ANO A
Jo 1,45-51
Comentário do Evangelho
Tu és o Filho de Deus.
Depois do prólogo (1,1-8) desencadeia-se, no evangelho de João, uma sucessão de testemunhos: de João Batista, dos dois discípulos de João, um dos quais André, irmão de Simão, e de Filipe. Tudo se passa em quatro dias. É constituído um primeiro grupo dos discípulos de Jesus.
Nosso episódio situa-se no quarto dia: encontro de Jesus com Filipe, encontro de Filipe com Natanael, e de Natanael com Jesus.
Jesus mostra que conhece Natanael: “‘Este é um verdadeiro israelita, no qual não há falsidade!’ Natanael disse-lhe: ‘De onde me conheces?’” (v. 47-48).
A resposta de Jesus: “Antes que Filipe te chamasse, quando estavas debaixo da figueira, eu te vi” (v. 48), não pode deixar de nos lembrar do Salmo 139(138): “Senhor, tu me sondas e me conheces. Tu me conheces quando me assento ou me levanto…” (vv. 1-2). Seja como for, o encontro com Jesus suscita em Natanael a fé: “Rabbi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel” (v. 49). Jesus lança Natanael para o futuro: a fé em Jesus, Messias, deve passar pela provação da paixão e morte, glorificação do Filho de Deus, para ver-se o dia em que a fé nasce com o sol da ressurreição.
Carlos Alberto Contieri, sj
Vivendo a Palavra
Jesus já conhecia Natanael: Ele o vira ‘debaixo da figueira’ – expressão que significava estar diante de Deus em oração. Nossa oração tem esse sentido? Ela é um tempo privilegiado em que tomamos consciência da presença do Pai em nós e saboreamos um mergulho no Amor – ou é mais um repetir de fórmulas?
VIVENDO A PALAVRA
Jesus já conhecia Natanael: Ele o vira ‘debaixo da figueira’ – expressão que significava para seu povo ‘estar em oração diante de Deus’, isto é, em harmoniosa sintonia com o Pai. Nossa oração tem esse sentido profundo? Ela é um tempo privilegiado em que tomamos consciência da presença do Pai em nós e saboreamos um mergulho no Amor – ou é mais um repetir tedioso de fórmulas, que às vezes pouco tem a nos dizer?
VIVENDO A PALAVRA
A desconfiança inicial de Natanael transformou-se em adesão radical. Os encontros com Jesus acontecem de formas variadas e inesperadas, mas há sempre um convite – simples e sedutor – seguido da opção por uma nova forma de vida, começando a caminhada já no Reino de Deus presente aqui nesta Terra, embora ainda não em sua plenitude.
Reflexão
Quando André revela que encontrou o Messias a Natanael ou Bartolomeu, palavra que quer dizer "filho do agricultor", a atitude de Natanael foi de dúvida: "De Nazaré, pode sair coisa boa?" No entanto, ele vence a sua desconfiança, atende ao convite que foi feito por André e vai encontrar-se com Jesus. A experiência do encontro pessoal com Jesus faz com que Natanael venha a reconhecer a sua divindade e torne-se seu discípulo pelo resto de sua vida, mostrando-nos com isso que, apesar de todos os nossos problemas, se procurarmos ter retidão de coração e vencer as nossas fraquezas, também faremos a experiência do encontro pessoal com Jesus e também nos tornaremos seus verdadeiros discípulos.
Reflexão
Identificado com Natanael, São Bartolomeu é mencionado nas quatro listas dos Apóstolos (cf. Mt 10,1-4; Mc 3,13-16; Lc 6,12-16; At 1,13). Conheceu Jesus pelo testemunho de seu amigo e conterrâneo Filipe, ambos de Betsaida: “Encontramos aquele de quem Moisés escreveu na Lei, e também os profetas: é Jesus, o filho de José. Ele vem de Nazaré” (v. 45). Foi a respeito dele que Jesus teceu sincero elogio: “Eis aí um israelita verdadeiro, em quem não existe falsidade” (v. 47). Ao notar o conhecimento profundo que Jesus tinha a seu respeito, Natanael fez sua declaração de fé no Messias: “Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel” (v. 49). A história nada registra de certo sobre sua vida. Segundo algumas tradições armênias, nessa região Bartolomeu teria sofrido o martírio, após longo trabalho de evangelização.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp)
Reflexão
Bartolomeu, de Caná da Galileia, é identificado com Natanael. Quem lhe apresentou Jesus foi o apóstolo Filipe, que acrescentou: “Jesus vem de Nazaré”. Essa informação deu margem para algum atrito na conversa: o preconceito de Natanael contra quem era de Nazaré; a simpatia de Jesus, que elogiou a autenticidade dele; o desconcerto, mas também a certeza de Natanael, reconhecendo estar diante de pessoa extraordinária: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel”. Cativado por Jesus, Natanael tornou-se seu apóstolo e entusiasta pregador do evangelho. Antiga tradição registra que Bartolomeu exerceu o ministério apostólico na Índia, onde converteu para Cristo grande número de pessoas. Esteve também na Armênia e na Pérsia, hoje Irã. Morreu decapitado, após ter a pele arrancada.
Oração
Ó Jesus, Enviado do Pai celeste, escolheste o apóstolo Bartolomeu para auxiliar-te na implantação do Reino. Volta, Senhor, a passar pelos nossos lares, convidando pessoas de boa vontade, dispostas a doar a própria vida, com vista a transformar a sociedade e melhorar a convivência humana. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2020 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp (dias de semana) Pe. Nilo Luza, ssp (domingos e solenidades))
Meditação
Você honra sua pátria e sua família? - De quem uma família se envergonha? - A sociedade tem tendência a julgar as qualidades de uma pessoa somente por causa de sua origem? - Sua família sente-se feliz por você se um membro dela? - Você procura aprender também da sabedoria dos simples e dos idosos?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Meditando o evangelho
SUPERANDO OS PRECONCEITOS
Os primeiros discípulos foram obrigados a superar a barreira dos preconceitos para poder acolher Jesus como Messias e se tornar seus seguidores. Natanael não podia aceitar que de Nazaré, cidade mal-afamada, pudesse sair algo de bom, muito menos um Messias. A pecha de nazaretano desdobrava-se num rosário de outras evocações tomadas como negativas. Ele era pobre, de família sem prestígio, um indivíduo sem expressão moral ou cultural. Enfim, um desclassificado.
Pela insistência de Filipe, Natanael se predispôs a ir ver Jesus. Seu preconceito contrastou com a ideia altamente positiva que Jesus tinha a respeito dele. Jesus considerava-o um israelita íntegro, sem dolo nem fingimento. Em outras palavras, um indivíduo em cuja palavra se podia inteiramente confiar. O próprio Jesus confiou nele e lhe fez uma solene revelação.
A atitude de Jesus deixou Natanael desarmado, levando-o a abrir mão de seus preconceitos. Numa atitude própria de discípulo, Natanael reconheceu Jesus como um Rabi, ou seja, mestre, digno de veneração e respeito. Reconheceu-o, também, como Filho de Deus, cuja origem superava as possibilidades humanas, fazendo dele mais do que um simples filho de José da Galiléia. Reconheceu-o, ainda, como Rei de Israel, o Messias que reavivaria a esperança no coração do povo. Logo, de Nazaré também podia sair coisa boa.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Senhor Jesus, eu me ponho diante de ti, sem preconceitos, desejando conhecer-te como o Messias de Deus.
Comentários do Evangelho
1 - O NOSSO ENCONTRO COM JESUS É TRANSFORMADOR! - Olívia Coutinho
O nosso encontro com Jesus é transformador, muda-nos por inteiro, torna-nos mais flexíveis, mais humanos ao ponto das pessoas do nosso convívio, perceberem de imediato esta mudança em nós! O interessante, é que estas mudanças, vão aumentando cada vez mais, à medida em que intensificamos os nossos encontros com Ele, seja através da oração, da palavra, da nossa vivência de comunidade e principalmente da Eucaristia!
Quando abrimos o nosso coração para acolher Jesus, Ele vai entrando lentamente na nossa vida, realizando maravilhas em nós, e quando nos damos conta, já estamos totalmente entregues e dependentes Dele, pois Jesus já tomou conta de todo o nosso ser, já não nos é possível viver sem Ele! É a partir daí, que a nossa mudança se torna radical, passamos a ter o olhar semelhante ao Dele, a ver o irmão que antes não víamos, a imitar as suas ações, a partilhar a vida que antes pensávamos pertencer somente a nós! Impregnados no amor de Jesus, vamos ficando parecidos com Ele, na gratuidade, nos gestos concretos de amor, e assim, vamos aos poucos descobrindo o verdadeiro sentido do nosso existir, que é viver no amor!
Quem faz a experiência de Jesus em sua vida, não consegue guardá-lo só para si, a sua alegria é tão grande, que ele passa a sentir necessidade de apresentá-Lo ao outro, de desejar que outros façam também a mesma experiência que ele faz: ter Jesus como seu melhor amigo!
Como discípulo, que encontrou no Mestre o verdadeiro sentido do seu existir, não podemos esquecer de que o nosso compromisso com Jesus, é compromisso com a vida, com a vida em toda sua dimensão!
Não somos verdadeiros, quando dizemos que amamos Jesus, mas não cuidamos do que é mais precioso para Ele: A vida humana! E quando não O reconhecemos no rosto sofrido do nosso irmão!
Sejamos cristãos autênticos, sem falsidade, pois a Jesus ninguém engana, Ele nos conhece por dentro, nos conhece muito antes do nosso encontro primeiro com Ele! Como aconteceu com Natanael, o que podemos ver no relato do evangelho de hoje. “Jesus viu Natanael que vinha ao seu encontro e declarou a respeito dele”: "Este é um verdadeiro israelita, no qual não há falsidade"! Natanael disse-lhe: "De onde me conheces?" Jesus respondeu: "Antes que Filipe te chamasse, quando estavas debaixo da figueira, eu te vi".
Natanael, à princípio se mostrou incrédulo, mas depois do seu encontro pessoal com Jesus, uma mudança radical o transformou de imediato, o levando a proclamar veemente: "Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel!"
Este seu exemplo, vem chamar a nossa atenção para a importância do nosso encontro pessoal com Jesus!
Como é bonito o misterioso amor de Deus pela humanidade, um amor que transforma vidas! Em Jesus, o céu se abre e o rosto do Pai se faz visível! Jesus é a única ligação entre o céu e a terra, Nele, o humano se encontra com o Divino!
Em algum momento de nossa vida, alguém nos falou de Jesus, assim, como Felipe falou Dele com Natanael, mas foi no nosso encontro pessoal com Ele, que tivemos a mais bela certeza: Jesus é o nosso tudo!
FIQUE NA PAZ DE JESUS! – Olívia
2 - Jesus nos promete como prometeu a Natanael, ver a glória de Deus - Newton Hermógenes
A noiva, a esposa do Cordeiro é a humanidade resgatada do pecado e que se tornou fiel a Deus. Um povo que era pecador se torna puro e transparente como o cristal, por ter entendido e aceitado o plano de salvação, por meio do sangue de Jesus derramado na cruz. Por meio de Jesus nos tornamos nova criatura.
Como é grande o Senhor nosso Deus, cujas obras narram a glória e o esplendor do seu reino e proclama o seu poder! A Igreja de Jesus Cristo espalhada pelo mundo inteiro, com suas obras de fé e de poder, tem vencido durante séculos as barreiras e dificuldades que o mundo tenta impor. Nada poderá abalar a Igreja fundamentada sobre a rocha. A partir do momento em que conhecemos a palavra de Deus, e a colocamos em prática, mesmo que venham as adversidades, como as tentações e o pecado, em Cristo nós somos mais que vencedores, quando nós entregamos a Ele e deixamos que Ele aja em nossas vidas. Em Jesus é manifestada a glória de Deus, o esplendor do seu reino, e o poder que se manifesta pela fé.
Quando Natanael encontrou Jesus, ficou maravilhado com a forma como Jesus se dirigiu a Ele, e a maneira como foi tratado como alguém já conhecido pelo mestre. Natanael não teve dúvida de que se tratava do filho de Deus, o Rei de Israel, e, Jesus vendo a fé de Natanael, responde-lhe que coisas maiores ainda ele veria, e continuando afirmou: “Em verdade, em verdade eu vos digo: Vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem”. Estas palavras também servem para nós, pois quando nos encontramos com Jesus Cristo, e fazemos a nossa profissão de fé, e passamos a viver o seu evangelho, não há dúvida de que através de Jesus chegaremos à glória de Deus.
Jesus nos promete um lugar no céu: “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Não fora assim, e eu vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar. Depois de ir e vos preparar um lugar, voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que, onde eu estou também vós estejais. E vós conheceis o caminho para ir aonde vou”. “Eu sou o caminho a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai, a não ser por mim”. “João 14:2-6”.
Ele nos promete um lugar onde não existirá morte, nem tristeza e nem dor, conforme Apocalipse 21:2-4: “Vi também descer do céu, de junto de Deus, a Cidade Santa, uma Jerusalém nova, pronta como esposa que se enfeitou para seu marido. Nisso saiu do trono uma voz forte”. E ouvi: “Esta é a tenda de Deus com os homens. Ele vai morar com eles. Eles serão o seu povo e ele, o Deus-com-eles, será o seu Deus”. “Ele vai enxugar toda lágrima dos olhos deles, pois nunca mais haverá morte, nem luto, nem grito nem dor. Sim! As coisas antigas desapareceram!”.
3 - Jesus de Nazaré - José Salviano
O nome de Jesus significa Deus salva. Exprime a sua identidade e a sua missão, porque é Ele que salvará o seu povo dos seus pecados. Pedro afirma que não existe debaixo do céu outro Nome dado aos homens pelo qual possamos ser salvos.
Cristo em grego, significa O Messias em hebraico, significa ungido. Jesus é o Cristo porque é consagrado por Deus, ungido pelo Espírito Santo para a missão redentora. Ele é o Messias esperado por Israel pois foi anunciado pelos profetas, enviado ao mundo pelo Pai. Jesus aceitou o título de Messias, aquele que foi descido do céu, crucificado porém depois foi ressuscitado, Ele é o Cordeiro que sofre calado sem reclamar. Servo Sofredor que dá a sua vida em resgate pela multidão.
Jesus é o filho de Deus. Jesus é Deus feito homem, ou seja, É Deus que assumiu a natureza humana, é o pão descido do céu. Jesus é o retrato visível de Deus invisível.
Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, com duas naturezas, a divina e a humana, que não se confundem, mas estão unidas na Pessoa do Verbo. Portanto, na humanidade de Jesus, tudo: milagres, sofrimento, morte – deve ser atribuído à sua Pessoa divina, que age através da natureza humana assumida.
Jesus nos revelou, ou seja, nos mostrou, a verdadeira face do Deus Pai. "Quem me viu, viu o Pai" disse Ele. Jesus não era uma pessoa comum. Ele era o verdadeiro Deus. E nos provou isso através das suas demonstrações de poder, ou seja, os milagres que ele fez. Os evangelhos nos mostram apenas 51 dos muitos milagres que Jesus realizou.
Jesus é o maior milagre de todos os tempos, sua vida desde a encarnação no corpo da Virgem Maria, os milagres e a sua ressurreição, todo esse mistério só passa a ter sentido para nós se o olharmos com os olhos da nossa fé. Caso contrário, não teria nenhum sentido e Cristo não passa de um homem histórico como pensam aqueles que não aderiram, não aceitaram e não acreditaram no mistério da encarnação, vida, paixão, morte e ressurreição do Filho de Deus.
Do nome Cristo é que veio o nome de cristãos, que somos nós os imitadores de Cristo. Ou seja, aqueles que tentam imitar a Cristo. Porque não é fácil imitar aquele levou toda a sua vida fazendo somente o bem, nos ensinou com palavras e exemplos como ser bom, como perdoar, como partilhar a nossa vida, como ajudar os outros com palavras e ações, como nos conduzir nesta vida para que um dia possamos merecer a vida eterna.
ORAÇÃO
Ó Filho Unigênito e Verbo de Deus, Tu que és imortal, viestes ao mundo para a nossa salvação dignaste-Te encarnar no corpo da jovem pura e santa, que aceitou ser a Mãe de Deus a sempre Virgem Maria. Tu que és Um da Santa Trindade, glorificado com o Pai e o Espírito Santo, salve-nos! Livrando-nos de tudo aquilo que nos afasta do reto caminho, do caminho da casa do Pai. Amém.
Sal
4 - Aí vem um israelita de verdade – Claretianos
Primeira leitura: Apocalipse 21, 9b-14. - A muralha da cidade tinha doze alicerces, e sobre eles estavam escritos os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro.
Salmo responsorial: 144, 10-13b. 17-18. - Ó Senhor, vossos amigos anunciem Vosso Reino glorioso.
Evangelho: João 1, 45-51. - Aí vem um israelita de verdade, um homem sem falsidade.
Felipe convida Natanael, cujo nome significa “dom de Deus”, a encontrar Jesus, o verdadeiro messias anunciado pela lei e pelos profetas. É difícil crer, sobretudo de alguém que tem suas origens em Nazaré, um povo insignificante da Galileia. “Vem e verás” é a fórmula de Felipe para convencer Natanael. O tempo de Deus já está maduro e Jesus é o escolhido, o eleito.
As primeiras comunidades cristãs sentiam uma pressão muito forte para legitimar a figura de Jesus como Messias, devido à perseguição por parte dos judeus, que não aceitavam que um homem humilde se proclamasse o Messias de Deus. Natanael representa os judeus que se sentiam traídos e seduzidos pela vida e a mensagem de Jesus, porém ao mesmo tempo, sentiam que traiam a tradição judaica, que esperava um messias poderoso que dominasse os inimigos de Israel.
Natanael, um homem de verdade e sem falsidade, simboliza também a outra face dos escribas e fariseus que passam seu tempo construindo mentiras para poder eliminar a Jesus. Natanael finalmente acredita, o que lhe permitirá ver a grandeza do projeto do Filho do homem no céu e na terra.
COMENTÁRIO DO EVANGELHO
1. Encontramos Jesus!
Bartolomeu, também chamado de Natanael, nasceu em Caná da Galileia. Depois da Ascensão do Senhor, pregou na Índia, chegando até as regiões do Cáucaso, onde foi martirizado. Segundo a tradição, foi esfolado vivo. Na Capela Sistina, na pintura que o retrata, ele segura a própria pele na mão esquerda e na direita o alfanje com que foi supliciado. Era um israelita observante e conhecia as Escrituras. Seu amigo, Filipe, quando lhe comunicou o encontro que tivera com Jesus, não lhe disse “encontramos o Messias”. O que disse só podia ser compreendido por quem conhecia a Bíblia: encontramos aquele sobre quem Moisés e os profetas escreveram. Quem é? Pergunta Natanael. Resposta: “É Jesus, o filho de José, de Nazaré”. Então Natanael reage: “De Nazaré não sai coisa boa! E o Messias não vem da Galileia”. Quando Bartolomeu percebe que Jesus o conhece, deixa de lado a sua segurança e professa a fé.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Um exemplo a ser seguido
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Estamos aqui ainda dentro do primeiro século da Igreja, onde o Diácono Filipe anuncia Jesus a um Judeu Piedoso chamado Natanael. Não se trata de um ateu, mas de um Judeu convicto, daqueles que todos os dias ele recitava de cor os salmos e se dedicava a infindas orações. Filipe, que certamente conhecia bem a Natanael, procura relacionar Jesus á crença Judaica, citando Moisés e a Lei, que fez alusão a Jesus.
A reação de Natanael é desanimadora “De Nazaré poderá vir algo que valha a pena?”. Certamente a conversa entre ambos não foi tudo em um momento. Filipe deve ter dado um tempo, mas um dia lhe fez o convite “Vem e vê”. Em uma primeira conversa com as pessoas, sobre a nossa Fé e a nossa vivência na Igreja, encontraremos muitos que pensam como Natanael. “A Igreja poderá fazer alguma coisa boa para a sociedade? Para a Família?” Muitos olham a Igreja com certa desconfiança, ou porque já estão ancorados em outra Fé não católica, ou porque se deixaram influenciar pelo ateísmo e não creem mais em nada.
O bom Discípulo Missionário não fica fazendo rodeios e nem premeditando discursos convincentes sobre a Doutrina, a Tradição e o Magistério da Igreja, porque o alvo do seu anúncio é Jesus Cristo e por isso vai direto ao assunto e convida seu interlocutor a experimentar Jesus Cristo “Vem e vê”. Natanael topou fazer a experiência, talvez pensasse que, fazendo a experiência, teria ainda maiores argumentos para contradizer os ensinamentos de Jesus de Nazaré, porém, algo de maravilhoso aconteceu...
Diferente da sua primeira reação, Jesus não o olha de maneira estranha, mas o chama de pessoa autêntica e sincera. Natanael se sente surpreso, por aquela não esperava, o homem a quem olhou, primeiro, com desconfiança, o conhece e sabe das suas virtudes. E antes que Natanael pense que foi Filipe que deu a Jesus a sua “ficha”, Jesus lhe afirma “Antes mesmo que Filipe te chamasse, eu te vi quando estavas debaixo da figueira”. Jesus não fica olhando e dando atenção só aos membros da nossa Igreja que nele creem, mas a todos os que o esperam, ainda que estejam em outras religiões.
Para Natanael isso é suficiente e por isso imediatamente professa a sua Fé chamando Jesus de Mestre, Filho de Deus e Rei de Israel, títulos exclusivamente messiânicos. “Foi porque eu te disse que já te conhecia em baixo da figueira, que tu crestes? Verás coisas maiores do que essas, como o céu aberto e os anjos subindo e descendo sobre o Filho do Homem”.
O céu está aberto, acabou a distância entre Deus e os homens, o céu perdido pelo pecado de Adão, foi agora resgatado por Jesus. Novos tempos, e o Reino chega na vida e no coração dos que, como Natanael, conseguem abrir mão de suas profundas convicções religiosas, para aderirem a Jesus e seu Reino.
2. De Nazaré pode sair algo de bom? - Jo 1,45-51
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)
Bartolomeu e Natanael são dois nomes para o mesmo apóstolo de Jesus. Depois da ressurreição, Jesus prepara uma refeição pascal na praia do lago de Genesaré. Sete apóstolos estão presentes. Os três primeiros mencionados são Pedro, Tomé e Natanael. Pedro que negou, Tomé que não acreditou e Natanael que enfrentou o Mestre até com certa arrogância e o minimizou por ser de Nazaré. As listas dos apóstolos começam sempre com Pedro, Tiago e João. Esta da Páscoa começa com Pedro, Tomé e Natanael. Aprendemos, porém, muito com eles. Natanael deixou de lado sua falsa segurança, quando se deu conta de que Jesus o conhecia mais do que ele pensava. Fez então uma profissão de fé ainda limitada. Segundo o Evangelho de João, não basta dizer: “Tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel”. É preciso “ver coisas maiores que estas” e chegar a dizer: “Tu és o Verbo de Deus encarnado”.
Liturgia comentada
Donde me conheces? (Jo 1, 45-51)
Ao fazer esta pergunta, Natanael (também chamado Bartolomeu) não podia imaginar que estava diante do Filho de Deus que se encarnara. Se soubesse disso, não faria a mesma pergunta. Como um bom israelita (v. 47), ele conhecia as Escrituras que falam do conhecimento que Deus a nosso respeito.
Trata-se de um “conhecimento” anterior a nossa própria fecundação: o Deus eterno é também onisciente, aquilo que chamamos de futuro é para Ele um eterno presente. Não foi o que declarou Jeremias? “Veio a mim a Palavra do Senhor: ‘Antes de formar-te no seio de tua mãe, eu já te conhecia; antes de saíres do ventre, eu te consagrei e te fiz profeta para as nações’.” (Jr 1,4-5)
Também o salmista foi iluminado a respeito do íntimo conhecimento que Deus tem sobre a pessoa humana:
“Senhor, tu me examinas e me conheces,
sabes quando me sento e quando me levanto.
Penetras de longe meus pensamentos [...]
Sabes todas as minhas trilhas.
Tu me conheces por inteiro.
Não te eram ocultos os meus ossos
quando eu estava sendo formado em segredo,
e era tecido nas profundezas da terra.
Ainda embrião, teus olhos me viram.”
(Sl 139,1-3.14-16)
O profeta Isaías confirma tudo isto: “Desde o seio materno, o Senhor me chamou; desde o ventre de minha mãe, já sabia o meu nome”. (Is 49,1b)
Sendo tão claro e profundo o conhecimento que Deus sobre nós, conhece em detalhes nossas fraquezas, nossas feridas, nossos pecados. E quanto mais feridos estamos, mais se excita a sua misericórdia, mais se manifesta o seu amor. É a afeição do bom Pastor pela ovelha machucada.
Devemos concluir que é pura insanidade, de nossa parte, todo movimento de fuga, toda tentativa de ocultar ao Senhor a nossa realidade pessoal, mesmo os pensamentos mais íntimos e as intenções mais inconfessáveis.
E por falar em “in-confessável”, como entender a dificuldade em confessar nossos pecados a um Deus que é Pai e já conhece previamente todos os nossos erros e fracassos? Aliás, como ensinou o Filho, há mais alegria nos céus por um só pecador que volta para casa, do que por noventa e nove justos que não precisam regressar (cf. Lc 15,7).
Orai sem cessar: “Senhor, sabes tudo de mim!” (Sl 139,2)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
HOMILIA DIÁRIA
O que significa ter um coração puro e autêntico?
É verdade que ser autêntico não significa dizer tudo aquilo que vem à nossa mente, ao nosso coração. Ser autêntico é conhecer a verdade que eu não tenho.
Celebramos, neste dia, a festa do apóstolo São Bartolomeu. A leitura de hoje, no Livro do Apocalipse, diz a nós: “A muralha da cidade tinha doze alicerces e sobre eles estavam escritos os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro”. (cf. Ap 21,14)
São aqueles doze chamados pelo Senhor para estarem mais próximos, mais íntimos d’Ele, para conhecerem a Sua doutrina, a Sua vida evangélica e poderem transmiti-la aos outros – Este é o grande apostolado.
A vida de cada um desses apóstolos representa cada um de nós, porque cada apóstolo tinha uma característica própria, uma diferença, uma miséria em seu coração, mas o Senhor chamou cada um deles para lhes confiar uma missão.
O apóstolo Bartolomeu ou Natanael, aquele que nós contemplamos no Evangelho de hoje, disse: “De Nazaré pode sair coisa boa?” Filipe lhe respondeu: “Venha ver!”. Jesus viu que Natanael vinha em Sua direção e comentou: “Aí vem um israelita de verdade, um homem sem falsidade”.
Jesus viu a sinceridade do coração de Natanael, viu o quanto ele se aproximou do Senhor de coração sincero, sem segundas intenções, falando a verdade que estava no seu íntimo. Natanael soube que Jesus vinha de Nazaré, de uma cidade pequena, desprezível, da qual nunca havia vindo um profeta ou qualquer coisa de grande expressão, por isso não teve receio de perguntar se algo de bom pudesse vir daquela cidade. Por essa razão, o Senhor elogiou a sinceridade de Natanael, reconheceu que ali havia um coração puro e autêntico.
Autenticidade é uma virtude evangélica. É verdade que ser autêntico não significa dizer tudo aquilo que vem à nossa mente, ao nosso coração. Autenticidade é não se esconder, é saber dizer, no momento certo e na hora certa, o que pensamos, como vemos as coisas, é questionar quando não entendemos. Ser autêntico é conhecer a verdade que eu não tenho.
Os humildes têm a autenticidade de um coração no qual o Senhor habita.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Oração Final
Pai Santo, faze-nos conscientes de que oração é encontro contigo, uma experiência de Amor. Envia-nos o teu Espírito para que Ele, em nós e por nós, proporcione essa união santa em que Te acolhemos em nosso coração e na nossa vida. Nós te pedimos pelo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, faze-nos conscientes de que oração é encontro vivo contigo, uma experiência de Amor. Envia-nos o teu Espírito para que Ele, em nós e por nós, proporcione essa união santa em que Te acolhemos em nosso coração e na nossa vida. Nós te pedimos pelo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, na unidade do Espírito Santo.
oRAÇÃO FINAl
Pai misericordioso, dá-nos a coragem e a força de Natanael para que perseveremos até o fim de nossas vidas no Caminho do Primeiro Amor. Ajuda-nos, querido Pai, a firmar a nossa opção de seguir sempre os passos de Jesus, o Cristo, teu Filho que se fez nosso irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.