jesus e as autoridade religiosas não é só algo que aconteceu no longínquo passado. É também um espelho que reflete o que acontece hoje. É em nome de Deus que algumas pessoas se transformam em bombas vivas e matam os outros. É em nome de Deus que nós, membros das três religiões do Deus de Abraão, judeus, cristãos e muçulmanos, nos condenamos e nos combatemos mutuamente, ao longo da história. É tão difícil e tão necessário o ecumenismo entre nós. Em nome de Deus foram feitas muitas barbaridades e continuam sendo feitas até hoje. A quaresma é um período importante para parar e perguntar qual a imagem de Deus que habita o meu ser?
Os judeus querem apedrejar Jesus. Os judeus apanham pedras para matar Jesus. Jesus pergunta: Por ordem do meu Pai, tenho feito muitas coisas boas na presença de vocês. Por qual delas vocês me querem apedrejar? A resposta: Não queremos te apedrejar por causa de boas obras, e sim por causa de uma blasfêmia: tu és apenas um homem, e te fazes passar por Deus. Querem matar Jesus por blasfêmia. A lei mandava apedrejar tais pessoas.
A Bíblia chama todos de Filhos de Deus. Eles querem matar Jesus porque ele se faz passar por Deus. Jesus responde em nome da mesma Lei de Deus: "Por acaso, não é na Lei de vocês que está escrito: 'Eu disse: vocês são deuses'? Ninguém pode anular a Escritura. Ora, a Lei chama de deuses as pessoas para as quais a palavra de Deus foi dirigida. O Pai me consagrou e me enviou ao mundo. Por que vocês me acusam de blasfêmia, se eu digo que sou Filho de Deus?”.
Estranhamente, Jesus diz a lei de vocês. Ele deveria dizer nossa lei. Por que ele fala assim? Aqui transparece novamente a ruptura trágica entre Judeus e Cristãos, dois irmãos, filhos do mesmo pai Abraão, que se tornaram inimigos irredutíveis a ponto de os cristãos dizerem a lei de vocês, como se não fosse mais nossa lei.
Ao menos acreditem nas obras que faço. Jesus torna a falar das obras que ele faz e que são a revelação do Pai. Se não faço as obras do Pai não precisam crer em mim. Mas se as faço, mesmo que vocês não acreditem em mim, acreditem ao menos nas obras, para que vocês possam chegar a perceber que o Pai está em mim e eu no pai. As mesmas palavras Jesus vai as pronunciar para os discípulos na última Ceia (Jo 14,10-11).
Novamente querem matá-lo, mas ele escapou das mãos deles. Não houve nenhum sinal de conversão. Eles continuam achando que Jesus é blasfemo e insistem em querer matá-lo. Não há futuro para Jesus. Sua morte está decretada, mas sua hora ainda não chegou. Jesus sai e atravessa o Jordão para o lugar onde João tinha batizado. Assim mostra a continuidade da sua missão com a missão de João. Ajudava o povo a perceber a linha da ação de Deus na história. O povo reconhece em Jesus aquele que João tinha anunciado.
Os judeus condenam Jesus em nome de Deus, em nome da imagem que eles têm de Deus. Já aconteceu eu condenar alguém em nome de Deus e depois descobrir que eu estava errado? Jesus se diz Filho de Deus. Quando eu professo no Credo que Jesus é o Filho de Deus, qual o conteúdo que eu coloco nesta minha profissão de fé?
Pai, reforça minha fé em Jesus, em cujas palavras e ensinamentos tu te fazes presente na nossa história humana.
Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
REFLEXÕES DE HOJE
SEXTA
HOMILIA DIÁRIA
Um Mistério de Amor acessível a todos
Postado por: homilia
março 22nd, 2013
Irmãos e irmãs, é muito interessante o contexto celebrativo, em que Nosso Senhor Jesus Cristo se comunica em Jo 10, 31-42. Aconteceu que o rei Antíoco IV Epífanes (cf. 1 Mc 4,36-59; 2 Mc 10,1-10) promoveu uma profanação do Templo, e a chamada “Festa da Dedicação” fazia memória da reconsagração do Templo por volta de 164 a.C. Portanto, respirava-se um clima festivo de reconquista e consagração.
Por tudo isso, um justo motivo de uma grande festa judaica. Convém também lembrar que os cristãos da Comunidade joanina estavam diante de um Evangelho escrito posteriormente à destruição definitiva do Templo de Jerusalém (70 d.C.), por ocasião da invasão do exército romano. Realidade prevista por Cristo, e não desejada, como testemunha o Santo Evangelho: «Quando Jesus se aproximou de Jerusalém e viu a cidade, começou a chorar. E disse: “Se tu também compreendesses hoje o que te pode trazer a paz! Agora, porém, está escondido aos teus olhos! Dias virão em que os inimigos farão trincheiras, te sitiarão e te apertarão de todos os lados. Esmagarão a ti e a teus filhos, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não reconheceste o tempo em que foste visitada» (Lc 19, 41-44).
Palavra realista de um Deus apaixonado, que não podia impor a Sua vontade e nem a Verdade! Mas também uma revelação que serve de alerta para a responsabilidade humana e suas consequências perante as indispensáveis visitas de Deus na história pessoal e universal. Ele que continua a agraciar o povo amado de Deus e revelou-se como Deus Uno e Trino: «Eu e o Pai somos um» (Jo 10, 30).
Jesus Cristo, um com o Pai, no Espírito Santo! Ele é a manifestação do Mistério do Deus Triúno pelo seu ser, agir e falar, mas que espera uma resposta de fé e adesão igualmente livre: «Se não faço as obras de meu Pai, não acrediteis em mim. Mas, se eu as faço, mesmo que não queirais crer em mim, crede nas minhas obras para que saibais e reconheceis que o pai está em mim e eu no Pai» (vv. 37-38).
Assim Jesus se revela como sendo maior do que o venerável Templo, ainda que o Senhor não o despreze. Ele se apresenta como o Dedicado e o Consagrado por excelência do Pai, que O enviou para obras de Salvação. E caso O quisessem destruir (matar), como de fato tentaram e conseguiram, a Sua palavra e poder é quem dará sempre a última palavra, pois ela é definitiva, e não a ignorância e maldade humana: «Destruí vós este templo e em três dias eu o reerguerei» (Jo 2, 19).
Com outra palavra de vida eterna, Jesus Pascal iluminou também a Semana Santa que se aproxima: «Ninguém me tira a vida, mas eu a dou por própria vontade. Eu tenho poder de dá-la, como tenho poder de recebê-la de novo. Tal é o encargo que recebi do meu Pai» (Jo 10, 18).
Na proximidade da Solenidade das solenidades – a Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo – somos convidados a um mergulho no Amor encarnado e crucificado, que venceu o mal e a morte, reconquistando gratuitamente para nós a nossa comunhão com Deus e entre nós. O único Redentor do gênero humano consagrou-nos na Verdade que liberta (cf. Jo 17), isto pela Sua oração, graça e Santo Batismo; também pelos méritos infinitos mereceu-nos a participação numa festa eterna, atualizada, prefigurada e antecipada por obra do Espírito Santo.
Realidades e possibilidades que nos convidam a uma participação ativa e frutuosa na Sagrada Liturgia da Igreja, principalmente neste tempo forte que se aproxima. Por isso, desde já, tenhamos uma Santa Semana em torno do Mistério do Amor Pascal e não meçamos esforços para tomarmos posse das graças alcançadas por Quem não mediu esforços para nos salvar! Santa Páscoa!
Padre Fernando Santamaria – Comunidade Canção Nova
HOMILIA DIÁRIA
Que Deus tire do nosso coração todo sentimento de injustiça!
Que Deus, nesta semana tão santa que se aproxima, possa tirar do nosso coração todo esse sentimento de justiceiros que temos dentro de nós!
“Não percebeis que é melhor um só morrer pelo povo do que perecer a nação inteira?” (João 11,50).
Sabem, meus irmãos, quando nós, hoje, olhamos para Jesus rejeitado, incompreendido, desprezado, sentenciado e condenado à morte, Ele representa, no meio de nós, todos aqueles que são injustamente condenados, sem direito a responder, sem direito a ter defesa, sem ter ninguém que fale por eles.
Nós, muitas vezes, cometemos essas injustiças também, quando nós não ouvimos a pessoa e simplesmente já a condenamos e já criamos sentenças contra ela! Quantas vezes, nós formamos tribunais em nossas casas e famílias; verdadeiros sinédrios, como este de Caifás, que se reuniu para julgar o Senhor, que estava sem nenhum direito de defesa, somente de acusação.
Que Deus, nesta semana tão santa que se aproxima, possa tirar do nosso coração todo esse sentimento de sermos justiceiros, que, muitas vezes, temos dentro de nós; todos os julgamentos injustos que já fizemos na vida, todas as pessoas que já condenamos e que já levantamos sentenças contra elas.
Quando alguém difama o outro, ele acaba com a reputação dessa pessoa e tira-lhe o direito de ter a verdade do seu lado. Nós, muitas vezes, ouvimos a primeira pessoa que nos traz uma injustiça, uma mentira a respeito de alguém e nós acreditamos nela por ingenuidade, por não gostar daquela outra pessoa, por pura imaturidade e, algumas vezes, até por maldade.
Hoje nós queremos pedir perdão a Deus pelas nossas sentenças injustas, pelos nossos julgamentos, pelos nossos tribunais e pelos sinédrios que fazemos ao redor de nós, para julgar, condenar e sermos, muitas vezes, injustos com as pessoas.
Que nós não tenhamos nunca mais a atitude de Caifás e dos sumos sacerdotes daquela época, que simplesmente quiseram eliminar Jesus sem ouvir as verdadeiras causas [de desejarem matá-Lo]. Que não condenemos mais ninguém injustamente, que não coloquemos mais peso sobre os ombros de ninguém, pois, todas as vezes em que o fazemos, nós o fazemos com o próprio Jesus!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
HOMILIA DIÁRIA
Abramos o coração para a verdade transformadora de Jesus
“Os judeus pegaram pedras para apedrejar Jesus. E ele lhes disse: ‘Por ordem do Pai, mostrei-vos muitas obras boas. Por qual delas me quereis apedrejar?’” (João 10,31-32).
Jesus nos mostra, a cada dia, todas as obras boas do Pai, que estão esquecidas e deixadas de lado. Todas as obras que o Pai criou – o mundo, o universo… – estão sendo apedrejadas e, muitas vezes, saqueadas por aqueles a quem foi dada a missão de cuidar, que é o ser humano, cada um de nós.
Alguns daqueles que faziam parte do grupo dos judeus uniram-se aos poderosos e religiosos que eram contrários à verdade de Jesus, aqueles não se abriram para aquilo que o Senhor trouxe. Queriam eliminá-Lo, apedrejá-Lo, matá-Lo e calá-Lo.
As obras de Deus não podem ser caladas, a voz do Pai não pode ser calada. As obras de Deus estão gritando, a natureza está gritando, o universo está clamando, a vida está clamando, a voz do Cristo Jesus, Aquele que é a voz do Pai, a Palavra eterna do Pai, está clamando no meio de nós.
Não podemos calar a Palavra, mas podemos a ignorar como muitos fizeram, como muitos fazem ou como nós fazemos também quando não queremos dar ouvidos, quando não queremos ser corrigidos, admoestados nem formados. Nós ignoramos, calamos, silenciamos, quando também apedrejamos, renunciamos e não queremos nos abrir para a verdade.
Jesus está sendo rejeitado por aqueles que não se abriram para a verdade libertadora e transformadora de Deus no meio de nós. Eram pessoas religiosas como nós, e que, muitas vezes, nos orgulhamos por sermos pessoas religiosas, por frequentarmos uma Igreja, por fazermos parte de uma religião e julgarmos aqueles que não a têm, que não frequentam a Igreja.
Nós não somos a verdade, e ela não está em nós. A verdade é só Jesus
Estamos fazendo, muitas vezes, o que fizeram com Jesus, jogando pedras uns nos outros, querendo apedrejar quem não pensa como nós, quem não comunga do nosso pensamento, quem não faz parte da nossa escola, quem não segue nossas orientações, quem não vive a fé do jeito que vivemos, quem não comunga como queremos comungar, quem não vive as coisas do jeito que nós cremos.
Queremos impor o nosso ponto de vista como se ele fosse a verdade, quando a verdade não somos nós nem está em nós. A verdade é só Jesus.
A verdade só há de prevalecer no mundo quando nos calarmos diante da presença de Jesus, para que Ele fale.
As pessoas têm falado muita coisa de Jesus que Ele não falou; elas têm falado muitas coisas em nome de Jesus, que Ele não autorizou; têm usado o nome de Jesus para promover guerras, conflitos e tantas outras coisas.
Precisamos nos calar para deixarmos Jesus falar, senão, as nossas ações serão as mesmas, e estaremos apedrejando uns aos outros.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
HOMILIA DIÁRIA
Os verdadeiros discípulos escutam uns aos outros
“Naquele tempo, os judeus pegaram pedras para apedrejar Jesus. E ele lhes disse: ‘Por ordem do Pai, mostrei-vos muitas obras boas. Por qual delas me quereis apedrejar?’” (João 10,31-32).
Olhemos para a atitude grosseira daquele grupo de judeus que pegaram em pedras para jogar sobre Jesus. Quero acreditar que seja uma atitude que provenha da ignorância e da maldade porque aquele grupo se opôs; e o jeito de eliminar quem não concordam, quem não gostam é apedrejando.
Os tempos se passaram e os homens continuam atirando pedras uns nos outros, os tempos passaram e agora os cristãos pegam pedras para atirar nos outros cristãos. Quando não fazem com a pedra física, fazem com argumentos, falácias, palavras grosseiras, o fazem de diversas maneiras; usam os espaços para lançarem suas artilharias, os espaços nas redes sociais, onde cada um pode se esconder como pode e ali usam da artimanha de jogar pedras uns nos outros. Veja que essa atitude nunca foi e nunca será dos verdadeiros discípulos de Jesus.
Os discípulos de Jesus não atiram pedras nos outros, eles sabem primeiro escutar
Os verdadeiros discípulos de Jesus foram apedrejados como Estevão foi, morreu apedrejado, como muitos dos discípulos foram. Na história da humanidade nunca os verdadeiros discípulos de Jesus apedrejaram os outros, mas muitos morreram apedrejados, mártires, por amor a Jesus.
Hoje, precisamos realmente rever a quem seguimos, de quem somos discípulos. Os discípulos de Jesus não atiram pedras, mas as recolhem para construir pontes. Os que não seguem verdadeiramente Jesus pegam as pedras para atirarem ou para criarem muros de separação, de divisão, onde se colocam, onde se sentem melhores do que os outros ou têm que se afastarem. “Esse não pensa como eu”, “Não reza como eu”, “Não faz as obras que faço, então, tenho que me separar”.
Os discípulos de Jesus não atiram pedras nos outros, eles sabem primeiro escutar, não são de acusar, são sempre acusados, escutam e seguem o Mestre Jesus onde quer que Ele vá. O Mestre Jesus vai para a cruz, e é na cruz que se realiza e que se encontram os verdadeiros seguidores do Mestre Jesus.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Oração Final
Pai Santo, que o teu Espírito em nós conforme a nossa consciência de filhos teus, muito amados e, com essa força, a certeza de que somos irmãos da humanidade, sem exclusões ou privilégios. Assim aprendemos com o Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, que enviaste teu Filho Unigênito para nos libertar das amarras do pecado, infunde em nós o teu Espírito para sermos seguidores fiéis do Caminho de Jesus, proclamando a chegada do teu Reino de Amor, e por tudo dando graças. Pelo mesmo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai, que és a nossa Fonte de Luz, envia o teu Espírito sobre nós para compreendermos as lições que nos foram deixadas pelo teu Filho Unigênito. Que tenhamos a sabedoria de aceitar que Tu, misericordioso e amado Pai, desejas habitar o nosso coração – pois escolheste morar em nós, aqui-e-agora, e não seres rejeitado para tempos futuros e lugares distantes. Pelo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.