ANO C
Lc 8,1-3
Comentário do
Evangelho
O novo nas relações de Jesus.
“Depois disso” se refere ao episódio na casa de
Simão, o fariseu (7,36-50). Jesus é apresentado como um pregador itinerante,
percorrendo cidades e povoados. Os “Doze”, que ele havia escolhido dentre os
discípulos (cf. 6,12-16), vão com ele. Mas o que é surpreendente e
absolutamente novo é que algumas mulheres o acompanhavam (v. 2; ver também:
23,55). Fato inédito, pois um rabi não podia permitir que mulheres o
acompanhassem. São mulheres, ao que se pode inferir legitimamente do texto, com
uma história pessoal dramática, e que, na proximidade com o Senhor, foram
libertadas de seus males (v. 2).
O número
delas não se limita aos nomes elencados, pois há muitas outras que ajudavam
Jesus e os Doze com seus bens (cf. v. 3), a exemplo da sogra de Simão que,
curada do seu mal, se levantou e pôs-se a servi-los (Lc 4,38-39).
Vivendo a Palavra
Quando Jesus expulsava os maus espíritos, a casa
não ficava vazia, pois Ele a deixava habitada por espíritos do Bem. Sejamos
agradecidos ao Pai porque era assim com as mulheres que seguiam Jesus e é assim
que acontece hoje: tantas Marias que, cheias do Espírito, são fermento na
Igreja, são o sal que dá sabor à vida nas comunidades.
Vivendo a PalavrA
Quando Jesus expulsava os maus espíritos, a
casa não ficava vazia, pois Ele a deixava habitada pelo Espírito do Bem.
Sejamos agradecidos ao Pai porque era assim com as mulheres que seguiam Jesus e
é assim que acontece hoje: tantas Marias que, cheias do Espírito, são fermento
na Igreja e são o sal que dá sabor à vida nas comunidades.
Reflexão
Assim como Jesus não parava, mas vivia caminhando
de um lado para o outro anunciando a chegada do Reino de Deus, a sua Igreja não
pode ficar parada. Ela deve ir sempre ao encontro do outro, abrir novas
fronteiras no trabalho evangelizador para que todos possam ter a oportunidade
de conhecer o Reino de Deus, assim como livremente optar por ele. Para realizar
a sua missão, a Igreja deve, assim como o divino Mestre, envolver o maior
número possível de pessoas, sem distinção entre elas, que queiram colocar a sua
vida a serviço do Reino de Deus, como fizeram as mulheres, conforme nos narra o
Evangelho de hoje.
Reflexão
Esta
passagem nos mostra, em parte, como era organizada a vida pública de Jesus e
seus apóstolos. Jesus não é um pregador solitário. Além dos Doze que o
acompanham, também algumas mulheres fazem parte do anúncio apostólico da
mensagem cristã. A tradição evangélica conservou o nome de algumas delas
(Joana, Suzana) e sua atuação em momentos importantes (Maria Madalena, na
ressurreição de Jesus). A Igreja primitiva, à semelhança de Jesus, abriu
significativo espaço para a ação das mulheres nas comunidades. A mulher não tem
papel passivo no mistério da salvação, e hoje é chamada a novos encargos
apostólicos, como evidenciou o Concílio Vaticano II. O papa Francisco diz que
“ainda é preciso ampliar os espaços para uma presença feminina mais incisiva na
Igreja” (EG 103).
(Dia a dia com o Evangelho 2019 - Pe. Luiz Miguel
Duarte, ssp)
Meditação
Você semeia a Palavra de Deus com seu testemunho
de vida? - Há muitos espinhos querendo sufocar a semente da Fé semeada em
nossos corações? - O que se pode fazer para que a semente da Palavra produza
muitos frutos? - Que tipo de participação ajuda o enraizamento da Fé em nossos
corações? - Você realmente pode dizer que segue os passos de Jesus?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.
Meditando o evangelho
COLABORADORAS NA MISSÃO
O Evangelho mostra-nos Jesus e sua comunidade itinerante a serviço da
Boa Nova do Reino. O ministério do Mestre era exercido em comunhão com
colaboradores e colaboradoras, todos voltados para a mesma missão.
É fácil de entender que Jesus tivesse colaboradores. Difícil é pensar um
Mestre rodeado de discípulas, numa sociedade onde a dignidade das mulheres não
era reconhecida. Diríamos, hoje: era uma sociedade machista! No entanto, Jesus
mantinha-se imune destes esquemas, não permitindo que influenciassem suas
opções.
As colaboradoras de Jesus são todas mulheres que o haviam procurado por
padecer de doenças e ser vítimas dos espíritos malignos. Tendo sido
beneficiadas pelo Mestre, acabaram por se colocar a serviço dele. Isto por que
compreenderam a importância do ministério de Jesus. Como elas, havia tantas
outras pessoas vítimas de enfermidades e possessões demoníacas, que precisavam
ser curadas pelo Mestre. Por isso, pareceu-lhes sensato colocar seus bens a
serviço desta causa nobre. Era a melhor forma de manifestar sua gratidão a
Jesus e se mostrarem úteis.
Para o Mestre, pouco importava a condição feminina. Importava-lhe, sim,
a disposição interior dessas mulheres. Afinal, como ele, elas estavam dispostas
a ser servidoras da humanidade.
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório –
Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total).
Oração
Espírito que predispõe para servir, faze de mim
colaborador(a) da missão de Jesus, colocando, a seu serviço, tudo o que sou e
tenho.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Mulheres, Discípulas Fiéis...
(O comentário do Evangelho
abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora
Consolata – Votorantim – SP)
Não houve no mundo, nenhum movimento de libertação da Mulher,
comparável aquele do tempo de Jesus, que rompendo com uma estrutura arcaica,
onde a mulher era renegada a um segundo plano, Jesus as chama para o
discipulado. Distantes do fato histórico, nós não conseguimos nem imaginar este
fato inédito e impactante. Mulheres naquele tempo nem podiam falar, não davam
opiniões em negócios, não eram testemunhas nos tribunais, eram apenas uma
propriedade de seus maridos. No âmbito religioso também não havia espaço para
elas, participavam dos sacrifícios no templo, mas em lugar a parte.
Jesus as acolhe como discípulas e isso era algo inédito naquele
tempo. Aliás, é só prestar atenção na História da Salvação para percebermos a
importância da mulher. As duas primeiras pessoas a terem certeza da Vinda do
Messias, são duas pobres mulheres: Maria de Nazaré e sua parenta Isabel, os Grandes
poderosos nem imaginavam o que estava acontecendo na modesta Vilinha de Nazaré.
É uma mulher, a primeira da humanidade, a ser convidada para participar
diretamente da obra da Salvação. É uma mulher que vai dar o seu “SIM” á Deus,
consentindo que a Salvação comece a acontecer.
E em nossas comunidades, já fizeram uma estatística para ver
quem participa mais das Pastorais e Movimentos? Nem precisam fazer, a maioria
são mulheres, Guerreiras, lutadoras, abnegadas, despojadas, que se doam sem
reservas á Igreja, na missão que lhes é confiada. Aliás, o que seria da Igreja
se não fossem nossas mulheres?
O evangelista São Lucas faz questão de citar que, junto com os
Doze, iam também mulheres seguindo Jesus, mulheres de condições sociais
diferentes, gente do povo e gente da elite, vejam aí a Suzana, esposa de Cuza,
procurador de Herodes. Quanto a Madalena, da qual saiu sete demônios, ninguém
precisa pensar mal dela, Demônio é tudo que se opõe as forças do bem, mas são
também forças que nos escravizam. Como a sociedade civil e religiosa
marginalizava as mulheres, estas se julgavam inferiores, portanto sempre
submissas aos homens, o Discipulado as liberta pois, como seguidoras de Jesus,
falam e dão opinião, não são apenas servidoras do grupo.
Portanto, a verdadeira liberdade da mulher está em Jesus Cristo,
e o discipulado, vai amadurecendo a mente e o coração cada vez mais, e o
testemunho das mulheres são valiosíssimos em nossas comunidades, quando elas
vivem a autenticidade da Fé.
2. Muitas mulheres o seguiam
O texto de Lucas que hoje lemos é um sumário de transição.
Resume a atividade de Jesus e introduz o leitor numa nova seção. O resumo
consiste numa amostra da comunidade dos discípulos e das discípulas de Jesus.
Com um só coração e uma só alma, dão início à comunidade chamada de Igreja. Aí
estão os Doze e muitas mulheres, das quais três são mencionadas. É importante o
destaque dado a mulheres ao lado dos Doze Apóstolos homens. Mas,
independentemente do fato de serem mulheres, são representantes do povo ou do
que hoje chamamos de laicato. O texto fala de sete demônios que saíram de Maria
Madalena. Teria sido ela uma grande pecadora? Ou foi curada de alguma doença
que a atormentava? Na Bíblia, possessão demoníaca pode significar algum tipo de
enfermidade, seja física, seja psíquica. Pode ser uma expressão relacionada ao
temperamento de alguém. Entre nós, de uma pessoa turbulenta e insuportável se
diz que está com o diabo no corpo. Muitas mães disseram isso de seus filhos,
sem que se tratasse de uma real possessão demoníaca. Que tem gente com o diabo
no corpo tem, e você conhece algumas! De qualquer forma, o mal de Maria
Madalena ficou para trás, e ela caminha resoluta para frente, com os olhos
fixos em Jesus. Abre-se um caminho a ser percorrido por mulheres e homens
sadios e bem dispostos, capazes de partilhar os seus bens e anunciar o Evangelho.
Liturgia comentada
Quando alguém se torna rico... (Sl 49 [48])
Aqui e ali, nos salmos, transparece o mal-estar
diante do aparente sucesso do homem injusto, como se não valesse a pena seguir
os preceitos do Senhor. Creio que o fiel deveria se dar por contente com sua
experiência de Deus, sem arregalar os olhos para a fortuna acumulada por outros
que parecem lucrar com o mal e a injustiça.
De qualquer modo, o salmista nos exorta a não ter
medo, isto é, a não nos inquietarmos com o luxo e a abundância de algum infiel.
A aparente felicidade pode ser enganosa. Nestes tempos de políticos e
empresários que enriquecem com o dinheiro do povo, é bem atual o comentário de
Santo Agostinho:
“O que sucede aos que querem prosperar na terra?
Vês um homem malvado progredindo em tudo, e talvez teus pés vacilem, enquanto
dizes a ti mesmo: ‘Ó Deus, conheço bem as ações deste homem, os crimes que
praticou e, no entanto, progride, causa terror, domina, orgulha-se, não tem dor
de cabeça, não sofre perdas em casa; e terás medo de ter acreditado e
provavelmente sugere-te o coração: Ai de mim! Nada me adianta ter acreditado,
pois Deus não cuida das coisas humanas. Deus, entretanto, nos desperta. Como?”
Agostinho prossegue: “Por que recear se um homem
enriquece? Tinhas medo de ter acreditado em vão, de perder o trabalho de tua fé
e a esperança de tua conversão. [...] Vês que outro obteve lucro fraudulento, e
nada sofreu; e tens medo de ser bom. ‘Não temas’ - diz o Espírito de Deus -
‘quando um homem enriquece.’ Queres ter olhos só para as coisas presentes? O
Ressuscitado prometeu bens futuros; quanto à paz nesta terra e ao repouso nesta
vida, não há promessa. Cada um procura ter repouso; é boa coisa o que deseja,
mas não a procura onde se encontra. Não existe paz nesta vida. Foi-nos
prometido alcançarmos no céu aquilo por que anelamos na terra. Há promessa de
termos no século futuro o que queríamos ter aqui”.
Pessimista o pregador? Não. Apenas realista. O
coração humano não pode ser preenchido com moedas de prata nem colares de ouro.
Um maço de ações na Bolsa de Valores não pacifica a alma, cuja sede só o amor
de Deus pode saciar. Além disso, ouro, prata e ações evaporam num átimo. Na
semana em que escrevo, um empresário brasileiro viu cerca de 20 bilhões
escorrerem pelo ralo. A traça roeu (Mt 6,19-20).
Agostinho manda contemplar o ricaço: “Tem aqui muito
ouro, muita prata, muitos prédios, escravos. Morre. Fica tudo isso, e ele não
sabe para quem”.
São estes os bens que procuramos acumular?
Orai sem cessar: “O temor do Senhor será o seu tesouro...” (Is 33,6)
Texto de Antônio
Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
HOMILIA
DIÁRIA
Não afastemos ninguém do Senhor por causa dos
seus pecados
Nós não podemos afastar
ninguém do Senhor por causa dos seus pecados, nós não podemos julgar as
pessoas, porque, no passado, elas viveram isso ou aquilo.
Jesus, anunciando a Boa Nova, era acompanhado por
algumas mulheres que haviam sido curadas de maus espíritos e doenças. Na
companhia d’Ele, não andavam só os santos, não andavam apenas quem teve uma
vida pregressa, com tudo perfeito, na companhia do Senhor não andavam somente
aqueles que tinham um currículo maravilhoso; pelo contrário, o Senhor veio para
os pecadores, para aqueles que estavam perdidos.
Jesus está chamando para a Sua companhia, está
chamando para estar junto d’Ele aqueles que têm pecados, aqueles que estão
atormentados por algum espírito imundo. São esses que Jesus deseja que ande
muito perto d’Ele.
Nós não podemos afastar ninguém do Senhor por
causa dos seus pecados, nós não podemos julgar as pessoas, porque, no passado,
elas viveram isso ou aquilo, cometeram tantos crimes. Nós não podemos tirar
nenhuma pessoa da Igreja, porque ela vive em pecado, pois é por essa razão que
ela precisa estar próxima do Senhor.
Todos nós temos pecados, por isso precisamos nos
aproximar do Senhor e permitir que Ele nos cure de nossos erros, de nossas
faltas.
Você que se sente indigno de se aproximar do
Senhor, hoje Ele quer se aproximar de você. Deus não quer que você ande longe
d’Ele, porque você cometeu este ou aquele pecado. É pelo fato de você cometer
esses erros, por sua vida ser considerada indigna, que o Senhor se torna digno
de estar perto de você. Então, não tema se aproximar d’Ele, seja qual o for o
seu pecado, seja qual for o seu erro.
Você que se sente puro, sente-se justificado,
você que viveu na santidade desde que o dia nasceu, louvado seja Deus, porque
você tem muito mérito. Mas não se sinta melhor, mais santo nem mais justificado
do que os outros.
Que nós sejamos um caminho aberto para que as
pessoas encontrem o Senhor. Não sejamos uma porta fechada para que os
pecadores, os fracos, aqueles que, de alguma forma, se machucaram neste mundo,
não se aproximem de Deus.
Escancaremos as portas das nossas igrejas, das
nossas casas e dos nossos corações para que todos se aproximem do Senhor Jesus.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e
colaborador do Portal Canção Nova.
Oração Final
Pai Santo, faze-nos generosos na partilha dos
dons que nos emprestas, com os irmãos de caminhada. Que sigamos o exemplo
daquelas mulheres que serviam ao Mestre e seus discípulos com modéstia e
alegria. Nós te pedimos, Pai Amado, pelo Cristo Jesus, teu Filho que se fez
nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Oração FinaL
Pai Santo, faze-nos generosos com os irmãos de
caminhada na partilha dos dons que nos emprestas. Ajuda-nos, amado Pai, a
seguir o exemplo daquelas mulheres: elas serviam modesta e alegremente com seus
bens ao Mestre e aos seus discípulos. Nós te pedimos pelo Cristo Jesus, teu
Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.