ANO C
Mc 10,1-12
Comentário do Evangelho
Jesus põe homem e mulher em pé de igualdade.
Trata-se de um “diálogo didático”, destinado a ensinar os discípulos a procederem em conformidade com os ensinamentos de Jesus.
A questão levantada é a do repúdio da mulher pelo homem. A má intenção da questão é apresentada: “para experimentá-lo” (v. 2). Num primeiro momento, Jesus remete-os à Lei de Moisés (cf. v. 3; ver Dt 24,1-3). No entanto, à Lei de Moisés, Jesus opõe o projeto original de Deus (cf. Gn 1,27; 2,24; 5,2), dando prioridade ao que é da ordem da criação e, de certo modo, desautorizando a aplicação da Lei mosaica para esse caso.
Para concluir, como é próprio desses diálogos didáticos, Jesus dá a norma que o discípulo deve observar: “Quem despede sua mulher e se casa com outra, comete adultério contra a primeira. E se uma mulher despede o seu marido e se casa com outro, comete adultério também” (vv. 11-12). Jesus põe homem e mulher em pé de igualdade e condições.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, que os casais cristãos, unidos pelo sacramento do matrimônio, saibam reconhecer e realizar o mistério de comunhão que os chama a viver.
Fonte: Paulinas em 24/05/2013
Vivendo a Palavra
Como na leitura, também o Evangelho mostra de que forma o Mandamento Novo do Amor, trazido por Jesus de Nazaré, transformou a letra da Lei Antiga, de Moisés. Não se trata mais de cumprir itens de regulamentos, mas de viver integralmente a fraternidade, que é consequência da nossa filiação divina.
Fonte: Arquidiocese BH em 24/05/2013
VIVENDO A PALAVRA
O Mestre reafirma – aos fariseus que lhe questionavam e, em seguida, a seus discípulos –, que promessas feitas diante do Pai exigem cumprimento fiel. O Evangelho mostra de que forma o Mandamento Novo, trazido por Jesus de Nazaré, transformou a letra da Lei Antiga, de Moisés e dos sacerdotes do Templo. Não se trata mais de cumprir um regulamento, mas de viver o Amor, em consequência da nossa filiação divina.
Reflexão
A nossa vida é condicionada por leis que os homens fizeram, às quais nós devemos nos submeter para viver na legalidade. Porém, devemos ter consciência do fato de que, nem tudo o que é legal, é justo, no sentido pleno da palavra. Podemos citar alguns exemplos como a questão dos juros: é legal para o banco pagar menos de 1% ao mês para cadernetas de poupança e cobrar mais de 10% ao mês por empréstimos que realiza. É legal na sociedade brasileira o divórcio que, perante os olhos de Deus, não conduz o homem à justiça, mas sim ao pecado e à morte, pois desrespeita compromissos e direitos de cônjuges, filhos, da comunidade eclesial e da própria sociedade.
Fonte: CNBB em 24/05/2013
Reflexão
Jesus ensina às multidões e aos discípulos. O tema recai sobre o divórcio. A lei de Moisés (Dt 24,1-3) concedia vantagem ao homem em prejuízo da mulher. Repudiar (mandar embora a mulher) significava que o homem podia despedir sua mulher por qualquer motivo, sem explicações. Expressava a superioridade do homem e seu domínio sobre a mulher. Jesus esclarece por que Moisés deu esse preceito: “por causa da dureza do coração de vocês”, e ao mesmo tempo mostra o projeto original de Deus, afirmando claramente a igualdade de homem e mulher. Este é o ideal do matrimônio: realiza uma identificação que exclui o domínio. “Já não serão dois, mas uma só carne”. A simples decisão de um dos cônjuges não basta para anular o vínculo criado no casal. “O que Deus uniu, o homem não separe”.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)
Meditando o evangelho
DENUNCIANDO UMA INJUSTIÇA
Ao exprimir seu pensamento a respeito do matrimônio, Jesus denunciava uma injustiça cometida contra as mulheres, procurando prevenir seus discípulos a não praticá-la.
A Lei mosaica era explícita no tocante ao divórcio. Lê-se no Deuteronômio: "Quando um homem se casa com uma mulher e consuma o matrimônio, se depois ele não gosta mais dela, por ter visto nela alguma coisa inconveniente, escreva para ela um documento de divórcio e o entregue a ela, deixando-a sair de casa, em liberdade". A Lei previa o caso de sucessivos repúdios da mulher. Portanto, ela ficava sob a tutela do marido e dependia de seu humor. Bastava um pequeno deslize, ou algo que desagradasse o marido, para ser repudiada. Uma situação de evidente injustiça, no parecer de Jesus, com a qual não podia pactuar.
Por isso, ele saiu em defesa das mulheres com dois argumentos. O primeiro referia-se ao questionamento da Lei. O divórcio consistia numa espécie de concessão divina à mesquinhez humana. Não podendo suportar algo superior, Deus se contentava em permitir aos homens algo inferior. Mas Jesus estava ali para defender a verdadeira vontade divina. O segundo consistiu em mostrar que o divórcio é impossível, considerando o texto bíblico que lhe serve de fundamento. Se marido e mulher formam uma só carne, como é possível falar em divórcio? Repudiando a mulher, o homem desfazia-se de uma parte de si mesmo.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Pai, que os casais cristãos, unidos pelo sacramento do matrimônio, saibam reconhecer e realizar o mistério de comunhão que os chama a viver.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. QUE O HOMEM NÃO SEPARE...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Não há quem não goste de originalidade, é assim no mundo das artes e no processo de produção principalmente no ramo de autopeças. Peça original custa mais caro, justamente porque é original. Nas artes há o direito autoral, que visa assegurar entre outras coisas que a obra não será descaracterizada, pois caso isso venha a ocorrer, ela se torna uma falsificação e perde o seu valor.
Sobre a importância de uma peça original em um veículo, por exemplo, nem é preciso argumentar sobre a qualidade e o desempenho, além da sua vida útil, que é bem maior quando a mesma é original.
Nos anos 70, durante a “febre” dos produtos importados, quando se queria desdenhar do objeto de alguém, a gente dizia de maneira irônica que aquele objeto era do Paraguai, isso significava falsificado.
Fiz essa introdução porque me parece ser esta a “queixa” de Jesus em relação a Lei do divórcio, que tinha um embasamento religioso “no princípio Deus os fez Homem e Mulher, e o homem deixará pai e mãe, se unirá à sua mulher e os dois serão uma só carne”.
O texto é uma denúncia explícita sobre a “falsificação” que os homens fizeram da união do homem e da mulher, idealizada pelo Criador. Ás vezes deparo com casais em segunda união, cuja primeira fui eu quem assisti em nome da Igreja, que fazem questão de dizer que agora sim, são felizes. Na misericórdia ensinada por Jesus, não nos deve faltar a compreensão, mas lá no fundo eu volto aos meus tempos de jovem e digo para mim mesmo “É do Paraguai, não tem nada de original”.
Uma lei, mesmo de caráter religioso como era a Lei de Moisés, nunca poderá permitir a separação do casal, porque vai contra o Plano do Criador ao falsificar sua obra prima, tirando dela o seu traço mais original: o amor ágape, da entrega e doação um ao outro, do amor que busca o bem e a felicidade do outro, do amor capaz de renunciar-se a si mesmo, do amor que sabe ser fiel sem que isso represente um peso insuportável, do amor que busca constantemente o diálogo, a compreensão, o perdão, do amor que se alegra, que é sempre caridoso e compassivo. Essas virtudes fazem da união conjugal o sinal mais evidente do amor de Deus.
Na obra da criação nada há mais perfeito que o homem e a mulher, pois os rios, florestas, montanhas e planícies, na sua beleza e esplendor falam-nos de Deus, mas nunca serão à sua imagem e semelhança por isso, na criação do homem e da mulher, toda a obra da Criação é exaltada e atinge o seu cume.
Homem e mulher formam uma unidade perfeita, só comparável a união de Cristo e da sua Igreja, como ensina o Apóstolo Paulo. O próprio homem reconhece essa perfeição quando exclama, diante da mulher “Essa sim é osso dos meus ossos e carne da minha carne”. Jesus não só confirma a legitimidade e autenticidade dessa união, como a coloca em nível de sacramento, tornando-a um sinal do Amor de Deus. Ninguém em sã consciência faltará ao respeito para com o Pavilhão Nacional, mesmo porque se for feito em público, o transgressor sofrerá punição da Lei, é isso que Jesus coloca como exortação a todos – Por isso o Homem não separe aquilo que Deus uniu.
Os discípulos não entenderam toda a magnitude da comunhão de vida entre o homem e a mulher, e em casa falaram reservadamente ao Mestre. Jesus vai então deixar bem claro “O homem que deixar sua mulher e se unir à outra, cometerá adultério contra a primeira, e se a mulher repudia o marido e se casa com outro, comete adultério”.
Que nunca falte de nossa parte enquanto Igreja, a misericórdia e o acolhimento a tantos recasados, mas que também não falte a eles, a humildade de reconhecer que romperam um vínculo sagrado, preferindo falsificar uma união, porque não acreditaram no poder e na força da Graça que um dia receberam no altar, quando manifestaram diante de Deus a decisão de viver juntos a vida inteira.
2. UMA MUDANÇA DE MENTALIDADE
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
O Reino anunciado por Jesus visava restabelecer entre os seres humanos as relações primitivamente queridas por Deus. O pecado havia contaminado a humanidade, pervertendo-lhe as relações. Era preciso reverter este quadro em todos os níveis.
No âmbito familiar, era preciso superar a mentalidade divorcista, onde o marido se sobrepunha à esposa, podendo despedi-la quando lhe conviesse. A situação da esposa, nestas circunstâncias, era de grande instabilidade. Ela jamais podia estar certa da profundidade dos laços matrimoniais. Por qualquer motivo, o marido tinha o direito de despedi-la.
Jesus foi buscar nas primeiras páginas das Escrituras o pensamento de Deus a respeito do matrimônio, anterior à Lei mosaica divorcista. O homem e a mulher foram criados em vista do matrimônio que os uniria de modo tão profundo, a ponto de fazer dos dois uma só carne. Trata-se de uma união espiritual onde os esposos se mútuo assumem, fazendo suas existências se interpenetrarem inseparavelmente. Só Deus pode ser o autor da união conjugal, assim entendida. E, quando Deus une, nenhum ser humano pode se arvorar o direito de desfazer sua obra. Deus une para sempre.
Quem adere ao Reino é chamado a refazer seus esquemas mentais. E não se deixar levar pela dureza de coração, mas sim pelos desígnios de Deus.
Oração
Senhor Jesus, leva-me a ter o mesmo pensar do Pai e a refazer meus esquemas mentais contaminados pelo pecado.
Fonte: NPD Brasil em 24/05/2013
HOMILIA DIÁRIA
O segredo do amor divino esconde-se no sacramento do matrimônio
O casamento pode ser vivido na santidade desde que o casal veja o matrimônio como Deus o vê.
“No entanto, desde o começo da criação, Deus os fez homem e mulher. Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e os dois serão uma só carne. Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe!” (Mc 10,6-9)
Uma das lições mais claras do Evangelho está no princípio da criação. Deus criou o homem e a mulher. Ele criou o homem para que este fosse todo da mulher; e a mulher para que esta fosse inteira do homem. Essa união é sagrada, maravilhosa! Quando o homem que se entrega para a mulher e ela se entrega para o homem, essa união recebe o nome de “sagramento do matrimônio”, uma união única, indissolúvel, na qual o casal é separado somente pela morte, no sentido sacramental da palavra.
É verdade que viver esse mistério amoroso nunca foi fácil. No sacramento do matrimônio esconde-se o segredo do amor divino. Cristo irá, depois, comparar a união do homem com a mulher à união de Cristo com a Igreja, ou seja, uma união mística, profunda, inteira, que envolve o ser humano por completo. As dificuldades para se viver um matrimônio, segundo a vontade de Deus, são inúmeras e as tentações são diversas.
No início, as motivações são as melhores: paixão, amor e ternura, mas, depois, o casamento é vivido no dia a dia, com os sacrifícios, as lutas, as minúcias. Isso torna para muitos homens e mulheres algo impossível de se colocar em prática. No entanto, o que é impossível aos homens é possível a Deus. O casamento pode ser vivido na santidade, todos os dias, até o último dia, desde que você e seu parceiro vejam o matrimônio como Deus o vê.
Se vocês têm a capacidade de viver o sacrifício, a doção de si mesmo em favor do outro, o matrimônio pode tornar-se uma realidade, mas aprenda: nunca foi fácil e nunca o será para ninguém viver essa linda realidade do sacramento matrimonial.
Não sei em que fase se encontra o seu casamento nem as dificuldades que você encontra para vivê-lo, mas, se você crê na Palavra de Deus, ela lhe dará força para, dia a dia, colocar em prática esse mandamento de Jesus. Quando suas forças começarem a fraquejar, confie na Palavra do Senhor, pois ela faz nova todas as coisas. Você está em um ponto em que pensa: “Eu não dou mais conta!”, mas busque a luz de Deus, busque a força do Senhor, porque Ele tem a graça e a luz para o seu casamento.
Não queira viver como nas novelas, nos filmes ou como um vizinho e uma vizinha que não conhecem Deus. Queira viver um matrimônio segundo a força da Palavra e segundo a vontade do Senhor. É o próprio Deus quem vos dará a graça de viver a união conjugal apesar de todas as dificuldades que ela possa ter.
Deus abençoe você.
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 24/05/2013
Oração Final
Pai Santo, que nos fazendo teus filhos nos fizeste irmãos da humanidade, dá-nos discernimento, generosidade e coragem para vivermos fraternalmente com todos os homens e mulheres que colocaste ao nosso lado na caminhada por este planeta encantado. Por Jesus Cristo, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 24/05/2013
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, que nos fazendo teus filhos nos fizeste irmãos da humanidade, dá-nos discernimento, generosidade e coragem para vivermos fraternalmente com todos os homens e mulheres que colocaste ao nosso lado na caminhada por este planeta encantador e abençoado. Por Jesus Cristo, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.