ANO A
Mt 8,5-17
Comentário do Evangelho
Jesus veio para servir
Entre o Sermão da Montanha e as orientações de Jesus aos apóstolos, para a missão, Mateus insere dez milagres, dois dos quais temos hoje. Estas narrativas de milagres de cura e exorcismo reforçam a imagem de Jesus como a presença de Deus entre nós, libertando e comunicando vida. Na narrativa de cura do criado do centurião o destaque é a fé do soldado romano, atestada por Jesus como maior do que a de ninguém em Israel. A restauração da sogra de Pedro, que estava com febre, narrativa que Marcos e Lucas colocam após a expulsão do espírito impuro na sinagoga, é inserida por Mateus em sua coleção dos dez milagres. Jesus liberta a mulher para a prática do serviço, característica fundamental das novas comunidades, a exemplo dele próprio, que não veio para ser servido, mas para servir.
José Raimundo Oliva
Oração
Pai, a solidariedade de Jesus com os doentes e sofredores foi exemplar. Faze-me também ser solidário com quem necessita ser libertado de suas opressões.
Vivendo a Palavra
O oficial romano reconhece que o homem Jesus de Nazaré encarna o Cristo, o Verbo de Deus, a Palavra do Pai. Esta é a origem da cura que pede: que Jesus diga à Palavra Encarnada nele que cure seu servo. E a Palavra, onipotente e onipresente, mesmo de longe operará a cura. Não se tratava de pronunciar uma palavra qualquer, mágica, mas de invocar o Verbo Criador de Deus.
VIVENDO A PALAVRA
O que teria de tão especial na fé do oficial romano que levou Jesus a tamanha admiração? É que ele podia sentir e acreditava que estava encarnado no homem – Jesus de Nazaré – cuja presença física tanto encantava a todos, o Filho de Deus, o Cristo Unigênito, a Palavra que dá vida e está presente em todo tempo e qualquer lugar.
Reflexão
Ele tomou as nossas dores e carregou sobre si as nossas enfermidades. Jesus é solidário com todos os que sofrem e é sempre uma presença de amor em suas vidas. A sua presença manifesta o amor que Deus tem pelo gênero humano. Quem tem fé verdadeira é sempre capaz de ver a presença de Jesus na sua própria vida, principalmente nos momentos de sofrimento e de dor, e sente os efeitos dessa presença amorosa. O verdadeiro discípulo de Jesus é aquele que manifesta a todos os que sofrem esta presença e esta solidariedade de Jesus, e o faz através do serviço, ou seja, tornando-se ele próprio uma extensão do braço amoroso de Jesus que atua nos momentos difíceis da vida de todos.
Reflexão
Um centurião, no exército romano, comandava cem soldados. Não pertencia ao povo de Israel. Sabendo que qualquer judeu observante não podia entrar em sua casa, pede que Jesus cure, a distância, o seu criado. E o faz com profunda fé e humildade: “Eu não sou digno”. Pela fé, altamente elogiada pelo Senhor, ele entra na comunidade cristã. Os pagãos chegam para fazer parte da comunidade de Jesus, ao passo que os “filhos do reino” (povo de Israel) afastam-se da luz (o próprio Jesus) e se perdem na escuridão. Jesus toma a iniciativa e, sem proferir palavras, segura a mão da sogra de Pedro, “e a febre a deixou”. Imediatamente “ela se levantou e começou a servi-lo”. Com uma palavra, Jesus cura ainda numerosos outros enfermos: “Ele assumiu nossas fraquezas e carregou nossas doenças” (cf. Is 53,4).
Oração
Ó Jesus Mestre, a distância e com uma simples frase, curas o empregado do centurião. Depois, dás saúde à sogra de Pedro. Enfim, “com uma palavra”, expulsas os espíritos e curas “todos os que estavam doentes”. Senhor, renova nossa vida com a força de tua palavra. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2020 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp (dias de semana) Pe. Nilo Luza, ssp (domingos e solenidades))
Meditando o evangelho
UMA FÉ ADMIRÁVEL
Nos contatos interpessoais, a atenção de Jesus concentrava-se na presença, ou não, da fé no coração de seus interlocutores. Pouco lhe importava a condição social ou racial, nem o maior ou menor grau de instrução que podiam ter. Desde que se mostrassem sensíveis à fé, era possível estabelecer com o Mestre uma profunda comunhão de interesses.
O pedido que lhe dirigiu o oficial romano ilustra esta disposição interna de Jesus. Aquele recorrera ao Mestre, em favor de um empregado, que era paralítico e sofria muito. Tratava-se de um pagão, a serviço dos opressores romanos, que pedia um milagre para outro pagão, sem nenhum vínculo especial com o povo de Israel. Isto seria suficiente para que Jesus se recusasse a atender a um tal pedido. Mas isto era secundário! Interessava-lhe saber se o oficial estava sendo movido pela fé. Na verdade, estava. E por uma fé tão grande, que achou desnecessária a presença física de Jesus, para ser atendido. Bastava "uma só palavra sua" para que seu servo ficasse curado.
Jesus possuía um poder inaudito de curar. Nada poderia impedi-lo de atender a um desejo.
Enquanto seus familiares e conterrâneos recusavam-se a reconhecê-lo, Jesus dava-se conta de que algo extraordinário acontecendo entre os pagãos. Abertos para a fé, estavam mais aptos, do que os judeus, a se tornarem beneficiários do Reino.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Espírito de confiança incondicional, dá-me uma fé tão profunda, como a do oficial romano, que me predisponha a ser beneficiário da misericórdia do Messias Jesus.
COMENTÁRIO DO EVANGELHO
1. “Um exemplo de Fé, que não veio da Comunidade...”
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Há dois anos, acompanhei o meu pároco em visita ao Hospital, levando a imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida, que todos os anos visita a nossa cidade. Fomos escoltados por uma viatura da PM e ao chegar ao Hospital, o Sargento que estava na viatura aproximou-se do Padre e pediu para tirar uma foto com a imagem e que também queria uma bênção sobre ele.
Achei interessante porque na sua profissão de policial graduado, certamente atua com rigor com os marginais, demonstra ser alguém firme, e até insensível, que só crê no poder que exerce na sociedade, entretanto, na hora da bênção, tendo nas mãos a imagem de Nossa Senhora, eu o vi derramando lágrimas, emocionando até mesmo os seus dois comandados. Mas logo depois voltou a ser o sargento rigoroso e disciplinado, orientando o trânsito e abrindo espaço para passarmos em meio a centenas de pessoas que ali estavam mais á nossa frente à entrada do Hospital.
Associei esse episódio ao evangelho de hoje. Com certeza os discípulos de Jesus não “morriam de amores” pelos oficiais romanos, afinal, eles representavam o poder institucional, talvez até pensassem em alguma represália quando o viram aproximar-se de Jesus, mas naquele dia ele não estava a serviço, embora estivesse fardado.
E o homem que comandava Cem soldados SUPLICOU a Jesus, por um servo que estava enfermo. Ele não pertencia á comunidade Israelita, nada conhecia das promessas dos Profetas ou das Leis de Moisés. Era apenas alguém a serviço do Sistema, mas tinha um coração aberto e disponível ao dom da Fé e reconhece algo especial em Jesus de Nazaré, diferente dos líderes religiosos que tinham o coração fechado ao transcendente.
Por causa disso, sua relação com o próximo é diferente, vem suplicar a Jesus pelo seu servo, alguém que está a seu serviço e que se encontra gravemente enfermo e paralítico em uma cama. Jesus vê tudo isso naquele Centurião Romano e corresponde com generosidade “Eu irei e o curarei”.
E aqui mais uma surpresa para todos... Ir á casa de um oficial certamente era algo que dava status, afinal, ele era alguém importante. Mas o Centurião inverte esse quadro, considera-se indigno da Graça que está para alcançar, não é da comunidade, não frequenta o templo ou a sinagoga, não oferta o dízimo e nem é piedoso. Sente-se pequeno diante daquele que seu coração descobriu e experimentou; aquele que tudo pode... E manifesta mais uma vez a sua Fé autêntica, desprovida de qualquer merecimento, porque se trata de um dom: “Senhor, não sou digno que entreis em minha casa, mas dizei uma só palavra e meu servo ficará curado”.
E o seu testemunho de Fé foi exaltado por Jesus que o contrapõe a Israel e suas tradições patriarcais. E a Igreja, Sábia Mestra, adotou essas palavras para nos colocar diante da Grandeza de um Deus que se rebaixa diante do Homem na Eucaristia, “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa, mas dizeis uma só palavra e minha alma será salva”.
Esse é o canto do Centurião, que perpassa já três milênios de história, na boca dos que creem, mas sabem que a Fé é dom, dado com a Graça imerecida...
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. A Salvação é Graça e Dom imerecido
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Olha que interessante, as palavras que hoje dizemos na Santa Missa, quando o Sacerdote nos apresenta o Cordeiro de Deus, originaram-se de um homem do mundo Romano, um Centurião, que tinha a seu comando cem homens, alguém que não pertencia a comunidade da Sinagoga, em resumo, alguém de fora..., que mais do que nunca precisaria de um grande milagre de Jesus, para começar a crer Nele. Note-se que na conversa inicial, ele não pediu uma cura do seu servo, que era paralítico, isso é, não se movimentava, e estava acamado, muito mal de saúde...
A iniciativa foi de Jesus que se manifestou em duas ações: Eu irei, e curarei. A sua presença na casa do centurião seria um momento de Glória para Jesus, quem sabe, esse Oficial daria um belo testemunho dele diante dos seus superiores e subordinados, como testemunha ocular do milagre realizado em sua casa.
Entretanto há aqui uma clara intenção do evangelista São Mateus, em provocar na sua comunidade judaica uma reflexão profunda da aceitação ou não da Palavra de Deus em Jesus manifestada, Palavra Poderosa e libertadora, Palavra da Salvação, como aclamamos no final da proclamação do Santo evangelho.
Aqui podemos nos reportar a força Criadora da Palavra relatada em gênesis, e Deus disse Faça-se ! e as coisas foram se fazendo.... Essa Palavra Divina manifestada em plenitude e Verdade em Jesus de Nazaré, tem essa Força Criadora, renovadora, e vivificante...por isso o Centurião irá concluir, no seu encontro com o Senhor “Sou muito pequeno e insignificante para que o Senhor entre na minha vida, mas basta-me a tua Palavra e o meu Servo será curado”. Diferente de muitos Judeus e lideranças, que queriam condenar a Jesus e por isso viviam pedindo a ele um sinal de que era o Messias, esse Homem de fora da comunidade, não exige sinal algum mas confia no Poder da sua Palavra.
Essa iniciativa de Deus que busca o homem para dar-lhe uma vida nova, é manifestada plenamente em Jesus, não é mérito do homem, mas pura Graça de Deus, por isso, também na casa de Pedro, sem dizer uma única palavra, ele a toma pela mão e a faz levantar-se, mostrando-nos que a Palavra de Deus, não é uma simples expressão Verbal, como muitos imaginam, mas uma Força Natural que brota do coração de Deus e atinge o coração do homem, curando-o, renovando-o, fortalecendo-o, em sua caminhada em busca da Plenitude...
2. Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa - Mt 8,5-17
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)
Costumamos ler este Evangelho por ocasião da Unção dos Enfermos. Como foi importante o nível de fé do centurião para que seu empregado ficasse curado! Fé humilde. “Senhor, eu não sou digno”. Hoje, o Senhor diz a você: “Vá, e seja feito conforme você acredita”. Sou eu, então, que faço o milagre? Não. Você faz Deus fazer! A intercessão de algum amigo ou amiga de Deus também ajuda.
3. AS CURAS DE JESUS
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total).
Temos três episódios de curas que integram a série de dez milagres com que Mateus prepara o Discurso Apostólico. O primeiro episódio destaca a fé de um gentio que supera a fé de Israel. No segundo, a casa de Pedro, oprimida pelo sistema religioso, é libertada para ser o lugar do serviço e do encontro das comunidades. No último, os possessos e doentes vão a Jesus na casa, e não na sinagoga, buscando a libertação da doutrina dos fariseus e das privações da exclusão.
HOMILIA DIÁRIA
Jesus tomou as nossas dores e carregou as nossas enfermidades
Postado por: homilia
junho 30th, 2012
As promessas de Deus a Abraão não eram apenas para ele, mas para toda a sua descendência. E a descendência de Abraão são todos os que, pela fé, se tornarão membros do povo de Deus.
Naquele tempo, quando Jesus entrou em Cafarnaum, um oficial romano aproximou-se d’Ele e Lhe suplicou: “Senhor, o meu empregado está de cama, lá em casa, sofrendo terrivelmente com uma paralisia”. Jesus respondeu: “Vou curá-lo”. O oficial disse: “Senhor, eu não sou digno de que entre em minha casa. Diz uma só palavra e o meu empregado ficará curado. Pois eu também sou subordinado e tenho soldados sob minhas ordens. E digo a um: ‘Vá!’, e ele vai; e a outro: ‘Venha!’, e ele vem; e digo a meu escravo: ‘Faça isto!’, e ele faz”.
Quando ouviu isso, Jesus ficou admirado, e disse aos que o seguiam: “Em verdade, vos digo: nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé”. E acrescentou: “Muitos virão do Oriente e do Ocidente, se sentarão à mesa no Reino dos Céus, junto com Abraão, Isaac e Jacó, enquanto os herdeiros do Reino serão jogados para fora, nas trevas, onde haverá choro e ranger de dentes”.
Então, Jesus disse ao oficial: “Vai! e seja feito como tu creste”. Naquela mesma hora, o empregado ficou curado. Entrando Jesus na casa de Pedro, viu a sogra dele deitada e com febre. Tocou-lhe a mão, e a febre a deixou. Ela se levantou, e pôs-se a servi-Lo. Quando caiu a tarde, levaram a Jesus muitas pessoas possuídas pelo demônio. Ele expulsou os espíritos, com Sua palavra e curou a todos os doentes para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías: “Ele tomou as nossas dores e carregou as nossas enfermidades”.
A condição do centurião pode ser a minha e a sua. Assim como ele, implorando, pedia que Jesus fosse com ele para curar o seu empregado, assim eu e você devemos gritar para o Senhor: “Vinde, Senhor, curar a minha doença, os meus vícios e toda a minha família!”
Padre Bantu Mendonça
Oração Final
Pai Santo, dá-nos a consciência de que quando recebemos o Corpo de Cristo na Eucaristia, estamos nos comprometendo a nos tornar outros Jesus de Nazaré entre os nossos companheiros de jornada. Dá-nos força e coragem para seguir o Mestre como discípulo missionário do teu Reino. Pelo mesmo Cristo Jesus, na unidade do Espírito Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai amado, eu creio. Aumenta a minha fé! Que o teu Espírito habite em mim e ore por mim, rendendo-Te graças pelos dons que me dás: o Universo que crias, os meus irmãos-companheiros da humanidade e por minha própria existência. Ajuda-me, querido Pai, a vivê-la para o Amor. Pelo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.