quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Campanha da Fraternidade 2024


https://campanhas.cnbb.org.br/campanha/campanha-da-fraternidade-2024

AO ENTRAR QUE VENHA COM DEUS... AO SAIR QUE DEUS TE ACOMPANHE…

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA - 14/02/2024

ANO B


Tempo da Quaresma

14 de Fevereiro de 2024 - Ano B - Roxo

QUARTA-FEIRA DE CINZAS

Campanha da Fraternidade 2024

Tema: "Fraternidade e Amizade Social"
Lema: "Vós sois todos irmãos e irmãs." Mt 23,28

Mt 6,1-6.16-18

Ambientação

INTRODUÇÃO DO FOLHETO PULSANDINHO: Iniciamos o tempo quaresmal em preparação para o Tríduo Pascal: paixão, morte e ressurreição do Senhor. Tal caminhada consiste na intensificação da busca pela conversão pessoal e redirecionamento para a vida divina. A celebração de hoje nos recorda o quão somos limitados perante Deus e carentes do seu perdão, levando-nos a encontrar nas práticas do jejum, oração e caridade, caminho seguro de crescimento pessoal e configuração a Cristo.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, o Senhor, Santo e Justo, nos reúne neste dia para darmos início ao grande caminho quaresmal que nos conduzirá à purificação de nossas vidas e à conversão de nosso coração. Serão quarenta dias de intensa escuta do Senhor, de jejum, de prática da caridade para que possamos viver plenamente, com Ele, a Páscoa. Como o Povo de Deus que outrora caminhou pelo deserto, nos dispomos como Igreja no Brasil a percorrer este caminho sintonizados com os apelos da Campanha da Fraternidade que, neste ano, nos convida a viver a amizade social, como sinal visível do amor e cuidado para com todos.

RASGAI O CORAÇÃO, E NÃO AS VESTES!

São com estas palavras do profeta Joel, que a liturgia de hoje nos conduz ao espírito quaresmal, indicando-nos a conversão do coração, dimensão fundante deste singular tempo de graça que hoje nos preparamos para viver. Iniciar o tempo quaresmal, portanto, é começar a percorrer um caminho no deserto rumo a Deus: é voltar-se para o Senhor que é misericordioso e com largueza nos acolhe a todos por meio de uma reconciliação autêntica neste tempo favorável.
Este caminho no deserto será para cada um de nós, irmãos e irmãs, um tempo de compromisso espiritual que deve ser traduzido em opções e em gestos concretos, além de um empenho e uma transformação de toda a nossa existência. Sendo assim, voltar-se para o Senhor implica-nos o desapego daquilo que nos mantém distante Dele; este desapego é constitutivo para reestabelecer com Deus a aliança interrompida por causa do pecado.
Este é o dia favorável, caríssimos, de, diante do Senhor, responder o premente apelo: “Voltai para mim” (cf. Jl 2,12)! Cada um de nós temos diante dos olhos, e trazemos impressos na nossa alma, imagens de grandes sofrimentos e tragédias, não raro fruto de um egoísmo irresponsável. Por isso, devemos voltar para Aquele que hoje nos abre a porta do Seu coração, rico de bondade e misericórdia. Não hesitemos em reencontrar a amizade de Deus: encontrando o Senhor experimentamos a alegria do seu perdão. Este dia é agora, como ouvimos no canto ao Evangelho: “hoje não fecheis os vossos corações, mas ouvi a voz do Senhor”. Ouçamos a voz do Senhor que na liturgia de hoje, por meio da imposição das cinzas, nos chama à mudança interior e nos recorda à precariedade da nossa condição humana.
Caríssimos irmãos e irmãs, temos quarenta dias para aprofundar esta extraordinária experiência ascética e espiritual. Para tanto, no Evangelho que acabamos de proclamar, Jesus nos indica quais os instrumentos necessários para realizar a autêntica renovação interior e comunitária: obras de caridade (a esmola), a oração e a penitência (o jejum).
Estas três práticas fundamentais contribuirão para que cada um de nós se volte para o Senhor, nosso Deus. Entretanto, estas práticas devem ser realizadas para agradar a Deus e não a fim de obter aprovações e consenso dos homens. Tais gestos, ainda, não nascem de motivações de ordem física ou estética, mas brotam da exigência que o homem tem de um renovamento interior que o faça desintoxicado da poluição do pecado e do mal; da vontade de educar-se para a libertação do próprio “eu”; de fazer-se mais atento e disponível à escuta de Deus e ao serviço dos irmãos. Neste tempo, ainda, nossa oração deve ser sincera, uma oração que brota de um coração sedento de encontrar o Senhor, um coração humilde, dócil, obediente, cheio de amor pelo nosso Deus. A oração é uma luta, um combate, um esforço, uma disciplina, uma teimosia santa! Portanto, tomemos estas práticas quaresmais como “armas” espirituais para combater o mal, as paixões negativas e os vícios.
Neste tempo quaresmal, a Igreja do Brasil nos propõe a cada ano uma iniciativa concreta para realizarmos ações que testemunhem um profundo arrependimento e uma verdadeira conversão, em âmbito pessoal, comunitário, eclesial e social: a Campanha da Fraternidade. Este ano, a campanha traz consigo o convite a ultrapassar as barreiras geográficas do espaço com o tema: “Fraternidade e Amizade Social”, a fim de cumprir o mandato de Jesus a partir do lema: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (cf. Mt 23,8).
Queremos fazer um caminho quaresmal extinguindo as situações de inimizade que geram divisões, violência e destroem a dignidade dos filhos de Deus; despertando o valor e a beleza da fraternidade humana, promovendo e fortalecendo os vínculos da amizade social, para que, em Jesus Cristo, a paz seja a realidade concreta entre todos.
Procuremos viver santamente este tempo que hoje se inicia. Que cada um prepare sua observância quaresmal e seja um tempo constitutivo de renovada experiência de conversão e de reconciliação com Deus, conosco mesmos e com os irmãos. Assim, com toda certeza, estaremos prontos para celebrar na liberdade os mistérios pascais.
Dom Cícero Alves de França
Bispo Auxiliar de São Paulo

Comentário do Evangelho

Quaresma é tempo de conversão

Pela observância religiosa da Lei, o piedoso judeu buscava a justificação diante de Deus. Assim fazendo, julgava-se um "justo". As observâncias mais consagradas eram: a esmola, a oração e o jejum. Praticando-as ostensivamente os líderes religiosos garantiam seu prestígio e seu poder. E, ainda, se sentiam hostilizados pelo apelo de Jesus à conversão. Foram, assim, qualificados de hipócritas. Tempo de Quaresma é tempo de conversão. Esta conversão se dá por uma mudança profunda nos nossos valores, assumidos na sociedade discriminatória em que vivemos, com sua compreensão do mundo. Supõe novos valores e uma nova prática em vista de promover a vida plena para todos.
José Raimundo Oliva
Oração
Pai, só te agradam as ações feitas na simplicidade e no escondimento. Que eu procure sempre agradar-te, enveredando por este caminho.
Fonte: Paulinas em 22/02/2012

Comentário do Evangelho

Quaresma: tempo de graça e conversão

Com a celebração da Quarta-Feira de Cinzas, damos início ao tempo da Quaresma, "tempo de graça e reconciliação"; tempo que é um itinerário oferecido como oportunidade de uma profunda e verdadeira conversão; tempo que nos dispõe para celebrar a Páscoa de Jesus Cristo, mistério central da vida cristã. As práticas tradicionais do jejum, da esmola e oração, também recomendadas pela Igreja, são a expressão de nosso desejo e empenho de uma verdadeira conversão, apelo e tarefa não só de um tempo, mas um trabalho de toda a vida.
Carlos Alberto Contieri,sj
Oração
Pai, só te agradam as ações feitas na simplicidade e no escondimento. Que eu procure sempre agradar-te, enveredando por este caminho.
Fonte: Paulinas em 13/02/2013

Comentário do Evangelho

A conversão não é tarefa de um tempo, mas empenho de toda a vida.

Com essa celebração de caráter penitencial, tem início o tempo da Quaresma, tempo de graça e reconciliação que nos prepara para a comemoração anual do mistério pascal de Jesus Cristo. O texto prescrito para a Quarta-Feira de Cinzas, invariável nos três ciclos litúrgicos, começa por um alerta (v. 1), cuja exigência prática para a vida do discípulo e de toda a comunidade cristã é a rejeição da hipocrisia, como se verá nas considerações das práticas tradicionais de piedade (jejum, esmola e oração), aspectos importantes da vida religiosa no tempo de Jesus, também recomendadas pela Igreja. Essas práticas não podem alimentar a vaidade de uma religião puramente exterior – hoje, diríamos midiática – e se constituir num espetáculo público. Não podem levar ao autocentramento, mas elas têm por finalidade levar as pessoas a saírem de si mesmas e voltarem-se para Deus, que vê no segredo do coração, e se disporem a servir generosamente seus semelhantes. O jejum, a caridade fraterna e a oração são a expressão do desejo de uma verdadeira conversão; a conversão não é tarefa de um tempo, mas empenho de toda a vida.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, só te agradam as ações feitas na simplicidade e no escondimento. Que eu procure sempre agradar-te, enveredando por este caminho.
Fonte: Paulinas em 05/03/2014

COMENTÁRIO DO EVANGELHO

Não saiba tua mão esquerda o que faz a direita


Três práticas para o sagrado tempo da Quaresma: a esmola, a oração e o jejum, que devem ser feitos em silêncio e em segredo. Basta que sejam vistos por Deus. Jejum de comida, bebida e gastos desnecessários. Coloque o que for economizado na coleta da Campanha da Fraternidade no Domingo de Ramos. É a sua esmola, que será aplicada em obras sociais em todo o país. E reze um pouco mais, leia a Sagrada Escritura.
Cônego Celso Pedro da Silva,

Vivendo a Palavra

Esmola, jejum e oração são imagens que Jesus usa para ensinar como devem ser nossas relações com o próximo, com nós mesmos e com Deus. Guardando a sobriedade e a discrição, nós devemos ser solidários e generosos com o próximo; agradecidos e reverentes com o Pai e conscientes da nossa dignidade de filhos amados pelo Criador.
Fonte: Arquidiocese BH em 22/02/2012

Vivendo a Palavra

Esmola, oração e jejum – são metáforas para indicar que as nossas relações com o próximo devem ser de compaixão e generosidade; com o Pai, de gratidão e verdade; e com nós mesmos de busca da santidade, isto é, assumirmos o Espírito Santo que nos habita. Sejam estes os desejos de nossa quaresma.
Fonte: Arquidiocese BH em 13/02/2013

VIVENDO A PALAVRA

Esmola, jejum e oração são imagens que Jesus usa para ensinar como devem ser nossas relações com o próximo, com nós mesmos e com Deus. Guardando a sobriedade e a discrição, nós devemos ser solidários e generosos com o próximo; agradecidos e reverentes com o Pai e conscientes da nossa dignidade de filhos amados pelo Criador.
Fonte: Arquidiocese BH em 14/02/2018

VIVENDO A PALAVRA

Neste início da quaresma, Mateus revela o jeito de Jesus se relacionar consigo mesmo (jejum), com o próximo (esmola) e com o Pai (oração). Não se trata de atos praticados para serem vistos e admirados pelos companheiros de viagem, mas de atitudes de gratidão por sermos todos filhos muito amados de Deus, e da consequente relação fraterna entre todos os homens e mulheres de boa vontade.
Fonte: Arquidiocese BH em 26/02/2020

Reflexão

O verdadeiro espírito de conversão quaresmal é aquele de quem não busca simplesmente dar uma satisfação de sua vida a outras pessoas para conseguir a sua aprovação e passar assim por um bom religioso, mas sim aquele que encontra a sua motivação no relacionamento com Deus e busca superar as suas imaturidades, suas fraquezas, sua maldade e seu pecado para ter uma vida mais digna da vocação à santidade que é conferida a todas as pessoas com a graça batismal, e busca fazer o bem porque é capaz de ver nas outras pessoas um templo vivo do Altíssimo e servem ao próprio Deus na pessoa do irmão ou da irmã que se encontram feridos na sua dignidade.
Fonte: CNBB em 22/02/201213/02/2013 05/03/2014

Reflexão

Fazer o bem é atitude correta e louvável. Além disso, o benfeitor será recompensado por Deus, pois “o Pai que vê, no segredo, o recompensará”. A recompensa celeste cessa quando a pessoa faz publicidade de suas obras para receber aplausos. Jesus indica três boas obras que figuram como exemplos para as demais: dar esmola, jejuar, e orar. Se forem acompanhados de reta intenção, e não simplesmente feitos para conquistar elogios e bajulações, esses gestos serão agradáveis a Deus e promoverão a fraternidade. Jesus nos adverte sobre o perigo, tão comum à natureza humana, de corrermos atrás da glória deste mundo. O que conta realmente é a conversão a Deus e aos irmãos e irmãs. Projeto para toda a quaresma.
(Dia a dia com o Evangelho 2018 – Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)
Fonte: Paulus em 14/02/2018

Reflexão

Fazer o bem é atitude correta e louvável. Além disso, o benfeitor será recompensado por Deus, pois “o Pai que vê, no segredo, o recompensará”. A recompensa celeste cessa quando a pessoa faz publicidade de suas obras para receber aplausos. Jesus indica três boas obras que figuram como exemplos para as demais: dar esmola, jejuar e orar. Se forem acompanhados de reta intenção, e não simplesmente feitos para conquistar elogios e bajulações, esses gestos serão agradáveis a Deus e promoverão a fraternidade. Jesus nos adverte sobre o perigo, tão comum à natureza humana, de corrermos atrás da glória deste mundo. O que conta realmente é a conversão a Deus e aos irmãos e irmãs. Projeto para toda a Quaresma.
Oração
Ó admirável conselheiro e Mestre, Jesus, arranca do nosso coração a forte tendência de exibir nossas obras em vista de ganhar elogios e aplausos. Tu nos ensinas a realizar as boas obras de modo secreto, com a garantia de que não nos faltará a recompensa do Pai celeste. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2020 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp (dias de semana) Pe. Nilo Luza, ssp (domingos e solenidades))
Fonte: Paulus em 26/02/2020

Reflexão

Mais uma vez, a Igreja nos proporciona, com o começo da Quaresma, rever a nossa própria caminhada de fé rumo à Páscoa. Como a dinâmica do ano litúrgico é circular e ascendente, temos a oportunidade de crescer no seguimento de Jesus, deixando para trás o que nos prejudica. A Quaresma tem seu começo marcado por um programa de vida simples, direto e exigente: a vivência consciente e profunda da oração, do jejum e da caridade. Essas práticas devem ser vividas com intensidade e discrição, ou seja, sem que as pessoas ao nosso redor saibam o que estamos fazendo. Nesse caso, basta que Deus visite nosso coração e conheça nossas ações. O bem não precisa de publicidade, mas de gestos concretos que revelem o nosso compromisso com a conversão do nosso próprio coração e do mundo que nos cerca.
(Dia a dia com o Evangelho 2022)
Fonte: Paulus em 02/03/2022

Reflexão

Fazer o bem é atitude correta e louvável. Além disso, o benfeitor será recompensado por Deus, pois “o Pai, que vê no segredo, o recompensará”. A recompensa celeste cessa quando a pessoa faz publicidade de suas obras para receber aplausos. Jesus indica três boas obras que figuram como exemplos para as demais: dar esmola, jejuar e orar. Se forem acompanhados de reta intenção, e não simplesmente feitos para conquistar elogios e bajulações, esses gestos serão agradáveis a Deus e promoverão a fraternidade. Jesus nos adverte sobre o perigo, tão comum à natureza humana, de corrermos atrás da glória deste mundo. O que conta realmente é a conversão a Deus e aos irmãos e irmãs. Projeto para toda a Quaresma.
(Dia a dia com o Evangelho 2024)

Reflexão

«Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles»

Pbro. D. Luis A. GALA Rodríguez
(Campeche, México)

Hoje começamos o nosso recorrido à Páscoa, e o Evangelho nos lembra os deveres fundamentais do cristão, não só como preparação a um tempo litúrgico, mas em preparação à Páscoa Eterna: «Cuidado! não pratiqueis vossa justiça na frente dos outros, só para serdes notados. De outra forma, não recebereis recompensa do vosso Pai que está nos céus» (Mt 6,1). A justiça da que Jesus nos fala consiste em viver conforme aos princípios evangélicos, sem esquecer que «Eu vos digo: Se vossa justiça não for maior que a dos escribas e dos fariseus, não entrareis no Reino dos Céus» (Mt 5,20).
A justiça nos leva ao amor, manifestado na esmola e em obras de misericórdia: «Tu, porém, quando deres esmola, não saiba tua mão esquerda o que faz a direita» (Mt 6,3). Não é que se devam ocultar as obras boas, mas que não se deve pensar em elogio humano ao fazê-lo, sem desejar nenhum outro bem superior e celestial. Em outras palavras, devo dar esmola de tal modo que nem eu tenha a sensação de estar fazendo uma boa ação, que merece uma recompensa por parte de Deus e elogio por parte dos homens.
Bento XVI insistia em que socorrer aos necessitados é um dever de justiça, mesmo antes que um ato de caridade: «A caridade supera a justiça (…), mas nunca existe sem a justiça, que induz a dar ao outro o que é "dele", o que lhe pertence em razão de seu ser e do seu agir». Não devemos esquecer que não somos proprietários absolutos dos bens que possuímos, e sim administradores. Cristo nos ensinou que a autêntica caridade é aquela que não se limita a "dar" esmola, e sim que o leva a "dar" a própria pessoa, a oferecer-se a Deus como culto espiritual (cf. Rom 12,1) esse seria o verdadeiro gesto de justiça e caridade cristã, «de modo que tua esmola fique escondida. E o teu Pai, que vê no escondido, te dará a recompensa» (Mt 6,4).

Pensamentos para o Evangelho de hoje

«Nestes dias, deve-se dar uma atenção especial no cuidado e na devoção ao cumprimento das coisas que os cristãos devem fazer em todos os momentos: assim viveremos, em santo jejum, esta Quaresma de instituição apostólica» (S. Leão Magno)

- «Sabemos que este mundo cada vez mais artificial nos leva a viver uma cultura do "fazer", do "útil", onde inadvertidamente Igreja excluímos Deus do nosso horizonte. A Quaresma chama-nos a "despertarmos" para nos lembrarmos simplesmente que não somos Deus» (Francisco)

- «A Lei nova pratica os atos da religião: a esmola, a oração, o jejum, ordenando-os para “o Pai que vê no segredo”, ao contrário do desejo “de ser visto pelos homens”» (Catecismo da Igreja Católica, 1.969)

Reflexão

«Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles»

Rev. D. Manel VALLS i Serra
(Barcelona, Espanha)

Hoje iniciamos a Quaresma: «É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação» (2Cor 6,2). A imposição da cinza —que devemos receber— é acompanhada por uma destas duas fórmulas. A antiga: «Lembre-se de que és pó e pó serás»; e a que introduziu a liturgia renovada do Concilio: «Converta-se e creia no Evangelho». Ambas as fórmulas são um convite a contemplar de uma maneira diferente —normalmente tão superficial— nossa vida. O Papa São Clemente I nos lembra que «o Senhor quer que todos os que o amam se convertam».
No Evangelho, Jesus pede a pratica da esmola, o jejum e a oração longe de toda hipocrisia: «Por isso, quando você der esmola, não mande tocar trombeta na frente, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem elogiados pelos homens. Eu garanto a vocês: eles já receberam a recompensa» (Mt 6,2). Os hipócritas, energicamente denunciados por Jesus Cristo, se caracterizam pela falsidade de seu coração. Mas, Jesus adverte hoje não só da hipocrisia subjetiva senão também da objetiva: cumprir, inclusive de boa fé, tudo o que manda a Lei de Deus e a Escritura Santa, mas fazendo de maneira que fique na mera prática exterior, sem a correspondente conversão interior.
Então, a esmola reduzida —à “gorjeta”— deixa de ser um ato fraternal e se reduz a um gesto tranquilizador que não muda a maneira de ver o irmão, nem faz sentir a caridade de prestar-lhe a atenção que ele merece. O jejum, por outro lado, fica limitado ao cumprimento formal, que já não lembra em nenhum momento a necessidade de moderar nosso consumismo compulsivo, nem a necessidade que temos de ser curados da “bulimia espiritual”. Finalmente, a oração —reduzida a estéril monólogo— não chega a ser autêntica abertura espiritual, colóquio íntimo com o Pai e escuta atenta do Evangelho do Filho.
A religião dos hipócritas é una religião triste, legalista, moralista, de uma grande pobreza de espírito. Pelo contrario, a Quaresma cristã é o convite que cada ano nos faz a Igreja a um aprofundamento interior, a una conversão exigente, a una penitência humilde, para que dando os frutos pertencentes que o Senhor espera de nós, vivamos com a máxima plenitude de alegria e o gozo espiritual da Páscoa.

Reflexão

Quarta-feira de Cinza: começo da Quaresma

REDAÇÃO evangeli.net (elaborado com base nos textos de Bento XVI)
(Città del Vaticano, Vaticano)

Hoje começamos a Quaresma com os ritos simbólicos próprios e exclusivos da Quarta de Cinza: 1. A procissão penitencial, que simboliza a peregrinação pessoal e comunitária de conversão e renovação espiritual; 2. A imposição da cinza, que significa o chamado a corresponder a sinceridade da alma, e a coerência das obras. A Quaresma é um tempo de purificação —tal como o manifesta sua cor litúrgica— e toda ela está orientada ao mistério da Redenção.
Como caminho de autêntica conversão e de preparação espiritual mais intensa para celebrar a Páscoa, a liturgia propõe-nos três práticas penitenciais que têm um grande valor para a tradição bíblica: a oração, o jejum e a esmola. Na realidade, a vida cristã toda é um combate sem pausa, no qual devemos usar essas três "armas".
—Morrer a se mesmo para viver em Deus é o itinerário ascético que todos os discípulos de Jesus estão chamados a percorrer com humildade e paciência, com generosidade e perseverança.

Reflexão

A Quaresma. A Esmola

REDAÇÃO evangeli.net (elaborado com base nos textos de Bento XVI)
(Città del Vaticano, Vaticano)

Hoje, contemplamos a Quaresma como um tempo privilegiado da peregrinação interior até Àquele que é a fonte da misericórdia. Uma das práticas quaresmais recomendadas é a esmola: representa uma maneira concreta de ajudar os necessitados e, ao mesmo tempo, um exercício ascético para libertar do apego aos bens terrenos.
A esmola ajuda-nos a vencer a tentação constante de servir a “dois senhores” (a Deus e ao dinheiro), e ensina-nos a socorrer o próximo nas suas necessidades e a compartilhar com os outros o que, por bondade divina, possuímos. A esmola evangélica não é simples filantropia, mas expressão concreta da caridade, a virtude teologal que exige a conversão interior ao amor de Deus e dos irmãos, à imitação de Jesus Cristo, que, morrendo na cruz, se entregou a si próprio por nós.
—A Quaresma incita-nos a seguir o exemplo da “viúva pobre”, cuja esmola não consistiu somente em dar o que possuía, mas o que era: toda a sua pessoa.

Reflexão

A Quaresma. O jejum

REDAÇÃO evangeli.net (elaborado com base nos textos de Bento XVI)
(Città del Vaticano, Vaticano)

Hoje, iniciando a Quaresma, consideramos os quarenta dias de jejum que o Senhor viveu no deserto antes de empreender sua missão pública. Igual que Moisés antes de receber as Tábuas da Lei, ou que Elias antes de se encontrar com o Senhor no monte Horeb, Jesus Cristo orando e fazendo jejum preparou a sua missão, cujo inicio foi um forte enfrentamento com o tentador.
As Sagradas Escrituras e toda a tradição cristã ensinam que o jejum é uma grande ajuda para evitar o pecado e tudo o que induz a ele. Pois o pecado nos oprime a todos, nos oferece o jejum como um meio para recuperar a amizade com o Senhor. No Novo Testamento, Jesus —prevenindo a hipocrisia de alguns fariseus— indica a razão profunda do jejum: comer o “alimento verdadeiro”, que é fazer a vontade do Pai. Em último término, se trataria de jejuar de nossa própria vontade.
—Com o jejum, Senhor, desejo me someter humildemente a ti, confiando na tua bondade e misericórdia.

Recadinho

Em que consiste ser humilde? - O exibicionismo está muito presente em nossas comunidades? - Procuro ser solidário com o próximo, ajudando-o a ouvir a voz de Deus que nos fala no íntimo do coração? - Que tipo de recompensa espero pelo bem que faço? - Quem me recompensará?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 - Santuário Nacional em 05/03/2014

Comentário sobre o Evangelho

O Sermão da Montanha: «Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles»


Hoje começa a Quaresma. Trata-se de um tempo durante o qual nos preparamos para reviver a paixão, morte e ressurreição de Jesus. Estes acontecimentos são os mais importantes da História da humanidade e de sua História pessoal.
—Nestes dias acompanharemos espiritualmente a Jesus Cristo em sua subida para Jerusalém. Sabe como se caminha com Jesus? Pois com oração e oferecendo-lhes pequenos sacrifícios. Ah!, e sem barulho.

Meditando o evangelho

COMO AGRADAR A DEUS

A prática quaresmal da esmola, da oração e do jejum tem a finalidade de sintonizar-nos com a vontade do Pai, de forma a preparar-nos, da melhor maneira possível, para a celebração da Páscoa. As três práticas de piedade visam refazer nossa amizade com o Pai, enquanto discípulos de Jesus. Têm como objetivo tornar-nos agradáveis a ele. De onde a importância de serem vividas segundo as orientações dadas pelo Mestre Jesus.
Existem maneiras incorretas de dar esmolas, rezar e jejuar. Portando, vazias e inúteis. Isto acontece com quem se serve destes atos para fazer exibição de piedade, pretendendo passar por santos aos olhos dos outros. Mas, também, com quem dá esmola de maneira mecânica, sem comprometer-se com o gesto de dar; com quem transforma a oração num amontoado de palavras, sem interioridade nem unção; com quem jejua para cumprir um preceito, embora desconheça o valor de seu gesto.
O reverso da medalha corresponde à forma efetiva de agradar a Deus. Neste caso, a esmola será expressão da misericórdia que existe no coração de quem se faz solidário com a carência alheia; a oração consistirá mais em escutar do que em falar; o jejum corresponderá a um esforço sincero de controlar os próprios instintos e paixões, de forma a não desviarem o ser humano do caminho de Deus.
A melhor forma de agradar a Deus será pôr em prática tudo isto no humilde escondimento.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Pai, durante o tempo da Quaresma, buscarei ser agradável a ti, manifestando esta minha disposição por meio da esmola, da oração e do jejum feitos de maneira correta.
Fonte: Dom Total em 14/02/2018 26/02/2020

Meditando o evangelho

O PAI VÊ O ESCONDIDO

Os discípulos de Jesus foram alertados a respeito das formas indevidas de praticar a religião, de modo especial, o exibicionismo nas práticas religiosas, com o intento de granjear louvores e admiração. Esta preocupação minimiza o que se faz com a intenção de agradar a Deus. A recompensa humana acaba por dispensar a recompensa divina.
Tomando três práticas típicas de piedade – a esmola, a oração e o jejum –, Jesus pôs em confronto a maneira incorreta e a correta de praticá-las. A forma incorreta é a atitude dos hipócritas. Estes mandam tocar trombetas quando vão dar esmolas, para chamar a atenção dos passantes; rezam nas sinagogas e nas praças, de maneira ostentatória para serem contemplados em atitude de oração; quando estão jejuando, fazem questão de apresentar um semblante ascético e abatido, dando-se ares de penitentes.
A forma correta de viver a piedade é bem outra. Nela o fiel busca ser visto unicamente por Deus. O reconhecimento humano é dispensado, pois não tem valor algum. Basta que o Pai veja a esmola dada de maneira discreta. A oração deve ser feita no recolhimento do quarto, pois aí só o Pai será testemunha da sinceridade com que é feita. Por ocasião do jejum, aconselha-se a lavar o rosto e a perfumar a cabeça. Assim, somente o Pai verá o que se passa no coração de quem jejua.
Engana-se quem procura agradar a Deus por um caminho diferente daquele indicado por Jesus.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Pai, só te agradam as ações feitas na simplicidade e no escondimento. Que eu procure sempre agradar-te, enveredando por este caminho.
Fonte: Dom Total em 02/03/2022

COMENTÁRIO DO EVANGELHO

1. A RECOMPENSA DIVINA
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês)

Todo gesto de piedade visa ser agradável a Deus. Nele, o ser humano busca manifestar o mais íntimo de si mesmo, na esperança do reconhecimento divino. Realiza o que lhe parece corresponder aos anseios do Pai. Transforma, em ação, seus sentimentos profundos de amor e gratidão.
A esmola, a oração e o jejum são expressões excelentes de piedade, por parte de quem procura viver uma intensa vida de comunhão. Elas supõem a capacidade de ir ao encontro do irmão carente, a quem se deve socorrer; transcender os próprios limites e viver em comunhão com o Senhor; ordenar as paixões que impedem o ser humano de ser solidário e fraterno. A piedade é, pois, vivida como comunhão.
A recompensa divina advém, na medida em que a piedade é praticada na humildade e no escondimento, prescindindo do reconhecimento humano. O Pai vê e reconhece o valor do gesto humano, quando praticado com sinceridade de coração. A busca consciente de louvor por parte dos outros mina, pela raiz, os gestos de piedade e lhes desvirtua o sentido, impedindo-os de atingir seu objetivo.
Somos instruídos a vivenciar nossa piedade, de maneira secreta. Só assim, quem vê o que é feito em segredo, dar-nos-á a recompensa esperada.
Oração
Divino Espírito, faze-me sincero na prática da piedade, para que minha esmola, minha oração e meu jejum recebam a devida recompensa do Pai.
Fonte: NPD Brasil em 22/02/2012

COMENTÁRIO DO EVANGELHO

1. Quaresma: Tempo de Reflexão e Conversão
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês)

A quaresma, que se inicia hoje, tem sua origem na tradição sacrifical do Primeiro Testamento, segundo a qual a reconciliação com Deus se faz pelo sofrimento. A penitência, que foi identificada com práticas de sofrimento, na realidade significa a mudança de vida, o abandono dos falsos valores oferecidos pelo mundo do consumismo, sob controle dos donos do dinheiro, para assumir novos valores que levam à promoção da vida neste mundo. Jesus nos chama para a sincera relação com Deus e com o próximo, nos desapegando das riquezas, partilhando com os pobres, confiantes na vida, no irmão, na bondade e na amizade.
Fonte: NPD Brasil em 13/02/2013

COMENTÁRIO DO EVANGELHO

1. Não pratiqueis vossa justiça só para serdes notados
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - comece o dia feliz)

Três práticas para o Sagrado Tempo da Quaresma: a esmola, a oração e o jejum, que devem ser feitos em silêncio e em segredo. Basta que sejam vistos por Deus. Jejum de comida, bebida e gastos desnecessários. Coloque o que for economizado na coleta da Campanha da Fraternidade no Domingo de Ramos. É a sua esmola, que será aplicada em obras sociais em todo o país. E reze um pouco mais, leia a Sagrada Escritura.
Fonte: NPD Brasil em 14/02/2018

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. Cinzas
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Hoje é Quarta Feira de Cinzas que marca o início do tempo quaresmal. Vivemos um tempo de muitas ostentações religiosas até mesmo em nossa querida e amada Igreja Católica, ás vezes há muita fachada e pouca autenticidade no que fazemos e celebramos.
O evangelho de hoje, bem dentro desse clima penitencial que nos motiva á sincera conversão, nos ensina e nos recorda que a verdadeira religião é para dentro e não para fora.
Religião significa relação com Deus, algo muito íntimo e pessoal, e que consiste na prática de certas virtudes evangélicas, que não precisam e nem podem ser ostentadas diante das pessoas porque é perigoso buscarmos o nosso engrandecimento quando na verdade, a relação sincera com Deus sempre tem como ponto de partida uma postura de humildade.
A prática de uma religião ostensiva acaba esvaziando o verdadeiro sentido das nossas relações com Deus presente em Jesus. Os atos de piedade: esmola, oração e jejum, nas comunidades de Mateus acabaram se transformando em uma mera aparência, são ações que parecem ser piedosas, mas não o são, justamente porque ficam só nas aparências. esmola parece uma palavra meio fora de moda, ( nas grandes cidades há até faixas educativas nos cruzamentos das grandes avenidas, pedindo para não darmos esmolas) oração parece coisa de doido, pois em vez de falar com Deus, o homem fala consigo mesmo ou com os outros, trabalha a razão e deixa a mística de lado, crendo em um Deus mudo, cego e surdo, que parece que nada tem a dizer ao homem de hoje.
Jejum muito menos... a ordem não é esvaziar-se, a ordem é encher-se, empanturrar-=se, satisfazer a todos os prazeres de maneira irracional e desenfreada como vemos por aí...
Vamos aproveitar o início de mais uma quaresma e reduzir a cinzas nosso homem velho, deixando que em seu lugar vá nascendo um homem novo, um homem que em seu coração se comunica com Deus em uma deliciosa intimidade, um homem novo que ao orar consegue também se abrir para escutar a Voz de Deus ecoando na sua consciência, determinando todos os seus atos e escolhas, um homem novo que consegue se abrir aos irmãos, não dando uma esmola do que lhe sobra, mas partilhando sua vida e seus carismas na comunidade, e finalmente um homem novo que jejua, porque tem a consciência e a certeza de que nossa única necessidade é DEUS, e todo o resto é dispensável, até mesmo as necessidades vitais que um dia não iremos mais precisar, quando estivermos com Deus no amanhã da nossa História.

2. Não pratiqueis vossa justiça na frente dos outros, só para serdes notados - Mt 6,1-6.16-18
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - comece o dia feliz)

Começamos hoje o Tempo da Quaresma com o propósito de praticar silenciosamente o jejum, a oração e a esmola. Silenciosamente, sem a preocupação de que nos vejam. Encontre um meio para partilhar algum bem material com quem precisa. Dedique ao menos 15 minutos do seu dia à oração silenciosa, só você e Deus. Um pouco de mortificação fortalece a vontade e ajuda a viver a Quaresma de maneira mais consciente.
Fonte: NPD Brasil em 26/02/2020

HOMILIA

ESPIRITUALIDADE BÍBLICO-MISSIONÁRIA

Com a Quarta-feira de Cinzas iniciamos o Ciclo Pascal, que segue até o Domingo de Pentecostes. Começando com a Quaresma, a Palavra vem nos propor a fidelidade batismal. O ponto de chegada nessa caminhada é a Páscoa de Cristo. São quarenta dias propostos pela Igreja para uma contemplação mais profunda das coisas de Deus, de sua Palavra, e ainda a mística que deve nos acompanhar: a oração, a misericórdia, o gesto de ir ao encontro de quem está à margem da sociedade e de nós mesmos. Reviver o batismo é reviver a missão de cristãos, vencendo o espírito do mal, libertando-nos das amarras que vamos colocando sobre nós.
A Palavra de Deus nos faz dois apelos bem fortes: “Reconciliai-vos com Deus” e “Convertei-vos e crede no Evangelho”. Somos chamados para acolher com amor a ação misericordiosa de Deus, voltando-nos para Ele, pois Ele vem ao nosso encontro. É momento sublime, pois, se admitimos que devemos melhorar nosso modo cristão, estejamos certos de que haverá progresso em nós. Quando me esforço para viver o projeto do Reino, Deus me dá a graça do crescimento nele.
O profeta Joel nos faz um convite veemente: “Rasgai o vosso coração e não vossas vestes”. É do agrado do Senhor o que vem do coração, nosso esforço, nosso empenho em viver a fé de modo comprometido com a vida e a dignidade. Exterioridade não é do agrado do Senhor, por isso, “rasgar as vestes” não importa; o que importa é “rasgar o coração”, algo que venha de dentro. Deus nos dá, pois, uma nova chance de progredir na busca da salvação e da santificação.
O Evangelho nos convida para olharmos para dentro de nós mesmos. A oração, o jejum, a penitência, a prática do bem são obras boas que o Evangelho nos indica. Certamente que a sobriedade, a austeridade e a abstinência são atitudes que nos amadurecem e nos fazem interrogar um mundo que privilegia o conforto, o bem-estar, o que pode nos fazer insensíveis aos apelos de Deus e às necessidades alheias.
Tudo deve ser feito por amor a Deus e aos irmãos. Não há outro caminho, nem outra escolha. Esse é o caminho. É bem isso que São Pedro Crisólogo nos diz: “Quem jejua compreende bem o que significa para os outros não ter o que comer. Escuta quem tem fome, se queres que agrade a Deus o teu jejum”. Nosso modelo é Jesus no deserto. Rejeitou as ciladas do inimigo e foi fiel ao Pai. Nós só podemos ser fiéis a Ele.
Redação “Deus Conosco”

HOMILIA DIÁRIA

´Convertei-vos e crede no Evangelho´

Postado por: homilia
fevereiro 22nd, 2012

Com a Celebração das Cinzas, na Quarta-feira de Cinzas, damos início à Quaresma, tempo forte de oração, penitência e jejum. É o tempo forte de conversão do coração humano diante das necessidades dos outros.
Como o próprio nome no-lo diz, são quarenta dias de penitência, os quais nos preparam para a celebração da vitória final da graça sobre o pecado e da vida sobre a morte. Durante estes dias, a nossa oração se torna mais intensa e a penitência mais acentuada. É um período especial de retorno a Deus, de conversão e de abertura aos outros.
A cerimônia de Imposição das Cinzas nos recorda que nossa vida na terra é passageira, que algum dia vamos morrer e que o nosso corpo vai se converter em pó e que a vida definitiva se encontra no céu. Ensina-nos ainda que os céus e a terra hão de passar um dia. Em troca, todo o bem que tenhamos realizado em nossa vida nós vamos levá-lo à eternidade. Ao final da nossa vida, só levaremos aquilo que tenhamos feito por Deus e por nossos irmãos.
As cinzas são um sacramental, o qual não nos tira os pecados, mas nos relembra a nossa condição de miseráveis, de frágeis e pecadores. E assim, reconhecendo a nossa situação, recorremos ao sacramento da reconciliação. É um sinal de arrependimento, de penitência, mas sobretudo, de conversão. Com essa celebração, damos início à nossa caminhada com Cristo do Jardim das Oliveiras até o triunfo na manhã do primeiro dia da semana, que é o Domingo da Ressurreição.
Quaresma é realmente um tempo de reflexão em nossa vida, de entender aonde vamos, de analisar como está nosso comportamento com nossa família – o marido, a esposa, os filhos, os pais – e todos os que nos rodeiam.
O Evangelho de hoje nos ajuda a entendermos como praticar as três obras de penitência – oração, esmola e jejum – e como viver bem o tempo quaresmal.
Jesus fala das três obras de piedade dos judeus: a esmola, o jejum e a oração. E faz uma crítica pelo fato de que eles as praticam para ser vistos pelos outros.
O segredo para o efeito é a atenção para que não sejamos como os fariseus hipócritas: “Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes vistos por eles. Caso contrário, não recebereis a recompensa do vosso Pai que está nos céus” (Mt 6,1).
Para Jesus é preciso criar uma nova relação com Deus. Ao mesmo tempo, Cristo nos oferece um caminho de acesso ao coração do Pai. Para Ele, a justiça consiste em conseguir o lugar onde Deus nos quer. O caminho para chegar ali está expresso na Lei de Deus: “Se a vossa justiça não superar a justiça dos doutores da Lei e dos fariseus, não entrareis no Reino dos Céus”.
Como foi dito anteriormente, este é um tempo de oração que se caracteriza por uma relação de aliança entre Deus e o homem em Cristo. Este encontro com Cristo não se exprime apenas em pedidos de ajuda, mas também em louvor, ação de graças, escuta e contemplação.
Rezar é confiar no Senhor que nos ama e corresponder ao Seu amor incondicional. Por sua vez, a oração penitencial privilegia o agradecimento da misericórdia de Deus e prepara o coração para o perdão e para a reconciliação.
É tempo da prática do jejum. O jejum tem certamente também uma dimensão física, como a privação voluntária de alimentos, além da espiritual. O que jejuamos deve ser partilhado, ou seja, entregue aos nossos irmãos que passam fome. É sobretudo a privação do pecado. O jejum é sinal do combate contra o espírito do mal. O modelo deste combate é Cristo, que foi tentado pelo maligno muitas vezes para que cedesse ao sucesso, ao domínio e à riqueza. No entanto, a Sua vitória sobre todo o mal, que oprime o homem, inaugurou um tempo novo, um Reino de justiça, verdade, paz, amor e partilha.
A experiência do jejum exterior e interior favorece a opção pelo essencial. No nosso tempo, o jejum tornou-se uma prática habitual. Alguns jejuam por razões dietéticas e estéticas. O jejum cristão não tem uma dimensão dietética ou estética como é prática nos nossos dias, mas sim uma referência cristológica e solidária com os nossos irmãos e irmãs excluídos da sociedade por causa de diversas condições: raça, religião, cor, tribo, língua, entre outros.
Como Cristo e com Cristo jejuamos para ser mais solidários e abertos ao outro. Sob várias formas podemos jejuar, como por exemplo, o jejum midiático da televisão, da internet, do celular, da língua, etc.; para redescobrirmos a beleza do diálogo em família, da partilha de interesses, do encontro e da comunhão com os irmãos.
Quando vivemos bem o jejum nos convertemos em seres solidários, pessoas que partilham tudo entre todos. Ninguém chamará de “seu” o que possui. Em outras palavras, atualizaremos os Atos dos Apóstolos 2,42, que é a essência do Cristianismo. A relação dinâmica entre o amor e a adesão a Cristo faz do gesto de ajuda – expresso na esmola – uma partilha fraterna e não algo humilhante.
Quaresma é tempo de dar esmola. E esta nos ajuda a vencer a incessante tentação do egoísmo, educando-nos para irmos ao encontro das necessidades do próximo e partilhar com os outros aquilo que, por bondade divina, possuímos. Tal é a finalidade das coletas especiais para os pobres que são promovidas em muitas partes do mundo durante o período quaresmal. Desta forma, a purificação interior é confirmada por um gesto de comunhão eclesial, como acontecia já na Igreja primitiva.
Hoje a oração, o jejum e a esmola não perderam a atualidade e continuam a ser propostos como instrumentos de conversão. A estes meios clássicos podemos acrescentar outros, em ordem a melhorar a relação com Deus, com nós mesmos e com os outros.
E o maior dentre eles é o amor. O amor é criativo e encontra formas sempre novas de viver a fraternidade. Permite-nos que contribuamos para a sinceridade do coração e a coerência das atitudes no caminho da paz. Faz-nos evitar a crítica maldizente, os preconceitos e os juízos sobre os outros, favorece a autenticidade da vida cristã. E tem como obstáculos a ser vencidos o egoísmo e o orgulho que impedem a generosidade do coração.
Estamos hoje diante de um convite veemente: CONVERTEI-VOS E CREDE NO EVANGELHO. O Evangelho é o próprio Cristo, que nos convida à conversão interior e à mudança de mentalidade para acolher o Reino de Deus e para anunciar a Boa Nova.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova em 22/02/2012

HOMILIA DIÁRIA

Quaresma, tempo de reencontrar a amizade de Deus

Postado por: homilia
fevereiro 13th, 2013

Por ocasião do início deste tempo tão importante de oração e penitência na vida da Igreja que é a Quaresma, quero recordar as palavras do Santo Padre Bento XVI durante a Celebração da Quarta-feira de Cinzas há alguns anos:
Hoje, e com esta Celebração Eucarística, vamos iniciar um caminho de verdadeira conversão para enfrentar vitoriosamente com as armas da penitência o combate contra o espírito do mal. Ao receber neste dia as cinzas sobre a cabeça, ouve-se mais uma vez um claro convite à conversão que pode expressar-se numa fórmula dupla: “Convertei-vos e acreditai no Evangelho”, ou “Recorda-te que és pó e em pó te hás de tornar”.
Precisamente devido à riqueza dos símbolos e dos textos bíblicos, a Quarta-feira de Cinzas é considerada a “porta” da Quaresma.
“Convertei-vos a mim de todo o vosso coração com jejuns, com lágrimas, com gemidos”. Com estas palavras inicia a Primeira Leitura, tirada do livro do profeta Joel (2,12). Os sofrimentos, as calamidades que afligiam naquele tempo a terra de Judá estimulam o autor sagrado a encorajar o povo eleito à conversão, isto é, a voltar com confiança filial ao Senhor dilacerando o seu coração e não as vestes. De fato, recorda o profeta, Ele “é clemente e compassivo, paciente e rico em misericórdia e se compadece da desgraça” (2,13)
O convite que Joel dirige aos seus ouvintes também é válido para nós. Não hesitemos em reencontrar a amizade de Deus perdida com o pecado; encontrando o Senhor experimentamos a alegria do seu perdão. E assim, quase respondendo às palavras do profeta, fizemos nossa a invocação do refrão do Salmo responsorial: “Perdoai-nos Senhor, porque pecamos”. Proclamando o Salmo 50, o grande Salmo penitencial, apelamos à misericórdia divina; pedimos ao Senhor que o poder do seu amor nos volte a dar a alegria de sermos salvos.
Com este espírito, iniciamos o tempo favorável da Quaresma, como nos recordou São Paulo na Segunda Leitura, para nos deixarmos reconciliar com Deus em Cristo Jesus. O apóstolo apresenta-se como embaixador de Cristo e mostra claramente como precisamente através d’Ele, seja oferecida ao pecador, isto é, a cada um de nós, a possibilidade de uma reconciliação autêntica.
“Aquele que não havia conhecido o pecado – diz o apóstolo – Deus o fez pecado por nós, para que nos tornássemos, nele, justiça de Deus” (2 Cor 5,21). Só Cristo pode transformar qualquer situação de pecado em novidade de graça. Eis por que assume um forte impacto espiritual a exortação que Paulo dirige aos cristãos de Corinto: “Em nome de Cristo suplicamo-vos: reconciliai-vos com Deus”; e ainda: “Este é o tempo favorável, é este o dia da salvação” (5,20; 6,2).
Enquanto Joel falava do futuro dia do Senhor como de um dia de terrível juízo, São Paulo, referindo-se às palavras do profeta Isaías, fala de “momento favorável”, de “dia da salvação”. O futuro dia do Senhor tornou-se o “hoje”. O dia terrível transformou-se na Cruz e na Ressurreição de Cristo, no dia da salvação. E este dia é agora, como ouvimos no Canto ao Evangelho: “Hoje não endureçais os vossos corações, mas ouvi a voz do Senhor”.O apelo à conversão e à penitência ressoa hoje com toda a sua força, para que o seu eco nos acompanhe em cada momento da vida.
A liturgia da Quarta-feira de Cinzas indica, assim, na conversão do coração a Deus a dimensão fundamental do tempo quaresmal. Esta é a chamada muito sugestiva que nos vem do tradicional rito da imposição das cinzas. Rito que assume um duplo significado: o primeiro relativo à mudança interior, à conversão e à penitência, enquanto o segundo recorda a precariedade da condição humana, como é fácil compreender das duas fórmulas diversas que acompanham o gesto.
Em Roma, a procissão penitencial da Quarta-feira de Cinzas parte de Santo Anselmo e conclui-se na basílica de Santa Sabina, onde tem lugar a primeira estação quaresmal. A este propósito é interessante recordar que a antiga liturgia romana, através das estações quaresmais, tinha elaborado uma singular “geografia da fé”, partindo da ideia que, com a chegada dos apóstolos Pedro e Paulo e com a destruição do Templo, Jerusalém se tivesse transferido para Roma. A Roma cristã era vista como uma reconstrução da Jerusalém do tempo de Jesus dentro dos muros da Cidade. Esta nova geografia interior e espiritual, ínsita na tradição das igrejas “estacionais” da Quaresma, não é uma simples recordação do passado, nem uma antecipação vazia do futuro; ao contrário, pretende ajudar os fiéis a percorrer um caminho interior, o caminho da conversão e da reconciliação, para chegar à glória da Jerusalém celeste onde Deus habita.
No Evangelho que foi proclamado, Jesus indica quais são os instrumentos úteis para realizar a autêntica renovação interior e comunitária: as obras de caridade (a esmola), a oração e a penitência (o jejum). São as três práticas fundamentais queridas também à tradição hebraica, porque contribuem para purificar o homem aos olhos de Deus (cf. Mt 6, 1-6.16-18).
Estes gestos exteriores, que devem ser realizados para agradar a Deus e não para obter a aprovação e o consenso dos homens, são por Ele aceitos se expressam a determinação do coração em servi-Lo com simplicidade e generosidade.
O jejum, ao qual a Igreja nos convida neste tempo forte, certamente não nasce de motivações de ordem física ou estética, mas brota da exigência que o homem tem de uma purificação interior que o desintoxique da poluição do pecado e do mal; que o eduque para aquelas renúncias saudáveis que libertam o crente da escravidão do próprio eu; que o torne mais atento e disponível à escuta de Deus e ao serviço dos irmãos. Por esta razão, o jejum e as outras práticas quaresmais são consideradas pela tradição cristã “armas” espirituais para combater o mal, as paixões negativas e os vícios.
A este propósito, apraz-me refletir convosco sobre um breve comentário de São João Crisóstomo: “Como no findar do Inverno – escreve ele – volta a estação do Verão e o navegante arrasta para o mar a nave, o soldado limpa as armas e treina o cavalo para a luta, o agricultor lima a foice, o viandante revigorado prepara-se para a longa viagem e o atleta depõe as vestes e prepara-se para as competições; assim também nós, no início deste jejum, quase no regresso de uma Primavera espiritual forjamos as armas como os soldados, limamos a foice como os agricultores, e como timoneiros reorganizamos a nave do nosso espírito para enfrentar as ondas das paixões. Como viandantes retomamos a viagem rumo ao céu e como atletas preparamo-nos para a luta com o despojamento de tudo” (Homilias ao povo antioqueno, 3).
Meu irmão, minha irmã, a partir destas palavras do Santo Padre, desejo que você tenha uma santa Quaresma!
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Canção Nova em 13/02/2013

HOMILIA DIÁRIA

Quaresma é tempo de graça e bênçãos em nossa vida

Que este tempo da Quaresma nos ajude a vivermos um tempo propício de conversão, de graça, de mudança de mentalidade, de hábitos e comportamentos!

”Rasgai o coração, e não as vestes; e voltai para o Senhor, vosso Deus; porque Ele é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia, inclinado a perdoar o castigo.” (Joel 2,13)

Nós, hoje, começamos com toda a alegria do nosso coração esse tempo maravilhoso e abençoado, que se chama o tempo da Quaresma, tempo da graça de Deus para conosco. Algumas pessoas olham esse tempo quaresmal como uma coisa pesada, como um tempo de muito sacrifício, penoso e triste. Mas, na verdade, não é assim! Esse tempo nos conduz ao tempo da graça, que nos ajuda a refletir e a meditar sobre as profundezas maravilhosas da nossa fé à luz da ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.
O dia de hoje é um convite para nos voltarmos ao silêncio, à meditação, ao desprendimento, à conversão, que consiste na verdadeira mudança do coração e da mente. Essa é a penitência que somos chamados a viver durante esse tempo. E por isso nós vimos tantas pessoas durante esses dias “rasgarem” suas roupas, mas nós não fazemos isso. O que nós fazemos hoje é rasgar o nosso coração para Deus e dizer: ”Senhor, queremos ser inteiramente Seus, queremos inteiramente entregar nossa vida em Suas mãos”.
O caminho para o tempo da Quaresma, proposto pela Igreja, se baseia em três elementos da fé e da religião: o jejum, a esmola e a oração. O jejum, pois não podemos ser escravos dos alimentos, não podemos ser escravos dos prazeres e dos instintos; pelo contrário, precisamos nos alimentar bem, mas sem nos esquecer de que milhões de pessoas, mundo afora, estão passando fome. Por isso, quando nós sabemos nos privar de algum alimento, por algum sacrifício, pela união com Deus, nós estamos afirmando que Deus é primeiro em nossa vida e não o alimento que nós temos.
A esmola, porque traduzimos esmola por ”caridade”, para cuidar do outro, para tirar daquilo que é nosso em favor daqueles que não têm, dos mais sofridos e dos mais necessitados. Como é importante saber repartir aquilo que nós temos, por isso, a esmola é bem ligada ao jejum. Não adianta só deixarmos de comer, é preciso pegar aquilo que não comemos ou nos privamos e repartir com aqueles que não têm. É preciso que nos preocupemos e cuidemos do outro que sofre e necessita de nós.
No entanto, o jejum e a esmola devem ser guiados pela oração, pela nossa relação pessoal com Deus, para nos voltarmos ao nosso interior a fim de conversar com o Pai. A oração feita na intimidade do nosso quarto, a oração na qual o nosso coração está inteiramente voltado para o Nosso Deus.
Que esse tempo da Quaresma nos ajude a vivermos um tempo propício de conversão, de graça, de mudança de mentalidade, de hábitos e comportamentos! Se praticarmos estes elementos: a oração, a esmola e o jejum, vividos com a intensidade da nossa alma, a Quaresma será um tempo de graça e de bênçãos em nossa vida.
Deus abençoe você!

HOMILIA DIÁRIA

Na Quaresma abra seu coração para Jesus

A Quaresma é tempo de conversão do nosso coração com jejum e penitência

“Agora, diz o Senhor, voltai para mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos; rasgai o coração, e não as vestes; e voltai para o Senhor, vosso Deus.” (Jl 2, 12-18)

O convite que Deus nos faz, no início desta Quaresma, nesta Quarta-feira de Cinzas, não é nem um outro a não ser nos voltarmos inteiros para Ele. Porque, se existe uma tentação na vida e no mundo, é a tentação de ter um coração dividido e fracionado. Ninguém que esteja me escutando agora, tenho a certeza de que, não afastou-se de Deus inteiramente. Se está me escutando é porque no seu coração tem espaço para Deus, porque, caso contrário, escutaria outras coisas que causam mais prazer a degustação do coração humano.
Se ainda escuta a Palavra de Deus é porque no seu coração tem espaço para Deus, mas não adianta ter espaço para o Senhor, se o coração é dividido, porque com isso, o coração declina-se , cai e não vive a integridade do amor de Deus. Desculpe, Deus não nos dá migalhas, e sim, se dá por inteiro a nós, e Ele quer que sejamos inteiramente d’Ele, pois, de outra forma, nosso coração continuará se machucando e tomado pela incredulidade, maldades e seduções do mundo.
Esse tempo de graça, que agora começamos, não é somente um tempo de jejum e penitência; é mais do que isso. O objetivo maior é outro, nós queremos é que nossos corações sejam inteiros de Deus, e não sejam mais dividido entre o Senhor e o mundo.
Estamos no mundo, mas somos todos de Deus. Esse é o propósito que deve guiar a nossa caminhada quaresmal.
Passamos pelo deserto da vida e das provações, mas somos todos de Deus. Rasgue e abra seu coração, mas para que vamos rasgar o nosso coração? Para tirar as coisas velhas, impuras, que não são de Deus e estão dentro do nosso coração.
Vamos tirar as profanações, as coisas estragadas, mentiras do mundo e tudo aquilo que nos rouba da presença do Senhor nosso Deus. Rasgue! A penitência ajuda; o jejum é um santo remédio; a esmola, a caridade e o amor ao próximo nos colocam no prumo e na direção certa.
Mas o fundamental é rasgar-se, jogar-se e se lançar para que, o nosso coração, não se dividida mais por ninguém e nem por nada, mas seja do Senhor, nosso Deus.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.

HOMILIA DIÁRIA

O tempo da Quaresma

Quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de rezar em pé, nas sinagogas e nas esquinas das praças, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. (Mt 6,5)

Pela graça de Deus, começamos, hoje, este tempo da graça, que é o tempo quaresmal, é o tempo oportuno, é o tempo da bênção que o Senhor mesmo nos dá para que rasguemos o nosso coração, a fim de que nele o Senhor possa entrar para renovar, para santificar, fazer novas todas as coisas.
Não olhemos o tempo da Quaresma como um tempo pesado, como tempo daquela penitência dura em que vamos ter de ficar de molho. Não! Olhemos o tempo da Quaresma como o tempo de renovação da alma, do espírito, do coração e das relações humanas. Olhemos este tempo como oportunidade de estreitarmos os nossos laços de amor e comunhão com Deus.  Para isso, são três os elementos que a Quaresma nos oferece: primeiro, a cura da nossa alma, da nossa relação conosco, da nossa própria intimidade humana.
O jejum, que nos é oferecido como remédio, é, na verdade, a graça de recuperarmos a nossa própria autoestima de lidarmos com a nossa natureza, muitas vezes, seduzida pelas vaidades, pelo orgulho, pela soberba. Jejum é, acima de tudo, a disciplina interior; e nenhum alimento, nem as vaidades, nem as necessidades humanas podem estar acima do nosso autocontrole e da disciplina para com a vida.
O tempo da Quaresma nos convida a estreitarmos os nossos laços de amor, de amizade nos relacionamentos que nós temos com a humanidade, com as outras pessoas. Esmola não é como nós entendemos no sentido muito comum da palavra, que é darmos o que sobra, socorrermos apenas o necessitado; esmola é muito mais do que isso, esmolar-se é dar-se, é oferecer-se para o outro, é preocupar-se com o outro, é tirar o melhor de si para socorrer as necessidades dos irmãos.

Olhemos o tempo da Quaresma como o tempo de estreitarmos os nossos laços de amor e comunhão com Deus

Quaresma é tempo de sairmos de nós para irmos ao encontro do outro, por isso caprichemos na caridade, no amor fraterno, caprichemos mesmo nas nossas relações com a sociedade ferida, machucada por causa do pecado, e prestemos, sobretudo, atenção ao que a Campanha da Fraternidade está nos dando: são muitos os sofredores, são muitos os que estão nas nossas esquinas, ao nosso lado e ao nosso redor, precisando do nosso amor e da nossa caridade fraterna.
A terceira indicação é a nossa relação com Deus. Como precisamos crescer na comunhão com o Senhor! E não há caminho mais sensato, coerente, concreto e real do que a oração; não é a oração para aparecer, não é a oração para que nos vejam com o terço nas mãos, com a Bíblia para lá e para cá; é aquela oração que fazemos quando entramos no nosso quarto, onde nos recolhemos na intimidade para com o Senhor, e buscamos, no silêncio da meditação da Palavra, viver a comunhão com Deus. Por isso, caprichemos na via da oração, caprichemos para estreitar os nossos laços de amor para com o Senhor nosso Deus, porque Ele vem ao nosso encontro e quer, cada vez mais, ter intimidade conosco. Nós precisamos nos abrir para ter intimidade com Ele.
Que Deus nos dê uma santa e abençoada Quaresma para crescermos na via espiritual, no nosso relacionamento com Deus e com o nosso próximo.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 26/02/2020

HOMILIA DIÁRIA

Abra o seu coração para a transformação de vida

“Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: ‘Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes vistos por eles. Caso contrário, não recebereis a recompensa do vosso Pai que está nos céus’.” (Mateus 6,1)

Hoje, a Igreja celebra a Quarta-feira de Cinzas, o dia em que nós nos penitenciamos para dar início a essa nossa caminhada quaresmal. Todos nós buscamos algum reconhecimento daquilo que nós fazemos; certamente, todos nós temos isso. Quando fazemos alguma coisa, precisamos de confirmação, mas ser notado por alguém nem sempre é sinal de vaidade, porque, às vezes, temos essa necessidade de nos sentir vivos para alguém, que aquela pessoa nos note. Estamos no mundo e isso é normal, mas o amor livre de verdade é aquele que se alegra dentro, é aquele que age silenciosamente, aquele que não precisa do “muito obrigado”, dos aplausos, do reconhecimento. Esse sim é o amor livre, e é a esse tipo de amor que nós somos chamados, a essa maturidade.
Precisamos passar da lógica da aparência para a lógica da pertença. Quem quer aparecer fica sempre buscando as confirmações. Quem se sente parte de alguém só busca o bem desse alguém de forma gratuita. A diferença de viver da aparência e viver na pertença: buscar esses elogios e esses reconhecimentos, mas quando você pertence a alguém, busca somente o bem dessa pessoa.
Um desafio para os tempos atuais, para nós que temos aí o avanço das redes sociais. As pessoas ficam escravizadas pelos likes, comentários… Poste uma foto sua e não receba nenhum like, nenhum comentário, como vai ficar o seu interior? Como você ficaria se ninguém comentasse uma foto sua? Será que você ficaria em paz, ficaria tranquilo ou isso causaria em você um mal-estar? É um bom termômetro para você que usa muito a rede social, para saber se o seu coração está apegado a isso!

Se faltar amor no coração, nós vamos buscar em qualquer lugar uma forma de preencher esse vazio

Falta-nos muito mais discrição e menos ostentação. Vivemos no mundo da ostentação, mas para nós cristãos a discrição é muito boa. Pergunte ao seu coração se ele está se sentindo amado, porque, se faltar amor no coração, nós vamos buscar em qualquer lugar uma forma de preencher esse vazio. Então, quando estiver muito apegado às coisas exteriores, pergunte para o coração: “Você está se sentindo amado?”, “Está faltando alguma coisa?”, “Falta o amor de Deus aí?”.
Hoje, parece que é assim: se você não aparece, você não existe. Se você não está na rede social, se você não posta alguma coisa, parece que você não existe neste mundo. A vida espiritual que eu tenho, será que se tornou também para mim um espaço para me mostrar e colocar-me à mostra dos outros?
Hoje é Quarta-feira de Cinzas, os três temas do Evangelho: esmola, oração e jejum. Eu os faço para aparecer melhor, para me colocar melhor do que alguém? Tenho o espírito realmente do que é a esmola, do que é pensar no outro? A oração como lugar de encontro com Deus silencioso. Tenho o jejum como a experiência de colocar Cristo no centro da minha vida ou eu faço realmente todas essas práticas só por mera aparência?
Preciso fazer por amor a Deus, que me ama, que deu a vida por mim e que me ama até mesmo no escondimento, onde ninguém sabe. Ali, também quando posso fazer algo por Ele, os Seus olhos estão sobre mim, e um dia Ele me dará a justa recompensa, e eu não preciso correr atrás dessas recompensas humanas.
Vamos viver bem o tempo quaresmal, vamos abrir o nosso coração e receber, na testa, as cinzas, sinal de penitência e de transformação de vida.
Sobre todos vós, a bênção do Deus Todo-poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!
Padre Donizete Ferreira
Sacerdote da Comunidade Canção Nova.

Oração Final
Pai Santo, que a quaresma hoje iniciada marque a nossa vida como tempo de conversão e nos prepare para a alegria da Páscoa de Jesus que esperamos seja também a nossa páscoa – entrada em teu Reino de Amor. Por Jesus Cristo, teu Filho e nosso Irmão, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 22/02/2012

Oração Final
Pai Santo, faze de nossa vida uma grande preparação para recebermos o teu abraço misericordioso. Ajuda-nos, Pai amado, a viver desde esta quaresma que hoje iniciamos o jejum, a esmola e a oração que nos foram ensinados pelo Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 13/02/2013

ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, que a quaresma hoje iniciada marque a nossa vida como tempo de conversão e nos prepare para a alegria da Páscoa de Jesus que esperamos seja também a nossa páscoa – entrada plena em teu Reino de Amor. Por Jesus Cristo, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo. Amém.
Fonte: Arquidiocese BH em 14/02/2018

ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, nós nos jogamos em teus braços como filhos confiantes. Conduze-nos por este tempo de penitência quaresmal para celebrarmos – ao final desses dias, – a Ressurreição do Cristo. Que vivamos o clima de fraternidade em nossas comunidades e sejamos sempre agradecidos pelo Dom do Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 26/02/2020

Oração
SENHOR, concedei-nos iniciar com o santo jejum este tempo de conversão para que, auxiliados pela penitência, sejamos fortalecidos no combate contra o espírito do mal. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém.