ANO C
Lc 14,15-24
Comentário do Evangelho
Deus nos convida a participar de sua própria vida.
Tudo acontece durante uma refeição na casa de um dos chefes dos fariseus. A parábola que Jesus conta é motivada pela exclamação de um dos convivas: “Feliz de quem come o pão no Reino de Deus!” (v. 15). Em primeiro lugar o banquete, símbolo do Reino de Deus, é oferecido, é dado; em segundo lugar, as pessoas são convidadas para o banquete; aos convidados cabe aceitarem ou não o convite. O servo que repetidas vezes sai para chamar os convidados é a imagem dos servos de Deus que, em todos os tempos, por mandato do Senhor, chamam as pessoas a participar da sua própria vida e gozar de sua intimidade. Os que se recusam a participar do banquete são a imagem da resistência em entrar no dinamismo do mistério salvífico de Deus e, em última instância, da rejeição daquele que, assumindo a nossa humanidade, abriu-nos as portas da sala do banquete, em que ele mesmo se oferece como alimento.
Carlos Albero Contieri, sj
Oração
Pai, tu me convidas cada dia para participar das alegrias de teu Reino. Que eu saiba acolher teu convite paterno, fazendo-me solidário com os pobres e os deserdados deste mundo.
Vivendo a Palavra
Talvez não sejamos os convidados da primeira hora. Os servos do Patrão nos encontraram pelas estradas. Mas fomos chamados para o banquete no Reino de Deus. Qual está sendo a desculpa para adiar nosso sim ao convite do Pai? Que tipo de tesouro está nos seduzindo? Estamos a caminho do abraço prometido e tão esperado?
VIVENDO A PALAVRA
Talvez não sejamos os convidados da primeira hora. Os servos do Patrão nos encontraram pelas estradas da vida. Mas, com certeza, nós fomos chamados para o banquete no Reino de Deus. Qual está sendo a desculpa para adiar nosso sim ao convite do Pai? Que tipo de tesouro está nos seduzindo? Estamos a caminho do abraço Paternal prometido e tão esperado?
Reflexão
Todas as pessoas são convidadas para participar do banquete do Reino de Deus, porém nem todos respondem a esse convite de modo positivo. Por que? Porque existem muitos interesses em jogo e a maioria das pessoas não coloca Deus em primeiro lugar na sua vida, de modo outros valores passam a ter maior importância para ela. Porém aquelas pessoas que nada possuem, os desvalidos e excluídos deste mundo, são os primeiros a reconhecer a importância do Reino de Deus em suas vidas e sempre respondem de forma positiva ao convite que lhes é feito por Deus. Por isso, os pequenos estão sempre presentes no banquete do Reino dos céus.
Reflexão
O banquete é o Reino. O convite ao banquete é o convite à prática da justiça. Os convidados são os fariseus, e junto com eles, todos os apegados aos bens materiais. Arrumam desculpas ou buscam outros interesses e desconsideram a mensagem e as obras de Jesus. O dono se decepciona, mas não cancela o banquete. Convida, então, duas categorias de marginalizados. Antes de tudo, os que moram na cidade: pobres, aleijados, cegos, coxos, desempregados, enfim todos os que estão excluídos da vida social. A estes a instituição rejeita como indignos. Depois, visto que ainda há lugar, convida os que estão fora da cidade, isto é, todos os estrangeiros, em todos os tempos e lugares do mundo. Deus oferece os seus dons a todos. É o ser humano quem recusa aceitar.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)
Recadinho
É fácil arrumar desculpas razoáveis para não participar? - Em nossas comunidades há muita generosidade quando se trata de participar? - Que lugar ocupa o banquete da Eucaristia em nossa vida? - E o alimento da Palavra de Deus tem prioridade em nosso coração? - E o convite que Deus nos faz à solidariedade para com o próximo?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Meditando o evangelho
ESTÁ TUDO PRONTO!
A participação na salvação oferecida à humanidade é iniciativa de Deus, que convida e motiva cada ser humano. Entretanto, nada se resolve sem a livre decisão de quem é convidado e se empenha em dizer "sim".
Na parábola, muitos convidados recusam-se a acolher o convite do Pai. Apesar da deferência: o banquete é para eles; da gentileza: o senhor manda convidá-los pessoalmente; e da expectativa de que venham, eles se recusam a comparecer. Eram todos ricos: proprietários de terras, pecuaristas, gente de condição social. Cada qual apresentou sua justificativa. Não estavam interessados em participar do banquete. Por isso, se auto-excluíram.
Diante da recusa dos ricos, as atenções voltaram-se para os pobres, aleijados, cegos e coxos. A sala do banquete ficou repleta deles. Foi uma reviravolta formidável!
Quem está demasiadamente preocupado com seus afazeres e propriedades, falta-lhe tempo para as exigências do Reino, mas também pode ver-se definitivamente excluído dele. É impossível salvá-lo contra sua própria vontade. Só quem se torna pobre, tendo o coração desapegado dos bens materiais e sempre disponível para Deus, terá a alegria da salvação. A riqueza polariza de tal modo o coração humano, a ponto de torná-lo surdo aos apelos divinos. Já a pobreza predispõe-no a estar sempre atento, e assim poder atender, sem demora, o convite do Senhor.
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total).
Oração
Espírito de liberdade diante dos bens, predispõe-me para atender prontamente o convite do Senhor, com um coração de pobre.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Estou ocupado... Tente mais tarde...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Comprei um terreno... Comprei cinco juntas de bois... Comprar, consumir, TER... Até parece que os dois primeiros convidados especiais para a grande ceia, eram da pós-modernidade, que não têm tempo para mais nada, a não ser trabalhar, negociar, produzir, comprar, adquirir. Parece mesmo, que o sentido da vida está apenas nessas coisas... Agenda repleta, seminários, cursos, palestras, reuniões, encontros, planejamentos, e ninguém se pergunta o por que de tudo isso, qual o sentido de se viver, de estar vivo e se relacionar com as pessoas?
Deus faz um convite a cada homem para uma ceia, porque tem algo especial para lhe falar, tem algo a lhe oferecer, e que está acima de todas essas coisas, quer mostrar-lhe o sentido da vida, a razão do existir, quer mostrar-lhe a importância do SER, quer que o homem o conheça de perto e experimente seu amor e sua graça, mas, o homem está muito ocupado e vai prorrogando a sua experiência com Deus presente em Jesus Cristo, sente algo dentro de si, parece que Deus insiste em lhe dizer algo, mas vai empurrando com a barriga, não quer parar para pensar, e nem pode, precisa produzir e consumir para ser feliz.
Esses convidados chegaram até a pedir desculpas, tentando justificar a recusa ao convite. É o homem da pós-modernidade, adepto do Neo-ateísmo, em seu diálogo com esse Ser Transcendente, que ele ainda não conhece "Olha, Desculpa Senhor, eu sei que o Senhor existe, mas na minha vida não há espaço para o Senhor, tenho que estudar, trabalhar, produzir, consumir, eu sou muito especial e importante, para gastar o meu precioso tempo com religião, Igreja, comunidade....imagine eu, perder meu domingão para ir no banquete da sua Palavra e da Eucaristia...", banquete eu faço em fins de semana, com comida que me encha o estômago e me deixe satisfeito.
Já os pobres, aleijados, cegos e coxos, que faziam pontos nas esquinas e becos, nas quebradas da vida, uma gentalha desqualificada, considerada impura, que nem no templo podia entrar, e estavam longe do Deus de Israel e da sua Salvação, justamente por não serem importantes, estavam sempre com a "Agenda Livre" , e como nunca tinham sido convidados para nada, pela condição inferior, moralmente e socialmente falando, ficaram surpresos e muito felizes com aquele convite inesperado, que aceitaram de imediato sem nenhuma restrição e sendo numerosos, encheram a casa do Homem que estava oferecendo o banquete...
Essa casa é precisamente o coração de Deus, que em Jesus escancarou-se para o homem nele poder entrar e tornar-se íntimo de Deus, em uma vida de comunhão e amor, que começa nesta vida e que se eternizará um dia...
Os muito importantes e eternamente ocupados, inclusive em nossas comunidades, sempre correm o risco de recusar o convite, porque tão ocupados estão em seus trabalhos, que não têm tempo de curtirem Deus na sua intimidade que ele nos oferece em Jesus, em um amor que nos forma, nos modela e nos transforma na relação com o próximo e a espiritualidade é precisamente esse canal sempre aberto para essa maravilhosa experiência, profunda e transformadora.
Nossa relação com o próximo é intensa e profunda, ou estamos muito ocupados para se relacionar com as pessoas?
2. Vinde, o banquete está pronto! - Lc 14,15-24
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)
Os convidados que não quiseram participar do banquete não imaginavam que seus lugares seriam ocupados por outras pessoas, e que o banquete aconteceria mesmo sem eles. O banquete é figura da vida eterna. Os convidados da primeira hora são os judeus. Os das encruzilhadas, gente de todo tipo, são os cristãos. Hoje, a pequena história se aplica a cristãos e não cristãos. Todos podem procurar justificativas para não participar da festa. Se a rejeição for consciente, estarão dizendo que não querem sentar-se à mesa com Deus e seus santos na eternidade. Se for por ignorância, alguém a quem deram de comer ou de beber encontrará um jeito de abrir as portas do céu para eles.
Liturgia comentada
Comprei um campo... (Lc 14,15-24)
Nada de errado em comprar um campo. Absolutamente. Compra-se um campo para trabalhar a terra, plantar e colher. Com isso, criamos vagas para os desempregados, produzimos alimentos que matarão a fome de muitos. Contribuímos para o progresso da sociedade. Mas...
Sim, tudo tem um “mas”. Talvez o tal campo se transforme na razão última de nossa vida, ocupando-nos de tal modo que tudo o mais perde valor: amigos, família, o próprio Deus. Neste caso, nosso campo se mudou em ídolo: cobra de nós além do que seria legítimo, tirando nossa liberdade e transformando-nos em autênticos escravos.
A parábola de Jesus fala de “coisas boas” que acabaram por encher o coração humano a tal ponto que, quando veio o inestimável convite do Senhor, foram usadas como desculpas para recusá-lo. Desde os profetas antigos, o banquete é símbolo dos tempos messiânicos, quando nos tornamos convivas na mesa de Deus. No extremo da Escritura, o Apocalipse, o anjo manda que João anote: “Felizes os convidados ao banquete das núpcias do Cordeiro!” (Cf. Ap 19,9.) Convidar alguém para sua mesa é gesto que honra o convidado, além de manifestar evidente desejo de intimidade.
A parábola mostra duas “fases”: a recusa dos escolhidos e sua troca pelos desclassificados. Nos dois grupos, os Padres da Igreja viram respectivamente os judeus daquele tempo (o Povo escolhido) e os gentios (os que não eram povo), aos quais o Evangelho foi pregado quando os primeiros se recusaram a ouvi-lo.Os hebreus eram a menina dos olhos do Senhor: para eles concedera “a adoção e a glória, as alianças e a Lei, o culto e as promessas” (cf. Rm 9,4). No entanto, quando veio o Messias, não o reconheceram, mas o condenaram à cruz. À primeira vista, tinham muito a perder ao aceitar o convite. Era preciso abrir mão de enorme tesouro que parecia ameaçado pela novidade de Cristo.
Não é diferente conosco. Quando o Senhor nos chama, é possível que nos deixemos iludir – especialmente os mais jovens - por uma sensação de perda: “Que é que Deus vai tomar de mim?” Como se ele não fosse o Senhor de tudo e nada lhe faltasse... Ao abraçar a Irmã Pobreza, Francisco de Assis abraçava a liberdade. Livre, nada mais seria obstáculo entre ele e o Cristo que lhe passava suas chagas.
Alguma coisa nos prende e nos faz recusar o convite do Senhor?
Orai sem cessar: “O Senhor consagra seus convidados.” (Sf 1,7)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
santini@novaalianca.com.br
HOMILIA DIÁRIA
Qual uso fazemos do nosso tempo?
Que nós hoje possamos refletir: “Qual uso nós fazemos do nosso tempo e que tempo disponibilizamos para o próximo e para as coisas de Deus?”.
“Mas todos, um a um, começaram a dar desculpas. O primeiro disse: ‘Comprei um campo, e preciso ir vê-lo. Peço-te que aceites minhas desculpas’” (Lc 14,18).
Queridos irmãos e irmãs, no dia de hoje, a Palavra está falando sobre o grande banquete que foi preparado pelo Mestre, para o qual somos convidados.
Esse banquete Jesus compara com aquele na qual o empregado vai chamar os convidados, porque tudo está pronto, mas cada um dá uma desculpa, cada um inventa uma coisa diferente. Todo mundo está muito ocupado, muito atarefado, cheio de compromissos e responsabilidades. Muitas vezes, nós também não temos tempo para atender o convite, o chamado que Deus nos faz para participarmos do Seu banquete.
A Palavra do Senhor quer nos levar a refletir sobre qual é o uso que nós fazemos do nosso tempo, como o preenchemos. Vivemos no mundo da correria, da histeria coletiva, onde as pessoas estão demasiadamente ocupadas, estressadas, compromissadas, de modo que não têm tempo.
“Não tenho tempo, não posso.” Essa é a desculpa que mais escutamos quando precisamos de alguém para isso ou para aquilo. Também é a desculpa que as pessoas mais dão para Deus, para não participar das coisas do Senhor.
As pessoas não têm tempo para a oração, para falar com Deus, para escutá-Lo, pois estão demasiadamente ocupadas com as suas coisas. Sei que todo mundo trabalha, tem compromissos, responsabilidades, mas quando as pessoas não têm tempo para o outro nem para Deus, é porque estão demasiadamente ocupadas consigo mesmas.
Por mais que aquilo que você faça seja para sua casa, para sua família, elas não adiantam se você não tiver tempo para conviver com os seus, para escutá-los, dialogar com eles. Não adianta dizer que você é bom, que tem Deus no coração se você não tem tempo para preencher o seu coração com o Senhor.
A mais terrível de todas as desculpas é alguém dizer que não têm tempo para ir à Missa Dominical ou arrumar um outro compromisso no dia da Celebração Eucarística, no dia do grande banquete para o qual somos convidados pelo Senhor a participarmos.
Muitas vezes, quando olhamos para nossas pastorais, para os nossos grupos de Igreja, eles são assumidos sempre pelas mesmas pessoas. Mas por que são sempre essas pessoas que os assumem? Porque aqueles que Deus chamou – eu ou você – estão demasiadamente ocupados. Nós temos tempo para criticar, falar e cobrar, mas para colocar a mão na massa e assumir compromisso com o Reino de Deus são poucos. E é com esse pouco, que muitas vezes chamamos de desqualificados, que Deus pode contar, porque os que se acham qualificados e podem fazer melhor não colocam a mão na massa.
Que nós hoje possamos refletir: “Qual uso nós fazemos do nosso tempo e que tempo disponibilizamos para o próximo e para as coisas de Deus?”.
Deus abençoe você neste dia!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Oração Final
Pai Santo, dá-nos discernimento e coragem para fazermos a opção radical de vida pelo teu Reino de Amor. Que superemos as seduções do mundo e as paixões que moram em nós e estão impedindo nossa presença no Banquete que nos ofereces. Pelo Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, dá-nos discernimento e coragem para fazer a opção radical de vida pelo teu Reino de Amor. Que superemos as seduções do mundo e as paixões que moram em nós e estão impedindo nossa presença no Banquete que nos ofereces. Pelo Cristo, teu Filho que se fez nosso Irmão em Jesus de Nazaré e contigo reina na unidade do Espírito Santo.