ANO B
15º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Ano B - Verde
“Evangelizar: uma exigência para o mensageiro.”
Mc 6,7-13
Ambientação
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: O Pai nos chama e nos confia uma missão a ser desempenhada ao estilo de Jesus, que veio para curar, consolar, libertar, destruindo tudo o que oprime e escraviza e abrindo possibilidades de vida feliz e abundante. Participando da celebração, Ele nos consagra como enviados, entregando-nos seu Espírito, e nos fortalece para que nunca percamos o entusiasmo e a alegria em nossa missão.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, neste domingo recordamos o envio dos discípulos por Cristo para anunciar o Reino. Esse envio hoje se renova em nós que fomos convocados pelo mesmo Cristo, mediante a sua Igreja, para dar testemunho do seu Reino. Que esta Eucaristia nos ajude a reavivar em nós a vocação que um dia recebemos no Batismo e na Crisma para assumirmos a missão de anunciar o Reino nesta grande cidade.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: O Pai nos chama e nos confia uma missão a ser desempenhada ao estilo de Jesus, que veio para curar, consolar, libertar, destruindo tudo o que oprime e escraviza e abrindo possibilidades de vida feliz e abundante. Participando da celebração, Ele nos consagra como enviados, entregando-nos seu Espírito, e nos fortalece para que nunca percamos o entusiasmo e a alegria em nossa missão. Somos convidados a indagar-nos: como nos posicionamos diante do chamamento que Deus nos faz? Nosso compromisso é a resposta. A Igreja pode renovar o movimento dos discípulos de Jesus, que acataram o mandamento do Amor e levaram-no ao mundo inteiro. Procuremos atuar em nossa Igreja como São Paulo com o mesmo ardor que marcou a evangelização da primeira hora.
Comentário do Evangelho
A missão exige despojamento
A narrativa do envio dos Doze encontra-se nos três evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), com algumas variantes peculiares a cada evangelista. Marcos já registrara que Jesus constituíra os Doze para que ficassem com ele, para enviá-los a pregar (Mc 3,14). Depois de um tempo de convívio, conhecimento e experiência comum de vida, Jesus, agora, os envia integrando-os em sua própria missão. Marcos destaca que os discípulos foram enviados dois a dois. O chamado dos discípulos, no início do ministério de Jesus, também fora de dois em dois. Na missão prevalece a dimensão da parceria, do diálogo e da solidariedade, na corresponsabilidade, sem disputas de liderança.
Marcos não mostra um maior interesse quanto ao desenvolvimento e sucesso da missão a que os Doze foram enviados, dedicando a isto apenas alguns versículos (6,12s.30). Ele consagra seu texto às instruções de Jesus. O seu interesse maior é destacar a metodologia a ser assumida, que serve de paradigma para as comunidades em continuidade à missão de Jesus e de seus discípulos. O despojamento proposto é essencial à missão. A pobreza deve ser assumida, não como ostentação de virtude, mas como abandono real nas mãos de Deus, confiantes na bondade e na hospitalidade daqueles que encontrarem pelo caminho. O que for necessário para a caminhada deve ser levado pelos discípulos, por exemplo, as sandálias e o cajado (em Mateus eles estão proibidos, e Lucas os omite). A casa é a base da missão. Aquelas em que os discípulos forem recebidos podem ser novos centros de missão, formando uma rede missionária.
A proclamação à conversão é ousada e contundente, como testemunhou o profeta Amós, denunciando uma religião a serviço do poder, tendo seu santuário como dependência do palácio real (primeira leitura). No mesmo estilo foi erigido o Templo de Jerusalém, como anexo do palácio de Salomão, no qual eram acumuladas imensas riquezas. Jesus, no seu tempo, o denunciará como sendo covil de ladrões.
Na carta aos Efésios (segunda leitura), que na tradição cristã havia sido atribuída a Paulo, é destacada a redenção operada por Cristo, na perspectiva sacrifical característica das comunidades primitivas vinculadas a Jerusalém. Porém, na perspectiva da simplicidade da encarnação, já se tem a revelação do imenso amor de Deus, Pai e Mãe. Pela vida de Jesus de Nazaré, Filho de Deus e filho de Maria, em seus anos de convívio amoroso com seus discípulos e as multidões, Deus revelou a sua escolha a todos os homens e mulheres para participarem de sua Vida divina e eterna, na prática do amor, seguindo o caminho de Jesus.
José Raimundo Oliva
Oração
Pai, ajuda-me a superar toda tentação de acomodar-me, pois, como apóstolo do teu Reino, tenho de estar, continuamente, a caminho.
Fonte: Paulinas em 15/07/2012
Vivendo a Palavra
A bagagem que nós levamos mostra a nossa insegurança, o desejo de esticar pela caminhada a proteção da morada. Jesus ensina a confiança na Providência do Pai. O missionário não precisa preparar nem matulas para o corpo nem discursos elaborados para a proclamação da mensagem: basta que seja uma testemunha do Amor.
Fonte: Arquidiocese BH em 15/07/2012
vIVENDO A PALAVRA
A bagagem que nós preparamos para a caminhada mostra nossa insegurança, o desejo de esticar a proteção da morada de onde tememos partir. Jesus deseja que sigamos em frente, confiantes na Providência do Pai. O missionário não precisa preparar nem matulas para o corpo nem discursos elaborados para a proclamação da mensagem: basta que seja uma testemunha viva do Amor.
Meditando o evangelho
SERVIDORES DO REINO
As instruções dadas por Jesus aos apóstolos enviados em missão visavam ajudá-los a não perder de vista a perspectiva de serviço ao Reino. O sucesso poderia fazê-los esquecer sua condição de servidores e levá-los a cair na tentação de recrutar discípulos para si mesmos. O insucesso poderia desanimá-los e levá-los a abandonar a tarefa recebida. Tanto numa quanto na outra situação, o apóstolo deve manter-se no caminho pelo qual enveredou.
A orientação para missionar na pobreza visava evitar, por parte dos apóstolos, qualquer espécie de exibição de poder, que atraísse multidões por motivos alheios ao Reino. E, pior ainda, que inculcasse nelas o ideal de acumular bens, despertando, em seus corações, falsas esperanças. A própria pobreza material dos apóstolos já seria um instrumento de evangelização. Indicava uma dependência radical a Deus. Tornava-se apelo para a partilha, por parte dos ouvintes. Enfim, permitia aos apóstolos pregar com toda liberdade, pois nada tinham a perder.
Eles foram orientados também sobre como comportar-se no fracasso. Na medida em que tinham consciência de terem sido fiéis no cumprimento da missão, caso os ouvintes não dessem ouvido às suas palavras, só lhes restaria seguir adiante. A rejeição não era um sinal de que a missão tivesse chegado ao fim. Restava-lhes o mundo todo para evangelizar.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Senhor Jesus, que eu saiba, na condição de servidor do Reino, deixar-me guiar por ti.
COMENTÁRIO DO EVANGELHO
1. EVANGELIZAR É PRECISO!
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
Os evangelistas mencionam, com freqüência, o ensino de Jesus. No Evangelho de Marcos, este ensino não é tanto com palavras, mas sim com o próprio testemunho de vida de Jesus. Com seu "ensino", Jesus prepara os discípulos (Mc 6,6). Em seguida, envia-os. Testemunho e envio estão intimamente ligados. E, após o envio, os discípulos "saíram para proclamar".
Contudo, a proclamação é acompanhada de gestos concretos de libertação. Marcos destaca o poder sobre os espíritos impuros. É o espírito da sinagoga que dominava um homem, tendo sido este libertado por Jesus (Mc 1,23).
Jesus, progressivamente, inclui os discípulos no seu ministério. O despojamento deles não tem o caráter de um ascetismo heróico. Significa o testemunho da confiança na bondade humana. É um ousado testemunho que, certamente, toca os corações. A segurança vem da confiança no amor, e não no poder da riqueza.
O testemunho de Jesus não é o de austeridade pela austeridade, mas sim o do desprendimento e da confiança em Deus e no próximo: os discípulos devem se entregar, com confiança, aos cuidados daqueles que encontrarem no caminho. Confiam na acolhida e na capacidade de partilha de cada um. Este ato de entrega e confiança liberta nas pessoas seu potencial de acolhida, solidariedade e amor.
O missionário, de maneira profética, denuncia a opressão e a violência dos poderosos, como o profeta Amós (primeira leitura), e anuncia a projeto de Deus de nos adotar como filhos, nos comunicando sua vida através da encarnação de seu Filho, Jesus (segunda leitura).
A ação missionária, restaurando nas pessoas sua dignidade e capacidade de amar, as liberta da opressão, dando-lhes sentido à vida.
Fonte: NPD Brasil em 15/07/2012
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A LIBERDADE DO DISCÍPULO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Li dia desses, em uma mensagem que alguém me enviou, a história de alguns jovens que se aventuraram em escalar uma alta montanha onde a caminhada seria extremamente difícil e cansativa, um deles, preparou seus apetrechos, no que foi censurado pelo outro, que tinha maior experiência, mas teimosamente insistiu em levar tudo o que julgara necessário, em sua caminhada até o cume. Não é preciso dizer que na metade do caminho, ele teve que desfazer-se de algumas coisas e se em outra parada, não descartasse mais da metade dos objetos que levava na mochila, não conseguiria chegar.
Tivemos em Votorantim um grande escritor chamado João Kruguer, cuja memória está preservada em nosso museu, ele tinha uma máxima que sempre norteou sua vida “Somente o necessário é necessário”. Esse pensamento por si só, desmonta a estrutura do consumismo, que vai esvaziando o homem nos dias de hoje, de valores importantes, convencendo-o de que a felicidade está reservada aos que podem consumir. Por aí dá para perceber como o ensinamento do santo evangelho é atual e sempre o será.
Quem quiser ser discípulo e missionário do Senhor, como nos ensina a igreja a partir do Documento de Aparecida, certamente não poderá colocar sua segurança nos bens de consumo que o mundo globalizante nos oferece. Simplesmente porque aquilo que ele anuncia, é revolucionário e milhões de vezes mais valioso e do que qualquer outro valor que o pós-modernidade pode oferecer.
Na minha infância lembro-me do São João, que vendia deliciosas cocadas com seu carrinho verde, que quando passava pela saudosa vila Albertina, era uma tentação para as crianças e um martírio para os pais, entretanto, um dia, o vi comprando doces no armazém do Sêo Alexandre dando-me a impressão de que ele mesmo não botava muita fé na qualidade dos doces caseiros que fabricava. Assim também, os missionários enviados por Cristo podem correr o risco de colocarem sua segurança em outros valores senão aqueles do evangelho que anunciam e nesse caso, a mensagem não teria crédito junto aos ouvintes. É está a preocupação de Jesus, que o missionário evangelizador, portador da maior de todas as riquezas, que é o evangelho, não se apegue a outros bens, valorizando-os muito mais do que o anúncio que fazem.
Por isso, como dizia o nosso escritor João Kruguer, tio do Padre Inácio, só se deve levar o necessário, um cajado, uma sandália e uma só túnica. O pão não lhe faltará pois a quem dá o verdadeiro alimento, nunca perecerá por falta alimento material, quanto a sacola, esta serve para acumular coisas, e hoje em dia, as de plástico são uma ameaça ao meio ambiente, dinheiro na cintura significa poder, mas o coração das pessoas nunca está a venda, pregador que “compra” seus ouvintes com outros recursos, ficará um dia falando sozinho. A casa oferece abrigo seguro, a amizade e o carinho das pessoas que nos acolhem, conforto e alimentação, entretanto, isso não poderá deter o discípulo de seguir seu caminho, mas também não deve ele sentir-se preso as pessoas afetivamente, a ponto de não lhes dizer a verdade que precisa ser anunciada, para o missionário não é a amizade das pessoas ou o que elas oferecem, que é o mais importante, mas sim aquilo que eles anunciam.
Por outro lado, a história de se bater a poeira dos pés, como testemunho contra os que não acolheram o discípulo e nem aceitaram ouvir a Boa Nova, me faz lembrar mais uma vez do marketing dos produtos que nos são oferecidos, uma vez me desgostei com uma determinada seguradora de veículos, que agiu de má fé na prestação de seus serviços, lembro-me que na empresa onde trabalho, certo dia essa seguradora foi fazer sua propaganda entregando adesivos na hora da saída, que eu educadamente recusei, como é que vou aceitar uma propaganda de uma empresa que me decepcionou?
Há pessoas que nesta vida recusam acolher o evangelizador porque não aceitam a palavra de Deus, mas depois procuram a igreja nas horas de aperto, para receberem algum sacramento, ou pedirem oração, é muito estranho que, não tendo nenhum vínculo, e tendo recusado a Palavra libertadora e vivificadora, ainda pensem que a Igreja tenha que lhes dar algo, quando precisam. Jesus é muito claro quanto a isso: nenhum vínculo deve haver entre essas pessoas e o evangelho, deve o evangelizador respeitar o direito que as pessoas têm, de recusar a Palavra, e que não haja da parte desses, nenhuma insistência, mas que se rompa totalmente, isso é, bater o pé, nenhuma poeirinha deve ficar, o Reino de Deus e o anúncio do evangelho, a gente aceita por inteiro, é tudo ou nada!
Muita gente quer um cristianismo fragmentado, aceitando-se apenas aquilo que lhe convém. E no versículo final algo que chama a nossa atenção, os doze partiram em missão, evangelizar, portanto, é missão de toda igreja, e a conversão é a primeira abertura à palavra de Deus, quem não aceitar esse cristianismo radical que requer uma mudança de vida, nunca terá forças para expulsar de sua vida as forças demoníacas que se opõe aos princípios cristãos, permanecerá na doença do pecado, recusando a santa unção do Espírito Santo, porque no fundo não crê na cura da Salvação que Jesus oferece. (15º. Domingo do Tempo Comum – Mc 6, 7-13)
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com
2. Não levem nada pelo caminho...
Jesus não trabalha sozinho, não pretende completar sozinho a sua missão; por isso, desde o início escolheu colaboradores. Os quatro primeiros agora são Doze, para anunciar o Evangelho de Deus e pescar gente, para tornarem sempre mais próximo de todos o Reino de Deus, que está acontecendo no Tempo que se completou. Jesus os envia dois a dois, dando-lhes poder sobre os espíritos impuros. O evangelista São Marcos diz só isto: “Enviou-os dois a dois com poder sobre os espíritos impuros”. Partem em missão para combater o poder demoníaco, isto é, partem para devolver às pessoas a dignidade perdida. Afinal, no paraíso, o que o demônio fez foi tirar a dignidade dos primeiros pais, levando-os a uma decisão errada. Os discípulos não devem levar nada pelo caminho, a não ser um cajado, simbolicamente para matar a serpente. Partem confiando na Providência e testando a própria capacidade de se fazer aceitar. Não levam comida nem dinheiro, vão de sandálias com uma só túnica. Foram, proclamaram a conversão, expulsaram demônios, ungiram e curaram doentes. Sabiam que podiam não ser bem recebidos. Tinham visto a acolhida que não foi dada a Jesus em Nazaré. [...]
COMENTÁRIO
Aíla Luzia Pinheiro Andrade, nj
CHAMADOS E ENVIADOS PARA PROCLAMAR A CONVERSÃO
I. INTRODUÇÃO GERAL
Deus, com absoluta liberdade, chama todos e cada um em particular. Isso significa que ele não faz acepção de pessoas, mas todos são vocacionados à filiação divina, suprema vocação humana, embora haja distintas missões, conforme os desígnios de Deus. Para o exercício do anúncio do evangelho, algumas coisas são exigidas dos enviados e dos destinatários. Dos primeiros se exige que renunciem aos interesses egoístas e se dediquem com afinco à proclamação do reino, mesmo que o missionário se torne malquisto ou rejeitado. Exemplo disso é Amós, que não falou palavras agradáveis e não buscou os próprios interesses. Dos destinatários da missão se requer a acolhida ao missionário como enviado de Deus e a docilidade à palavra divina por ele proclamada.
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1. Evangelho (Mc 6,7-13): Chamou os Doze e os enviou dois a dois
Esse trecho do Evangelho de Marcos nos insere no âmago da vocação da Igreja, que é ser missionária.
A comunidade, representada pelos Doze, é formada pelos discípulos seguidores de Jesus, que participam da vida e missão de seu mestre. São seguidores porque foram convocados por Jesus para segui-lo e a ele responderam afirmativamente. Isso significa que a vocação cristã não se fundamenta em méritos pessoais, mas unicamente no amor e na gratuidade de Deus, por meio de Jesus, e no consentimento humano.
Uma vez chamados, os discípulos são enviados a serviço da transformação deste mundo em um reino de fraternidade e paz. Jesus os envia com o mesmo poder e autoridade porque o discípulo participa da missão do Mestre, assumindo seu estilo de vida e seu destino. Esse poder e autoridade estão a serviço do anúncio do reino, não são para benefício próprio. O poder sobre os espíritos impuros ou sobre enfermidades significa que o reino de Deus se expande enquanto o reino da morte e do pecado cede espaço. Não há nenhum poder mágico, mas a ação de Deus que destrói o poder das trevas quando a luz de Cristo é levada aos povos.
O envio de dois em dois é muito importante, por causa do apoio mútuo e da deliberação a respeito da melhor forma de evangelizar em cada local, ressaltando assim o sentido da vida em comunidade. Isso também mostra que os discípulos estavam de acordo a respeito do conteúdo da mensagem, o que evitava possíveis desconfianças nos ouvintes, pois naquela época havia muitos charlatães prometendo felicidade em troca de benefícios.
A missão dos Doze exige empenho, que se traduz principalmente em despojamento: não lhes é permitido levar nada do que geralmente se levava numa viagem, para que a provisão viesse de quem os acolhesse. Não se preocupando em levar pão, não cobravam nada para poder comprá-lo. Apenas sandálias foram permitidas, porque teriam longo caminho a trilhar. Além das sandálias, um só bastão para se defender das feras. Por conta da urgência do anúncio, não deviam perder tempo com quem rejeitasse a mensagem. Dessa forma, o anúncio chegaria com rapidez e eficácia àqueles que o acolhessem com fé.
2. I leitura (Am 7,12-15): Vai, profetiza para meu povo
Na primeira leitura, o sacerdote Amasias pensa que o profeta Amós usa a religião para ganhar dinheiro. O sacerdote se sente incomodado com as profecias de Amós e tenta persuadi-lo a ir embora, aconselhando-o a ganhar dinheiro em outro lugar, pois ali é Betel, santuário real, e as críticas do profeta não são nada agradáveis ao rei. Amós informa que não pertence a nenhum grupo de “profetas”, como eram chamados os conselheiros dos reis. Ele não usa a religião para ganhar dinheiro, mas tem sua própria profissão.
Amós não profetizava por decisão pessoal, ele apenas correspondeu ao chamado de Deus. Não deu a si mesmo essa tarefa e, aliás, ela não era nada lucrativa para ele; ao contrário, ao criticar o rei, o profeta poderia receber grandes represálias. O que Amós estava fazendo nada mais era que obedecendo a uma ordem de Deus, que o chamou e o enviou a profetizar para que Israel voltasse ao caminho que os antepassados haviam percorrido com o Senhor durante toda a história da salvação. A mensagem podia até não ser agradável, mas visava ao arrependimento e à conversão.
3. II leitura (Ef 1,3-14): Em Cristo, Deus nos chamou a ser seus filhos
A segunda leitura de hoje nos apresenta a vocação humana, ou seja, o plano divino da salvação para os seres humanos: abençoados em Cristo, escolhidos nele antes da criação do mundo e designados para serem filhos de Deus. Esse grandioso desígnio de salvação se realiza mediante Cristo na oferta de sua própria vida, que nos redime do pecado e nos confere a sua graça. Mas isso não excluiu a colaboração humana; ao contrário, exige fé e empenho pessoal para viver em santidade. Além disso, essa sublime vocação humana demanda o anúncio da “palavra da verdade”, isto é, o “evangelho da salvação”.
III. PISTAS PARA REFLEXÃO
– Os vocacionados à missão recebem a instrução de nada levar na viagem a não ser o estritamente necessário, pois Deus cuidará do sustento deles por meio da hospitalidade oferecida aonde forem. A hospitalidade era um costume e até mesmo uma lei universal na sociedade antiga. Lendas folclóricas asseguravam que os deuses se disfarçavam de seres humanos para testar a hospitalidade das pessoas e, caso não fossem acolhidos, podiam-se esperar severos castigos. A sociedade moderna não oferece as mesmas condições e os mesmos costumes da sociedade antiga, contudo permanece a orientação de Jesus a respeito do desprendimento que cada vocacionado deve ter.
– É bom ressaltar o exemplo de Amós, que tinha liberdade para dizer o que Deus lhe ordenava, pois, se não dependia da religião para o próprio sustento, não sentia a imposição de dizer somente as palavras que agradassem aos ouvintes. Também Paulo é exemplo de abandono nas mãos de Deus.
– Pode-se enfocar o exemplo do apóstolo Paulo, que reconhecia as próprias fraquezas e limitações, consciente de que a missão só podia ser levada a termo porque Deus o fortalecia e o capacitava.
– Deve-se destacar também o papel da comunidade no êxito da missão. A hospitalidade dada aos missionários na Antiguidade pode ser atualizada na sociedade moderna em diversos atos que promovam o desenvolvimento da missão.
Fonte: Paulus em 15/07/2012
HOMÍLIA
LIVRES PARA EVANGELIZAR
Depois de ter convivido com seus discípulos, Jesus os envia, dando-lhes orientações práticas; são encaminhados dois a dois, recebem poder sobre os espíritos impuros e devem estar despojados de tudo.
Os apóstolos são chamados e encaminhados à missão por Jesus – a iniciativa é sempre dele. O apóstolo ou evangelizador é um instrumento nas mãos de Deus, que se serve de cada um para renovar a Igreja e para levar sua palavra aos quatro cantos do universo.
São encaminhados dois a dois. Isso, além de assegurar o apoio de alguém, simboliza a dimensão comunitária da missão; ela não é algo simplesmente pessoal. O trabalho missionário se faz em conjunto. Os que se dedicam à evangelização, portanto, devem viver em harmonia e reconciliados. Para haver essa harmonia, é necessário que cada um supere os preconceitos contra o outro. A união fraterna entre os discípulos é importante para a eficácia da evangelização.
Os enviados têm poder sobre os espíritos impuros. Esta é a única autoridade que recebem: denunciar e combater as forças do mal, que degradam a vida humana e afastam as pessoas de Deus. Os evangelizadores, a exemplo de Jesus, podem e devem destruir os mecanismos que geram dependência, opressão e morte. Superando os “espíritos impuros”, o reino de Deus floresce.
Jesus pede desapego de tudo o que é supérfluo. A eficácia da missão não depende tanto dos recursos materiais. A confiança na riqueza e no dinheiro representa perigo muito sério também para a Igreja de hoje. Jesus não despreza o uso dos meios materiais na evangelização, mas alerta para o perigo de confiar exclusivamente neles, de deixar-se condicionar e manipular por eles. O desapego dos bens implica também o abandono de ideias ultrapassadas e tradições superadas, que muitas vezes amarram o evangelho.
Segundo o Documento de Aparecida, todo cristão é discípulo missionário que deve estar sempre disposto a caminhar, pondo-se a serviço do evangelho e da comunidade. Sua missão é a mesma de Jesus: combater todas as formas de mal.
Pe. Nilo Luza, ssp
Fonte: Paulus em 15/07/2012
HOMILIA DIÁRIA
Igreja, mistério de comunhão
Postado por: homilia
julho 15th, 2012
O chamado – e consequentemente o envio – é uma tarefa que não pode ser realizada no individualismo. Esse chamado é pessoal, a resposta a ele também, mas o ministério, o serviço deve ser entendido numa dimensão comunitária, pois a Igreja é mistério de comunhão.
Para que os apóstolos entendessem isso, o Senhor os enviou em missão, dois a dois, colocando como centro a “vida em comunidade” na ação missionária. Este foi o espírito do Concílio Vaticano II: a missão na Igreja-comunhão. A comunhão entre os fiéis em seus vários estados e estilos de vida faz com que toda a Igreja se sinta por dentro da missão de Jesus.
Para Marcos, no Evangelho de hoje, a missão dos doze apóstolos (e da Igreja hoje) é a mesma de Jesus. Cristo nos envia a pregar o Evangelho, a expulsar os demônios e a curar todas as enfermidades de várias formas.
Veja que Jesus, ao enviar os discípulos para continuar o seu trabalho, recomenda-lhes que não se preocupem com provisões, pois o Pai vai providenciar o seu sustento e abrigo, os quais virão das almas piedosas. Ordenou-lhes que não levassem coisa alguma para o caminho, senão somente um bordão; nem pão, nem mochila, nem dinheiro no cinto; como calçado, unicamente sandálias, e que se não se revestissem de duas túnicas.
Está aqui, a minha e a sua responsabilidade. Quero lembrá-lo, mais uma vez, do sustento e do abrigo dos padres, ajudando-os até mesmo com os nossos bens materiais ou financeiros. Isto é, portanto, de nossa inteira responsabilidade. A nossa contribuição para a Igreja é uma contribuição para Deus.
Quando alguém se prontifica a evangelizar, além das inúmeras graças que essa pessoa vai receber, ela também estará evangelizando a si mesma. Está santificando-se e, a cada dia, mais se aproxima de Deus e do Seu projeto de salvação.
Meu irmão, Deus o está convidando a fazer parte do Seu projeto de salvação. Não se preocupe se você não se considera devidamente preparado ou digno de tal missão. Garanto-lhe que, a partir do momento em que você aceitar o convite d’Ele para seguir com o trabalho iniciado por Jesus, todos os detalhes serão providenciados por Ele na pessoa daqueles que você irá orientar.
E aí, o que você está esperando? Qual a primeira coisa a fazer e como posso fazê-lo? Faça essas perguntas agora a Jesus. Tenho certeza que você encontrará a resposta imediata.
Pai, coloca-me no caminho da verdadeira piedade e caridade, aquela que vai me levar a uma perfeita sintonia com o Senhor, partilhando os meus bens materiais com os que precisam de mim, realizando aquilo que, de fato, é do Seu agrado.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova em 15/07/2012
Oração Final
Pai Santo, a bagagem que levamos pela vida a fora tenta compensar a nossa falta de fé e torna a caminhada pesada e cansativa. Liberta-nos, Pai amado, das nossas inseguranças, para que sejamos caminhantes leves e alegres nestas estradas que já são do teu reino de Amor, desde que nelas caminhou Jesus de Nazaré, o Cristo, teu Filho e nosso Irmão, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 15/07/2012
ORAÇÃO FINAl
Pai Santo, as provisões que guardamos para levar pela vida afora tentam compensar a nossa falta de fé e tornam a caminhada ansiosa e cansativa. Liberta-nos, Pai querido, das nossas inseguranças, para que sejamos caminhantes leves e alegres nas estradas desta Terra, que já são veredas do teu Reino de Amor desde que por elas caminhou Jesus de Nazaré, o Cristo, teu Filho e nosso Irmão, que contigo reina na unidade do Espírito Santo. Amém.