ANO C
Jo 15,12-17
Comentário do
Evangelho
O Filho é portador do amor do Pai.
Nos versículos anteriores da alegoria da videira verdadeira,
o imperativo para os discípulos era de se deixar “in-habitar” (= permanecer)
pelo amor de Jesus Cristo. O texto do evangelho de hoje é enquadrado pelo tema
principal dessa parte do discurso: o amor fraterno (vv. 12.17). Na origem do
amor do Filho pelos discípulos está o amor de Deus pelo Filho. O Filho é
portador do amor do Pai e, pela sua vida, inclusive a sua vida entregue, ele o
manifesta a todo o mundo. O amor é exigência e condição de uma vida cristã
autêntica, sem hipocrisias. A medida do amor fraterno é a medida do amor de
Jesus pelos seus discípulos. No seu amor pelos seus, ele deu a sua própria vida
(cf. Jo 13,1). Os “amigos”de Jesus são, além dos discípulos, o leitor do
evangelho, nós todos por quem o Senhor entregou a sua vida e revelou a
verdadeira face do Pai. Os relatos de vocação dos Doze, nos quatro evangelhos,
mostram que a iniciativa do chamado é Jesus (v. 16; cf. Mc 1,16-20; 3,13-19; Jo
6,70). Para poder produzir fruto do amor fraterno, os que são escolhidos devem
partir, aceitar serem enviados pelo Senhor para testemunhar o seu amor. Nesse
sentido, toda a comunidade cristã é missionária.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, seja o amor de Jesus minha única fonte de inspiração
para pôr em prática o mandamento do amor mútuo. Que eu me esforce por amar,
como tu amas!
Vivendo a Palavra
A Igreja desejada por Jesus é uma comunidade de amigos, de
gente igual. Fomos todos escolhidos e chamados pelo Pai. O desempenho de funções
diferentes não justifica privilégios, como bem lembrou Paulo na metáfora dos
órgãos do corpo. O Amor é espontâneo, indiscriminado, gratuito e libertador.
VIVENDO A PALAVRA
Nós não escolhemos – nós fomos escolhidos!
Escolhidos por Amor e para o Amor. Por isto devemos ser agradecidos. Por isto
nós, Igreja – comunidade dos que se propõem a seguir Jesus de Nazaré –,
queremos partilhar com os irmãos os dons que recebemos do Pai Misericordioso
por Ele e com Ele, o Cristo, Filho Unigênito que nos foi dado.
Reflexão
Jesus não quer que nós sejamos seus servos, mas seus amigos.
O servo trabalha em função do seu salário e não tem nenhum compromisso com o
seu senhor além do vínculo do trabalho. O amigo é comprometido com o outro,
acredita nos seus valores e luta com ele na conquista de um ideal comum. Assim,
quando Jesus nos chama de amigos, ele quer dizer que está compromissado conosco
na construção do ideal do Reino de Deus e quer que todos nós também sejamos
seus amigos, comprometidos com ele na construção da civilização do amor.
Reflexão
Mestres e pregadores costumam repetir alguma frase
ou princípio que consideram importante para seus ouvintes. Do mesmo modo, Jesus
martela uma expressão que é a essência da vida cristã: “Amem-se uns aos outros,
assim como eu amei a vocês”. Além da exigência de amar, Jesus mostra qual é o
grau desse amor: “Como eu amei a vocês”. Os cristãos têm o privilégio da
amizade de Jesus. Não importa que função ou ministério exercem na Igreja. Jesus
os escolhe e os faz seus amigos e lhes comunica tudo o que ouviu do Pai. De que
modo podemos corresponder a esse precioso dom da amizade de Jesus? Fazendo o
que Jesus ordena, isto é: amar como ele nos amou. A certeza do amor de Jesus
por nós desperta-nos a confiança nele; então sabemos que nossos pedidos serão
atendidos.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 – Pe. Luiz Miguel
Duarte, ssp)
Recadinho
Você tem Jesus como um amigo, companheiro de caminhada? -
Você realmente se sacrifica pelo próximo oferecendo sua amizade? - Você conhece
seus verdadeiros amigos? - Procura ser amigo de verdade? - Consegue distinguir
facilmente os bons dos falsos amigos?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Meditando o evangelho
NÃO SERVOS, MAS AMIGOS
Jesus rompeu a visão rígida de discipulado que vigorava em sua época,
recusando-se considerar seus discípulos como servos, por considerá-los como
amigos. Ele não era um rabino a mais, preso a esquemas incompatíveis com o
Reino. Sua postura foi inovadora.
O esquema servo-senhor era-lhe insuficiente para expressar seu modo de
considerar os discípulos. Um patrão não tem satisfações a dar a seus
empregados, uma vez que são considerados como meros executores das ordens
recebidas. Os laços de comunhão entre eles são frágeis, pois o empregado,
quase sempre, quer ver-se livre da tutela do seu patrão. A um e outro falta o
amor.
O esquema amigo-amigo revela o que Jesus pretende ser para os seus
discípulos. A amizade comporta afeto, comunhão de interesses e busca de ideais
comuns. Embora correndo o risco de ser rompida, a amizade autêntica tende a ser
estável. Nela, um amigo não se sente tutelado pelo outro. Tudo se fundamenta na
liberdade e no respeito.
Ao convocar seus discípulos, Jesus quis, logo, estabelecer laços de
amizades com eles. Chamou a cada um por decisão pessoal. Comunicou-lhe tudo
quanto aprendeu do Pai. Assumiu-os como colaboradores em sua missão. Não lhes
impôs normas ou regras, a não ser o mandamento do amor mútuo. Manifestou-lhes,
até o extremo, seu bem-querer, a ponto de dar a vida por eles.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe.
Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE –
e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Espírito que constrói amizade reforça os laços que
me unem a Jesus e aos meus semelhantes.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Só ama aquele que se sente amado
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo
Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim
– SP)
João vai dizer em seu evangelho que "Deus é Amor". A
Encarnação de Jesus fez com que Deus mergulhasse na Vida do Homem, e
possibilitou a este mergulhar na Vida de Deus. Não havia até então, na
humanidade, uma expressão de amor tão autêntica e grandiosa. O amor humano era
marcado por limites e tolerâncias e o apóstolo Pedro, quando indaga a Jesus se
se deve perdoar até sete vêzes, mostra bem esse modo limitado do homem amar.
Por isso somente Jesus nos poderia ter dado um mandamento assim,
pois o amor sem medidas, manifestado na gratuidade e incondicionalidade, era
visto como uma loucura. É esse exatamente o amor que encontramos em Jesus.
"Amai-vos uns aos outros assim como eu vos amo...". Esse é um
mandamento originariamente cristão. Não é um amor segundo os padrões humanos,
mas brota de Jesus, do seu coração Sagrado e humano.
A iniciativa é toda de Deus, ainda que o ser humano permaneça na
indiferença e na incredulidade, ainda que o ser humano negue ou ignore Jesus,
ainda que o Ser humano ridicularize o cristianismo hostilizando os cristãos,
apesar de tudo isso, Deus jamais deixará de amar o homem, e na Força desse amor
sempre terá a iniciativa de se manifestar ao homem, até o derradeiro momento de
sua existência.
Um dia, tocado pelo próprio Deus, o homem se abre para esta
Graça e se sente amado e querido por Deus, percebe que não se trata de um amor
platônico, mas de um amor ágape, totalmente gratuito e incondicional. Um amor
desde toda eternidade, que não dá para ser guardado, mesmo porque não há
coração humano que o comporte. Esse amor cria laços com o próximo, e assim
vamos refletindo em nossas relações todo esse amor Divino e sublime e através
do homem, esse amor de Deus vai se propagando, formando um grande elo que no
final resultará na visibilidade do Reino de Deus que é puro amor. A Palavra
"mundo" é largamente empregada pelo evangelista João, mas as vezes
com sentido diferente, neste evangelho por exemplo, mundo não é o planeta ou a
Obra da Criação, mas sim o mundo do mal, dos que deliberadamente se opõe a
Verdade que Deus revelou em Jesus. Odiar é o contrário do Amar, o amor quer a
Vida do outro e a sua alegria, o Ódio quer a morte e a destruição daquele que é
odiado.
O homem quer um Deus forte e poderoso, um ser de moral
irrepreensível, seguidor da lei de Moisés, um Deus que privilegie os justos e
santos, e que castigue implacavelmente os injustos e pecadores. Um Deus que
continue a ter uma raça escolhida, exemplo de pessoas boas, sinceras, e que por
isso mesmo são sempre abençoadas com longa vida, e bens materiais. Um Deus que
se valorize e que não se misture com os míseros mortais.
O primeiro problema na relação da comunidade judaica tradicional
com Jesus, Ele não atende essa expectativa e ainda por cima, se relaciona com
pessoas que nem de longe fazem parte da "raça escolhida e Nação
Santa". Mas o que provocou o ódio e a rejeição a Jesus por parte dos
Judeus tradicionais, foi ele ter se apresentado como Filho de Deus, o grande
esperado e não havia outro.
Os seguidores autênticos de Jesus o imitam em tudo, ensinam suas
palavras, realizam as mesmas obras, ou seja, dão continuidade á Missão de Jesus
tornando-se assim a prova inequívoca de que Jesus ressuscitou, está vivo e
caminha com eles. Quem odeia a alguém, quer ver esse alguém morto, esmagado e
destruído para sempre, e alguém que lembre4 essa presença, só fará aumentar o
ódio dos seus opositores.
Na pós-modernidade essa rejeição e esse ódio por Jesus, seu
evangelho e seu reino, continua. Muda-se a referência, os Judeus conservadores
o odiavam porque ele não correspondia ao modelo de Messias que eles
acreditavam, a partir de suas tradições e da escritura, já o homem da
pós-modernidade quer um Jesus que seja á sua imagem e semelhança, adequado a um
estilo de vida que privilegie a busca de prazer, de realização pessoal, em um
egocentrismo exacerbado onde o homem é o deus de si mesmo.
Qualquer postura, pensamento ou atitude que contrarie tudo isso,
irá atrair ódio e rejeição. O discípulo de Jesus sempre navega contra a
correnteza!
2. Que o vosso fruto permaneça
O mandamento de Jesus é simples e claro: “Amai-vos uns aos outros,
assim como eu vos amei”. E Jesus repete de forma mais breve e incisiva: “O que
vos mando é que vos ameis uns aos outros”. Os cristãos não têm outra obrigação
a não ser a prática do amor fraterno. Cumprindo esse mandamento, cumprimos
todos os outros. Praticando o amor fraterno, mostramos também que amamos a Deus
sobre todas as coisas. Como posso dizer que amo a Deus, a quem não vejo, se não
amo o meu irmão, que eu estou vendo? Amar a Deus sobre todas as coisas e o
próximo como Jesus amou, nisso consiste a nossa vida cristã inserida no meio do
mundo. Jesus mostrou a dimensão do seu amor, dando a sua vida por seus amigos.
Somos amigos de Jesus, se fizermos o que ele mandou. E o que ele mandou? Que
nos amemos uns aos outros. Os frutos que Jesus espera de nós são nossos atos de
caridade. Entendemos por atos de caridade a prática efetiva do amor fraterno.
Já aprendemos com São Paulo o que ele ensinou aos coríntios, que a caridade é
paciente, é prestativa e não é invejosa. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo
suporta. Sabendo que a caridade é assim, saibamos praticá-la também.
HOMILIA
AMAI-VOS UNS AOS OUTROS
Há uma palavra que nos liberta de todos os fardos, dores da
vida e nos faz atingir o vínculo da perfeição. Essa palavra é amor. João na
primeira carta diz que Deus é amor. Além de tudo o mais que Deus seja, e além
do mais que Ele tenha feito, esteja a fazer ou venha a fazer – tudo é uma
manifestação do Seu amor. Este amor é tão reconfortante como é difícil de
compreender. O amor de Deus excede em muito aquilo que os seres humanos rotulam
normalmente como amor, o qual é, por vezes, um mero sentimento superficial ou
uma paixão louca temporária, esta tantas vezes misturada de egoísmo e cobiça.
Deus não Se limita a ter amor ou a demonstrar amor. Ele é amor.
O amor de Deus pela humanidade tem-se revelado de numerosas
maneiras, sendo a maior de toda a Cruz. Como seguidores de Jesus,
correspondemos ao Seu amor amando os outros, como Cristo nos amou a nós.
No Evangelho de João, Jesus não manda amar a Deus. Seu
mandamento é que permaneçamos no amor. É amar o amor, e Deus é amor. O maior
amor está em dar a vida por seus amigos, estar totalmente a seu serviço, a
exemplo de Jesus. Somos escolhidos para dar frutos que permaneçam para sempre.
O fruto é a prática do amor mútuo originando as comunidades. A vida sem amor é
um tipo sub-humano de existência. Precisamos do amor dos pais. Precisamos do
amor da família e dos amigos. Precisamos pertencer a uma comunidade que ama.
Contudo, assim como precisamos receber amor, também precisamos dar amor. Não
somos verdadeiramente humanos se não conseguirmos amar. Sejamos, porém claros: O
verdadeiro amor não tem origem em nós. A capacidade de amar é criada em nós
pelo nosso Criador na pessoa do Seu Filho Jesus Cristo nosso Senhor. É ele que
nos convida a amarmo-nos uns aos outros.
Assim, celebrar a Eucaristia é para mim e para ti assumir o
compromisso de viver a fraternidade não apenas verbalmente, mas de fato. Assim
como Jesus se entrega por nós, que nossa vida seja toda ela vivida na doação e
no serviço em favor dos irmãos e irmãs, especialmente daqueles que mais sofrem.
Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros.
Canção Nova
HOMILIA DIÁRIA
O amor é o vínculo que nos une a Deus!
O amor é a base, o alicerce, o sustentáculo da
vida daqueles que querem viver a vontade do Senhor!
“Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como
eu vos amei. Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos
amigos” (João 15, 12-13).
Da mesma forma, se não existir amor entre aqueles que
convivem, habitam no mesmo espaço e compartilham da mesma vida em uma
comunidade, ela tenderá à ruína. O amor é a base, o alicerce, o sustentáculo da
vida daqueles que querem viver a vontade do Senhor! Aqui não se trata de um
amor poético, romântico, sentimental ou afetuoso; é o amor decisão, o amor
respeito, o amor que, acima de tudo, nos leva a
ver a presença de Jesus no outro, apesar dos limites e das fraquezas dele.
É o amor que exige perdão, superação, reconciliação; não é um
amor que nos obriga a gostar e a “engolir” o outro, porque não há outro jeito;
mas é o amor que nos ensina a conviver em paz com nós mesmos e com o outro,
ainda que não estejamos muito a fim disso, ainda que as nossas ideias, os
nossos pensamentos e sentimentos não caminhem na mesma direção. Amar o outro é uma exigência para se tornar
discípulo de Jesus!
Amar ao próximo não é uma questão facultativa, subjetiva ou
muito menos ainda o amor criterioso em que eu só amo a quem eu quero e a quem
está de acordo com os meus critérios. O amor ao próximo é, em primeiro lugar,
aos que estão mais próximos de nós, aos que convivem e trabalham conosco e aos
que abraçam uma mesma dimensão de vida.
Qualquer realidade humana, qualquer comunidade paroquial,
comunidade de vida em que o amor não existe mais, a vida, o relacionamento e a
própria comunidade estão condenados ao fracasso.
Se Deus pode reerguer algo entre nós, Ele pode, deseja e quer
fazer isso com a ajuda da via chamada amor. Que ele seja o vínculo que nos une
a Deus, que o amor seja o vínculo que nos una uns aos outros!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista
e colaborador do Portal Canção Nova
Oração Final
Pai Santo, fortalece entre nós a amizade
fraterna, tão desejada por Jesus de Nazaré. Que nós não nos coloquemos em
posições de destaque, mas não nos neguemos a usar a serviço dos irmãos os dons
que nos emprestas. Pelo mesmo Jesus Cristo, teu Filho e nosso Irmão, na unidade
do Espírito Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, obrigado! Eu Te agradeço por teu
Amor infinito! Agradeço pela Criação, pelos irmãos da humanidade, pela Vida e
pela Fé que me ofereces. Mais do que tudo, obrigado por Jesus de Nazaré, o
Cristo teu Filho que se fez meu irmão, viveu fazendo o bem, morreu por amor e,
ressuscitado, contigo reina na unidade do Espírito Santo.