ANO C
Mc 10,13-16
Comentário do Evangelho
Papel do discípulo é facilitar que as pessoas se aproximem de Jesus
No tempo de Jesus, as crianças eram respeitadas, bem tratadas e acolhidas. Há um contraste entre as crianças levadas a Jesus e a resistência dos discípulos. É ocasião para Jesus esclarecer os discípulos: o Reino de Deus precisa ser acolhido como dom. Em primeiro lugar o Reino de Deus se manifesta e se aproxima de nós através da pessoa de Jesus Cristo, com seus gestos e suas palavras. A criança, talvez por causa de sua dependência, recebia tudo dos pais. O seu exemplo é usado para interpelar os discípulos a se abrirem ao novo e a superarem a teologia da retribuição. A resposta à gratuidade de Deus é a gratuidade: “… quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele!” (v. 15). Papel do discípulo, escolhido pelo Senhor, é facilitar a que as pessoas se aproximem dele, Fonte de vida: “Deixai as crianças virem a mim. Não as impeçais…” (v. 14).
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, coloca no meu coração o mesmo carinho e afeto que Jesus demonstrou às criancinhas, pois a simplicidade delas me ensina como devo acolher o teu Reino.
Comentário
Um repúdio à marginalização
Aqui a criança serve de exemplo não pela inocência ou pela perfeição moral. Ela é o símbolo do ser fraco, sem pretensões sociais: o simples, não tem poder nem ambições. Principalmente na sociedade do tempo de Jesus, a criança não era valorizada, não tinha nenhuma significação social. A criança é, portanto, o símbolo do pobre marginalizado, que está vazio de si mesmo, pronto para receber o Reino. A atitude de Jesus de acolher as criancinhas, que eram apresentadas para que lhes impusesse as mãos e rezasse por elas, foi chocante para os discípulos. Estes as repeliam. A reação deles não foi motivada pelo receio de que estivessem esperando de Jesus um gesto mágico, nem eram movidos por ciúme ou por impaciência. Simplesmente, eram ainda incapazes de compreender o verdadeiro sentido do ministério de Jesus. A atitude do Mestre deveria ser bem considerada, para dela tirar as devidas lições. O gesto de impor as mãos sobre as criancinhas aconteceu quando Jesus estava a caminho de Jerusalém, onde se consumaria o seu ministério. Momento terrivelmente sério de sua vida! No entanto, pelo caminho, mostrava-se sempre pronto a deter-se para acolher os humildes, os doentes e quem carecia de sua misericórdia. Embora a situação fosse grave, os pequeninos continuavam a ocupar o mesmo lugar no seu coração. Gesto semelhante deveriam fazer os seus discípulos. Contrariando a mentalidade de seu tempo, Jesus repudiava a marginalização à qual as criancinhas eram relegadas. As que lhe foram apresentadas, tornaram-se símbolo das crianças de todos os tempos e lugares, as quais deverão ser tidas como modelo de atitude existencial dos discípulos do Reino. Estes devem primar pela humildade e pequenez diante de Deus, rejeitando toda atitude soberba e orgulhosa. Os evangelhos relatam, com frequência, como Jesus convivia com as multidões, que lhe traziam, sempre, adultos enfermos, paralíticos, cegos, surdos-mudos e possuídos por espíritos impuros. A proliferação de doenças entre o povo era o resultado de sua exclusão pelo sistema de poder dominador. Agora, ao cortejo dos que são levados a Jesus, incluem-se as crianças. A imposição das mãos de Jesus, acompanhada da oração, era uma esperança de que a elas fosse reservado um futuro melhor. As crianças formam, também, um dos grupos integrantes do universo social dos fracos e excluídos. Ainda mais, dentro da família a criança é vítima indefesa da dominação possessiva e da violência inconsciente dos pais que, por sua vez, carregam em si a carga de um mundo de conflitos. "As pessoas assim, como as crianças, é que pertence o Reino dos Céus". A observação de Jesus tem um duplo aspecto, o da inversão da ordem social e o da conversão interior dos discípulos. A nova ordem social a ser implantada com o Reino, não é a dos adultos conformados ou satisfeitos, empenhados na busca de sucesso, status e riqueza. Na nova ordem do Reino dos céus estão integradas as pessoas simples, confiantes no Pai, comunicativas, em busca do novo, de um futuro promissor onde a vida desabroche na fraternidade e na alegria.
Oração
Pai, seja a simplicidade e a pureza de coração das crianças um exemplo no qual devo inspirar-me para ser fiel a ti.
Vivendo a Palavra
Marcos usa poucas palavras para que não nos desviemos da essência do seu recado: a Mensagem de Jesus de Nazaré é simples e nós devemos nos fazer crianças para compreendê-la. Despojemo-nos dos nossos muitos saberes ou títulos universitários e fiquemos atentos aos sinais dos tempos. Eles nos falam do Reino de Deus.
VIVENDO A PALAVRA
O cuidado de Jesus com as crianças torna-se ainda mais notável quando lembramos que na cultura de seu tempo elas eram menosprezadas. Até os discípulos as repreendiam… Como seguidores do Caminho de Jesus que desejamos ser, qual é o nosso comportamento em relação às numerosas e variadas discriminações que nos são impostas por esta sociedade de consumo em que vivemos?
Reflexão
O Reino de Deus é para aqueles que são como crianças. A criança é aquela que depende totalmente das outras pessoas e não tem nada a oferecer em troca daquilo que lhes dão. Assim devemos ser diante de Deus. Devemos ter plena consciência de que dependemos totalmente dele para que possamos entrar no Reino dos Céus e nada podemos oferecer em troca disso. A salvação nos é dada pelo amor gratuito de Deus e pelos méritos de Jesus Cristo. Ninguém pode se salvar. Jesus é o único salvador.Devemos, como as crianças diante dos adultos, colocar a nossa confiança em Deus, e viver em constante ação de graças porque ele, gratuitamente, nos salva.
Reflexão
Não era certamente comum ver crianças sendo familiarmente acolhidas por um mestre em Israel. Jesus surpreende e se deixa tocar por elas, e o faz não para aparecer nas manchetes dos noticiários, nem para conquistar votos da população. Não estava em jogo a concorrência para algum cargo político. O que se via era a manifestação do Reino de Deus, que não exclui ninguém com simplicidade de coração. No caso, as crianças, aqui apresentadas por Jesus como modelos para quem quer pertencer ao Reino, coisa que os discípulos não compreendiam. Os discípulos, aliás, repreendiam as pessoas que traziam crianças até Jesus. Ignoravam que o Reino de Deus é constituído de pessoas que, à semelhança das crianças, têm o espírito simples, aberto e generoso. Livres para se aproximarem de Jesus e o seguir.
(Dia a dia com o Evangelho 2018 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)
Reflexão
No tempo em que as crianças tinham pouco valor e praticamente não faziam parte do convívio social, muitas mães camponesas levavam suas crianças para que Jesus as tocasse; quem sabe, para protegê-las ou libertá-las do mau-olhado que se supunha ser causa de doenças, que ceifavam muitas crianças desde cedo. Certamente não era comum que alguns mestres acolhessem crianças em público. Elas eram os membros mais frágeis e vulneráveis da sociedade. Jesus se indigna contra seus discípulos que repreendiam essas pessoas que se aproximavam dele. Além disso, o Mestre convida seus seguidores a ver nas crianças modelos para quem quer pertencer ao Reino de Deus. Jesus, ao demonstrar um carinho todo especial às crianças indefesas e pouco valorizadas, ensina que no seu Reino têm lugar privilegiado os francos e indefesos.
(Dia a dia com o Evangelho 2022)
Meditando o evangelho
A NECESSIDADE DE OPERÁRIOS
Confrontando-se com a grandiosidade da missão, Jesus reconhece a necessidade de contar com colaboradores, para poder levá-la adiante, a contento. Depois de ter enviado os doze apóstolos, o Mestre enviou, também, outros setenta e dois discípulos, com a tarefa de preparar as cidades e povoados para a sua passagem, ou seja, predispô-los para acolher a sua mensagem.
Os discípulos são orientados a suplicar ao Pai - Senhor da messe - para enviar muitas outras pessoas, dispostas a assumirem a missão evangelizadora. É ele quem tem a iniciativa da vocação e da missão. Devem evitar qualquer pretensão humana de querer arrogar-se tais dons. Todos dependem de quem os chamou e enviou.
Que tipo de operário requer-se para o serviço do Reino? É preciso que seja uma pessoa cheia de coragem, predisposta a viver na pobreza, capaz de adaptar-se a qualquer tipo de acolhida que lhe for oferecida, disposta a partilhar a vida de quem a acolhe, totalmente disponível para o serviço aos doentes e marginalizados, pronta a viver a experiência do fracasso, com otimismo, sem deixar-se abater.
Quem tem estas disposições internas, deve estar atento. Pode ser que o Senhor queira enviá-lo para trabalhar na sua messe. Por que não dizer um sim corajoso e generoso?
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total).
Oração
Espírito de coragem e generosidade, predisponha-me para trabalhar na messe do Senhor, concedendo-me os pré-requisitos necessários para um serviço eficaz.
Meditando o evangelho
MESTRE CARINHOSO
O carinho de Jesus para com as crianças aponta para o modo como os discípulos do Reino deverão tratar todos os pequeninos. As criancinhas simbolizavam todos os marginalizados, sem direito à cidadania, na sociedade da época. Quando alguém é privado deste direito, corre o risco de tornar-se vítima do desrespeito e da tirania dos orgulhosos e prepotentes. Sua dignidade é espezinhada, numa flagrante violação da vontade de Deus. Por isso, Jesus não suportou que os discípulos afastassem os que traziam as criancinhas para que ele as tocasse. Ficou indignado! É que eles não entendiam que as crianças e os marginalizados tinham precedência no Reino. Os discípulos, pelo contrário, pensavam o Reino como coisa de homens, de adultos, de gente cuja cidadania era reconhecida. Os demais não contavam. Mas Jesus não aprovou esta maneira de pensar. Ao tomar as crianças em seus braços, abençoá-las e impor-lhes as mãos, ele estava fazendo um gesto profético: quebrar as estruturas rígidas da sociedade de sua época, e inaugurar uma nova sociedade, onde as relações interpessoais são regidas por critérios compatíveis com a vontade de Deus. As normas antigas já não tinham valor. O carinho de Jesus pelas criancinhas revela o carinho de Deus pela humanidade. O discípulo do Reino sabe-se chamado a ser mediação deste amor.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Espírito de carinho, põe no meu coração sentimentos de afeto para com as crianças e os marginalizados, para os quais devo ser mediação do amor do Pai.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Não as impeçam...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Muita gente vê as crianças na comunidade como problema, principalmente nas celebrações quando gritam, choram, correm prá lá e prá cá, tirando a concentração das pessoas e até de quem está celebrando. A ideia de se tirar as crianças fora do espaço celebrativo, como em algumas paróquias fazem, mantendo-as em outro espaço onde alguém as distrai com dinâmicas e brincadeiras, não é nada catequética embora dê sossego aos pais que assim podem participar mais intensamente da Missa.
O ideal seria haver tolerância e compreensão para com elas, afinal são crianças, mas compete aos pais a missão e o papel de darem a elas uma educação cristã, para que aos poucos possam apreender a se comportarem na celebração. É um processo longo e gradativo que elas têm que passar, mas priva-las da celebração não é bom.
Há pais que alegam não poderem ir á celebração porque as crianças dão muito trabalho e eles sentem-se envergonhados de não poder controlá-las. O que fazer com nossas crianças então? Claro que não podemos esperar delas um comportamento de adulto durante a celebração.
Parece que nas comunidades de Marcos eles tinham esse problema, mas havia um agravante: naquele tempo mulheres e crianças não eram nem contados, o que diziam ou pensavam de nada valia. Penso que um trabalho ou uma ação em conjunto entre os pais e a equipe de Acolhida poderia ser bem valioso nesse sentido. Jesus quer as crianças na comunidade, pois alguns discípulos rabugentos tentaram impedir que as crianças se aproximassem de Jesus que imediatamente os censurou e acolheu os pequeninos que se aproximaram fazendo festa.
Comunidade que não tem espaço para crianças é certamente uma comunidade sem futuro, o mesmo se diga dos pré-adolescentes e jovens. Jesus aproveita a ocasião para falar de como as pessoas devem ser para receber o Reino de Deus e daí, as crianças que são um problema, tornam-se a solução. Quem não tiver a mentalidade de uma criança não entrará no Reino de Deus.
Receber o Reino com a mentalidade de uma criança não significa viver uma Fé infantil e ingênua, pois o chamado cristão para vivermos na Fé supõe amadurecimento e equilíbrio e não podemos ter uma Fé acomodada.
Não sabemos ao certo qual foi a questão que originou esse evangelho, mas o que fica claro é a oportunidade que Jesus encontra para falar do Novo Reino e da renovação da mentalidade para acolhê-lo. Primeiramente é ter absoluta confiança no Pai, na certeza de que em tudo dependemos dele. A criança em tudo depende do Pai e da Mãe em quem confia cegamente. Essa mesma confiança devemos ter em Deus, muito mais do que em nossos projetos falíveis, pois o Reino está entre nós, mas caminha para a sua plenitude.
2. Não as impeçais
Ao falar do marido e da mulher, dos pais, da família, Jesus coloca novamente no centro as crianças. Os discípulos afastam as crianças para que não incomodem, mas Jesus não gosta da atitude deles. “Deixem que as crianças venham até mim”, dizia ele aos discípulos, “delas é o Reino de Deus. É preciso receber o Reino de Deus como uma criança.” Jesus estava propondo o que chamamos de infância espiritual. Ele abraçava as crianças, impunha as mãos sobre elas e as abençoava. A partir da discussão dos discípulos sobre quem era o maior, o evangelista São Marcos coloca cenas que envolvem a mulher e a criança para dizer que somos todos iguais. Homem, mulher e criança são iguais aos olhos de Deus. Suas diferenças enriquecem o ser humano e são o encanto da convivência familiar. A presença das crianças, acolhidas e acariciadas por Jesus, junto a questões de divórcio e adultério, fazem pensar que mais uma vez as crianças se tornam vítimas de situações que não criaram. Na relação entre o homem e a mulher, o apóstolo São Paulo dirá que, se é verdade que a mulher foi tirada do homem, é também verdade que o homem nasce da mulher, e tudo vem de Deus. Assim escreve ele na primeira carta aos Coríntios. Apesar de todas as nossas imperfeições, não sabemos apreciar e cultivar nas famílias a alegria do amor?
3. O REINO É DAS CRIANÇAS
Havia, no tempo de Jesus, várias categorias de pessoas vítimas da exclusão social. Entre elas, estavam as crianças. Juntamente com as mulheres, as crianças eram consideradas como propriedade dos pais. Sua dignidade de não passava disto.
O Reino inaugurado por Jesus rejeitava este esquema social, descobrindo o valor que cada criança traz dentro de si. E, mais, encarnavam a atitude requerida de quem pensava fazer-se discípulo do Reino. Elas eram a parábola viva do discipulado. Como as crianças, o discípulo verdadeiro não tem malícia coração e acolhe o Reino com simplicidade. Confia plenamente em Deus e a ele se entrega, como as crianças em relação aos pais. As crianças são indefesas e despretensiosas, como devem ser os discípulos. Os discípulos têm que predispor-se para sofrer a mesma exclusão e marginalização, sofridas pelas crianças, por causa de sua opção pelo Reino. Por causa do Reino, também haveriam de ser considerados gente de segunda categoria, sem privilégios, vivendo como párias da sociedade.
Reduzido à condição social de uma criança, por causa de sua fé, o discípulo estaria em condições de voltar-se totalmente para Deus e só nele colocar sua esperança. O Reino, enquanto senhorio de Deus, se faz verdade na vida do discípulo, quando ele o recebe como uma criancinha. Assim, se estabelecem relações verdadeiras com Deus.
Oração
Senhor Jesus, dá-me a simplicidade de uma criancinha, para acolher o Reino com despretensão e colocar-me inteiramente nas mãos do Pai.
HOMÍLIA DIÁRIA
Todas as crianças são a manifestação do amor divino
No coração de um pequenino está o grande segredo dos céus. Todas as crianças são a manifestação do amor divino.
“Traziam crianças para que Jesus as tocasse. Mas os discípulos as repreendiam. Vendo isso, Jesus se aborreceu e disse: ‘Deixai vir a mim as crianças. Não as proibais, porque o Reino de Deus é dos que são como elas’” (Mc 10,13-14).
O Reino de Deus pertence às crianças. Primeiro, porque elas não foram contaminadas com a maldade do mundo, pois os pequenos não conseguem fazer o mal do qual, infelizmente, o mundo está envolto. Para entrar no Reino dos Céus é preciso ser como elas. Nossas igrejas, nossas casas, nossas famílias precisam acolher as crianças como bênção do Senhor. Onde está uma criança, ali está o Reino do Pai acontecendo.
Precisamos, com todo amor do nosso mundo, acolher nossas crianças, pois elas são sinais de alegria, de bênção, da graça e da presença do Senhor nosso Deus. As crianças chamam a atenção dos pais, daqueles que já estão crescidos. Precisamos acolher, com muito amor, nossas crianças.
Maldito seja aquele que despreza nossas crianças, maldito seja aquele que abusa delas, faz qualquer mal a uma delas. Todas as crianças são a manifestação do amor divino.
A segunda coisa é que precisamos aprender com elas, sugar delas o melhor que elas têm. No coração de um pequenino está o grande segredo dos céus, está a simplicidade, a inocência, mas, sobretudo, a pureza. Como nós precisamos da pureza para nos relacionarmos uns com os outros, para enxergamos Deus e a Sua vontade! Precisamos ser puros para dependermos do Senhor e de Sua graça.
À medida em que aprendemos a amar as crianças, a olhar para elas, aprendemos que em cada uma se esconde o segredo do Reino do Céus. Deus abençoe as crianças que estão próximas a você! Deus abençoe seus filhos!
Deus abençoe você.
Padre Roger Araújo – Comunidade Canção Nova
HOMÍLIA DIÁRIA
Tenhamos os valores de uma criança em nosso coração
É preciso ter os valores de uma criança dentro da nossa alma e do nosso coração, se quisermos entrar no Reino dos Céus
“Jesus se aborreceu e disse: ‘Deixai vir a mim as crianças. Não as proibais, porque o Reino de Deus é dos que são como elas’” (Marcos 10,14).
O que nos chama atenção, logo no início da proclamação desse Evangelho de hoje, é saber que Jesus se aborreceu. O que aborrece o coração do Mestre Jesus? Afastar as crianças, colocá-las longe da vida e do sagrado. Aborrece o coração de Jesus porque querem tirar a criança que há dentro de nós, tirar o valor da pureza que elas significam no Reino de Deus.
O Reino dos Céus é de quem é como as crianças, é preciso ter os valores de uma criança dentro da nossa alma e do nosso coração, se quisermos entrar no Reino dos Céus.
A nossa evangelização, o nosso trabalho humano, cada vez mais, deve ser para incluir as crianças, estar perto delas, abraçá-las, respeitá-las, valorizar o sagrado que elas representam para nós.
No mundo em que vivemos é mais do que necessário proteger as nossas crianças. Não podemos, de forma nenhuma, permitir qualquer forma de abuso que se comete contra os pequenos, não me refiro somente ao abuso sexual, porque é uma infâmia, algo inadmissível mas, infelizmente, acontece. Essa preocupação é com todas as crianças que estão ao nosso alcance.
Tenhamos os olhos atentos onde as crianças estão sendo desrespeitadas e abusadas. Os pais têm todo o direito e a obrigação de amar, cuidar, zelar, educar suas crianças e ninguém pode roubar esse direito deles, mas os pais não têm direito de abusar, de exceder, seja por maus tratos ou pela forma de cuidado. Irrita e aborrece o coração de Deus quando ofendemos as nossas crianças, quando não as acolhemos, quando não damos a elas o lugar que é delas: a primazia no Reino de Deus.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Oração Final
Pai Santo, ajuda-nos a prestar atenção à vida que acontece ao redor de nós. Que saibamos ver nela a tua Presença inefável, o teu Amor de Pai que também é Mãe e a tua Misericórdia que nos conduz ao abraço final no Reino que preparas para nós. Por Jesus Cristo, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, dá-nos um olhar parecido com o de Jesus de Nazaré, que seja capaz de ver além das aparências dos teus filhos como Tu mesmo os vês e, assim, não enxergar senão o Bem em cada um. Que a nossa presença seja misericordiosa e o nosso coração acolhedor e sem discriminações. Pelo mesmo Jesus Cristo, teu Filho que se fez nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.