domingo, 9 de novembro de 2014

LITURGIA DOMINICAL - O Domingo – Crianças

Dia 9 – Missa da Dedicação da Basílica de Latrão
O templo de Deus é santo, e esse templo sois vós!


RECADO DO PAPA FRANCISCO:
“Que quer dizer evangelizar? Testemunhar com alegria e simplicidade o que somos e aquilo em que acreditamos.”

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA 09/11/2014

ANO A


Jo 2,13-22

Comentário do Evangelho

Jesus é o verdadeiro Templo, o lugar em que Deus habita.

Com as nuances próprias a cada evangelista, o episódio da purificação do Templo encontra-se também nos evangelhos sinóticos (Mt 21,12-13; Mc 11,11.15-17; Lc 9,45-46). Era escandaloso o que acontecia no Templo, de modo especial nas grandes festas judaicas e, sobretudo, na Páscoa. Os sumos sacerdotes e toda a aristocracia ligada ao Templo se aproveitavam das festas religiosas para intensificar o comércio e, consequentemente, o câmbio de moedas. Aproveitam-se da obrigatoriedade que todo judeu piedoso tinha de oferecer sacrifícios e das longas distâncias que os peregrinos percorriam para chegarem a Jerusalém, a fim de comercializarem todo tipo de animais prescritos pela Lei para serem oferecidos em sacrifício. Além disso, a moeda para a compra tinha de ser pura, isto é, não podia conter nenhuma efígie ou inscrição que pudesse denotar idolatria. Daí a necessidade de os compradores terem de trocar suas moedas pela moeda “pura” do Templo de Jerusalém, inclusive para fazerem as ofertas voluntárias que eram depositadas nos cofres (cf. Lc 21,1-4). A cena é dramática: com um chicote, Jesus expulsa do Templo comerciantes e cambistas. A razão da atitude de Jesus, sentida como violenta pelos judeus, é dada pela evocação de uma passagem do profeta Zacarias: “… Já não haverá mercadores no Templo do Senhor dos exércitos” (Zc 14,21) e pela recordação dos discípulos que encontram no Sl 69,10 uma justificativa pelo que Jesus fez. A pergunta dos judeus a Jesus é pelo significado do gesto. Ao que Jesus responde, em primeiro lugar, numa profecia ex eventu, de que o Templo construído por mãos humanas será destruído e passará, e, em segundo lugar, revela um novo lugar da habitação de Deus. Jesus é o verdadeiro Templo, o lugar em que Deus habita; onde Ele é encontrado e se deixa encontrar. Ele é que será destruído, na morte violenta numa cruz, mas reerguido pelo poder de Deus, com sua gloriosa ressurreição. O anúncio da destruição do Templo de Jerusalém é anúncio, igualmente, da abolição dos sacrifícios antigos, pois eles não podiam salvar os homens de seus pecados; somente o Cristo que ofereceu o sacrifício de sua vida de uma vez por todas e entrou no santuário eterno é que salva toda a humanidade (cf. Hb 9,1-14; 10,11-18).
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Senhor Jesus, que eu tenha pelas coisas do Pai o mesmo zelo que tiveste, sabendo reconhecer as exigências práticas da minha fé.

Vivendo a Palavra

Jesus ensina o respeito à santidade do Lugar Sagrado. O Templo é o refúgio que buscamos para enxergar em profundidade a nossa vida no mundo e nos inspirarmos para a caminhada de conversão. Jamais será um mercado onde visamos a aumentar os tesouros que ladrões roubam e a ferrugem corrompe.

Reflexão

O templo deve nos levar à reflexão sobre a realidade da morada de Deus entre os homens e a importância dessa morada. É claro que reconhecemos a presença de Deus nos nossos templos e sempre nos encontramos com ele, seja na visita ao Santíssimo Sacramento ou na participação nas diversas celebrações litúrgicas. Mas também devemos nos lembrar que o verdadeiro templo de Deus é aquele formado de pedras vivas e que tem como alicerce o próprio Jesus. Portanto, de nada adiante para nós uma religião que valoriza a presença de Deus nos templos materiais construídos por mãos humanas, construção essa muitas vezes marcadas pelo pecado e pela iniqüidade, e não valorizarmos os verdadeiros templos, ou seja, os nossos irmãos e irmãs.

HOMILIA


Homilia para a Dedicação da Basílica S. João de Latrão (09.11.14)

Pe. Luiz Carlos de Oliveira, C.Ss.R.
“O zelo por sua casa me devora”
Basílica de S. João de Latrão

Nos primeiros séculos do cristianismo não havia igrejas para as celebrações. Os cristãos se reuniam pelas casas chamadas domus ecclesiae, isto é, casas da comunidade. Papa, bispos, sacerdotes e celebrações eram simples e diferentes.
No ano 313 o imperador Constantino permitiu a religião cristã no império romano. Então se construíram as basílicas para as reuniões do povo e as celebrações. A primeira basílica foi a de S. João de Latrão.
O nome Latrão vem de Laterani, nome da família que tinha casa naquele local. Sua casa foi destruída por Nero no ano 60.  Ali foi construindo um palácio em 161. Constantino o deu ao Papa Melquíades.
A dedicação da Basílica foi presidida pelo Papa Silvestre I no ano 324, dedicada ao Divino Salvador, mais tarde a S. João Batista. Celebrar a dedicação – consagração de uma Igreja, mais que celebrar a lembranças de uma data de um prédio, é celebrar o nascimento de uma comunidade.
Esta basílica é chamada de mãe de todas as igrejas da terra. É a primeira igreja a ser construída. Entramos numa fase nova do cristianismo que passa a ter templos.  Modifica-se muito o estilo de Igreja e perde-se bastante do ensinamento: “adorar a Deus em Espírito e Verdade”.
Mas, mesmo com os belos templos de tijolo ou os pobrezinhos de adobe e capim que usei nas aldeias da Angola, o fundamental não pode ser perdido: adorar em espírito e verdade (Jo 3,24).

Purificando o templo

A cena de Jesus purificando o templo é assustadora.  Até os humildes foram tocados, mas com menos força. Ele amava o templo, coração da fé do povo.
Tinha zelo pela casa do Pai, com diz a Escritura: “O zelo por tua casa me consumirá” (Sl 69,10). O povo era explorado no templo que se transformou em uma casa de comércio onde se vendiam os animais para os sacrifícios e trocavam as moedas pela moeda do templo. Esta era pura para ser usada mas também explorada. Jesus faz uma profecia sobre o templo que vai ser destruído e Ele, Messias de Deus, será o novo templo. Nele encontramos Deus.
Na Ressurreição Jesus toma o lugar deixando fora todas as outras mediações para o encontro com Deus. As comunidades, simbolizadas pelas igrejas, têm que ser sempre purificadas de todos os males que prejudicam o povo e o relacionamento com Deus. O culto deve ser de doação, de disponibilidade e de serviço humilde, como é o Corpo de Cristo Ressuscitado.

Nascente das águas

A leitura de Ezequiel nos mostra a água que nasce do templo e aumenta purificando, dando fertilidade e vida. Representa a presença do Senhor no meio do povo. Jesus é a água viva. De seu peito aberto pela lança sai a água e o sangue. Mata nossa sede de Deus e nos alimenta com seu sangue que é vida.
A celebração da benção e dedicação da primeira igreja da cristandade leva-nos a fazer memória de nossas comunidades e das pessoas que foram nossos pais na fé. Anima-nos a purificar nossas comunidades e celebrações de tudo o que é impuro, como a falta de amor, a ganância de dinheiro e poder e a exploração do povo. Elas devem ser sinal da Ressurreição. É tempo de purificação.

Leituras: Ezequiel 47,1-2.8-9.12; Salmo 45; 1Coríntios 33,9c-11.16-17. João 2,13-22.
Ficha nº  1386 - Homilia para a Dedicação da Basílica S. João de Latrão (09.11.14)

A basílica de Latrão é a primeira da cristandade construída em 324 após a liberdade para a prática da fé cristã, dada por Constantino em 313. Lembra a comunidade cristã que ali freqüentava.  A construção de igrejas arrisca perder o sentido do culto em espírito e verdade.
Jesus purifica o templo que se transformara em casa de comércio. Jesus profetiza que o templo será construído e Ele será o novo templo, lugar do encontro com Deus. Sem outras mediações.
A água que nasce sob o templo representa a presença do Senhor no meio do povo. Seu lado aberto jorra sangue e água para matar a fome e a sede de Deus. Anima a purificar nossas comunidades e celebrações de tudo que é impuro, como falta de amor, ganância de dinheiro e de poder. As comunidades devem ser sinal da Ressurreição.

Lavagem da Igreja

Celebramos a inauguração da primeira igreja da Igreja. Trezentos anos vivendo na perseguição, agora chegou a liberta, com lucros e prejuízos. É a catedral de Roma, do Papa.
No evangelho lemos o texto da expulsão dos vendedores que usavam o lugar sagrado para seus negócios. Jesus expulsou todos. Foi uma confusão. Conhecemos na tradição a lavagem de algumas igrejas, como da Igreja do Bonfim, na Bahia.
Somos chamados a fazer outra lavagem: tirar as sujeiras que o tempo acumulou sobre a Igreja de Cristo como a luta pelo poder, a ganância por dinheiro, a exploração do povo e outros vícios. Muitos usam a Igreja e ainda saem xingando sem dar sua contribuição. São entulho também. É participando que purificamos a Igreja.
Hoje, a Congregação Redentorista, uma parcela da Igreja, completa 282 anos de fundação. Também ela precisa de uma lavagem. Isso fará quando renovar sua entrega a Cristo através da dedicação aos necessitados. Sem isso, água nela!

Comentário do Evangelho

No evangelho de João percebe-se uma exaltação dos samaritanos e uma censura aos judeus. Assim, por um lado, temos a narrativa do diálogo de Jesus com a mulher samaritana, em pleno dia, à beira do poço, que termina com todo os moradores desta região da Samaria vindo aclamar Jesus, professando nele sua fé. Por outro lado, Nicodemos, um dos chefes dos fariseus, vem conversar com Jesus, ocultando-se na penumbra da noite, e não entende a sua mensagem. O evangelho de hoje menciona que estava próxima a Páscoa "dos judeus", dando a entender que Jesus se distancia do sistema religioso que a promove, sediado em Jerusalém. Nesta primeira viagem de Jesus a Jerusalém o destaque é a perda de sentido do Templo. Em vez de lugar de oração, o Templo tornou-se um lugar de comércio e exploração do povo piedoso. A situação não era nova, pois o profeta Jeremias, muito tempo antes, já fizera tal denúncia (Jr 7,11). O culto no Templo, com o acesso de multidões de peregrinos durante o ano, era fonte de riqueza para o comércio em Jerusalém e, principalmente para a casta religiosa, que recolhia imensos valores como dízimos, ofertas, e sacrifícios dos fieis. O Templo, desde sua primeira construção por Salomão, tinha um anexo, o Tesouro (ou Gazofilácio), onde eram acumuladas estas riquezas. Com Jesus a presença de Deus não está no Templo, mas sim no próprio Jesus e em cada membro da comunidade (segunda leitura) que vive o serviço e a partilha, com amor e misericórdia.
Oração
Ó Deus, que edificais o vosso templo eterno com pedras vivas e escolhidas, difundi na vossa Igreja o Espírito que lhe destes, para que o vôo povo cresça sempre mais, construindo a Jerusalém celeste. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

REFLEXÕES DE HOJE


DIA 09 DE NOVEMBRO DOMINGO

VEJA AQUI MAIS HOMILIAS PARA O PRÓXIMO DOMINGO
9 de novembro – DEDICAÇÃO DA BASÍLICA DE S. JOÃO DO LATRÃO
Por Celso Loraschi

I. Introdução geral

A basílica de São João do Latrão (dedicada a são João Batista e são João evangelista) em Roma foi a primeira catedral do mundo, por muito tempo considerada a igreja-mãe de Roma, e nela se realizaram as sessões de cinco grandes concílios ecumênicos” (Missal dominical – Missal da assembleia cristã, Paulus, São Paulo, p. 1.409).
Celebrando a festa dessa igreja romana, catedral do bispo que “preside na caridade” entre os demais bispos do mundo inteiro, lembramos também todas as catedrais e dioceses e o vínculo de unidade entre elas. Os textos bíblicos ressaltam não os templos de pedra, mas o novo templo “espiritual” que gera vida; apontam para a vida que brota do seio de Deus (templo de Jerusalém) e se destina a todos (I leitura). O templo, anunciado por Ezequiel como fonte de vida, tornou-se fonte de exploração e morte. E o Messias declara sua superação, sendo substituído pelo corpo de Cristo Jesus. Ele é o novo templo onde Deus se encontra e se manifesta plenamente (evangelho). Paulo, escrevendo aos coríntios, mostra Jesus como base-alicerce insubstituível da comunidade, comparando-a com um santuário, construído, porém, com pedras vivas. A comunidade, construída sobre o alicerce que é Cristo, é templo de Deus e moradia do Espírito (II leitura).

II. Comentário dos textos bíblicos

1. I leitura (Ez 47,1-2.8-9.12): O verdadeiro templo gera vida para todos
O profeta Ezequiel exerce sua atividade entre os anos 593 e 571 a.C. Sacerdote exilado na Babilônia com uma parte do seu povo, ele anuncia as sentenças de Deus. Com sua linguagem simbólica, Ezequiel indica os passos para a construção do mundo novo: assumir a responsabilidade pelo fracasso histórico de um sistema que se corrompeu completamente, provocando a ruína de toda a nação; converter-se para Javé, assumindo o seu projeto; e, com base nisso, construir uma sociedade justa e fraterna, voltada para a liberdade e a vida. Com esse “programa profético”, vislumbramos um futuro novo: Deus volta para o meio de seu povo, provocando o surgimento de uma sociedade radicalmente nova.
Os versículos escolhidos para a primeira leitura da festa de hoje falam desse “futuro novo” vislumbrado pela conversão. Pertencem a uma seção maior (capítulos 40-48), que tem como tema central “Deus no meio do seu povo”. Nesses capítulos aponta-se para uma “nova Jerusalém”, tendo como centro vital o templo, onde habita o Deus que caminha com seu povo.
O tema central desses cinco versículos passa pelas palavras templo e água. Ezequiel percebe que sai água do templo em direção ao oriente. O volume de água vai crescendo sempre mais, até superar o do rio Jordão (v. 5, ausente na leitura). A rota das águas é marcada pela vida. Ao entrar no mar, a água do templo torna-se potável. Por isso, por todo lugar por onde passar a torrente, os seres vivos que a povoam terão vida. “Haverá abundância de peixes, pois, aonde quer que essa água chegue, ela levará vida, de modo que haverá vida em todo lugar que a torrente atingir” (vv. 8-9).
Como se pode ver, trata-se de água extremamente fecunda, portadora de vida para os seres que nela vivem. E essa água sai do templo onde mora Deus. É, portanto, mensageira de vida do Deus da vida que habita no meio do seu povo. O mar Morto chama-se assim porque, apesar de receber todo o volume de água doce do rio Jordão, não tem vida nem vazão. É, pois, símbolo de ausência de vida, sinônimo de morte. Mas com a água que sai do templo torna-se extremamente fecundo, e não somente para a fauna.
O Novo Testamento apropriou-se dessa imagem de Ezequiel em várias ocasiões. As mais significativas estão na literatura joanina: a água que jorra do lado aberto de Jesus (Jo 19,34) e a descrição da nova Jerusalém em Ap 22,2.

2. Evangelho (Jo 2,13-22): Jesus é o novo templo
Por ocasião da festa da Páscoa, a cidade de Jerusalém se enchia de peregrinos. A Páscoa era, para os judeus, a festa principal, pois nela o povo recordava a libertação da escravidão do Egito. No tempo de Jesus, o povo ia a Jerusalém para essa celebração festiva. Contudo, a Páscoa deixara de ser uma festa popular e de vida por ser manipulada pelas lideranças religiosas, econômicas e políticas daquele tempo. O povo vai a Jerusalém para celebrar a libertação, mas o que lá encontra é a maior exploração. Pior ainda: parece que Deus está de acordo com tudo isso. Além de ser o sustentáculo econômico da Judeia e de sua elite (18 mil funcionários, sacerdotes, levitas e outros, mais a promoção do turismo religioso), o templo era o grande negócio do pequeno grupo de sumos sacerdotes, formado praticamente pela família de Anás. Vendiam os animais a preço acima do mercado e, em seguida, os recebiam de graça para sacrificar e queimar parte deles em honra de Deus, enquanto o restante sempre lhes pertencia.
Jesus não concorda com essa situação. João nos mostra Jesus usando um chicote. Toca os animais e os vendedores para fora do templo. Manda que os vendedores de pombas tirem aquilo dali. Elas serviriam para as oferendas dos pobres, e era aí que se verificava a maior exploração, chegando o preço de um casal de pombos a ser cinco vezes maior do que nas aldeias. Os pobres, não tendo condições de oferecer a Deus ovelhas ou bois, sacrificavam pombos para os ritos de expiação e purificação, bem como para os holocaustos de propiciação (cf. Lv 5,7; 14,22.30s). Com esse gesto, Jesus inaugura os tempos do Messias. Zacarias previa um tempo em que o culto estaria plenamente isento da exploração do povo. Para João, esse tempo chegou com Jesus. A partir de agora ninguém mais poderá, mesmo que o faça em nome de Deus, defender um culto ou religião que sejam coniventes com a exploração do povo.
Para aprofundar esse aspecto, é preciso ter presente a situação econômica daquele tempo. Nessa época, a maioria das terras da Palestina estava nas mãos de latifundiários. Estes pertenciam à elite religiosa (sumos sacerdotes e anciãos) e moravam em Jerusalém. O sumo sacerdote era o presidente do Sinédrio, o supremo tribunal que condenará Jesus à morte. Três semanas antes da Páscoa, os arredores do templo se tornavam grande mercado. O sumo sacerdote enriquecia com o aluguel dos espaços para as barracas dos vendedores e cambistas. Os animais criados nos latifúndios eram conduzidos a Jerusalém e vendidos. A teologia veiculada pelo templo de Jerusalém é extremamente conservadora, isso porque os dirigentes do templo estão por trás de todo o comércio que nele se desenvolve.
Deus, o aliado dos sofredores empobrecidos, sempre denunciou, por meio dos profetas, a exploração da religião. Ele é o Deus que ouve o clamor dos marginalizados. Mas a teologia veiculada pelo templo de Jerusalém afirma o contrário. Para ser ouvido, Deus precisa ser comprado mediante sacrifícios. A ira de Jesus tem toda razão de ser.
Os dirigentes, que se sentem lesados pelo gesto de Jesus, reagem. Eles o querem intimidar: “Que sinal nos mostras para agir assim?” (v. 18). Jesus lhes responde que sua morte e ressurreição serão o grande sinal: “Destruam este templo, e em três dias eu o levantarei” (v. 19). Temos aqui o centro do evangelho deste dia. Jesus não só aboliu os sacrifícios do templo de Jerusalém, mas decreta que o novo templo será o seu corpo, morto e ressuscitado. A essa altura o Evangelho de João já aponta para os responsáveis pela morte de Jesus.

3. II leitura (1Cor 3,9c-11.16-17): A comunidade é santuário de Deus
Na comunidade de Corinto haviam surgido “panelinhas” em torno dos principais evangelizadores que por lá passaram: Paulo, Apolo, Cefas… (1Cor 1,12), o que gerava tensões na comunidade. Paulo, na primeira carta aos Coríntios, ajuda a entender melhor essa tensão comunitária. Mostra aos coríntios que Cristo é o centro da comunidade e sua razão de ser, ao passo que os agentes de pastoral não o são. Em outras palavras, Paulo, Apolo, Cefas e tantos outros evangelizadores são como que instrumentos que conduziram e conduzem os coríntios a Cristo. Esse tema aparece na carta em 1,10-17; 3,1-17; 4,1-13.
Um pouco antes (3,5), Paulo afirmou que ele e Apolo são servidores de Deus, por meio dos quais os coríntios foram conduzidos à fé, e cada um deles agiu conforme os dons que Deus lhe concedeu. Agora, porém, Paulo sente necessidade de falar da comunidade, comparando-a com uma lavoura e com uma construção (v. 9c). Ele, fundador da comunidade de Corinto, compara-se ao bom arquiteto que iniciou a construção, o grupo cristão naquela cidade. Outros agentes de pastoral, a seguir, deram sequência ao trabalho iniciado por ele. Foi o que aconteceu com Apolo e, provavelmente, Cefas. Todavia – garante Paulo –, o alicerce não pode ser mudado: Jesus Cristo. Ele é a razão de ser, o centro, a base sobre a qual nasceu e se constrói a comunidade cristã. Ninguém pode mudar esse alicerce.
Paulo continua seu raciocínio: se a base-alicerce é Cristo Jesus, como definir a construção-comunidade que se ergue sobre essa base? Eis, então, que surge uma das grandes convicções de Paulo a respeito do perfil da comunidade cristã: “Vocês não sabem que são templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês?” (v. 16). Certamente Paulo, na primeira fase da evangelização em Corinto, quando aí permaneceu por 18 meses (At 18,11), dissera essas coisas à comunidade nascente. Agora lhes recorda isso em forma de pergunta, e a resposta que os próprios coríntios deveriam dar é esta: “Sim, nós sabemos que somos templo de Deus. E sabemos que o Espírito dele habita em nós”.

III. Pistas para reflexão

- Fé e vida. A verdadeira religião e a fé cristã são fonte de vida, conduzem-nos para a vida e a esperança, a transformação da aridez e das situações de morte em situações de vida. A vontade de Deus é que o mundo e todas as pessoas tenham vida em abundância. Se temos Deus no coração, empenhamo-nos pela concretização dessa sua vontade.
- Contra a ingenuidade e a exploração religiosa. O evangelho mostra que Jesus não compactua com uma religião que se torna simples fator econômico, explora e massacra os pobres. Ainda que se diga que isso é em nome de Deus, são coisas que não se sustentam diante da prática de Jesus e merecem acabar. A exploração da fé ingênua das pessoas termina à medida que essa fé deixa de ser tão ingênua e assume verdadeiramente Jesus como o centro.
- Comunidade santuário. A comunidade bem centrada em Jesus e coerente com seus ensinamentos e sua prática supera as tensões e adversidades e se torna santuário, fonte de vida para todos.

Celso Loraschi
Mestre em Teologia Dogmática com Concentração em Estudos Bíblicos, professor de evangelhos sinóticos e Atos dos Apóstolos no Instituto Teológico de Santa Catarina (Itesc).
E-mail: loraschi@itesc.org.br
9 de novembro: Dedicação da Basílica do Latrão
A IGREJA COM QUE SONHAMOS
O grande sinal de salvação do mundo é a Igreja, que brotou do sangue de Cristo. Ela, mãe de um povo santo e pecador, apresenta-se com o rosto divino de Cristo, seu esposo. E também com os traços imperfeitos de seus filhos e filhas.
Nós a proclamamos una, santa, católica e apostólica. Isto é, unida, sem defeito, aberta a todos e fundamentada sobre os alicerces da fé transmitida pelos próprios apóstolos.
Por isso, sonhamos com uma igreja que se mantenha sempre firme na palavra de Deus. A fim de que, na hora em que soprarem as ventanias da calúnia, da perseguição e do poder das trevas, ela não acabe ruindo, à semelhança das muralhas de Jericó.
Sonhamos com uma Igreja em que Cristo jamais se torne presença remota, estranha ou atéignorada. E sim presença concreta, percebida por todos, cada vez mais procurada e amada.
Sonhamos com uma Igreja em que todos se reconheçam e se amem como irmãs e irmãos. Onde não haja quem chore pela dureza do coração de alguns e quem se alegre enquanto outros estiverem chorando.
Sonhamos com uma Igreja em que não haja marginalizados, privilegiados, primeiros e últimos, mas em que todos se sintam iguais, no mais puro clima evangélico. E se privilegiados houver, que sejam os pequeninos e os desprotegidos.
Sonhamos com uma Igreja em que ninguém tenha de lamentar a falta de acolhida, de ajuda e de perdão. Mas em que todos se preocupem, a fim de que seja repartido com amor o pão do corpo, assim como é repartido o pão da fé.
Se essa Igreja tão amada ainda mostra alguma ruga, a culpa é nossa: suas imperfeições são as nossas imperfeições. Mas não deixemos de sonhar com uma Igreja perfeita, pois não seria a primeira vez que os sonhos mais ousados se tornariam realidade.
Pe. Virgílio, ssp

Reflexão:
Pistas para a reflexão:

I leitura: Do templo sai água santificadora e salvífica em benefício das pessoas.
II leitura: A comunidade, morada do Espírito Santo, é a construção edificada sobre Cristo.
Evangelho: Cristo ressuscitado é o novo templo que reúne os cristãos.

DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014
Homilia da Festa da Dedicação da Basílica do Latrão, por Pe. Paulo Ricardo



Serão as paredes que fazem os cristãos?

Neste Domingo, o calendário litúrgico propõe à Igreja universal a festa da Dedicação da Basílica de São João de Latrão. A igreja – que é a catedral da diocese de Roma e, portanto, sede do trono pontifício – é considerada “omnium urbis et orbis ecclesiarum mater et caput – mãe e cabeça de todas as igrejas de Roma e do mundo”.
Em 313, o imperador Constantino, além de publicar o Édito de Milão, pelo qual concedia liberdade de culto à religião cristã, introduziu uma série de mudanças nas leis romanas, tais como a proibição da morte por crucifixão, a proteção aos órfãos e às viúvas, o fim das punições aos celibatários e dos espetáculos com derramamento de sangue. Além desse enorme bem prestado à Igreja, Constantino mandou erigir uma construção para os fiéis católicos prestarem culto a Deus: a Basílica de Latrão, que foi dedicada, a 9 de novembro de 324, pelo Papa São Silvestre.
Mas, o que significa celebrar uma igreja, se Deus, como pregou o Apóstolo, “não habita em templos feitos por mão humana” [1]? A partir de Cristo, de fato, o grande templo de Deus não são mais as paredes, senão o próprio Jesus. No Evangelho deste Domingo, Nosso Senhor, em um ato de zelo pelo que Ele chama “casa de meu Pai”, expulsa os vendilhões do templo, espalha as moedas e derruba as mesas dos cambistas. Embora amasse realmente o Templo de Jerusalém e o considerasse como lugar da morada de Deus, Cristo, com este ato, realmente rompe com o Velho Testamento: lembra que os templos da Antiga Lei são apenas prefigurações. Agora, com Ele, “a Palavra se fez carne e veio morar entre nós” [2]. Deus armou a Sua tenda entre os homens, no Seu Filho; Ele é o templo da Nova Aliança, como Suas próprias palavras confirmam: “‘Destruí este Templo, e em três dias o levantarei’. (...) Mas Jesus estava falando do Templo do seu corpo”.
Ora, se é Cristo o templo da Nova Aliança, por que celebrar a dedicação de uma igreja em Roma? Porque as igrejas cristãs não pretendem reproduzir o Templo de Jerusalém, dos judeus, mas a “nova Jerusalém”, descrita no Apocalipse de São João [3]. Diferentemente dos templos judaicos, em que os únicos a entrarem na construção eram os sacerdotes e o resto do povo deveria ficar do lado de fora, as basílicas cristãs pretendiam ser uma réplica da cidade de Deus, um lugar para os cristãos se reunirem, tratarem de negócios e resolverem problemas jurídicos, como em uma praça pública. O templo passava a ser morada de Deus porque aí habitava o Seu povo, que, por sua vez, são membros do Corpo Místico de Cristo.
A presença divina nos templos cristãos também é notável nos sacrários, onde se encontra Nosso Senhor, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade. No Santíssimo Sacramento, com efeito, está a presença de Cristo por excelência.
Quanto à Basílica de Latrão, há uma história muito bela, ocorrida dentro de suas paredes, que mostra a sua importância para a Igreja, de modo especial nos primeiros séculos da fé cristã. Trata-se da conversão de Vitorino, narrada por Santo Agostinho, em suas Confissões:
“Esse erudito ancião, profundo conhecedor de todas as ciências liberais, leitor e crítico de tantos livros de filosofia, fora mestres de muitos nobres senadores. O prestígio de seu magistério lhe valera uma estátua no foro romano, que ele aceitara (coisa que os cidadãos desse mundo têm em grande conta). Até aquela idade avançada, havia adorado os ídolos, participando de cultos sacrílegos, de que participava quase toda a nobreza romana da época que inspirava ao povo sua devoção por Osíris, por ‘toda sorte de monstros divinizados, pelo labrador Anúbis’, monstros que outrora ‘pegaram em armas contra Netuno, Vênus e Minerva’, e a quem, vencidos, a própria Roma dirigia súplicas, esse velho Vitorino, que durante tantos anos havia defendido esses deuses com sua terrível eloquência, não se envergonhou de se tornar servo de teu Cristo e criança de tuas águas, dobrando o pescoço ao jugo da humildade, e dobrando sua fronte ante o opróbrio da cruz.”
“Senhor, Senhor, que inclinaste os céus e o desceste, que tocaste os montes e estes fumegaram, de que modo te insinuaste naquele coração?”
“Segundo contou-me Simpliciano, Vitorino lia as Escrituras e investigava e esquadrinhava com grande curiosidade toda a literatura cristã, e confiava a Simpliciano, não em público, mas muito em segredo e familiarmente: ‘Sabes que já sou cristão?’ Ao que respondia aquele: ‘Não hei de acreditar, nem te contarei entre os cristãos enquanto não te vir na Igreja de Cristo’. Mas ele ria e dizia: ‘Serão pois as paredes que fazem os cristãos?’ E isto, de que já era cristão, o dizia muitas vezes, contestando-lhe Simpliciano outras tantas vezes com a mesma resposta, opondo-lhe sempre Vitorino o gracejo das paredes.”
“Vitorino receava desgostar a seus amigos, os soberbos adoradores dos demônios, julgando que estes, de alto de sua babilônica dignidade, como cedros do Líbano, ainda não abatidos pelo Senhor, fariam cair sobre ele suas pesadas inimizades.”
“Mas depois que hauriu forças nas leituras e orações, temeu ser renegado por Cristo diante de seus anjos, se tivesse medo de o confessar diante dos homens. Sentiu-se réu de um grande crime por se envergonhar dos mistérios de humildade de teu Verbo, não se envergonhando do culto sacrílego de demônios soberbos, que ele próprio aceitara como soberbo imitador; envergonhou-se da vaidade, e enrubesceu diante da verdade. De repente, disse a Simpliciano, segundo este mesmo contava: ‘Vamos à Igreja; quero me tornar cristão’. Simpliciano, não cabendo em si de alegria, foi com ele. Recebidos os primeiros sacramentos da religião, não muito depois, deu seu nome para receber o batismo que renegara, causando admiração em Roma e alegria na Igreja. Viram-no os soberbos, e se iraram; rangiam os dentes e se consumiam de raiva. Mas teu servo havia posto no Senhor Deus sua esperança, e não tinha mais olhos para as vaidades e as enganosas loucuras.”
“Enfim, chegou a hora da profissão de fé. Em Roma, os que se preparam para receber tua graça, pronunciam de um lugar elevado, diante dos fiéis, fórmulas consagradas aprendidas de cor. Os presbíteros, dizia-me Simpliciano, propuseram a Vitorino que recitasse a profissão de fé em segredo, como era costume fazer com os que poderiam se perturbar pela timidez. Mas ele preferiu confessar sua salvação na presença da plebe santa, uma vez que nenhuma salvação havia na retórica que ensinara publicamente. Quanto menos, pois, devia temer diante de tua mansa grei pronunciar tua palavra, ele que não havia temido as turbas insanas em seus discursos!”
“Assim, logo que subiu à tribuna para dar testemunho da sua fé, em uníssono, conforme o iam conhecendo, todos repetiram seu nome como num aplauso – e quem ali não o conhecia? – e um grito reprimido, saiu da boca de todos os que se alegravam: ‘Vitorino! Vitorino!’ Ao verem-no, se puseram a gritar de júbilo, mas logo emudeceram pelo desejo de ouvi-lo. Vitorino pronunciou sua profissão de verdadeira fé com grande firmeza, e todos queriam raptá-lo para dentro de seus corações. E realmente o fizeram: seu amor e alegria eram as mãos que o arrebatavam.” [4]
Enfim, não são as paredes de uma basílica que fazem a Igreja, mas a profissão de fé no Cristo, profissão de Vitorino e profissão de centenas de Papas ao longo dos séculos. É esse o testemunho que edifica a Igreja, desde São Pedro [5] até hoje. T

Referências:
At 17, 24.
Jo 1, 14.
Cf. Ap 21; 22, 1-5.
Confissões, VIII, 2.
Cf. Mt 16, 17-18.
Liturgia de 09.11.2014 - 32º DTC
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A Voz do Pastor - Dedicação da Basílica do Latrão - Domingo 09/11/2014
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Jesus estava falando do Templo do seu corpo.

Senhor Jesus,

que eu tenha pelas coisas do Pai

o mesmo zelo que tiveste,

sabendo reconhecer

as exigências práticas da minha fé.




HOMILIA - Jo 2,13-22
JESUS MANIFESTA SEU AMOR À IGREJA
Na cena do texto, Jesus vai a Jerusalém para a primeira das três Páscoas mencionadas em João (nos Sinóticos a vida pública de Jesus só durou um ano e eles só mencionam uma Páscoa). No Templo, que deveria ser o lugar do culto ao Deus verdadeiro da Bíblia, o Deus de libertação, o Deus dos pobres e sofridos, Ele encontra um verdadeiro mercado, onde, no pátio externo, era possível comprar os animais para os sacrifícios, e trocar a moeda, uma vez que a moeda corrente do país não era aceita no Templo. Quando atacava esse comércio, Jesus estava indo além da mera condenação de um abuso, pois os animais e o câmbio eram necessários para o funcionamento do Templo. Como Jesus substituiu a purificação dos judeus no sinal das Bodas de Caná, aqui Ele demonstra que o centro do culto judaico perdeu o seu sentido, pois a presença de Deus, antes achada no Templo, agora deturpado pela elite religiosa e política, doravante reside em Jesus, o Filho de Deus encarnado. Ele cumpre as profecias de Jeremias e Zacarias que predisseram uma religião sem templo nacionalista, explorador econômico do povo (cf. Jr 7,11-14; Zc 14,20-21).
João entende que o templo é o corpo de Jesus, que será ressuscitado em três dias - ele usa de propósito o verbo “reerguer” em lugar do “reconstruir” dos Sinóticos (cf. Mt 26,61). As autoridades judaicas destruíram o sentido do Templo, abusando do povo economicamente, como vão destruir o corpo de Jesus, matando-o; mas Jesus tem o poder de reerguer o verdadeiro Templo onde habita Deus, na ressurreição, depois de três dias.
Mais uma vez Jesus, através de uma ação profética, desmascara a deturpação da religião, por parte das autoridades de Jerusalém. Embora o templo fosse muito bonito e imponente, com liturgias pomposas bem frequentadas, a sua religião era vazia, pois escondia o rosto verdadeiro do Deus da Bíblia. As igrejas correm este mesmo risco nos dias de hoje.
Além da descarada exploração financeira dos seus fiéis por parte de algumas seitas (e cuidemos para não generalizarmos aqui), aos poucos muitas comunidades cristãs perderam a sua dimensão profética de denúncia e anúncio, configurando-se ao mundo neoliberal de consumismo e gratificação emocional imediata, tornando o evangelho uma mercadoria a ser vendida através de um marketing, que jamais pode questionar os valores da sociedade vigente.
Assim o texto de hoje nos traz um alerta - Jesus não veio compactuar com uma religião exploradora, alienadora e aliada ao poder, mas para encarnar as opções do Deus Javé, libertador dos males e de toda exploração; Ele veio “para que todos tenham a vida e a vida em abundância” (Jo 10,10). Uma religião que abandona a sua função profética é tão traidora como a religião decadente das elites do Templo.
Senhor Jesus, que eu tenha pelas coisas do Pai o mesmo zelo que tiveste, sabendo reconhecer as exigências práticas da minha fé.
Fonte Padre BANTU SAYLA
HOMILIA
A igreja é o lugar do nosso encontro com Deus
A igreja é o lugar do nosso encontro com Deus, o templo sagrado. Que beleza quando temos a oportunidade de visitar uma igreja, porque é um momento de estarmos em comunhão plena com o Senhor!
“Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!” (João 2,16).


Neste domingo, dia dedicado ao Senhor, celebramos a Dedicação da Basílica de Latrão. Ela é a primeira catedral do mundo, a catedral da diocese de Roma, a Igreja Mãe de todas as igrejas do mundo inteiro.
Celebrando esse templo, lembramo-nos de todos os templos e igrejas, lugar da presença do Senhor entre nós, espalhados por esse mundo a fora. Nós já entramos em tantas catedrais e igrejas, mas podemos nos recordar da igreja em que fomos batizados, em que fizemos a nossa primeira comunhão, da capela (por menor que seja) onde participamos para receber a Eucaristia. Enfim, o templo é o lugar sagrado da presença de Deus no meio de nós!
Que beleza quando temos a oportunidade de visitar, de estar numa igreja, porque é o momento de estarmos em comunhão plena com o Senhor! A celebração de hoje convida-nos primeiro a estarmos em comunhão com a Igreja Mãe, a Igreja que está em Roma, conduzida e guiada pelo Bispo de Roma, o nosso Papa Francisco. Viver essa comunhão na unidade é estabelecer os nossos laços com Cristo, que não criou Sua Igreja dividida, mas unida!
Somos chamados, no dia de hoje, a refletir o lugar que damos para a igreja em nossa vida, ou a maneira como nos portamos dentro dela, no lugar da presença de Deus.
Aquilo que deixou Jesus santamente irado no Evangelho de João 2,13-22, O deixaria zangado da mesma forma no meio de nós. Muitas vezes, as igrejas estão mal cuidadas, e não é o cuidado físico, mas já não há um espaço sagrado para o silêncio, para a oração e para a meditação. Às vezes, as pessoas chegam na igreja e conversam o tempo inteiro, sem parar, reparam neste ou naquele detalhe das pessoas, da igreja e não estão inteiramente presentes para celebrar o mistério sagrado que ali celebrado.
A igreja é o lugar do nosso encontro com Deus, o templo sagrado, o lugar da presença do Senhor. Que tenhamos zelo, amor, cuidado com as coisas do Senhor!
Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.https://www.facebook.com/rogeraraujo.cn



Preparo-me para a Leitura Orante, fazendo uma rede de comunicação
e comunhão em torno da Palavra com todas as pessoas que circulam neste ambiente virtual.
Graça e Paz a todos os que se reúnem aqui, na web, em torno da Palavra.
Juntos, rezamos ou cantamos o Salmo 94:
(Se, em grupo, pode ser rezado em dois coros ou um solista e os demais repetem)
- Venham, ó nações, ao Senhor cantar (bis)
- Ao Deus do universo, venham festejar (bis)
- Seu amor por nós, firme para sempre (bis)
- Sua fidelidade dura eternamente (bis)
- Toda a terra aclame, cante ao Senhor (bis)
- Sirva com alegria, venha com fervor (bis)
- Nossas mãos orantes para o céu subindo (bis)
- Cheguem como oferenda ao som deste hino (bis)
- Glória ao Pai, ao Filho e ao Santo Espírito (bis)
- Glória à Trindade Santa, glória ao Deus bendito (bis)

1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente, na Bíblia, o texto: Jo 2, 13-22.
Alguns dias antes da Páscoa dos judeus, Jesus foi até a cidade de Jerusalém. No pátio do Templo encontrou pessoas vendendo bois, ovelhas e pombas; e viu também os que, sentados às suas mesas, trocavam dinheiro para o povo. Então ele fez um chicote de cordas e expulsou toda aquela gente dali e também as ovelhas e os bois. Virou as mesas dos que trocavam dinheiro, e as moedas se espalharam pelo chão. E disse aos que vendiam pombas:
- Tirem tudo isto daqui! Parem de fazer da casa do meu Pai um mercado!
Então os discípulos dele lembraram das palavras das Escrituras Sagradas que dizem: "O meu amor pela tua casa, ó Deus, queima dentro de mim como fogo." 
Aí os líderes judeus perguntaram:
- Que milagre você pode fazer para nos provar que tem autoridade para fazer isso?
Jesus respondeu:
- Derrubem este Templo, e eu o construirei de novo em três dias!
Eles disseram: 
- A construção deste Templo levou quarenta e seis anos, e você diz que vai construí-lo de novo em três dias?
Porém o templo do qual Jesus estava falando era o seu próprio corpo. Quando Jesus foi ressuscitado, os seus discípulos lembraram que ele tinha dito isso e então creram nas Escrituras Sagradas e nas palavras dele.
O Evangelho  nos fala do templo, que é símbolo da religião. Em Jerusalém, no tempo de Jesus, o templo era o lugar privilegiado de encontro com Deus. A celebração da Páscoa consumia grande quantidade de bois, ovelhas e pombas; com licença das autoridades do templo, um átrio se convertia em estábulo ou mercado. Para o tributo do templo ou para oferendas voluntárias, o povo que vinha de outros países tinha que trocar dinheiro. Jesus chega a Jerusalém por ocasião da festa de Páscoa, e expulsa todos do templo: os comerciantes, e também os próprios animais do sacrifício. Simbolicamente, ele expulsou o culto praticado ali. (Zc 14,21)
"O zelo por tua casa me devora", diz Jesus tomando as palavras do Salmo 69,10. Jesus quer purificar o templo que se transformara em lugar de comércio, de troca de moeda, de exploração do povo pobre e de enriquecimento da classe sacerdotal. A ação de Jesus podia ser interpretada por seus contemporâneos na linha dos protestos proféticos contra a profanação da casa de Deus. Purificar, limpar aquele templo era o sinal de que a era messiânica havia chegado. A ação de Jesus era grave porque o templo era o centro econômico, político e ideológico do judaísmo daquela época. Jesus estava atacando a raiz da estrutura social.

Jesus falava do templo referindo-se ao próprio Corpo. Paulo também fala do nosso corpo, como templo de Deus:
1Cor 3,16-17
Vocês não sabem que são templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês? Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá. Pois o templo de Deus é santo, e esse templo são vocês.
2Cor 6,16
Nós somos o templo do Deus vivo, como disse o próprio Deus: «Habitarei no meio deles, e com eles caminharei. Serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.

2. Meditação (Caminho)
O que o texto diz para mim, hoje?
A reação de Jesus diante dos vendedores e cambistas que comerciavam dentro do templo de Jerusalém, serve para nós como uma exortação para que não instrumentalizemos as coisas de Deus, como suporte dos nossos interesses. Ao mesmo tempo em que nós devemos respeitar a casa de Deus como um lugar sagrado, de recolhimento e oração, nós também precisamos fazer do nosso interior um templo sagrado onde habita Deus. Assim como Jesus expulsou os vendilhões do templo, nós também com toda determinação necessitamos expulsar do nosso coração tudo o que possa transformar o nosso interior numa casa de negócios, onde paire os pensamentos maus, interesseiros e as más intenções. "O zelo por tua casa me devora". O bem-aventurado Alberione transmitiu à  Família Paulina uma espiritualidade integral que engloba toda a pessoa: mente, vontade e coração. Segundo ele,  nossos pensamentos motivam  nossos sentimentos e estes, determinam as nossas ações. Pense um pouco:
- O que tem ocupado os seus pensamentos?
- As motivações que tenho são saudáveis para a minha vida e a dos meus irmãos?
- Tenho dificuldade em perdoar, deixando " ïnutilidades" no meu coração?
- Confio em Deus?

3.Oração (Vida)

O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo, espontaneamente, com salmos e concluo com a oração:
Jesus, Mestre:
que eu pense com a tua inteligência, com a tua sabedoria.
Que eu ame com o teu coração.

Que eu veja com os teus olhos.
Que eu fale com a tua língua.

Que eu ouça com os teus ouvidos.
Que as minhas mãos sejam as tuas.

Que os meus pés estejam sobre as tuas pegadas.
Que eu reze com as tuas orações.

Que eu celebre como tu te imolaste.
Que eu esteja em ti e tu em mim. Amém.


4.Contemplação (Vida e Missão)

Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Sinto-me discípulo/a de Jesus?
Meu olhar, neste dia, será iluminado pela presença de Jesus Cristo, acolhido no meu coração, sua morada e Templo. Frase para eu recordar meu coração livre para Deus:
"O meu amor pela tua casa, ó Deus, queima dentro de mim"

Bênção

- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Irmã Patrícia Silva, fsp
patricia.silva@paulinas.com.br
Oração Final
Pai Santo, dá-nos especial veneração pelos lugares sagrados, os Templos que com muito amor dedicamos a Ti. Ensina-nos a sentir neles, de forma especial, a tua Presença Amiga a nos inspirar a caminhada em seguimento ao Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo vive e reina na unidade do Espírito Santo.