ANO C
Mt 19,16-22
Comentário do
Evangelho
Deus na origem de toda bondade
“... que devo fazer de bom para ter a vida
eterna?”. O homem relaciona vida eterna com fazer algo. É fazendo algo de bom
que se alcança a vida eterna – é esta concepção que subjaz à pergunta daquele
anônimo. Em primeiro lugar, a vida eterna é um dom de Deus. Jesus, por sua vez,
vai ultrapassar a pergunta dele, afirmando que o essencial é buscar quem é
o único bom.
Deus é a fonte de toda bondade, a fonte da vida.
Se algo de bom pode ser feito, é porque Deus está na origem de todo bem. A vida
eterna é dom e, como tal, precisa ser recebida. Não é merecimento pelo cumprimento irrepreensível da
Lei, ainda que o cumprimento da Lei seja vida (ver: Dt 30,15-16). Só o
cumprimento dos mandamentos não é suficiente; então, o que falta, ainda?
Para ser perfeito, isto é, para amar como se é
amado por Deus, é preciso desapego, pois a vida eterna não se compra. O
seguimento de Jesus é o caminho da vida eterna: “Eu sou o caminho, a verdade e
a vida” (Jo 14,6). “... jovem foi embora cheio de tristeza, pois possuía muitos
bens” (v. 22).
A tristeza mostra que o jovem reconhece o seu
apego. Mas será capaz de optar pela “perfeição”? Ele aceitou e fez o
recomendado por Jesus? Nós não o sabemos! Mas cabe a nós respondermos, diante
de Deus, estas mesmas questões, pois elas nos dizem respeito. A vida cristã
autêntica depende da resposta a estas perguntas.
Carlos Alberto Contieri, sj
Vivendo a Palavra
Não basta a boa intenção. Nós precisamos levar a
nossa vida seguindo o modelo das relações vividas por Jesus de Nazaré: relação
com nós mesmos, com o próximo, com a natureza e com o Pai Misericordioso. Nisto
se resume toda a Lei e os Profetas. Esta é a estrada da santidade.
VIVENDO A PALAVRA
Não basta a boa intenção. Nós precisamos levar
a nossa vida seguindo o modelo das relações vividas por Jesus de Nazaré:
relação com nós mesmos (de sobriedade), com o próximo (de compaixão), com a
natureza (de cuidado) e com o Pai Misericordioso (de gratidão). Nisto se resume
toda a Lei e os Profetas. Esta é a estrada da santidade.
Reflexão
Deus nos ama com amor eterno e, por isso, quer
relacionar-se conosco. A partir disso, devemos perceber qual é o verdadeiro
sentido da religião. O que caracteriza o verdadeiro cristão não é a mera
observância dos mandamentos, mas a busca da perfeição que está no seguimento de
Jesus, portanto no relacionamento com ele. Porém, existem valores deste mundo
que se tornam obstáculo para este relacionamento, como é o caso dos bens
materiais, que impediram o jovem de buscar livremente a vida eterna e a
perfeição, através da caridade e do seguimento de Jesus, embora observasse
todos os mandamentos.
Reflexão
Um
jovem, dono de muitos bens, consulta Jesus sobre o que fazer em vista de
“entrar para a vida”, expressão equivalente a herdar a vida eterna, ser salvo,
entrar no Reino dos Céus. “Pratique os mandamentos”: é a resposta de Jesus.
Isso o moço já faz, mas acredita que deve fazer algo mais: “O que me falta
ainda?” Jesus o estimula a dar um passo de qualidade, propondo-lhe que vá,
venda todos os seus bens, e doe aos pobres; depois, venha para segui-lo.
Radical mudança de mentalidade e de atitudes. Estar totalmente disponível para
o Reino dos Céus. Esse passo, o jovem não consegue dar. A riqueza domina seu
coração. Ele não é capaz de se desfazer delas; são sua segurança. Volta para
sua condição social, não saltitando de alegria, mas triste, “porque tinha muitos
bens”.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 - Pe. Luiz Miguel
Duarte, ssp)
Meditação
Como você encara o dever para com seus irmãos de
sangue? - Como você manifesta humildade? - Que lugar Nossa Senhora ocupa em sua
vida? - Qual o ato de devoção a Nossa Senhora que mais lhe agrada? - Você se
considera uma pessoa de bom coração?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Meditando o evangelho
UM SÓ É BOM!
A pergunta apresentada a Jesus pelo jovem reflete uma tendência do
farisaísmo, a de praticar a virtude visando apenas obter a salvação. Esses
fariseus eram calculistas, sempre preocupados em acumular méritos diante de
Deus.
Tendo feito tudo quanto estava a seu alcance, interessava ao jovem saber
o que poderia ainda fazer de bom para alcançar a vida eterna. Na qualidade de
Messias, talvez Jesus pudesse indicar-lhe obras que rendessem méritos de valor
muito maior.
O Mestre, porém, tentou corrigir este modo de pensar. Não se alcança a vida
eterna pela prática de coisas boas ("O que devo fazer de bom?"),
submetendo-se a um código de regras precisas de comportamento, e sim, pela
relação com uma pessoa ("Um só é Bom!"), entendendo-se, com isso,
tanto Jesus quanto o Pai. O que é bom deve ser praticado por corresponder à
vontade daquele que é Bom. Sem esta obediência, os atos de virtude ficam
desprovidos de valor.
O jovem é confrontado com a proposta de passar da prática mecânica dos
mandamentos para um tipo de relação capaz de transformar-lhe a vida:
desfazer-se de tudo e dar aos pobres o valor correspondente para, em seguida,
tornar-se seguidor de Jesus. Se o jovem não fosse tão apegado a seus bens,
teria tido a chance de experimentar a alegria de conhecer, em profundidade, a
vontade salvífica de Deus.
(O comentário do Evangelho abaixo é
feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica,
Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total).
Oração
Pai, quero estar sempre em comunhão contigo, pois só tu és Bom. Que eu
possa, assim, conhecer a tua vontade e colocá-la em prática, pois este é o
caminho da salvação.
Comentários do Evangelho
1- Que devo fazer para ganhar a vida eterna? -
José Salviano
Aquele jovem que já seguia os mandamentos,
pergunta a Jesus, o que mais ele tinha de fazer para alcançar vida eterna. Vai,
vende todos os teus bens e dá o dinheiro para os pobres, e terás um tesouro no
céu. Disse-lhe Jesus. O jovem ficou muito triste porque era muito rico.
Aquele jovem, como muita gente no mundo, havia
acumulado, ou herdado um tesouro. Hoje também existem muitas pessoas que
investem no Banco Do Brasil, na Caixa Federal, e em outros bancos. Compram
gado, terras ou imóveis porque a propaganda diz que este é o melhor negócio, o
melhor investimento. Tais pessoas ao fazer todos os tipos de
investimento, constroem um tesouro na Terra.
Outras pessoas preferem construir tesouros
no céu. Optam pelo melhor investimento, embora muitos não concordam com isso,
ou não sabem. Essas pessoas ajudam os pobres. Dando esmolas, ou contribuindo
para que eles saiam da situação de miséria a que se encontram. Isto, porque às
vezes, em vez de dar o peixe, é melhor a gente dar o anzol para o sujeito
ir pescar.
Acabamos de comparar dois tesouros. Um que é
deste mundo, que nos dá muito prazer, segurança, conforto, vida tranqüila, nos
faz importantes e muito respeitados. Porém, é um tesouro que apesar das
precauções, como o seguro, por exemplo, é muito vulnerável. Uma crise
financeira, um grande desfalque, um roubo, um incêndio, são as traças que
corroem o tesouro terreno. Além disso, este tesouro fica para os outros quando
morremos. Não levamos nada para a outra vida, a qual, não se sabe ao certo para
onde se vai, mesmo porque o tesouro material não nos garante a vida eterna.
Pelo contrário, pode mesmo nos fazer perdê-la.
Já o outro tesouro acumulado no céu, apesar de
não nos proporcionar grandes prazeres nesta vida, nos garante estar um dia
desfrutando a vida eterna. É o tesouro que os ladrões não levam, é o tesouro
que as crises financeiras e os incêndios não destroem.
Poderíamos idealizar um terceiro tesouro. Seria
uma riqueza moderada, que dessem muitos empregos, e cujos empreendimentos
seriam diretamente direcionados para promover os menos favorecidos ou os
excluídos da sociedade. Uma maravilha de tesouro! Mas a grande pergunta, é:
Quem toparia se aventurar neste tipo de investimento? Que tal você?
Sal
2 - Se tu queres ser perfeito, vai, vende tudo o
que tens, e terás um tesouro no céu – Claretianos
Primeira
leitura: Juízes 2,11-19 - O Senhor mandou-lhes juízes; eles, porém, nem aos
seus juízes quiseram ouvir.
Salmo responsorial: Salmo
105, 34-37.39-40.43ab e 44 (R. 4a) - Lembrai-vos de nós ó Senhor, segundo o amor
para com vosso povo.
Evangelho: Mateus 19,
16-22 - Se
tu queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, e terás um tesouro no
céu.
Jesus quer instruir seus
discípulos e o evangelista quer instruir a sua comunidade, sobre a atitude que
devemos ter diante da pobreza e da riqueza. O diálogo inicial sobre o que
devemos fazer para alcançar a salvação se move na lógica do que todos já sabem.
Cumprir os mandamentos, algo que o jovem rico fez bastante bem.
Contudo, a pergunta chave é
a que se encontra na metade do relato: Que posso fazer ainda? Jesus propõe o
paradigma da perfeição, que acrescenta o cumprimento, os verbos “partilhar e
seguir”. Podemos ser boas pessoas, cumprindo as normas básicas da religião ou
da sociedade, porém, somente é verdadeiro cristão quem partilha
com os pobres sua riqueza e com Jesus sua vida.
Pobreza e seguimento entram
em conflito com a riqueza do jovem. Para tristeza de todos, triunfa a riqueza.
O jovem não compreendeu que em Jesus e nos pobres estava seu grande tesouro e
que por estes valem a pena deixar tudo. – São muitos os cristãos que nunca se
perguntam “que nos falta fazer ainda?”, erroneamente convencidos de que o
batismo e o cumprimento ritual são suficientes. – A propósito, o que nos resta
por fazer ainda?
3 - “passaporte para a casa do Pai.” - Helena
Serpa
Os mandamentos nos são dados para que tenhamos
aqui uma vida feliz, entregues à providência de Deus. Ele nos deu a Sua Lei
para que a cumpramos e possamos viver, desde já, o reino dos céus, a vida
eterna. Por isso, Jesus é afirmativo e nos avisa: não chegaremos ao céu pelo
que fizermos de bom, porque só Deus é Bom. Mas nos orienta: “Se tu queres
entrar na vida, observa os mandamentos”. Portanto, os mandamentos são o caminho
que nos levam a possuir a eternidade. A vida eterna começa aqui e, atingir a
perfeição do céu, implica em desapegarmo-nos de tudo o quanto nos prende aqui
na terra, projetos pessoais, vontade própria, ideias humanas, bens materiais e
colocá-los à disposição de Deus em favor de alguém. Todas as nossas ações devem
ter um motivo, uma razão de ser e um objetivo dentro do que Deus nos propõe. O
jovem da parábola, cheio de tristeza, afastou-se de Jesus, porque era muito
rico. Ele não percebeu que o apego à sua riqueza estava tirando dele o direito
de perseguir a perfeição seguindo a Jesus. Que Jesus é o único que pode nos
salvar, e com Ele, nós não precisaremos das riquezas aqui da terra, pois o
nosso tesouro está guardado no céu, para onde caminhamos. Com efeito, crer em
Jesus e seguir a Sua Lei é o passaporte que nos levará a uma vida plena na casa
do Pai. – Você é uma pessoa apegada ao que você possui? – Você também fica
triste com esta palavra de Jesus? – O que mais prende você aqui na terra? –
Para você o que significa a vida eterna?
Helena Serpa
Liturgia comentada
Se queres ser perfeito... (Mt 19, 16-22)
Nos últimos tempos, mesmo em certos ambientes de
nossa Igreja, quando se fala em “perfeição”, brotam sorrisos céticos, como se a
simples ideia de perfeição fosse utopia fora de nosso alcance. Ou sintoma de
orgulho espiritual. Como se fôssemos batráquios, incapazes de chegar às
estrelas... Ora, se os filhos de Deus (fomos adotados no Batismo!) não fossem
capazes de tender à perfeição, não viria do próprio Deus uma ordem como a que
se lê na manhã do Antigo Testamento: “Sede santos, porque eu, o Senhor, vosso Deus,
sou santo”. (Lv 19, 2.) Nem ouviríamos de Jesus, já na luz plena do Novo
Testamento: “Sede perfeitos, assim como vosso Pai celestial é
perfeito”. (Mt 5, 48.)
Além do mais, a “perfeição” não resulta de
práticas de ascetismo ou de algum atletismo espiritual. Santos não são heróis
nem super-homens, mas pecadores que se deixaram transfigurar pelo amor de Deus.
O amor nos aperfeiçoa. A mocinha mimada se casa: nascem os filhos e, no
dia-a-dia, ela aprende a amar e a servir, colocando-se em último lugar tão somente
porque ama os filhos. O amor aos filhos santifica as mães. O garotão narcisista
se forma em medicina e vai trabalhar no asilo das velhinhas. Ali, leva um
choque ao descobrir a velhice com suas cruzes terríveis. Seu coração se comove
e o doutorzinho passa a dedicar-se àquelas vovozinhas de alma e coração. Pouco
a pouco, sem o perceber, será santificado pelo carinhoso amor que foi brotando
nele. O amor aos pacientes santifica os médicos.
Neste Evangelho, encontramos um jovem que cumpria
os mandamentos. Todos os dez! E isto já era admirável. Ao manifestar desejo de
seguir a Jesus, o Mestre leu seu coração e percebeu que, mesmo sem infringir a
Lei, era apegado aos bens que possuía. Ora, sem liberdade não se pode amar. O
apego à matéria constrange o coração do homem, sufoca-o de cuidados, cerca-o de
temores, rouba-lhe a paz. E o Mestre a quem pretendia seguir nem mesmo um
travesseiro possuía, onde pudesse descansar a cabeça. Livre como os pardais,
palmilhava as estradas da Palestina a semear uma estranha sementeira de amor.
Daí a observação penetrante, que cortou o peito
do jovem como lâmina afiada: “Uma coisa te falta...” Ele poderia ter pensado:
“Uma coisa me falta? Mas tenho tudo. Nada me falta!” Faltava, porém... Faltava
a liberdade que vem do desapego. A liberdade que torna possível um salto no
escuro, um vôo cego no amor divino.
Somos livres para seguir a Jesus?
Orai sem cessar: “Fora de vós, Senhor, não há felicidade para
mim!” (Sl 16 [15], 2)
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.
HOMILIA DIÁRIA
O que devemos fazer para possuir o Reino do
Céus?
O que nós devemos fazer para possuir o Reino do
Céus? Três coisas precisamos observar.
A liturgia de hoje nos apresenta um jovem muito
rico, que se confronta com Jesus e Lhe pergunta o que precisaria fazer para
possuir a vida eterna. Jesus, hoje, aponta-nos o caminho que devemos percorrer
para possuirmos a vida.
Esse caminho apontado para o jovem é direcionado
também a mim e a você. O que nós devemos fazer para possuir o Reino do Céus?
Três coisas precisamos observar. A primeira delas é “guardar os mandamentos da
lei de Deus, observar os mandamentos da lei divina”.
Nós nem podemos pensar nos outros passos se não
vivermos o primeiro. Você se recorda dos dez mandamentos? Amar a Deus sobre
todas as coisas, não tomar seu santo nome em vão, não matar, não roubar, não
pecar contra a castidade… Enfim, aqueles mandamentos que aprendemos desde
criança, mas que deixamos de observar um ou outro.
A segunda coisa é “saber repartir”. “Se
queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e
terás um tesouro no céu” (Mt
19,21).
Às vezes, não precisa ser muito rico, pois todo
mundo tem o que partilhar. Muitas vezes, são os mais pobres que partilham o
pouco que têm; outros, retêm as coisas para si.
Discípulo de Jesus Cristo não pode ser acumulador
de bens, discípulos de Jesus Cristo tem o dom e a graça da partilha. Nós
entraremos no Reino dos Céus se soubermos observar os mandamentos de do Senhor,
partilhar os bens que temos, sejam eles poucos ou muitos. Sobretudo, temos de
cuidar dos pobres, dar atenção aos necessitados e não fazermos de nada um
tesouro na Terra, porque nosso único tesouro está no Céu, e é ele que devemos
guardar para sempre.
Não podemos nos apegar a nada que é da Terra,
porque um tesouro maior, uma graça maior é reservada para nós no Céu.
Que hoje saibamos percorrer esses passos que nos
conduzem para a eternidade feliz junto do Pai.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista
e colaborador do Portal Canção Nova.
Oração Final
Pai Santo, que o nosso amor aos irmãos se manifeste
em ajuda eficaz em suas dificuldades. Que sejamos cuidadosos com o próximo,
generosos na partilha dos bens e talentos com que nos cumulaste, e agradecidos
a Ti, Pai amado, sobretudo pelo Cristo Jesus, teu Filho que se fez um de nós e
contigo reina na unidade do Espírito Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, o nosso amor aos irmãos deve se
manifestar na forma de ajuda eficaz em suas dificuldades. Que sejamos
cuidadosos com o próximo, generosos na partilha dos bens e talentos com que nos
cumulaste, e agradecidos a Ti, amado Pai, sobretudo pelo Cristo Jesus, teu
Filho que se fez um de nós e contigo reina na unidade do Espírito Santo.