ANO B
Lc 11,14-23
Comentário do Evangelho
O mal impede de falar as maravilhas de Deus
Na subida para a sua Páscoa, Jesus vai fazendo as pessoas viverem. Sua presença na vida das pessoas comunica o Espírito Santo e arranca o mal que desfigura, no homem, o brilho originário da imagem de Deus.
A mudez era considerada possessão demoníaca. O mal impede de falar, de bem falar; o mal distorce a linguagem. Expulsando o demônio, que impedia de falar, Jesus faz o mudo renascer para a palavra. Ora, o próprio Lucas, na segunda parte da sua obra, os Atos dos Apóstolos, diz que é o Espírito Santo quem faz falar as maravilhas de Deus (cf. At 2,1-11). À admiração da multidão, opõe-se a resistência de alguns. O leitor do evangelho já sabe que Jesus possui o Espírito de Deus (Lc 3,21-22; 4,1.18). Dizer que é por Beelzebu que Jesus expulsa os demônios é falta de discernimento, é confundir o Espírito Santo com Beelzebu - eis aí o mal!
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, transforma-me em instrumento de teu amor misericordioso, a exemplo de Jesus. Por onde eu passar, possa ser testemunha de que teu Reino já chegou para nós.
COMENTÁRIO DO EVANGELHO
Quem não está comigo está contra mim
Um homem era mudo. O demônio impedia que ele falasse. Jesus expulsou o demônio e o homem começou a falar. Este é o acontecimento. Quais são as reações? Admiração: muita gente ficou feliz vendo o mudo falar. Rejeição: outros não se importaram com o fato e, como não aceitavam Jesus, acusaram-no de agir com o poder do chefe dos demônios. Alienação: outros ainda preferiam um sinal mágico mais do que ver e ouvir um mudo falar.
Sinais da terra não lhes interessavam. Esses, os piores, queriam provocar Jesus. Os que o rejeitaram deviam entender que, se o demônio expulsa o demônio que está dominando um homem, este homem se torna livre. Então, aplausos para o demônio. O ser humano está ganhando. Expulsem o demônio pelo poder do demônio ou o expulsem pelo dedo de Deus; o que importa é que ele está sendo expulso e o ser humano, reabilitado.
Cônego Celso Pedro da Silva,
Vivendo a Palavra
Nós projetamos no outro nossas próprias motivações. Alguns dos presentes atribuíam a Jesus o poder de Belzebu, por estarem eles mesmos sob o poder do mal. Coloquemo-nos e nos mantenhamos sempre nos braços do Senhor para seremos fraternos nas relações com o próximo.
VIVENDO A PALAVRA
De um lado, o Galileu – manso e humilde de coração – curando, expulsando demônios, fazendo bem a todos. Do outro, a desconfiança, a inveja e a injúria. O povo se dividia perplexo. Em qual dos grupos eu estaria? Eu sou capaz de dar graças a Deus pelo bem que acontece, sem me preocupar em colocar rótulos nas pessoas que o praticam?
VIVENDO A PALAVRA
Nós procuramos milagres e sinais extraordinários, esquecidos de contemplar a obra da Criação: o Universo e a Humanidade. Mais, ainda, sem atinar que a nossa própria Vida é o Grande Sinal. Ou, se quisermos outro, pensemos na Fé – na nossa fé, que nos dá coragem para mergulhar no infinito mar do Amor que é a Trindade Santíssima. Diante desses milagres, só cabe a nossa entrega agradecida. Nenhuma dúvida.
Reflexão
Estamos vivendo uma época em que as posições em relação a Satanás são contraditórias. Existem algumas pessoas que dizem que o demônio não existe, que é uma espécie de personificação das más tendências e inclinações das pessoas e que essa história de anjo decaído não passa de mitologia. Por outro lado, existem os que absolutizam a ação do demônio, de modo que tudo é o inimigo agindo, é fruto do maligno e outras coisas do gênero. A Igreja afirma a existência do demônio, mas também afirma que o poder de Deus é infinitamente superior ao dele. No Evangelho de hoje, Jesus nos mostra o seu poder sobre o maligno, poder que se manifesta na totalidade no Mistério Pascal, que é a derrota definitiva do antigo inimigo.
Reflexão
Ao libertar um homem de sua mudez, Jesus provoca dois tipos de reação. A primeira é que “as multidões se admiraram”. A segunda reação é a de alguns que acusam Jesus de expulsar demônios por influência do chefe dos demônios. Tentam desacreditar a obra de Jesus, como se ele fizesse parte do mundo dos demônios. Nada mais contraditório e ofensivo. Quando se trata de mostrar a autenticidade de sua missão, Jesus não dá espaço a dúvidas ou falsas interpretações. Responde dizendo que é contrassenso expulsar demônios pelo poder do chefe deles. O que Jesus realiza é pelo “dedo de Deus”, o Espírito Santo. Depois pede que se faça a escolha certa: a pessoa, ou se coloca do lado de Jesus e do Reino de Deus, ou fica do lado do demônio, no reino da injustiça.
(Dia a dia com o Evangelho 2018 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)
Reflexão
É muito comum a rotulação de pessoas tanto positiva como negativamente. Dependendo do rótulo, a pessoa é valorizada ou desprezada. Depois da expulsão do demônio, Jesus é rotulado de agir em nome de Beelzebu, príncipe dos demônios. Demônio, ou Satanás, é uma “personagem cósmica” que testa a lealdade da pessoa a Deus, procura desviá-la do caminho de Deus. Além disso, Jesus é posto à prova para que realize algum sinal do céu. Jesus age em nome de Deus, e não de Beelzebu. Se ele age em nome de Deus e “desaliena” as pessoas é sinal de que o Reino de Deus chegou. Não podemos ficar indiferentes: ou estamos com Cristo, empenhados na luta contra o mal, ou estamos a serviço de Satanás, espalhando injustiças, mentiras e alienações. Somente quem acolhe o Mestre como enviado de Deus “recolhe” e não “espalha”.
Oração
Senhor Jesus, algumas pessoas te ofendem, afirmando que expulsas o demônio pelo poder de Beelzebu. Mostras que estão no erro, pois é “com o dedo de Deus” que expulsas o agente do mal. Concede-nos, ó Mestre, a graça de permanecer contigo, para não desperdiçar o tempo, as energias, a vida. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2021 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp e Pe. Nilo Luza, ssp)
Reflexão
As curas promovidas por Jesus, para além do bem-estar recaído sobre os curados, também reintegravam tais pessoas ao convívio social, pois lhes restituíam a dignidade e a plenitude da vida. Jesus é acusado de realizar suas ações por meio do príncipe dos demônios, e não por meio de Deus; contudo, ele devolve a pergunta e afirma que um reino dividido é facilmente destruído. Precisamos discernir e escolher com quem estamos e ao lado de quem nos posicionamos. Não é possível estarmos com os pés em duas canoas, obviamente não haverá estabilidade e em pouco tempo estaríamos dentro d’água. Recolher, por mais difícil que seja, implica renunciar, pois optamos seguir por determinada via assumindo as consequências dessa opção. Quem não se decide vive na superficialidade e de forma inconsistente.
(Dia a dia com o Evangelho 2022)
Reflexão
Por não reconhecerem a ação de Deus na pessoa de Jesus, seus adversários caem na mais ridícula contradição. Atribuem ao poder do maligno as boas obras que Jesus realiza diante deles. Na verdade, estão completamente dominados pelo espírito do mal; escolhem o mundo da injustiça que Jesus veio combater. Fique bem claro: Jesus expulsa o mal pelo poder do sumo Bem, o próprio Deus. E o grande sinal é que o Reino de Deus já chegou. O “homem forte”, como diz Jesus, é ele mesmo, que chega e derrota o inimigo. É sensato quem fica do lado de Jesus. Com ele, podemos levar vida fecunda. Sem ele, perde-se o tempo, perde-se a vida! Quando há má vontade, pode-se cair no engano de ver maldade até numa ação boa, praticada de coração sincero.
(Dia a Dia com o Evangelho 2023)
Reflexão
Ao libertar um homem de sua mudez, Jesus provoca dois tipos de reação. A primeira é que “as multidões se admiraram”. A segunda reação é a de alguns que acusam Jesus de expulsar demônios por influência do chefe dos demônios. Tentam desacreditar a obra de Jesus, como se ele fizesse parte do mundo dos demônios. Nada mais contraditório e ofensivo. Quando se trata de mostrar a autenticidade de sua missão, Jesus não dá espaço a dúvidas ou falsas interpretações. Responde dizendo que é contrassenso expulsar demônios pelo poder do chefe deles. O que Jesus realiza é pelo “dedo de Deus”, o Espírito Santo. Depois pede que se faça a escolha certa: a pessoa ou se coloca do lado de Jesus e do Reino de Deus, ou fica do lado do demônio, no reino da injustiça.
(Dia a dia com o Evangelho 2024)
Reflexão
«Se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, é porque o Reino de Deus já chegou até vós»
Rev. D. Josep GASSÓ i Lécera
(Ripollet, Barcelona, Espanha)
Hoje, na proclamação da Palavra de Deus, reaparece a figura do diabo: «Jesus estava expulsando um demônio que era mudo. Quando o demônio saiu, o mudo começou a falar, e as multidões ficaram admiradas» (Lc 11,14). Cada vez que os textos nos falam do demônio, nos sentimos um pouco incômodos. Em todo caso, é verdade que o mal existe, e que tem raízes tão profundas que nós não podemos conseguir eliminar-las totalmente. Também é verdade que o mal tem uma dimensão muito ampla: vai “trabalhando” e não podemos de nenhuma maneira dominá-lo. Mas Jesus veio combater essas forças do mal, ao demônio. Ele é o único que o pode expulsar.
Jesus foi caluniado e acusado: o demônio é capaz de conseguir tudo. Enquanto que as pessoas se maravilham do que Jesus Cristo tem feito, «Mas alguns disseram: ‘É por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios’» (Lc 11,15).
A resposta de Jesus mostra o absurdo do argumento de quem o contradiz. Esta resposta é para nós um chamado à unidade, à força que supõe a união. A desunião, no entanto, é um fermento maléfico e destruidor. Exatamente, um dos signos do mal é a divisão e a falta de entendimento entre uns e outros. Infelizmente, o mundo atual está marcado por este tipo de espírito do mal que impede a compreensão e o reconhecimento entre uns e outros.
É bom que meditemos qual é nossa colaboração neste “expulsar demônios” ou eliminar o mal. Perguntamo-nos: Ponho o necessário para que o Senhor expulse o mal de meu interior? Colaboro suficientemente neste “expulsar”? Porque «Pois é do coração que vêm as más intenções: crimes, adultério, imoralidade, roubos, falsos testemunhos, calúnias» (Mt 15,19). É muito importante a resposta de cada um, ou seja, a colaboração necessária a nível pessoal.
Que Maria interceda ante Jesus, seu Filho amado, para que expulse de nosso coração e do mundo qualquer tipo de mal (guerras, terrorismo, maus tratos, qualquer tipo de violência). Maria, Mãe da Igreja e Rainha da Paz, rogai por nós!
Pensamentos para o Evangelho de hoje
- «Os fiéis deveram abrir bem o espírito e procurar entrar, com um exame verdadeiro, nas afeições do coração. Se chegarem a encontrar algum fruto da caridade escondido na sua consciência, não deveram duvidar que tem Deus com eles» (São Leão Magno)
- «Ou estás no caminho do amor, ou estás no caminho da hipocrisia. Ou te deixas amar pela misericórdia de Deus, ou fazes o que quiseres de acordo com o teu coração, que fica endurecido cada vez mais neste caminho. Ou tu és santo ou vais por outro caminho. E quem ‘não une a sua vida’ com o Senhor, espalha-se. É corrupto e corrompe» (Francisco)
- «O dedo. ‘É pelo dedo de Deus que Jesus expulsa os demónios’ (46). Se a Lei de Deus foi escrita em tábuas de pedra ‘pelo dedo de Deus’ (Ex 31, 18), a ‘carta de Cristo’, entregue ao cuidado dos Apóstolos, ‘é escrita com o Espírito de Deus vivo: não em placas de pedra, mas em placas que são corações de carne’ (2 Cor 3, 3)» (Catecismo da Igreja Católica, nº 700)
Reflexão
O obrar de Cristo no Espirito Santo nos libera do demônio
REDAÇÃO evangeli.net (elaborado com base nos textos de Bento XVI)
(Città del Vaticano, Vaticano)
Hoje consideramos que Cristo, atuando com o Espirito Santo, se torna presente entre nós e nos defende do mal. É absurdo que o demónio expulse o demónio! Tenhamos bom senso: é Cristo quem —com o “dedo” de Deus— expulso os demónios!
O anúncio do Reino é “acontecimento”: Palavra de Deus em Pessoa. Este anúncio é também uma luta contra as forças do mal. O mundo antigo viveu a aparição da fé cristã como libertação do temor aos demónios que, apesar do ceticismo e do racionalismo iluminado, o invadia todo. Para nós não há mais que um Deus e um só Senhor, Jesus Cristo (cf. 1Cor 8,4): nesta afirmação há uma força libertadora, o grande exorcismo que purifica o mundo. Por muitos “deuses” que flutuem no mundo, só um é Deus e Senhor!
—Com Jesus Cristo, Deus entrou na história de um mundo totalmente novo: vivemos, de maneira singular, o tempo da conversão e do arrependimento, e também o tempo do júbilo.
Meditação
Na comparação, homem forte é o poder do mal; o homem mais forte é o próprio Jesus, capaz de vencer o mal e libertar-nos. Se vemos em Jesus o Filho de Deus, o nosso libertador, então devemos unir-nos a Ele, de todo o coração e para sempre. Não podemos ficar divididos: se não estamos de todo com Ele, estamos contra Ele. Junto dele exige-se de nós coerência absoluta e fidelidade total.
Oração
À medida que se aproxima a festa da salvação, nós vos pedimos, ó Deus, que nos preparemos com maior empenho para celebrar o mistério da Páscoa. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: a12 - Reze no Santuário - Deus conosco, em 16/03/2023
Meditação
“Quem não está comigo está contra mim. E quem não recolhe comigo dispersa.” Eram muitos os que não tinham coragem de tomar uma decisão diante de Jesus, apesar de seu jeito de ser, de suas palavras e de seus milagres. Não é possível crer e não crer, confiar e não confiar. Jesus quer nossa adesão total, quer que o reconheçamos como nosso único Salvador e nossa única esperança. Ele nos fala ao coração, ele nos atrai: podemos tranquilamente confiar nele.
Oração
Ó DEUS ONIPOTENTE, suplicantes imploramos a vossa majestade: à medida que se aproxima a festa da salvação, nos preparemos, com maior empenho, para celebrar o mistério pascal. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Comentário sobre o Evangelho
Jesus expulsa um demônio mudo. Alguns o criticam e pedem um sinal do céu
Hoje vemos até onde pode chegar a cegueira mental quando nos corações não há amor. Pobre Jesus! Vai aproximando a Jerusalém para entregar sua vida… Enquanto, lhe dizem que está endemoniado porque expulsa demônios. Que besteira! Em cima, vão e lhe pedem um milagre (?)…
—Olhe-o na Cruz. Não se pode pedir mais!
Meditando o evangelho
UMA BOA AÇÃO MAL-INTERPRETADA
Os milagres de Jesus prestavam-se a toda sorte de interpretação. Quem olhava para o Mestre com bons olhos, via neles o sinal da presença do Reino de Deus atuando na história humana, e se maravilhavam. Quem, pelo contrário, tinha preconceitos levantava suspeitas contra ele, declarando que seu poder taumatúrgico provinha de Belzebu. Por mais espetacular que fosse o milagre operado por Jesus, sempre havia quem o interpretasse de forma maldosa.
O Mestre tentou levar seus adversários a raciocinar, sem preconceitos, a respeito de seus milagres. Os gestos portentosos de Jesus visavam sempre desarticular o poder opressor de Belzebu sobre as pessoas. Este poder satânico expressava-se na impossibilidade de alguém se comunicar, de conviver fraternalmente com os outros, de fechar-se no próprio egoísmo idolátrico. Ao libertar as pessoas destas situações, Jesus impedia que Belzebu mantivesse seu poder sobre elas. Ou seja, os milagres representavam uma luta gigantesca entre Jesus e Belzebu. Os milagres eram um indício seguro da vitória do Filho de Deus.
Se as coisas não são entendidas assim, é sinal de estar acontecendo uma tremenda cisão no reino de Satanás. Portanto, está para se desmoronar. Pelo contrário, se Jesus está desarticulando o poder de Belzebu, o Reino de Deus está se manifestando na história humana. A atitude mais sensata, neste caso, consiste em acolhê-lo e fazer-se seu discípulo.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Senhor Jesus, ajuda-me a compreender que, em seus milagres, o Reino de Deus irrompeu na história humana e o poder opressor do demônio ficou desarticulado.
Meditando o evangelho
ADMIRAÇÃO E SUSPEITA
Embora agisse com absoluta boa-fé, a ação de Jesus foi alvo de interpretações desencontradas. As multidões ficavam maravilhadas diante de seus gestos poderosos. O caso da libertação de um homem mantido escravo pelo demônio, que o impedia de falar, era um, entre tantos. O povo começava a perceber algo de extraordinário, presente na ação de Jesus. Sem dúvida, a mão de Deus estava agindo por meio dele. Esta percepção constituía o primeiro passo para a fé.
Outros, porém, viam as coisas de modo diferente, e acusavam o Mestre de estar agindo em conluio com Belzebu. Por isso, colocavam-no sob suspeita. Na visão deles, os milagres de Jesus eram só aparentes; quem acreditava neles, corria o risco de afastar-se de Deus. A beleza desses milagres era como que uma capa que impedia as pessoas de se darem conta das reais intenções do Mestre. Por trás dessa capa bonita, ocultava-se um inimigo de Deus, que só buscava fazer adeptos.
Jesus não ficava indiferente, quando seu ministério era objeto de falsas interpretações. Afinal, os que o colocavam sob suspeita, estavam questionando o núcleo de sua ação: a obediência e a submissão ao Pai. Sem elas, toda a vida de Mestre não teria mais sentido, e sua condição de Messias, Filho de Deus, não passaria de uma impostura.
Ao maravilhar-se da ação de Jesus, o discípulo reconhece Deus agindo por meio dele, e se abre para acolhê-lo na fé.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Espírito de compreensão, coloca-me, cava vez mais, em sintonia com Jesus, para eu poder perceber o verdadeiro sentido do seu agir.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A Verdadeira Proteção
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Tive uma pessoa de minhas relações que enveredou pelos caminhos do mal e tornou-se traficante. Morávamos no mesmo bairro e quando nos encontrávamos de vez em quando, ele me oferecia proteção e segurança, dizendo que se alguém importunasse a mim ou a minha família, bastava dizer que era amigo dele, e o delinquente não nos faria nenhum mal, porque ele era muito temido no mundo do crime. Hoje em dia vem sendo muito comum essa inversão de valores, e nas grandes favelas os traficantes tornam-se ídolos da população, por oferecer segurança e proteção a todos.
As pessoas que aceitam isso estão subestimando as forças do bem e se aliando as forças do mal, é a inversão de valores onde aquele que pratica o mal explicitamente, toma a aparência do bem.
No evangelho de hoje os adversários de Jesus, não tendo argumentos diante dos seus ensinamentos e prodígios realizados, solidificando a supremacia do Bem que é o Reino de Deus, atribuem suas obras as Forças do Mal, sendo imediatamente desmascarados por Jesus.
Também podemos em uma releitura mais detalhada, percebermos aqui a crítica contundente de Jesus contra as Lideranças Religiosas daquele tempo, que não falavam uma mesma linguagem e era como se eles lhes dissesse “Até as Forças do Mal são unidas e têm uma mesma e única meta“. Nas nossas comunidades e nas do evangelista Lucas isso também acontece: somos todos batizados, cremos em um único Deus manifestado em Jesus, uma única Fé e uma única Igreja entretanto, nem sempre prevalece a comunhão de Vida e o Espírito Comunitário e certas pastorais e Movimentos não estão ali para SOMAR, mas sim para dividir, e não é culpa da Pastoral ou do Movimento, são as pessoas com aquilo que trazem no coração e na mente.
A Comunidade age em nome e no Poder de Cristo Jesus e todo e qualquer trabalho deve ser sempre direcionado para o Bem e não para o Mal. O que acontece é que muitas vezes o Mal se infiltra na Comunidade e como esses interlocutores de Jesus, começam a criticar tudo de bom que há na comunidade, querendo inverter o quadro e alegando que são ações do Mal. Jesus desmascara as Forças do Mal, que dividem e hostilizam o Reino...
Sejamos prudentes e fiquemos de olhos bem abertos, pois nem a comunidade escapa da ação do Maligno...
2. O REINO ESTÁ ENTRE NÓS
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês)
A presença do Reino de Deus na história da humanidade revelava-se no poder de Jesus de expulsar os demônios, libertando todo ser humano desse poder opressor. Essa libertação significava a retomada do senhorio de Deus na vida de quem era dominado pelo maligno, possibilitando-lhe, novamente, a vivência do amor e da solidariedade.
Jesus personificava o Reino de Deus na medida em que estava todo centrado no Pai, cujas obras buscava realizar. Em suas ações, revelava-se "o dedo de Deus" na vida de tantas pessoas privadas de sua dignidade.
Contudo, isto não era evidente! Só quem estava sintonizado com Jesus tinha condições de perceber Deus agindo por meio dele. Caso contrário, corria-se o risco de interpretá-lo mal e fazê-lo objeto de falsas acusações.
Foi o que aconteceu quando o acusaram de agir com o poder de Belzebu, o chefe dos demônios. Ou quando exigiam dele sinais sempre mais mirabolantes, como prova da autenticidade do seu messianismo.
O fato de ser incompreendido não impedia Jesus de seguir adiante. Movia-o somente a consciência de dever ser fiel ao Pai. Por isso, não cessava de dar testemunho do amor que Deus derramava sobre a humanidade.
Oração
Pai, transforma-me em instrumento de teu amor misericordioso, a exemplo de Jesus. Por onde eu passar, possa ser testemunha de que teu Reino já chegou para nós.
COMENTÁRIO DO EVANGELHO
1. Quem não está comigo é contra mim
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - comece o dia feliz)
Um homem era mudo. O demônio impedia que ele falasse. Jesus expulsou o demônio e o homem começou a falar. Este é o acontecimento. Quais são as reações? Admiração: muita gente ficou feliz vendo o mudo falar. Rejeição: outros não se importaram com o fato e, como não aceitavam Jesus, acusaram-no de agir com o poder do chefe dos demônios. Alienação: outros ainda preferiam um sinal mágico mais do que ver e ouvir um mudo falar. Sinais da terra não lhes interessavam. Esses, os piores, queriam provocar Jesus. Os que o rejeitaram deviam entender que, se o demônio expulsa o demônio que está dominando um homem, este homem se torna livre. Então, aplausos para o demônio. O ser humano está ganhando. Expulsem o demônio pelo poder do demônio ou expulsem-no pelo dedo de Deus; o que importa é que ele está sendo expulso e o ser humano, reabilitado.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Quando o Mal se camufla de Bem...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Lembrando meus tempos de repórter, tinha um conhecido que traficava drogas, gente boa, não bebia e nem fumava, mas de vez em quando era pego com a "boca na botija" e permanecia 5 a 10 anos "engaiolado".
Certa ocasião, em respeito à nossa amizade ele quis ajudar-me falou "Olha, se algum malandro entrar na sua casa ou tentar te assaltar ou fazer algum mal a alguém da sua família, diga pro sujeito que você é meu amigo e ele vai se borrar de medo deixando você em paz..."
Alguém que me dá segurança e proteção, só pode estar do lado do Bem, nada disso! É impossível navegar com o pé em duas canoas, ou eu pratico o Bem ou então o Mal. Não tem como fazer os dois ao mesmo tempo. Nesse caso do meu amigo "Vida Torta" a segurança que ele me oferecia era fruto da violência que ele cometia contra a Vidas dos Viciados, quem destrói a Vida do outro em benefício próprio, está comprometido com o Mal e não com o Bem. O mesmo se diga dos poderosos do Tráfico que nos morros e favelas banca o defensor dos pobres que lá moram…pousando até mesmo de Heróis.
As ações de Jesus todas elas são libertadoras, resgatando ao ser humano a sua dignidade, ele tem poder sobre todas as forças que oprimem e escravizam o homem e por isso as multidões ficam admiradas quando veem a total transformação de quem foi por ele liberto e curado. Mas há um grupo de pessoas que Jesus não consegue convencer, elas estão sempre por perto, prontas para o acusar, buscando argumentos para condená-lo a morte e chegam ao absurdo de desvirtuarem a ação libertadora, vendo nela uma força opressora, pois o demônio jamais liberta as pessoas, ele só as oprime e escraviza.
A ação libertadora de Jesus é a prova incontestável de que o Reino chegou e nele devem engajar-se todos os que desejam a salvação e a libertação de tudo quanto oprime e escraviza. Afirmar que se está do lado de Jesus, mas não mover uma agulha para que a ação libertadora aconteça na vida do outro, é certamente uma grande incoerência. Cristão que não busca a valorização da Vida, a preservação da dignidade humana, e o respeito pelo ser humano, pode até participar comunidade mas pertence ao outro "time". Nesta lista entram também todos os que se omitem e até na comunidade ficam de boca calada, preferindo não dar sua opinião, para não ser criticado. Estes também estão possessos do demônio que os torna mudos e omissos.
Na comunidade, no mundo do trabalho, na política, nas instituições governamentais, está "assim ó” de mudos e mudas, omissos e omissas, que em fins de semana, da boca prá fora dizem o seu "Amém" ao receberem uma Eucaristia que não vivem e com a qual nunca estiveram comprometidos.
2. O Reino de Deus já chegou até vós - Lc 11,14-23
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - comece o dia feliz)
Não entramos na liberdade dos filhos de Deus trocando um dominador por outro. Algo novo precisa acontecer para sairmos de fato do já conhecido que se repete. O mais forte luta com o forte e o vence apoderando-se dos despojos. O forte é o demônio que mantém dominado o ser humano. O mais forte é Jesus, que liberta o ser humano da dominação do demônio. Se o ser humano sai da dominação do demônio e passa a ser dominado por Jesus, continua dominado. Não é assim, porém, com Jesus. O mais forte não se apodera dos despojos. Ele os distribui. “Vai para tua casa e para os teus…”. Dize obrigado sem sentir-te obrigado. Vai ser discípulo em tua casa.
HOMILIA DIÁRIA
Jesus sempre age no momento certo
Postado por: homilia
março 7th, 2013
Diante de um bem realizado por Jesus, testemunhas oculares questionam: “Em nome e poder de quem Jesus estaria atuando?” Ele acabara de libertar um homem endemoniado. Vendo o homem curado e liberto, uma parte da multidão exclama impávida e pasmada: “É por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios” (Lc 11,15).
Outros, querendo conseguir alguma prova contra Jesus, pediam que Ele fizesse um milagre para mostrar que Seu poder vinha de Deus.
E a atitude de Cristo – como sempre – é aconchegante e oportuna. Ele sempre age na hora e no momento certo.
“Mas, conhecendo seus pensamentos, Jesus disse-lhes: ‘Todo reino dividido contra si mesmo será destruído; e cairá uma casa por cima da outra. Ora, se até satanás está dividido contra si mesmo, como poderá sobreviver o seu reino? Vós dizeis que é por belzebu que eu expulso os demônios. Se é por meio de belzebu que eu expulso demônios, vossos filhos os expulsam por meio de quem? Por isso, eles mesmos serão vossos juízes. Mas, se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então chegou para vós o Reino de Deus. Quando um homem forte e bem armado guarda a própria casa, seus bens estão seguros. Mas, quando chega um homem mais forte do que ele, vence-o, arranca-lhe a armadura na qual ele confiava, e reparte o que roubou. Quem não está comigo está contra mim. E quem não recolhe comigo dispersa’” (Lc 11,17-23).
A prática libertadora de Jesus, restaurando a dignidade e a liberdade das pessoas suscita, por um lado, a admiração das multidões e, por outro, a repressão dos chefes religiosos de Israel.
Jesus afirma que veio para libertar todos que estão retidos sob o poder do encardido, ou seja, em poder daqueles chefes religiosos, pois é preciso que todos saibam que é em nome e no poder de Deus que Ele veio, tornando presente o Reino de Deus, Seu Pai, entre nós.
Padre Bantu Mendonça
HOMILIA DIÁRIA
Ouvi e escutai atentamente a voz de Deus
Ouvir e escutar sempre a Deus para não errar e cair
“Dei esta ordem ao povo dizendo: ‘ouvi a minha voz, assim serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; e segui adiante por todo o caminho que eu vos indicar para serdes felizes’.” (Jr 7, 23-28)
Primeira coisa que o nosso coração precisa saber é escutar, acima de tudo, saber escutar a Deus, por isso que a ordem é sempre essa: “ouvir minha voz, a voz do Senhor”.
Nós precisamos nesse tempo da graça no qual vivemos, pedir a Deus que realmente cure os nossos sentidos. Esses são tudo aquilo que nos fazem viver, é a sensibilidade que há em cada um dos nossos sentidos. E, o primeiro sentido que me chama atenção é o sentido da audição, no que diz respeito, a sensibilidade da escuta, para ouvirmos uns aos outros e escutarmos o que devemos fazer; escutarmos a voz da consciência e para escutarmos a Deus.
Não é que Deus não fala, e sim, os nossos ouvidos que perderam a sensibilidade para ouvir o que é divino, sagrado. Nós ouvimos tantas coisas; por vezes as pessoas passam o dia inteiro com o fone no ouvido para ouvirem as músicas, notícias; até coisas que não deveriam ouvir. Essas coisas não estragam só os ouvidos, estragam também o coração, pois entram por eles, vão para a cabeça e de lá descem ao coração.
Ouvimos conversas fiadas, fofocas, calúnias, acusações; e há verdadeiros programas de televisão e também a internet que nos estragam por dentro. Não estrague sua audição interior e sua sensibilidade auditiva do coração, caso contrário, quando sentar para ouvir a Palavra de Deus, o coração cairá em desvaneio e os ouvidos não conseguirão ter a sensibilidade para escutar, nem mesmo a Palavra for anunciada e proclamada.
Quando a gente tenta retirar-se para ouvir, começam tantos barulhos dentro de nós. Purifiquemos os nossos ouvidos para escutar e ouvir a Deus e deixar que Ele fale a nós, porque, só podemos fazer aquilo que escutamos e falarmos do que ouvimos.
Por isso, a purificação dos ouvidos é a graça que devemos buscar nesse tempo da graça, que é o tempo da Quaresma.
Todas as vezes que deixou de escutar ao Senhor, nosso Deus, o Seu povo bateu a cabeça, extraviou-se. Nós erramos quando não escutamos; o filho erra quando não escuta seus pais; a esposa erra quando não escuta seu marido; o esposo erra quando não escuta sua esposa; os pais erram quando não escutam seus filhos; todos nós erramos e caímos quando não escutamos a voz do Senhor, nosso Deus.
Só não digamos que Deus não nos fala, mas reconheçamos, humildemente, que muitas vezes fechamos nossos ouvidos para não escutar ao Senhor, nosso Deus. Se de fato, O ouvirmos, seremos felizes. Ele há de conduzir a nossa vida!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
HOMILIA DIÁRIA
O Reino de Deus promove a união entre nós
“Todo reino dividido contra si mesmo será destruído; e cairá uma casa por cima da outra.” (Lucas 11,17)
Querem acusar Jesus porque Ele expulsou o demônio de um mudo e esse começou a falar. As multidões admiravam, mas outros disseram: “O que Ele faz é por Belzebu, o príncipe dos demônios”.
Que blasfêmia! Acusar uma obra de Deus como uma obra do maligno, misturar o bem de Deus com a maldade do mundo. Infelizmente, nos tempos em que estamos vivendo, as misturas estão acontecendo: o mal se mistura com o bem, o bem se mistura com o mal e o maligno prevalece nas ações, porque ele é aquele que veio para dividir.
Ele se dividiu quando se separou de Deus; e tudo o que Ele quer é semear divisões, colocar as pessoas umas contra as outras. O que ele quer é nos colocar uns contra os outros, ele quer o Reino de Deus destruído. É claro que ele não destrói o que é de Deus, é ele quem vai ser destruído, como aqueles que seguem as suas obras causando divisão, separação e estragos no Reino de Deus; causando divisão e semeando discórdias ao invés de promover a paz, a união e o diálogo. Ao invés de promover Deus com humildade, querem promover o Reino de Deus com soberba, orgulho, acusação e provocando sempre discórdias e acusações.
O Reino de Deus é aquele que promove nas diferenças a união com Deus
É preciso que nós, humildemente, neste tempo que se chama Quaresma, nos perguntemos: “a serviço de quem nós estamos”? Somos promotores da unidade ou da divisão? Somos promotores das guerras, dos conflitos ou da união? Somos promotores do diálogo com respeito, amor e misericórdia, ou nós entramos nas guerras que o mundo promove para colocar as pessoas umas contra as outras?
Sabemos viver o respeito, a humildade, o amor, que é a base das nossas relações, ou cedemos ao reino das acusações, das brigas e confusões dos tempos em que vivemos?
Quantas casas estão se acabando e sucumbindo. Quantas famílias estão se destruindo porque é uma família dividida, porque é uma família onde um se coloca contra o outro. Quantas paixões políticas e ideológicas estão destruindo famílias e relacionamentos. Quantos pensamentos mundanos e humanos tomando conta do mandamento do amor que é a exigência maior do Evangelho. Quantos pensamentos pessoais e individuais se colocam acima da graça de Deus que quer fazer o novo em nossa vida.
O reino diabólico é o reino daquele que tudo divide, separa e coloca as pessoas umas contra as outras. O Reino de Deus é aquele que promove nas diferenças a união com Deus. Sejamos instrumentos da paz e não da divisão!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
HOMILIA DIÁRIA
Peça ao Senhor que liberte o seu coração do espírito mudo
“Naquele tempo, Jesus estava expulsando um demônio que era mudo. Quando o demônio saiu, o mudo começou a falar, e as multidões ficaram admiradas.” (Lucas 11,14)
Veja, Jesus está diante de uma realidade de libertação, Ele liberta esse homem, essa pessoa desse espírito mudo. Já meditamos um pouco sobre essa realidade. O espírito mudo, na Palavra de Deus, diz respeito a todos os impedimentos à abertura, a dizer certas coisas, de nos dar a conhecer. Esse espírito mudo é aquela opressão de nos fazer fechar-nos em nós mesmos, de impossibilidade, de comunicar o nosso ser, comunicar aquilo que nós somos.
Quanta gente por aí escondida dentro de si mesma. É dramático, muitas vezes, quando a pessoa tem as suas coisas interiores, os seus dramas guardados a sete chaves, ninguém tem acesso, e a pessoa vive oprimida por um certo espírito mudo, de não conseguir falar dos seus sentimentos, falar das suas emoções, muitas vezes, vivendo uma vida fechada em si, muitas vezes, engaiolados, sem saber achar as palavras para poder dividir um drama interior, para poder expressar a sua emoção, a sua dor emocional. É algo tão comum nos dias de hoje, uma dor emocional, e a pessoa não tem condições de achar palavras ou um meio para expor isso, para se abrir. Isso eu falo em todos os níveis, pode ser um conflito pessoal, pode ser um conflito dentro do casamento.
Quantas mulheres vivem oprimidas por situações dramáticas dentro do relacionamento, não conseguem se abrir, não conseguem falar; quantas situações de dramas, até mesmo entre o casal, que eles não conseguem resolver e se abrir. Quantas pessoas também vivem, na própria afetividade e na sexualidade, dramas interiores e não conseguem partilhar.
Esse espírito mudo é aquela opressão de nos fazer fechar-nos em nós mesmos, de impossibilidade, de comunicar o nosso ser
Tocamos nessa fragilidade humana; e aqui não estou dizendo que as pessoas com esses dramas, dificuldades têm a ver com o espírito impuro. Só estou aqui elencando realidades dramáticas que podemos fazer a analogia do que seriam hoje, nos tempos atuais, a ação desse espírito mudo.
Sabemos que muitas pessoas têm dado a própria vida e têm emprestado esse serviço de ajuda e de escuta; os profissionais que ajudam as pessoas a lidar com seus dramas interiores, um sacerdote na direção espiritual, alguém que possa rezar por você no atendimento de oração, que possa te ajudar também a trazer a tona os seus dramas e os seus conflitos. Hoje, estou aqui chamando a atenção de todos nós, porque, no Cristo, precisamos ser instrumentos na vida dos nossos irmãos.
Quantas pessoas vivem esse drama e não procuram uma saída, quantas pessoas poderiam abrir o coração no sacramento da confissão, por exemplo, da reconciliação, colocar para fora os seus pecados, os seus vícios, as suas misérias e são oprimidas por esse espírito mudo que as impede.
Então, o grande mal que Jesus enfrenta (do qual liberta essa pessoa) é o de não conseguir comunicar o seu ser, porque, muitas vezes, a pessoa é oprimida por aquelas sensações: “Se eu falar, será que vou ser compreendido?”, “Se eu falar essa realidade, será que vou ser julgado?”, “Será que vou ser condenado?”, “Será que as pessoas vão me entender?”. Sim! As pessoas vão te entender, tenha a coragem!
Peça ao Senhor a graça de se libertar desse espírito mudo, que aprisionou você dentro dos seus dramas. Não vale a pena ficar assim, não vale a pena ficar nesse escondimento, não vale a pena ficar preso dentro de você mesmo. Hoje, estenda a sua mão para Jesus, peça que Ele providencie essa libertação para o seu coração. Venha para a luz, fale do seu coração, fale dos seus sentimentos porque o Senhor te acolhe, o Senhor quer libertar você.
Sobre todos vós, a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!
Padre Donizete Ferreira
Sacerdote da Comunidade Canção Nova.
HOMILIA DIÁRIA
Diante do pecado, não fique mudo, mas o confesse a Deus!
“Naquele tempo, Jesus estava expulsando um demônio que era mudo. Quando o demônio saiu, o mudo começou a falar, e as multidões ficaram admiradas.” (Lucas 11, 14)
Meus irmãos e minhas irmãs, nós estamos, neste tempo quaresmal, purificando o nosso coração e resgatando a nossa relação com Deus. E é justamente isso que Jesus faz no Evangelho de hoje, o resgate de um relacionamento, porque o ser humano quando perde a capacidade de se comunicar, de se colocar em relação com o outro, ele está fadado à solidão, ao vazio. Porque nós somos feitos para a comunicação, nós somos feitos para os relacionamentos. Ninguém é chamado a viver numa bolha, isolado, sozinho no mundo.
O Evangelho diz que era um demônio mudo, ele havia se rebelado contra Deus, certamente junto com outros demônios, ele escolhe não mais falar com Deus. E foi assim que Lúcifer fez, ele se rebelou contra Deus. E aqui nós lembramos também a dramática experiência de Adão e Eva que, originalmente, conversavam com Deus, caminhavam junto com Deus e não existia nenhuma barreira entre eles — tanto que eles nem cobriam seus corpos, porque existia aquela pureza original. Após o pecado, eles perderam a beleza do diálogo sincero com Deus, se esconderam, a voz de Deus se tornou estranha aos dois.
É no confessionário que o melhor exorcismo acontece
Lembrando-nos desse episódio de Adão e Eva, nós ligamos ao que está no Evangelho: o pecado nos faz perder a vontade de falar com Deus, o pecado torna muda a nossa oração, e isso é forte. Por isso, é tão importante a confissão individual que nós fazemos neste tempo quaresmal, ou seja, colocar para fora todas as situações, as nossas feridas, as nossas quedas que bloqueiam a nossa relação com Deus, para que, de novo, a nossa oração suba para a presença e o nosso diálogo com Ele seja recuperado.
Eu aconselho você: busque a confissão. Vá à sua paróquia, vá para algum santuário, vá ao encontro de algum padre, mas não meça esforços para fazer a paz com Deus e a paz com a tua consciência, neste tempo quaresmal. Nós precisamos resgatar de novo a nossa comunicação com Deus.
Como eu disse e repito: muitas vezes, a nossa oração ficou muda; muitas vezes, nós comprometemos a nossa oração porque o pecado pesa e sufoca o nosso coração. É no confessionário que o melhor exorcismo acontece. É no confessionário, porque quem rompe com o pecado é uma pessoa livre e não está mais submissa ao diabo ao demônio.
E, no Evangelho, é Jesus quem rompe esse muro de separação, porque ele liberta aquele homem daquele espírito impuro, liberta o coração do homem da mudez, ou seja, da incapacidade de diálogo com Deus.
Enquanto a palavra diabo significa divisor — diabolos, aquele que divide —, Jesus é Aquele que une, é Aquele que, de novo, nos coloca em comunhão, em unidade com o Pai do Céu. Por isso, professamos a nossa fé; e o credo que nós professamos vem da palavra “símbolos”, que quer dizer, unir, colocar juntos, é o contrário de diabolos.
Jesus nos une de novo ao coração do Pai do Céu, Jesus resgata em nós a capacidade de rezar, a capacidade de falar com Deus, de nos abrir na presença de Deus, nos comunicar com Ele. E uma vez que é resgatada essa comunicação com Deus, nós também podemos nos comunicar uns com os outros, comunicar a boa nova, comunicar Jesus Cristo.
Sobre todos vós, desça a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!
Padre Donizete Ferreira
Sacerdote da Comunidade Canção Nova.
Oração Final
Pai Santo, assim como Tu és Um com o Filho e o Espírito Santo, faze de toda a humanidade uma Igreja solidária acolhedora, sem discriminações, julgamentos ou privilégios. Queremos seguir os passos do Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, nós desejamos ser uma família unida em teu Nome. Ajuda-nos, Pai amado, a entender nossas diferenças como riquezas que nos completam e não como obstáculos que nos separam. Pois assim viveu e nos ensinou o Cristo Jesus, teu Filho Unigênito que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo. Amém.
ORAÇÃO FINAL
Pai de amorosa Presença em todos os momentos da nossa existência, nós agradecemos a Fé que plantaste em nossos corações. E Te pedimos, Pai que tanto amamos, aumenta a nossa Fé! Que sejamos testemunhas do teu Amor nesta terra encantada que nos emprestas para ser cuidada, usufruída e partilhada. Pelo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.