ANO A
18º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Ano A - Verde
“Dai-lhes vós mesmos de comer!” Mt 14,16
Recordação da Vocação ao
Ministério Sacerdotal
Mt 14,13-21
Ambientação
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Em sua vida e atitudes, Jesus adotou a dinâmica da misericórdia, que consta de três estágios: começa pelo olhar, atinge o coração e chega às mãos. Peçamos, neste Domingo dedicado à vocação dos ministros ordenados, que nosso bispo, padres e diáconos possam configurar-se, sempre mais, ao Cristo misericordioso.
INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, o Senhor, nosso Bom Pastor, nos reuniu para oferecer o alimento da salvação, o Pão da Palavra e o pão da Eucaristia. Somos gratos a Ele por cuidar com imenso carinho do seu povo. Mesmo nas dificuldades e tribulações, carregamos a certeza de que nada pode nos separar do amor de Cristo. Neste primeiro domingo do mês vocacional, rezemos pelas vocações ao ministério sacerdotal: bispos e padres, os quais devem ser imagem do Bom Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas.
INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: O trecho evangélico deste domingo pertence a um complexo que os exegetas designam convencionalmente com o nome de "seção dos pães", porque gira em torno da narrativa das duas multiplicações dos pães. Toda seção é concebida de modo que Jesus apareça como o novo Moisés, que oferece um maná bem superior ao antigo, domina as águas do mar como Moisés, livra o povo do legalismo em que caíra a lei de Moisés e abre o acesso para a terra prometida não só aos membros do povo eleito, mas também aos pagãos.
UMA VOCAÇÃO EM CADA COMUNIDADE
Com este Domingo, iniciamos uma vez mais a celebração do mês das vocações. A Igreja inteira é formada por um povo de vocacionados, que Deus chama para serem beneficiados com sua graça, para colaborarem na sua obra e para serem testemunhas do Evangelho de Cristo no mundo. O próprio Batismo é a primeira grande vocação de todos nós. Mas na Igreja, Deus escolhe alguns para missões especiais no meio do seu povo e no mundo.
Ao longo de agosto, colocamos em evidência a vocação ao sacerdócio ministerial, à vida consagrada religiosa, ao casamento e à família e a vocação dos catequistas. Não é um mês de homenagens, embora elas possam ser manifestações de apreço e ser um estímulo para quem é homenageado. Porém, a intenção do mês das vocações é promover a tomada de consciência sobre a importância e a necessidades das vocações, valorizar e apoiar os vocacionados, rezar e pedir a graça de vocações abundantes para as comunidades.
Nesta primeira semana, destacamos a vocação ao sacerdócio ministerial exercido pelos padres e bispos. Essa vocação é essencial na vida da Igreja Católica, pois os sacerdotes recebem a missão de serem representantes de Jesus Cristo pastor, mestre e pontífice na comunidade dos fiéis. A comunidade católica não pode viver sem sacerdotes, que preguem o Evangelho, reúnam o povo e celebrem a Eucaristia e os demais Sacramentos em nome de Cristo. Eles são ministros e servidores de Jesus Cristo Sacerdote, que é, de fato, o único e verdadeiro sacerdote e pontífice entre Deus e os homens.
Jesus mandou rezar e pedir que Deus envie operários à sua grande colheita, necessitada de trabalhadores com urgência. O Papa São João Paulo II ensinou que a vocação é um dom de Deus providente a uma comunidade que a pede. Portanto, oremos pelas vocações ao sacerdócio em todas as famílias e em todas as comunidades de nossa Arquidiocese. Este é um dever de todos os católicos e membros da Igreja.
vocações ao sacerdócio na Arquidiocese de São Paulo. Para mais de 300 paróquias, contamos com menos de 70 seminaristas. De onde vêm os padres que precisamos para o serviço das paróquias e os demais encargos para o cuidado pastoral da nossa imensa Arquidiocese? Não podemos esperar que venham de algum lugar, longe daqui. Os futuros padres precisam vir das nossas comunidades e famílias. E se tivermos padres em número suficiente, sempre sobram pedidos para o envio de missionários para outras dioceses e até outros países.
Como Arcebispo, tenho o dever de prover de pastores as nossas comunidades. Quero compartilhar com todos os sacerdotes e suas paróquias essa preocupação, que também deve ser de todos. Rezemos pelas vocações sacerdotais em todas as missas. Haja equipes de pastoral vocacional em todas as paróquias e criemos um clima favorável ao despertar de vocações sacerdotais. Que em cada comunidade haja, ao menos, uma vocação sacerdotal.
Cardeal Odilo P. Scherer
Arcebispo de São Paulo
Comentário do Evangelho
Vós mesmos dai-lhes de comer
O texto da multiplicação dos pães tem uma forte conotação eucarística: “... tomou os cinco pães e os dois peixes… pronunciou a bênção, partiu os pães e os deu aos discípulos; e os discípulos os distribuíram às multidões” (v. 19). Diante da precariedade do lugar e pela hora já adiantada, os discípulos querem despedir as multidões para que possam comprar comida. Jesus provoca os discípulos: “Vós mesmos dai-lhes de comer!” (v. 16). É a oportunidade de poderem compreender que o alimento que sustenta o povo de Deus ultrapassa o estreitamento material. A vida entregue ao Senhor é o verdadeiro alimento do povo que o Cristo reúne: “Trabalhai não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que perdura até a vida eterna, alimento que o Filho do Homem vos dará. […] O pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo” (Jo 6,27.51).
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, abre meu coração para a solidariedade, a fim de que, diante de meu semelhante necessitado eu sinta a alegria de partilhar com ele o que me deste.
Comentário do Evangelho
O alimento abundante e gratuito é a Palavra de Deus.
Nossa primeira leitura é um trecho do último capítulo do Dêutero-Isaías (40–55). O tema dominante dessa segunda parte do livro de Isaías é o novo êxodo, a volta dos exilados da Babilônia para a terra de Israel. O trecho de hoje nos faz imaginar um vendedor ambulante que sai à rua gritando os seus produtos. O que ele oferece é uma mercadoria abundante e de boa qualidade. A novidade da oferta: tudo de graça! O que ele dá de graça são os bens necessários da vida (trigo, vinho, leite) e, enfim, a vida mesma (v. 3a). O último versículo do nosso texto nos ajuda a compreender que esse alimento abundante e gratuito é a Palavra de Deus. Como não ver, aqui, uma evocação de Dt 8,3? O sustento da vida humana não está unicamente no alimento material. A palavra e os mandamentos de Deus é que fazem viver (Dt 30,15-16). A Palavra de Deus ilumina, sustenta a vida na esperança, dá sentido a todas as coisas.
De Nazaré Jesus volta para as margens do Mar da Galileia e de lá para um lugar afastado, para estar a sós. Essa observação é importante: Jesus toma distância das muitas atividades. E ainda que o texto não o diga, podemos considerar que é para rezar; sua oração é sempre apostólica, pois o seu alimento é fazer a vontade daquele que o enviou (Jo 4,34). Mesmo se retirando, Jesus não se recusa a receber as multidões que o procuram e vão até ele. Compadecido, cura os doentes. A compaixão é um sentimento divino que leva Jesus a socorrer as pessoas em suas necessidades. A sugestão dos discípulos de despedir a multidão é razoável: o lugar é distante, a hora avançada e não há o suficiente para alimentar tanta gente. Jesus, no entanto, se recusa a fazê-lo. É ocasião para que o próprio leitor do evangelho compreenda que o alimento do povo que o Cristo reúne é de outra natureza. O texto da multiplicação dos pães tem uma forte conotação eucarística. A vida do Senhor entregue para a salvação de todos é o alimento espiritual que sustenta o povo de Deus em marcha. O alimento material remete ao alimento espiritual. Esse é o alimento que sustenta abundantemente, não se compra nem se vende e é dado gratuitamente para a vida do mundo.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, abre meu coração para a solidariedade, a fim de que, diante de meu semelhante necessitado eu sinta a alegria de partilhar com ele o que me deste.
Vivendo a Palavra
É missão nossa o cuidado com os irmãos peregrinos. Se os filhos de Israel reclamavam a Moisés no deserto, Jesus não espera nem mesmo que seus ouvintes manifestem a fome. Ele corre na frente e realiza o sinal dos pães que se multiplicam. Ele quer que façamos o mesmo para nossos irmãos!
Vivendo a Palavra
Façamos nossas as palavras de Paulo aos romanos para mostrar nossa gratidão pelo cuidado e carinho de Jesus para com seus discípulos de todos os tempos – que hoje somos nós! Nada poderá nos separar do Amor de Jesus! Nem as seduções do mundo, nem nossos desejos interiores. O Amor é mais forte e vencedor.
VIVENDO A PALAVRA
O Banquete da Vida está proclamado no Evangelho de hoje. A mesa aberta para todos, ninguém discriminado. Fartura tanta que sobram cestos cheios. A profecia de Isaías é concretizada: “Venham também os que não têm dinheiro. Comprem, comam e bebam vinho e leite sem pagar.” Com Jesus de Nazaré chegou a nós o Reino de Deus. Vivemos a plenitude dos tempos!
Reflexão
Não adianta Jesus tentar se afastar do povo, pois este corre a ele aonde quer que vá. Podem ser várias as razões pelas quais a multidão o procura; para o Mestre não importa o motivo. Diante da realidade dessa multidão, Jesus enche-se de compaixão, sofre a mesma dor desse povo. Se houvesse mais compaixão por parte de todos, muitos males e sofrimentos seriam resolvidos, incluindo o da fome. Ela existe não por falta de alimento, mas por falta de partilha e de compaixão. Jesus convidou a multidão a cear com seu grupo, repartindo os pães e peixes que levavam consigo. Trata-se de gesto muito comum para os orientais. A cultura ocidental normalmente partilha a mesa com a família, parentes e amigos convidados. O “novo mundo”, anunciado pelos profetas e iniciado por Jesus, vai se concretizar quando trilharmos o duplo caminho: o caminho da justiça e da denúncia e o caminho da fraternidade e da solidariedade. Só assim superaremos a tendência maléfica do “cada um por si”.
Oração
Senhor Jesus, em vez de despedir as multidões famintas, desafiaste teus discípulos a alimentá-las, sem recorrer ao comércio. Foi assim que, recolhendo o alimento que traziam, saciaste a fome de todos, e ainda sobrou muita comida. Ensina-nos a partilhar generosamente os bens que possuímos. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2020 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp (dias de semana) Pe. Nilo Luza, ssp (domingos e solenidades))
Meditação
Em sua comunidade paroquial há pessoas que passam fome? - Como sua comunidade vive a realidade da partilha? - Partilham-se realmente os bens ou apenas as sobras? - Encontram na partilha a verdadeira razão de viver? - Em seu contexto de vida nota algum desperdício de bens?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Recadinho
No mundo de hoje, nem todos comem do pão deste mundo! Nem todos comem do pão que nos fará viver eternamente! Trabalhemos assiduamente pelo Reino de Deus. - Em sua comunidade paroquial há pessoas que passam fome? - Como sua comunidade vive a realidade da partilha? - Partilham-se realmente os bens ou apenas as sobras? - Encontram na partilha a verdadeira razão de viver? - Em seu contexto de vida nota algum desperdício de bens?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Meditando o evangelho
DÊEM-LHES DE COMER!
A ordem dada aos discípulos - "DEem-lhes de comer!" - pode ter-lhes soado como uma ironia. Havia condições de saciar uma multidão, reunida num lugar deserto para escutar Jesus? Não seria mais lógico despedi-la para que pudesse comprar alimentos nas aldeias vizinhas?
A ordem do Mestre parecia impossível de ser executada. Contudo, começou a ser superada, quando os discípulos apresentaram a quantidade de alimento disponível: cinco pães e dois peixes. Bastou-lhes colocá-los à disposição de todos, para que ninguém voltasse para casa faminto.
Assim aconteceu! Num gesto quase litúrgico, Jesus tomou os pães e os peixes, ergueu os olhos para os céus, abençoou-os, partiu-os, deu-os aos discípulos e estes, à multidão. A pequena porção de alimento começou a ser condividida. E todos comeram até à saciedade. E mais, sobraram doze cestos cheios, apesar da enorme quantidade de gente.
Este episódio contém um claro ensinamento. O problema da fome resolve-se com a partilha. Se tivessem ido às aldeias, quem tivesse dinheiro e fosse mais esperto, fartar-se-ia. Quanto aos pobres e os menos ágeis ficariam em desvantagem, permanecendo famintos.
Esta situação é incompatível com o Reino, cujo projeto de fraternidade supera todo tipo de desigualdade.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Espírito de fraternidade, não permitas que eu me apegue àquilo que possuo, quando tantas pessoas estão à espera da minha generosidade para sobreviver.
COMENTÁRIO DO EVANGELHO
1 - "DAI-LHES VÓS MESMOS DE COMER!" - Olívia Coutinho
O evangelho que a liturgia de hoje nos apresenta, mostra-nos mais uma vez, a sensibilidade de Jesus, diante a necessidade humana!
A fome de tantos irmãos é uma ferida que sangra constantemente no coração de Jesus, e está em nossas mãos, a cura desta ferida! Uma cura, que pode vir de pequenos gestos de amor!
Quem de nós, não tem “5 pães e dois peixes”?
É difícil acreditar, mas é a mais dura realidade; num mundo de tanta fartura, ainda hoje, morrem milhares de pessoas vítimas do nosso abandono. São muitos os irmãos, que continuam morrendo de fome, ou por doenças causadas pela desnutrição, conseqüência do nosso egoísmo, que nos impede de abrirmos o nosso coração ao amor solidário, o amor que nos leve a partilha.
A todo instante, pessoas necessitadas de ajuda, desfilam diante dos nossos olhos, são irmãos nossos, pessoas desprovidas do mínimo necessário para a sua sobrevivência. E quantas vezes, nós, que dizemos seguidores de Jesus, tampamos os nossos ouvidos para não ouvir os seus clamores, preferindo ignorá-los, para nos isentar de quaisquer responsabilidade sobre eles. E assim, vamos buscando mil desculpas para justiçar a nossa impassibilidade, diante a esta triste realidade.
Precisamos aprender a olhar o irmão com o mesmo olhar de Jesus, um olhar que não apenas constata a sua necessidade, como também, ajuda-o a encontrar o caminho que o possibilitará uma vida digna.
A exemplo de Jesus, não podemos fechar os olhos diante as necessidades do nosso irmão, e muito menos transferir para outros, a nossa responsabilidade para com eles.
Precisamos conscientizar, de que somos co-responsáveis pela vida do outro, por tanto, não podemos permanecer indiferentes as suas necessidades.
Podemos observar, que quase sempre, o que o nosso irmão busca em nós, não é muito, é sempre algo que está ao nosso alcance, às vezes, nem é algo material, e sim, uma palavra de esperança, um tempo para escutá-lo, ou simplesmente um simples sorriso acolhedor!
Como verdadeiros seguidores de Jesus, precisamos colocar em prática os seus ensinamentos, e assim como Ele, estarmos sempre atentos às necessidades do outro, prontos para ajudá-lo no que for preciso.
De nada adianta, erguermos as nossas mãos para louvar a Deus, se não somos capazes de abaixá-las, para erguer um irmão!
O evangelho de hoje narra o episódio que marcou o milagre da multiplicação dos pães: o milagre da partilha! O ponto fundamental deste acontecimento é o amor, o amor que leva a partilha.
Sabemos que Jesus, se quisesse, poderia realizar sozinho a multiplicação dos pães, mas Ele quis envolver todos os seus discípulos, o que nos mostra, que Jesus quer agir no mundo, fazendo do coração humano o seu próprio coração.
Hoje, Jesus nos encarrega de saciar a fome de tantos irmãos, fome de pão e fome de amor, na certeza de que: colocando em suas mãos o pouco que temos, Ele transformará em muito!
Onde existe amor, existe partilha, onde existe partilha, Deus entra, e o milagre da multiplicação acontece!
É nosso compromisso cristão, despertar no outro a necessidade de Deus, mas antes, é preciso saciar a sua fome, criar no seu coração a necessidade de Deus, como fez Jesus: a partir da necessidade do pão material, Ele criou a necessidade do pão da vida eterna.
Quem partilha com o outro, o pão material, desperta nele, a necessidade de Deus!
FIQUE NA PAZ DE JESUS! – Olívia
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. CINCO PÃES E DOIS PEIXINHOS...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Confesso que quando reflito este evangelho, conhecido como da multiplicação dos pães, fico intrigado com algo bem simples: o milagre poderia ser muito mais espetacular, se Jesus tivesse mandado as pessoas sentarem-se em grupos, e depois, ao fazer o ritual da benção, os pães e os peixinhos, aparecessem como em um passe de mágica, na mão das pessoas, surgindo do nada. Mas neste milagre há uma palavra chave, de significado muito profundo, trata-se do milagre da multiplicação... Deus criou tudo do nada, diz o livro do Gênesis, mas quando se trata do pão, ele faz questão de multiplicar.
Alguém cedeu o seu lanche, fazendo parceria com Jesus, no ato prodigioso! Mateus nos dá a entender que esse alimento pertencia aos próprios discípulos “Só temos aqui, cinco pães e dois peixes”. A fome da multidão é muito maior do aquilo que podemos dar, será sempre assim, o que temos para dar é muito pouco, para resolver o problema da família, da comunidade, os problemas sociais, a violência, as drogas, o desamparo aos idosos, as crianças pobres, as tristezas do outro, a depressão do irmão, suas angústias e desgraças, doenças e mortes, a idade avançada, diante de tudo isso, a gente até se comove, mas justificamos com aquele pensamento tão nefasto: Sinto muito, nada posso fazer!
Por que dizemos isso, em tantas situações da nossa vida, diante de um irmão que sofre, que chora, que se desespera? Porque não confiamos no que temos, por acharmos muito pouco, vamos ter de nos separar, vou ter de abortar, vou ter de me omitir, vou ter que ficar quieto, nos sentimos impotentes, sem força alguma para mudar a situação, se tivéssemos muito, se tivéssemos poder, se fôssemos respeitados, se estivéssemos no comando, seu fossemos ricos, ah! Tudo seria diferente... Daríamos um jeito nessa situação, resolvendo o problema.
Mas,como nada somos ,e ainda termos tão pouco, é melhor ficar no velho e conhecido “cada um por si, Deus por todos”, queremos sempre despedir as pessoas para que cada uma se vire do seu jeito. É o comodismo e o egoísmo, que domina este mundo da nossa modernidade onde o espírito consumista afirma que, somente quem tem muito, consome muito, pode realizar sonhos e projetos de vida. Jesus desmonta este esquema mesquinho e centralizador, que concentra a riqueza material, nas mãos de uma minoria.
Dái-lhes vós mesmos de comer, eles não precisam ir embora! Após a oração de graças e a benção, começa a ocorrer o milagre: os discípulos começam a distribuir aquele pouco que têm, às multidões. Nos projetos e empreendimentos humanos, quem mais tem é que decide o que fazer só quem tem muito, poderá fazer grandes coisas, no projeto de Jesus a palavra de ordem é partilhar, mesmo que seja o pouco, acreditando que esse pouco, para o próximo vai ser muito.
O milagre, portanto, não está na quantia de pães e peixes, mas no gesto de partilhar, acreditando que naquele momento, o pouco que eu posso dar ou fazer, é exatamente tudo o que o meu próximo precisa. Nesse sentido, os cinco pães e dois peixinhos desse evangelho, pode ser um simples sorriso, dado a quem está triste, um abraço, um beijo ou um aperto de mão, em quem está sofrendo alguma dor, uma mão no ombro de quem está desanimado, uma palavrinha de consolo a quem chora, uma palavra de coragem a quem perdeu a vontade de viver. E pronto, está feito o milagre!
“Você não sabe como foi importante para mim, a sua presença, o seu gesto, naquela hora!” Todos nós já escutamos esta frase, entretanto o que demos ou fizemos foi tão pouco e parecia tão insignificante. Chegamos ao ponto chave da reflexão, quando acreditarmos na força do nosso “pouco“, iremos conseguir mudanças prodigiosas na família, na comunidade e na sociedade, mas não precisa ficar cobrando para que o outro faça a sua parte, um gesto de partilha já é por si suficiente, para promover grandes mudanças, para transformar a miséria em fartura, pois quando dizemos – eu já fiz a minha parte, espero que cada um faça a sua, estamos nos colocando acima das outras pessoas e, portanto no direito de cobrar, e se seguíssemos essas lógica, ditada pelo orgulho e a prepotência, estaríamos perdidos diante de Jesus, que nos ama sempre com um amor sem medidas, sem nunca nos cobrar.
Dos pedaços que sobraram encheram-se doze cestos, e a multidão ficou saciada, o projeto de Jesus de Nazaré parecia tão pouco e ridículo diante da grandeza do Messianismo, sonhado e esperado pelos seus compatriotas, entretanto, a graça que nasceu da Salvação, libertou não só a Israel, mas a todas as nações da terra. Há alguém faminto ao seu lado, de uma fome que vai bem além do estomago vazio, ofereça o seu “pouquinho” com alegria, e creia nesse milagre!
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
2. A multiplicação dos pães - Mt 14,13-21
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)
O mês de agosto é o mês das vocações. Vocação quer dizer “chamado”. Você foi chamado por alguém para alguma coisa. Como somos leitores de textos bíblicos, vamos perguntar ao Evangelho do dia para que estamos sendo chamados, se ele pode nos dar uma resposta. Parece que a resposta da passagem de São Mateus que hoje lemos é clara e simples: somos chamados para dar de comer ao povo. Esta é a vocação de todos.
O Evangelho nos conta a multiplicação dos pães e dos peixes. Jesus ficou sabendo da morte de João Batista e foi sozinho, de barco, para um lugar deserto. Quando desembarcou, muita gente estava esperando por ele e, diz o Evangelho, que Jesus se encheu de compaixão e curou os que estavam doentes. No fim do dia, os discípulos se aproximam e pedem que Jesus despeça a multidão, porque já era tarde e as pessoas precisavam comprar alguma coisa para comer. Foi então que Jesus lhes disse: “Vós mesmos dai-lhes de comer!”. Sabemos o resto da história. Jesus abençoou e multiplicou cinco pães e dois peixes, e todos que lá estavam comeram e ainda sobrou. Nós somos os discípulos chamados por Jesus a dar de comer ao povo. Jesus, cheio de compaixão, toma a decisão de fazer alguma coisa pelo povo doente e faminto. Esta é a Palavra que o Senhor nos dirige hoje. Firmemos então este chamado como vocação de todos nós. Não sejamos indiferentes diante de alguém que tem fome ou sofre alguma doença.
A profecia de Isaías parece bonita demais para ser verdadeira. Deus chama por meio do profeta. Chama os que têm sede para beber água. Chama para comprar vinho e leite sem pagar. Se tiverem dinheiro, gastem com o que alimenta e satisfaz. Vão adiante e comam o que há de melhor e saboroso. Participem do banquete da Aliança definitiva. Deem de comer a quem aqui tem fome para participarem todos juntos do banquete preparado lá do outro lado. O que foi prometido a Davi se realizará, e não será a restauração da monarquia. O Senhor fará conosco uma Aliança eterna e nos dará a vida.
Jesus é a expressão do Amor do Pai. Sabemos pouco ou nada da vida íntima de Deus, mas podemos vê-la em suas manifestações. Jesus encheu-se de compaixão. Queremos participar dessa sua expressão de amor. Quem nos separará do amor de Cristo, pergunta São Paulo. Tribulação, angústia, perseguição, fome, nudez, perigo, espada? Tudo isso nos aproximará do amor de Cristo, seja para termos força para suportar as tribulações, seja para termos compaixão de todos os atribulados. Que Deus nos dê sabedoria para encontrarmos soluções para os problemas da vida. Que ele nos dê disposição e imaginação para procurarmos saídas nos momentos difíceis. Que nos dê fé suficiente para acreditarmos na força de cinco pães e dois peixes partilhados. Fomos chamados para levar o povo à mesa do Senhor, aqui na terra, onde está o pão de cada dia, e no baquete celeste, onde nos saciaremos com a visão de Deus.
Vocação é chamado e não dou resposta porque estou cansado e desmotivado. Faça silêncio e escute a suavidade deste chamado: “Venham a mim todos os que estão cansados e eu lhes darei descanso”. “Coragem! Jesus te chama!”
REFLEXÕES DE HOJE
02 DE AGOSTO-DOMINGO
HOMILIA DIÁRIA
Quem confia no Senhor jamais será abandonado
Aqueles que confiam no Senhor jamais serão abandonados. Mas quem não sabe confiar no Senhor, muitas vezes abandona-O por causa daquilo que lhe falta.
“Os filhos de Israel começaram a lamentar-se, dizendo: ‘Quem nos dará carne para comer?”’(Nm 11,4b)
Meus irmãos, hoje a Liturgia com a riqueza da sua palavra, nos chama a atenção para o Livro dos Números, onde o povo de Deus se encontra reclamando, murmurando, porque está passando fome e não tem o que comer.
Deus sempre cuidou do seu povo ao longo do caminho, mas eles preferiram se recordar das cebolas, das coisas que haviam no Egito mas não tinham Deus. Agora, eles têm Deus. Mas sentem, às vezes, a falta disso ou a falta daquilo. E às vezes começam, então, a murmurar.
Nós somos assim também: muitas vezes andamos longe de Deus, mas estamos cercados de coisas materiais, estamos com abundância disso ou daquilo. Aí nos vangloriamos! Sabe por quê? Porque a nossa visão é materialista, é carnal. O que importa para nós é ter as coisas.
Quem é de Deus, não. Às vezes falta isto, falta aquilo… Mas tem Deus. Sabe agradecer, louvar. Sabe que no tempo certo Deus há de prover. E aqueles que confiam no Senhor jamais serão abandonados. Mas quem não sabe verdadeiramente confiar no Senhor, muitas vezes abandona-O por causa daquilo que lhe falta.
Você pode estar passando por algum aperto, por alguma necessidade. Pode até ser que você se encontre desempregado, e não consiga dar a seus filhos aquilo que deseja. Mas eu quero dizer a você, meu filho: “Aguenta firme no Senhor!” Pode lhe faltar tudo, mas que nunca falte a sua fé e confiança no Senhor.
Não murmure. Não reclame. Não comece simplesmente a lamentar e murmurar contra Deus, porque isso só vai tirar a paz do seu coração, só vai abalar sua fé. Quando, na verdade, o que você precisa – mais do que nunca agora – é viver uma experiência de fé. Crescer na fé, na confiança, na convicção de que a Divina Providência do Senhor está do seu lado.
Quero, hoje, convidar você a não desanimar. Se você passa por alguma circunstância difícil na sua vida, por algum aperto, necessidade, coloque no Senhor a sua confiança e não desanime jamais.
Que Deus abençoe você.
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Oração Final
Pai Santo, faze-nos atentos às carências dos irmãos, abertos para ouvir os seus desejos e disponíveis para atendê-los com espontânea generosidade. Mantém-nos humildes e discretos, na certeza de que há maior alegria em dar do que em receber. Por Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
Oração Final
Pai Santo, teu Filho sintetizou a Lei Antiga no Mandamento único do Amor. Amor a Ti, sobre todas as coisas e Amor aos irmãos. Dá-nos sabedoria, força e perseverança para seguirmos o Caminho do teu Filho, o Cristo feito carne em Jesus de Nazaré. Nós te pedimos, Pai amado, pelo mesmo teu Filho, na unidade do Espírito Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai, que és cheio de misericórdia, ilumina-nos para que a contemplação da bela cena – a refeição distribuída ao povo por teu Filho Unigênito – nos leve à certeza de que tudo é dom de teu Amor e que continuas humildemente escondido em cada presente que a Natureza ou nossos Irmãos nos oferecem nesta caminhada rumo à plenitude do Reino. Por Jesus Cristo, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.