ANO C
Lc 8,16-18
Comentário do
Evangelho
Não há luz para si, há luz dada para iluminar os
outros.
A perícope evangélica de hoje dá continuidade à
parábola do semeador (8,4-8) e à explicação aos discípulos (vv. 11-15). A
semente é a Palavra de Deus (v. 11), semeada no coração do ser humano. O
ensinamento de Jesus é para os discípulos o mistério do Reino de Deus (cf. v.
10), uma vez que revela, que faz conhecer.
Tua palavra”, diz o salmista, “é lâmpada para os
meus pés, e luz para o meu caminho” (Sl 119[118],105). A lâmpada é acesa por
Jesus através do seu ensinamento e ilumina não só o interior da casa, mas quem
entrar deve ter a oportunidade de ver a luz. O fruto do Reino de Deus é uma luz
no coração do discípulo que brilha e atrai. Isto é confirmado pelo provérbio do
v. 17: tudo o que o discípulo aprende em particular (cf. v. 9) deve se
manifestar para que outros sejam iluminados. O anúncio cristão é uma verdadeira
luz que faz conhecer o mistério de Deus. Não há luz para si, há luz dada para
iluminar os outros, para tornar conhecido (cf. v. 17). A advertência do v. 18a:
“Olhai, portanto, a maneira como ouvis” é um alerta, pois uma escuta autêntica
produz o dinamismo de transmitir o que se escutou, para que outros sigam
iluminados. Sem essa transmissão, é como se a lamparina fosse privada do
oxigênio que a permite brilhar e iluminar.
Vivendo a Palavra
Nós não temos o direito de esconder a Luz de Deus
que mora em nós. Nossa missão é mostrá-la durante a caminhada, cuidando dos
irmãos – em especial dos pobres. Mas, também, não podemos nos apropriar dela,
procurando prestígio pessoal. Que brilhe a Luz de Deus que mora em nós, mas que
seja para a glória do Pai que está no Céu!
Vivendo a PalavrA
Nós não temos o direito de esconder a Luz de
Deus que mora em nós. Nossa missão é mostrá-la durante a caminhada, cuidando
dos irmãos – em especial dos pobres. Mas, também, não podemos nos apropriar
dela, procurando prestígio pessoal. Brilhe a Luz de Deus que mora em nós, mas
que seja para a glória do Pai que está no Céu – não para inchar o nosso orgulho!
Reflexão
O conhecimento da Palavra de Deus é muito
importante, mas não é suficiente para que uma pessoa se torne verdadeiramente
cristã. O importante é assumir os valores que estão presentes nela, de modo que
a Palavra de Deus se torne vida das pessoas, e assim elas testemunhem esses
valores para todos e manifestem o amor de Deus para com seus filhos e filhas.
Jesus nos faz uma grave advertência no Evangelho de hoje: "Portanto,
prestai atenção à maneira como vós ouvis!" Existem doutores na Palavra de
Deus, mas que fazem da Palavra de Deus apenas objeto de conhecimento. É claro
que o conhecimento da Palavra de Deus é importante, mas devemos ser doutores na
sua vivência.
Reflexão
Os
discípulos receberam a explicação da parábola do semeador e foram iluminados.
Não devem guardar para si o tesouro precioso dos ensinamentos do Mestre; ao
contrário, devem ser luz para o mundo. A Palavra de Deus, de fato, tem cunho
universal: não é exclusividade de grupos fechados. Sendo Palavra que liberta,
não pode ficar oculta ou abafada: “A Palavra de Deus não está algemada” (2Tm
2,9). Em outra passagem, Jesus disse: “O que vocês disserem no quarto, ao pé do
ouvido, será proclamado sobre os telhados”. A nós, que também somos seus
discípulos, Jesus recomenda abertura de coração para acolhermos sua mensagem em
medida generosa. Quanto mais a pessoa se abre para Deus sem cálculos, tanto
mais Deus se lhe manifesta. Se a pessoa é mesquinha e se retrai, mesmo assim
Deus não se retira nem deixa de se comunicar.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 - Pe. Luiz Miguel
Duarte, ssp)
Meditação
Você faz bom uso da Palavra de Deus para si? - E
para os outros? Consegue partilhar? - Você manifesta publicamente suas
convicções religiosas? - Lembra-se de alguém que segue sua luz? - Preocupa-se
constantemente em dar bom exemplo?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Meditando o evangelho
A TENTAÇÃO DO SECTARISMO
As exigências do Reino e as dificuldades inerentes à sua vivência podem
levar a comunidade cristã a voltar-se para si mesma, tornando-se uma espécie de
gueto fechado, sem contato com o mundo. Este modo de proceder contradiz a
dinâmica do Reino, tornando a comunidade infiel ao projeto cristão. O destino
do Reino é que seja testemunhado a toda a humanidade; seus benefícios devem
atingir cada ser humano.
A parábola da lâmpada alerta para o comportamento que se exige da
comunidade cristã. Como a luz é acesa e posta no candeeiro, do modo a espargir
seus raios por toda a casa, igualmente os cristãos devem procurar a posição a
partir da qual seu testemunho possa atingir o maior número de pessoas. Supõe-se
que seja uma comunidade capaz de acolher a todos, sem distinção, integrando-os
em seu meio. Uma comunidade missionária, disposta a ir a todos os recantos da
Terra para levar a mensagem do Evangelho. Uma comunidade cujo testemunho de
vida corresponda às exigências do Reino, de forma a apresentá-lo como projeto
de vida para os que vagueiam nas trevas do erro. Em suma, uma comunidade em que
a semente do Reino produz frutos.
Assim, recusando a tentação do sectarismo, a comunidade cristã assume
seu papel de fazer a luz do Evangelho chegar a todos os rincões do mundo.
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório –
Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total).
Oração
Espírito que ilumina a humanidade, faze que as comunidades cristãs sejam
autênticas portadoras da luz do Evangelho para os que estão perdidos nas trevas
do erro ou da maldade.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O que está escondido deve ser
manifestado
(O comentário do Evangelho
abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora
Consolata – Votorantim – SP)
Primeiro vamos beber o “aperitivo” da primeira leitura que
coloca o seu enfoque na virtude da generosidade e humildade de coração.
Essas coisas estão ocultas e ninguém sabe, olhando para nós, se
somos generosos e humildes, ou egoísta e arrogantes pois somente uma boa
convivência com as pessoas nos permite conhecê-las melhor pois elas se
manifestam quem são, e o que trazem dentro de si mesmas, nas atitudes que tomam
para com os outros. Note-se que a bondade aqui exortada no Livro dos
Provérbios, é sempre algo dentro das nossas possibilidades.
Olhando o salmo responsorial, facilmente se percebe que só entra
na casa do Senhor, isso é, vive em comunhão com ele, quem age para com o
próximo com essa generosidade e humildade exaltadas na primeira leitura. O
Justo habitará no monte santo do senhor, monte aqui nos lembra de subida,
ascese, e sobe até Deus o justo que anda em seus caminhos, onde a conduta está
bem delineada pela liturgia e na verdade, o homem sobe até Deus quando este vem
morar em seu coração e isso tem sentido, já que somos imagem e semelhança de
Deus, e na medida em que damos ao próximo uma forma amorosa de se relacionar
com ele, manifestamos esse Deus que está escondido dentro de nós de maneira
misteriosa, Deus está nas profundezas do universo e nas profundezas do ser
humano que o acolhe...
E assim, fica mais fácil entender quando Jesus fala neste
evangelho, de algo que está oculto e que será manifestado. Esconder que somos
de Deus, e a ele pertencemos, nos omitir da prática dos valores do evangelho e
não manifestar ao próximo a nossa generosidade e humildade, que brotam do
coração de Deus que está dentro de nós, é cobrir a lâmpada com uma vasilha, ou
colocá-la debaixo da cama.
Não é que sejamos totalmente bons, justos e santos, mas estamos
a caminho dessa plenitude que um dia virá, mas a temos dentro de nós, na Graça
Santificante e operante que um dia recebemos. E aqui fica uma boa pergunta
“Somos pessoas iluminadas? As pessoas se sentem bem perto de nós? Como somos
conhecidos, na família, no trabalho, na escola, na comunidade?” Se somos
amargos, azedos, irritantes, petulantes, egocêntricos, estamos refletindo
pontos de trevas e não a Luz Divina.
Daí o evangelho acende uma luzinha de alerta: Está faltando em
nós uma abertura á Palavra de Deus e a sua Graça Operante e nesse caso, somos
como uma velha casa, que embora exposta ao calor e a luz do sol, encontra-se
fechada e embolorada por dentro.
2. Olhai...
Os frades dominicanos, da Ordem dos Pregadores, têm como lema
“contemplar e transmitir aos outros o que foi contemplado”. Quando lemos em
Lucas, e nos outros Evangelhos, que não há nada escondido que não venha a ser
descoberto, não há nada de secreto que não venha a ser conhecido e se tornar
público, a afirmação se refere ao anúncio da Palavra de Deus. Ouvida na
intimidade do convívio de Jesus com seus discípulos, ela se tornará pública e,
apesar dos obstáculos colocados em seu caminho, ela será conhecida. Daí a
advertência: “Olhai, portanto, a maneira como a ouvis”. A Palavra deve ser bem
ouvida para ser bem transmitida. Deve ser contemplada para ser depois
transmitida aos outros. Ao ouvir, meditar e contemplar a Palavra que o Senhor
nos dirige cada dia, nós a aplicamos primeiramente a nós mesmos, para que ela
se transforme depois em anúncio. Será Palavra proclamada com o som da nossa voz
e será Palavra proclamada com a nossa vida. O modo como vivemos interpreta a
Palavra escrita. Encontre tempo para ler e para meditar. Ler as Escrituras, ler
os Escritos da Patrística, ler comentários e meditações. Simplesmente ler e
partilhar a leitura. Às vezes, a dificuldade que temos de entender a Bíblia
está na falta de hábito de leitura. Ler, meditar, orar e agir são degraus da
escada da união com Deus.
Liturgia comentada
Ceifarão com alegria... (Sl 126 [125])
A alegria é uma colheita. A seu tempo, é claro.
Nos trabalhos do campo, não se começa pela colheita. Antes, trabalha-se a
terra: retirar as pedras, arrancar os tocos de velhas árvores, arar, adubar,
semear. Daí em diante, reina a esperança. Não dependem de nós o sol e a chuva,
que podem vir ou não vir...
Durante todo esse tempo, ninguém riu. Era tempo
de lágrimas e suor. A ilusão de nosso tempo, marcado por extrema ânsia
hedonista, é a expectativa de colher o que não foi plantado. Claro, na próxima
estação, fracasso e desilusão.
Santo Agostinho reflete: “Semeemos nesta vida,
que é repleta de lágrimas. O que semearemos? Boas obras. As obras de
misericórdia são nossas sementes. Destas sementes fala o Apóstolo: ‘Não
desanimemos na prática do bem, pois, se não desfalecermos, a seu tempo
colheremos. Por conseguinte, enquanto temos tempo, pratiquemos o bem para com
todos, mas sobretudo com os irmãos na fé’. (Gl 6,8-10)”
O homem urbano, longe da terra e das sementes,
vai perdendo a percepção dos vínculos entre as lágrimas e o riso, ou melhor,
entre o sacrifício da semeadura e o ofertório da colheita. Com isso, já não
consegue celebrar, dar graças, ser agradecido. As crianças chegam a pensar que
o frango já nasce na embalagem de plástico...
Prossegue o Bispo de Hipona: “Ao partirem, iam
chorando, lançando suas sementes. Por que choravam? Por se acharem entre
infelizes e eram infelizes. Seria melhor, irmãos, se não existissem infelizes
do que precisardes praticar a misericórdia. [...] No entanto, enquanto existam
os que necessitam de misericórdia, não desanimemos nesta tribulação de espalhar
sementes. Apesar de semearmos com lágrimas, colheremos com alegria”.
Penso de modo especial nos educadores, sejam eles
os próprios pais, os professores, os evangelizadores. Sei que a realidade
brasileira torna bem áspero o seu trabalho. No entanto, é deles que depende a
colheita de amanhã. As lágrimas de seu esforço fecundarão o solo de nossa
sociedade. E os frutos serão de alegria...
Que alegria é maior que participar da formatura
dos filhos? Ver que os filhos educam os netos na fé que receberam dos pais?
Perceber a competência que os alunos adquiriram através de seus estudos? Ouvir
de um jovem evangelizado sua decisão de consagrar-se a Jesus Cristo?
São grandes alegrias. Alegrias sem preço. Mas
custam lágrimas. E quem se recusa a chorar, jamais conhecerá a verdadeira
alegria...
Orai sem cessar: “O Senhor livrou meus olhos das lágrimas...” (Sl
116,8)
Texto de Antônio
Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
HOMILIA
DIÁRIA
A chama da sua fé se apagou?
Muitos que deixaram a lâmpada
da fé se apagar foi porque não a viveram com convicção. Que o Senhor acenda, em
nossos corações, essa chama que é a nossa fé.
“Ninguém acende uma lâmpada para cobri-la com uma
vasilha ou colocá-la debaixo da cama” (Lc 8,16a).
A Palavra de Deus nos convida a colocarmos a
nossa luz para que todas a vejam. E que luz é essa? A luz divina, acessa em
nossos corações, a luz do Senhor que brilha em nós, a luz do nosso batismo.
Aquela vela acessa, do Círio Pascal, foi
incendiada dentro da nossa alma, e uma vez que nós a escondemos, uma vez que
colocamos a luz debaixo da cama, da mesa ou em qualquer lugar, ela vai perdendo
o seu brilho, vai se ofuscando até o ponto de se apagar.
Quantas luzes se apagaram! Quantas pessoas já
testemunhavam o Senhor e, por descuido, essa luz se apagou, essa chama deixou
de brilhar! Quantos de nós, que estamos no caminho do Senhor e procuramos
segui-lo, deixamos a nossa chama da fé escondida!
Meus irmãos, nós não podemos ter vergonha
daqueles de quem nos tornamos seguidores, nós não podemos ter nenhuma vergonha
de testemunhar o nosso amor por Jesus Cristo. O problema é que algumas pessoas
entendem que “não ter vergonha” é, muitas vezes, cometer atos fanáticos, tentar
converter as pessoas à força, não é disto que estamos falando, não!
O nosso testemunho são nossas boas obras, são os
frutos do Espírito em nós, é a nossa fé coerente. O nosso testemunho é a nossa
luz brilhando nesse mundo, é o nosso amor ao próximo, é a nossa paciência, a
nossa responsabilidade social, é a caridade que exercemos para com o outro.
A chama que precisamos deixar acessa e não
escondida é testemunharmos que nós cremos em Jesus, que nós temos tempo para
orar, para ir à casa do Senhor, que não nos envergonhamos de dedicar parte do
nosso tempo a Deus, ao Evangelho, à fé, àquilo que nós cremos e acreditamos.
Muitos que deixaram a lâmpada da fé se apagar foi
porque esconderam, porque não viveram a fé com convicção.
Que o Senhor, hoje, acenda, em nossos corações,
essa chama maravilhosa que é a nossa fé. E onde estivermos possamos testemunhar
que um Deus vivo, está no meio de nós.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e
colaborador do Portal Canção Nova.
Oração Final
Pai Santo, dá-nos a consciência de tua presença
permanente em nós! Que façamos brilhar a tua Luz para todos os homens e te
demos graças e louvores porque nos amas e queres a nossa presença em teu Reino
pelos séculos dos séculos. Por Jesus, o Cristo, teu Filho e nosso Irmão, que
contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Oração FinaL
Pai Santo, dá-nos a consciência de tua presença
permanente em nós! Que façamos brilhar a tua Luz para todos os homens e que
sempre Te rendamos graças e louvores porque Tu amas a todos nós como filhos e
queres a nossa presença em teu Reino pelos séculos sem fim. Por Jesus, o
Cristo, teu Filho e nosso Irmão, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.