ANO C
Mt 18,1-5.10.12-14
Comentário do
Evangelho
O maior é o menor
O capítulo 18 do
evangelho segundo Mateus é denominado “discurso eclesial” ou discurso sobre a
Igreja. Trata-se de instrução para a vida comunitária.
“Quem é o maior no Reino
dos céus?” (v. 1). O maior é o menor. Por isso, Jesus afirma que é preciso
converter-se. É preciso mudar de mentalidade porque o maior no Reino dos céus é
o que serve a todos: “Quem quiser ser o primeiro, seja o último de todos e o
servo de todos” (Mc 9,35). A “criança” é símbolo do próprio Cristo, que se fez
servo de todos e que “sendo de condição divina não se apegou ao ser igual a
Deus, mas se despojou, tomando a forma de escravo” (Fl 2,6-7a).
Os versículos 12-14
identificam os “pequenos com as ovelhas”. Os “pequenos” são também os membros
do povo de Deus. Da comunidade é exigido empenho para que os seus membros não
se dispersem. Se acontecer, a comunidade deve fazer todo esforço possível para
recuperá-los (vv. 10-14; ver Ez 34,11-16).
Carlos Alberto Contieri,
sj
Vivendo a Palavra
Num tempo em que as
crianças não eram contadas como gente, Jesus surpreende mais uma vez e ensina
que todos nós devemos nos converter, tornando-nos como crianças para sermos
dignos do Reino do Pai. Quais seriam os modelos escolhidos pelo Cristo hoje?
Quais são os mais marginalizados?
VIVENDO A PALAVRa
Num tempo em que as crianças nem eram contadas
como gente, Jesus surpreende mais uma vez e ensina que todos nós devemos nos
converter, tornando-nos como crianças, para sermos dignos do Reino do Pai.
Quais seriam os modelos escolhidos pelo Cristo hoje para serem seguidos? Quais
são os mais marginalizados da sociedade que estamos construindo?
Reflexão
A nossa vida é
constantemente condicionada pelos valores e costumes da sociedade e nós temos a
tendência de querer levar os valores do mundo para a Igreja e até mesmo para o
Reino de Deus. Entre esses valores do mundo que nos influenciam, podemos citar
a hierarquização e a competitividade no dia a dia, que fazem com que haja
sempre entre nós um clima de disputa e de busca de superioridade em relação às
outras pessoas. É esse clima o principal responsável por muitos mal estares na
vida da comunidade. São os valores evangélicos que devem transformar o mundo e
não os valores do mundo que devem transformar a Igreja.
Reflexão
Os
discípulos de Jesus manifestam a mentalidade corrente: o ser humano tem sede de
poder. Jesus revira essa posição e mostra quem tem maior valor diante de Deus.
Aponta uma criança, que é símbolo dos pobres, humildes, marginalizados e
pecadores; enfim, aqueles que são esmagados pela sociedade injusta. Esses
constituem justamente o centro de atenção de Jesus, tanto que seu Reino é
constituído por pessoas assim. Mas, cuidado! Não aconteça que a comunidade
cristã escandalize ou trate mal os que vão dando os primeiros passos na fé! O
Pai do Céu, em sintonia com a escolha de Jesus, tem os olhos voltados para
esses pequenos. E no céu haverá festa quando um filho ou filha abandonar o mau
caminho e de novo voltar a fazer parte da família de Deus.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 - Pe. Luiz Miguel
Duarte, ssp)
Meditação
Você busca ser simples
como as crianças? - Respeita-as? - Dá-se conta de que nelas está o futuro da
sociedade? - Você consegue viver sem mágoas e sem rancores? - Conhece algum
adulto que vive realmente a simplicidade da vida como uma criança?
Padre
Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Meditando o evangelho
FAZER-SE PEQUENO
A mania de grandeza dos discípulos foi fortemente censurada por Jesus.
Cada qual se preocupava em saber quem dentre eles seria o maior no Reino dos
Céus. Esse interesse nada tinha nada de espiritual. Era preocupação com
promoção pessoal, com ocupar cargos importantes no Reino a ser inaugurado por
Jesus.
O Mestre, porém, propôs-lhes uma condição para ser maior no Reino dos
Céus: fazer-se pequeno como as criancinhas. Era a exigência de renunciar a toda
ambição pessoal e a todo desejo de colocar-se acima dos demais para oprimi-los.
Era preciso que se tornassem "pobre em espírito", confiados
totalmente em Deus, e não nos bens deste mundo. Era uma forma de
"renegar-se a si mesmo", colocando a vontade de Deus acima de tudo.
Os discípulos deviam dar-se conta de que os valores do Reino são opostos
aos do mundo. Seria inútil ansiar pelas grandezas terrenas. A grandeza do Reino
consiste no serviço humilde e gratuito ao semelhante, na solidariedade para com
os pobres e marginalizados, na partilha com os desprovidos dos bens deste
mundo, no esforço para construir um mundo fraterno e reconciliado.
Engana-se quem, pretendendo fazer-se grande para Deus, envereda por um
caminho diferente daquele trilhado por Jesus ao implantar o Reino dos Céus na
História.
(O comentário do Evangelho abaixo é
feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica,
Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total).
Oração
Pai, poupa-me de cair na tentação de querer fazer-me grande aos olhos do
mundo, pois a verdadeira grandeza consiste em fazer-me amigo e servidor do meu
próximo.
Comentários do Evangelho
1 - “QUEM É PEQUENO
AOS OLHOS DO MUNDO É GRANDE AOS OLHOS DE DEUS”! – Olívia Coutinho
O mês de agosto, para
nós católicos, é o mês vocacional, um tempo propício para revermos o nosso
compromisso diante à Família, à Igreja e a sociedade.
Vocação é um caminho de
felicidade e de santidade, é chamado e resposta, é uma semente divina
ligada a um “SIM” humano!
Colocar a serviço da
vida, já é responder a nossa vocação, é posicionar contrário a
qualquer atitude que provoque sinais de morte!
A todo
instante, Jesus nos convida a sermos promotores da vida, a esvaziarmos de
nós mesmos para ir ao encontro do outro, principalmente dos pequenos, àqueles
que o mundo despreza!
Em toda sua trajetória
terrena, Jesus sempre foi itinerante, não tinha se quer onde recostar a cabeça.
Ele se identificava com os pequenos e esta identificação, começa já na sua
gestação, quando Deus Pai, escolhe o ventre fecundo de uma humilde jovenzinha,
escolhida no meio dos pobres, para se fazer um de nós!
Jesus nasceu pobre, e foi para os podres que Ele dirigiu o seu
primeiro olhar, os pastores de ovelhas, pessoas simples, mas que se tornaram
grandes, aos serem os primeiros anunciadores do seu nascimento, o acontecimento
que marcou o início da mais bela história de amor que já se ouviu no mundo!
Os pequenos são os
prediletos do Pai, ser indiferente a eles, é ser indiferente ao Pai!
No evangelho de hoje, os
discípulos dão a entender que ainda não haviam compreendido a mensagem de
Jesus. Ao perguntá-Lo quem é o maior no Reino dos céus, eles demonstraram
claramente, que mesmo estando junto de Jesus, estavam muito distantes do
seu Reino!
“Quem é o maior no Reino
dos Céus?”. Jesus responde: “Em verdade vos digo, se não converterdes e não vos
tornardes como uma criança, não entrareis no reino dos céus”.
Jesus censura a mania de
grandeza dos discípulos, eles ainda não falavam a linguagem do amor,
continuavam presos à mentalidade egoísta do mundo, a grande preocupação
deles, não era com a promoção da vida, e sim, com a promoção pessoal.
No final do evangelho,
temos a parábola da ovelha perdida, esta pequena parábola, pode falar de duas
intenções de Jesus: despertar-nos e tranquilizar-nos. Despertar-nos, para
a importância de acolhermos todos aqueles que desviaram do caminho de Deus e
que querem voltar e tranquilizar-nos, quando somos nós a ovelha perdida
que deseja reencontrar o seu pastor. Jesus nos assegura, de que o Pai
acolherá com muita alegria, a todos aqueles que desejam voltar ao seu
convívio.
Deus é Pai, e como Pai
amoroso, não exclui nenhum de seus filhos, Ele está sempre de braços abertos
para nos acolher de volta.
Jesus está sempre a nos
revelar a predileção do Pai, pelos pequeninos! E quem são os pequeninos que
Jesus se refere? São todos aqueles que o mundo despreza.
Quem é pequeno aos olhos
do mundo, é grande aos olhos de Deus!
FIQUE NA PAZ DE JESUS! – Olívia
2 - Sejam inocentes
como uma criança - José Salviano
Dizem que quando
envelhecemos nos tornamos crianças. De certa forma, sim. Dificuldade de
locomoção que nos dificulta tomar um banho, dependência dos outros para quase
tudo, fraqueza da memória, acaba a sexualidade, ouvimos, entendemos, e
escutamos mal. Em certos aspectos até que parecemos uma criança, mais em
outros, nem pensar. Por exemplo, na inocência, não. Carregamos conosco o peso
de todas as nossas aventuras da juventude, o peso dos pecados os quais não nos
arrependemos, pelo contrário, até nos vangloriamos quando estamos entre amigos
e nos esquecemos que somos cristãos.
Mas Jesus hoje está nos
dizendo que "se não vos transformardes e vos tornardes como
criancinhas, não entrareis no Reino dos céus."
Isso é o mesmo que
dizer: Temos que nos tornar humildes, Inocentes, de coração puro sem mágoas e
sem rancores, sem desejos de vingança, sem apego aos bens materiais, sem
nenhuma maldade para com o próximo, sem pecar contra a castidade, em fim, como
uma criança. Será que vamos conseguir este estado de espírito?
Talvez fosse melhor a gente começar agora uma espécie de preparação, de
treinamento, de conversão, mesmo porque não sabemos a hora que vamos dessa vida
para a última fase da nossa existência. Começar neste exato momento
a mudar o nosso esquema mental, convencidos de que não somos deste mundo.
Estamos aqui de passagem, somos como que acampados em um lugar qualquer deste
mundo, e um dia sem menos esperar, partiremos, sem estar preparados para a
outra fase da nossa existência, que é o Reino dos céus. Caríssimos. Vamos por a
mão consciência. Cedo ou tarde teremos de enfrentar a realidade da outra vida.
E é bom estarmos preparados para ela. Na verdade não a merecemos. Mais pela
graça de Deus, poderemos estar salvos, e fazer parte das maravilhas eternas. Portanto,
vamos fazer de tudo para estar menos indignos de receber o perdão de Deus.
Sal
3 - Não desprezeis
nenhum desses pequeninos. Padre Queiroz
Não desprezeis
nenhum desses pequeninos.
Com este Evangelho,
Jesus nos indica como deve ser o relacionamento entre os membros da Comunidade
cristã.
O texto começa com a
pergunta dos discípulos a Jesus: “Quem é o maior no Reino dos Céus?”, isto é,
na Comunidade de Deus. Jesus toma uma criança, coloca-a no meio deles e diz:
“Se não vos converterdes, e não vos tornardes como crianças, não entrareis
no Reino dos Céus. Portanto, quem se faz pequeno como esta criança, este é o
maior no Reino dos Céus”.
Portanto, tornar-se como
criança não é só condição para alcançar a maior grandeza na Comunidade de Deus,
mas inclusive é requisito indispensável para ser admitido nela.
A criança é um ser fraco
e humilde que não possui nada nem tem nada que dizer na Comunidade dos adultos.
Como o pobre, ela só pode receber com alegria o que lhe é oferecido, porque
depende totalmente dos outros. Esta é a situação do homem diante de Deus e,
consequentemente, a atitude que Jesus quer dos seus discípulos: acolhimento,
simplicidade e humildade.
Evidentemente, não se
trata de voltarmos à condição de criança que tivemos no passado, o que é
impossível. Significa optar pelo acolhimento, simplicidade, humildade e
serviço, como fazem naturalmente as crianças. Além da criança, temos como
modelo Jesus, o pobre de Deus, o mais pequeno e o servidor de todos. “Aprendei
de mim que sou mando e humilde de coração”. “Quem recebe em meu nome uma
criança como esta é a mim que recebe.”
E no final da parábola
da ovelha perdida Jesus fala: “O Pai que está nos céus não deseja que se perca
nenhum desses pequeninos”. Não podemos desprezar as crianças, mas ir atrás
delas, cuidar delas e educá-las no caminho de Deus e do bem. Esse cuidado, no
contexto do Evangelho, não se restringe às crianças, mas abrange os
pobres, os analfabetos, os doentes... isto é, a todos os “pequenos”.
A gente se lembra da
fuga de Maria e José para o Egito, a fim de proteger o Menino Jesus. Uma família
que se desloca para um País estranho, fazendo os maiores sacrifícios, porque a
vida da criança estava ameaçada. Hoje, muitas vezes, não é a vida física mas a
vida moral e espiritual das crianças que está ameaçada, pelas drogas, más
companhias etc. Elas merecem o mesmo cuidado e sacrifício.
A Bíblia está cheia de
exemplos de Deus protegendo crianças. Protegeu Isac (Gn 22,11-14), Ismael
(Gn 21,17), Moisés (Ex 1,15-22)...
Na Comunidade de Deus,
as crianças não morrerão antes do tempo (Is 65-20), e brincarão na cova das
serpentes venenosas, sem serem picadas (Is 11,6).
Três pecados comuns
nossos, junto às crianças: falar palavrões perto delas, mimá-las demais e
deixá-las sem ocupação. A ociosidade é a mãe de todos os vícios.
O principal que uma
criança precisa para crescer de forma saudável, é da união dos pais. Uma criança
não precisa tanto que os pais as amem, mas que os pais se amem. Ela nasceu do
amor de um homem e de uma mulher, e só cresce de forma integrada, vendo que
aquele amor dos pais continua vivo.
Se um dos pais vem a
falecer, ou, por um motivo justo, vive longe do filho, isso não o prejudica,
porque o filho ou a filha sabe que os pais continuam unidos. Deus é providente
e faz com que, na falta de um dos pais, outro ou outra cumprirá o seu papel.
Não desprezeis nenhum
desses pequeninos.
Padre Queiroz
4 - “os pequeninos
dos reino” - Helena Serpa
Quem é grande no céu é
pequeno no mundo, pois no reino dos céus não existe maior ou menor, todos somos
os pequeninos a quem o Pai atrai e sustenta com o Seu Amor. Jesus é muito claro
quando nos aponta o ser criança como condição para que possamos usufruir o Seu
reinado. Em diversas ocasiões Jesus usou a figura da criança para identificar
as pessoas que têm acesso ao reino dos céus. A mentalidade evangélica é
totalmente contrária ao modo de pensar do mundo. No mundo, o mais e o maior
sempre prevalecem. No reino do céu o maior tem sentido de menor, isto é quem
quer ser grande no reino de Deus terá que ser pequeno que nem uma criancinha
aqui na terra. Ser como as crianças, é ser simples e dócil para assumir
encargos e, ao mesmo tempo, ser capaz de entregar-se, de abandonar-se para ser
dependente de Deus. É ser também, verdadeiro (a), transparente e saber
comunicar as emoções com naturalidade e sem fingimento. Diante disso não
podemos pensar que ser criancinha é ser, tolo, infantil, imaturo (a) e
turbulento (a), sem coerência. Existe, pois, uma grande diferença entre ser
infantil e ser como a criança. A pessoa infantilizada recusa-se a assumir a
plena responsabilidade pelas próprias ações e, sempre deseja receber o prêmio.
Ser infantil exige pouco esforço, porém o ser como criança exige de nós muito
mais coragem porque, embora sejamos homens e mulheres maduros (as),
necessitamos nos abrir às emoções como elas o fazem. “Os atos infantis afastam,
enquanto que as ações próprias das crianças atraem”. O homem que se converte,
torna-se como criança aos olhos do Pai, pois para Deus somos como filhos
pequenos e amados, dependentes do Seu amor. Aquele que não confia na proteção
do Senhor através dos seus anjos não pode ser considerado pequenino, portanto
não entrará no reino dos céus. Saber que temos no céu, diante do trono do Pai o
nosso anjo da guarda fará com que também sejamos como crianças dependentes da
proteção, da ajuda e da assistência dos anjos de Deus. – Você já experimentou
ser como uma criança? - Será que você está perdendo tempo querendo ser “grande”
e deixando passar a graça de viver aqui o reino de Deus? – Você se sente
dependente de Deus, abandonado (a) em Suas mãos? - Você é auto suficiente? – Em
quem você confia?
Helena Serpa
5 - “Servir com
alegria aos menos importantes” - Diac. José da Cruz
A gente está
habituado a servir, ser gentil e acolhedor, com gente importante, no trabalho
profissional buscamos agradar ao chefe e demais superiores, quando mais
importante o cargo e a função de quem nos pede algo, mais que vamos nos
esforçar para atendê-lo. Talvez não só por questão de obediência, mas muito
mais porque, sendo importante, aquela pessoa pode nos ajudar a subir dentro da
empresa, nomeando-nos quem sabe para algum cargo. Quando esse modo de agir é
uma obsessão, determinando nossas relações com essas pessoas, acaba se tornando
puxa - saquice sem tamanho, mas no fundo é isso mesmo, gostamos de servir a
quem pode nos retribuir com algo vantajoso.
Podem reparar que
trazemos esse modo de agir para a comunidade, o pessoal da liturgia trata o
Padre de um jeito, o Diácono de outro, e o coitado do Ministro da Palavra é o
último que fala e o primeiro que apanha. Por que isso? Por que se observa as
pessoas através de uma visão hierarquizada. Conforme se tem um cargo maior,
mais “servidores” vão aparecer.
Não sou contra, dar uma
atenção maior ao sacerdote, ao arcebispo, quando está em uma comunidade, são
nossos pastores que nos orientam, nos apontam caminhos. Não há nada de errado
nisso. Mas as pessoas são iguais e o espírito cristão tem que nos levar a agir
dentro dessa igualdade.
No evangelho de hoje
Jesus vai além e coloca como referência as criancinhas e os meninos, que
naquele tempo eram insignificantes na sociedade, além das mulheres. Criança nem
entrava nas estatísticas e eram totalmente dependentes dos adultos, começando
pelos pais e parentes. Não tinham nenhuma autonomia e só lhes restava obedecer
e fazer o que os adultos mandavam, diferente de hoje quando há até leis
específicas que garante o direito das pessoas, crianças, adolescentes, jovens e
idosos.
Os discípulos fizeram
uma pergunta “Quem é o maior no Reino dos Céus?” porque seguiam essa lógica da
submissão a quem é o maior. Jesus, entretanto desmonta esse esquema de domínio
sobre as pessoas e afirma que no Reino, os pequenos, pobres, insignificantes, é
que devem ser servidos. Esse ensinamento, tanto nos tempo dos discípulos e das primeiras
comunidades, como em nossos dias, parece absurdo porque na lógica humana
somente as pessoas importantes são valorizadas. Mas Jesus não está fazendo um
belo discurso demagógico como o de alguns políticos, pois na conclusão do
evangelho, com a parábola da ovelha desgarrada, ele nos mostra que o Pai do Céu
age assim com todos nós,buscando a ovelha perdida e a valorizando mais que as
outras.
Liturgia comentada
Ai do mundo! (Mt
18,1-5.10.12-14)
Esta passagem do Evangelho
tem como eixo nossa relação com os pequeninos. Estes nos são apresentados por
Jesus como modelo de vida: “Se não vos tornardes como crianças, não entrareis
no Reino dos Céus”.
Claro que Jesus usa a imagem
da criança para dizer que somos filhos de Deus, suas crianças [tékna, no grego,
como gosta de usar o evangelista João]. Assim, Deus é nosso Abbá,
o paizinho querido. Quem se relaciona como filho: confiante, mas
obediente, esse entra no Reino.
Mas a mesma passagem traz uma
séria advertência a respeito das ofensas contra os pequeninos. Jesus emite uma
verdadeira cominação: “Ai do mundo por causa dos escândalos!” Esta palavra
[skándalon] designava uma pedra, de tamanho pequeno, mas suficiente para levar
alguém a tropeçar e cair. Também pode ser traduzida por “cilada” e “obstáculo”.
Nosso tempo assiste – com a
maioria indiferente – a uma série de agressões contra os pequeninos que Deus
ama. A justiça holandesa acaba de considerar “constitucional” a formação de um
partido político pró-pedofilia. Numerosos parlamentos, em todo o mundo, vão
seguidamente legalizando o aborto intencional. Na mesma linha, autorizam o uso
de embriões humanos como cobaias de laboratório. O último escândalo (por
enquanto) consiste na legalização de uniões conjugais entre pessoas do
mesmo sexo, ainda que seja uma opção contrária à natureza da própria
pessoa humana, incluindo o direito de adotarem crianças que, obviamente,
sofrerão os prejuízos psicoafetivos derivados da ausência da mãe ou do pai.
A médio prazo – quem viver,
verá... –, estas decisões equivocadas, baseadas em uma mentalidade neopagã,
produzirão efeitos destrutivos sobre todo o tecido social, repetindo a história
de antigos grupos sociais cuja decadência é sobejamente conhecida.
O que está ao nosso alcance,
além da luta política e da conscientização da sociedade? Temos o dever de
investir em nossas crianças, assim como faria o próprio Senhor se estivesse na
Terra. Elas pedem nossa presença, educação de bons hábitos, formação religiosa
e espiritual e, acima de tudo, o exemplo edificante dos pais e formadores.
Vale lembrar que, no início
da pregação do Evangelho, as crianças não eram valorizadas entre gregos e
romanos. Cabia ao paterfamilias decidir se os recém-nascidos iriam, ou não, ser
mantidos vivos. O aborto era coisa banal. Crianças deficientes eram
sumariamente eliminadas. O hábito de expor (abandonar ao relento) os
recém-nascidos iria perdurar até o Séc. XVIII. A pregação do Evangelho e a
atitude das famílias cristãs começaram a corrigir esse estado de coisas,
lançando as primeiras sementes daquilo que hoje chamamos de “direitos humanos”.
Proteção ao idoso, escola
para pobres, hospitais para indigentes, fidelidade matrimonial – são
“novidades” trazidas pela evangelização. Sem o Evangelho, voltamos todos às
cavernas...
Orai sem cessar: “Defendei antes o fraco e
o órfão!” (Sl 82,3)
Texto de Antônio Carlos
Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
HOMILIA
DIÁRIA
Precisamos valorizar as nossas crianças
A sabedoria de
Deus vem até nós por meio dos nossos pequeninos; é por isso que precisamos
saber valorizar as nossas crianças.
Perguntaram a Jesus:
“Quem é o maior no Reino dos Céus?” Jesus chamou uma criança, colocou-a no meio
deles e disse: “Em verdade vos digo, se não vos converterdes, e não vos
tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus”.
Meus irmãos e minhas
irmãs, não existe bênção maior no meio de nós do que nossas crianças. Eu gosto
de pegar bebê no colo, gosto de estar no meio das crianças, gosto de brincar
com elas, porque elas trazem Deus para perto de nós. A inocência, a pureza de
uma criança representam Deus para nós.
Quero chamar a atenção
de todos que não sabem dar a devida atenção que nossas crianças merecem. Muitas
vezes, até as desprezam, deixando-nas afastadas.
A sabedoria de Deus vem
até nós por meio dos nossos pequeninos; é por isso que precisamos saber
valorizar as nossas crianças. O pai e a mãe têm de saber abençoar seus filhos e
não fazer deles pessoas mal acostumadas. Saber valorizar uma criança não é dar
tudo o que ela quer, mas reconhecer nelas a bênção que elas representam e
significam para nós.
É saber olhar em cada
criança e descobrir nelas a pureza que nós perdemos, a singeleza que deixamos
passar. Que nós saibamos amar as nossas crianças do fundo do nosso coração e
que saibamos encontrar nelas a pureza do Reino de Deus. Que não se despreze
nenhum dos nossos pequeninos.
Peço que Deus abençoe
cada uma das suas crianças, cada um dos seus filhos. Onde houver uma criança,
cuide dela, não deixe que ela seja explorada, não permita que seus filhos
passem por qualquer abuso nessa terra; muito pelo contrário, que eles sejam
protegidos, amados e cuidados, porque as crianças trazem o Reino de Deus para
perto de nós.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade
Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Oração Final
Pai Santo, dá-nos a consciência de que devemos
ser pequenos para entrar em teu Reino de Amor. Ajuda-nos, Pai amado, a vencer a
tentação de nos tornarmos inteligentes aos olhos do mundo, cultivando a
simplicidade de vida, a modéstia e a humildade, seguindo o Cristo Jesus, teu
Filho e nosso Irmão, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, dá-nos a consciência de que devemos
ser pequenos para entrar em teu Reino de Amor. Ajuda-nos, amado Pai, a vencer a
tentação de buscar pomposos títulos universitários ou de sermos considerados
inteligentes e eruditos pelo mundo, para cultivar a simplicidade de vida, a modéstia
e a humildade, seguindo o Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, que contigo
reina na unidade do Espírito Santo.