De fato, a graça ao divinizar a alma, a torna tão bela e atraente que, se nos fosse possível vê-la, teríamos a tendência de adorá-la, imaginando que fosse Deus. Fortalecendo todas as suas potências, nutrindo-a com inspirações santas e com impulsos de amor, Jesus-Hóstia faz com que a alma pervadida pela graça se assemelhe cada vez mais a Ele.13 Por isso, quando vemos as maravilhas operadas pelos homens de Deus, podemos estar certos de que elas provêm muito mais da Eucaristia, da qual são devotos, do que de eventuais qualidades pessoais.
Além desses sublimes benefícios produzidos na alma pela Eucaristia, devemos considerar que, apesar de nossas limitações ou até imperfeições, Nosso Senhor tem saudades de nós, e quer nos aproximar d’Ele, pois encontra as suas “delícias em estar com os filhos dos homens” (Pr 8, 31). Com muita propriedade, encontra-se em algumas capelas do Santíssimo Sacramento a expressiva frase de Santa Marta à sua irmã: “Magister adest et vocat te” — “O Mestre está aqui e te chama” (Jo 11, 28). Quando entramos no recinto sagrado para fazer-Lhe uma visita, Jesus-Hóstia nos acolhe com alegria, como que dizendo: “Aqui está o meu filho! Há quanto tempo Eu não o via... Venha!”. De fato, nosso Redentor nos ama tanto que, por maiores que sejam nossas misérias, Ele Se alegra em nos ver.
Energia para enfrentar as dificuldades
Muitas são as conjunturas nas quais a pessoa se sente anêmica espiritualmente: ocasiões próximas de pecado que se apresentam, ou circunstâncias favorecedoras de um depauperamento espiritual, enfim, inúmeras situações que podem dessorar a fortaleza de alma. Onde então recuperar energias? Na Eucaristia. Disso nos dá exemplo — entre outros incontáveis santos — São Tomás de Aquino. Nas primeiras horas da manhã, ele celebrava sua Missa e em seguida assistia à de outro frade.14 Segundo consta, gostava inclusive de acolitar as Missas de seus irmãos de hábito. “Falando sobre os Sacramentos — disse recentemente o Papa Bento XVI —, o grande São Tomás reflete de modo particular sobre o Mistério da Eucaristia, pelo qual alimentou uma enorme devoção, a tal ponto que, segundo os antigos biógrafos, costumava aproximar a sua cabeça do Tabernáculo, como que para sentir palpitar o Coração divino e humano de Jesus”.15
Permanência dos efeitos da Eucaristia
Às vezes, cometemos o equívoco de pensar que, quando comungamos, Jesus Cristo mantém-Se presente em nós apenas nos cinco ou dez minutos de duração das espécies eucarísticas. Trata-se de uma realidade espiritual muito mais profunda. De fato, mesmo após cessar a presença real de Nosso Senhor “a graça permanece na alma que comunga, porque ela recebeu em estado de graça o Pão da Vida”, afirma Santa Catarina de Sena.16
Na Comunhão é Cristo que “nos diviniza e transforma em Si mesmo. “Consumidos os acidentes do Na Eucaristia alcança o cristão sua máxima ‘cristificação’” pão”, disse-lhe Nosso Senhor em uma revelação, “deixo em vós a marca de minha graça, como o selo aplicado sobre a cera quente. Tirando o selo, fica nela sua marca. Assim, resta na alma a virtude desse Sacramento, ou seja, mantém-se o calor da divina caridade, clemência do Espírito Santo. Continua em vós a luz da sabedoria de meu Filho Unigênito, que ilumina os olhos de vossa inteligência para que conheçais e vejais a doutrina de minha verdade e dessa mesma sabedoria”.17
Um alimento que assume quem o toma
Quando comemos, nosso organismo assimila os alimentos ingeridos, deles retirando as substâncias úteis para a vida. Mas, ensina-nos a Teologia, quando comungamos passa-se o contrário: é Cristo que “nos diviniza e transforma em Si mesmo. Na Eucaristia alcança o cristão sua máxima cristificação, em que consiste a santidade”.18 Não O consumimos, pois Ele cessa a sua presença sacramental em nós a partir do momento em que as Sagradas Espécies deixarem de subsistir. Estando em nós, Ele nos enche de vida sobrenatural, santifica nossa alma e beneficia em consequência nosso corpo.
Por essa razão, o próprio Jesus, como nos narra o Evangelho desta Solenidade, ressalta a substancial diferença entre o maná recebido pelos judeus no deserto e o alimento trazido por Ele na Eucaristia: “Este é o pão que desceu do Céu. Não é como aquele que os vossos pais comeram. Eles morreram. Aquele que come este pão viverá para sempre” (Jo 6, 58).
Penhor da ressurreição para a vida eterna
“Pela Santa Comunhão renova-se de certo modo o augusto mistério da Encarnação”19, afirma com autoridade São Pedro Julião Eymard. O padre Royo Marín é mais afirmativo: na alma de quem acaba de comungar, diz ele, “o Pai engendra seu Filho Unigênito, e de ambos procede essa corrente de amor, verdadeira torrente de chamas, que é o Espírito Santo”.20 Em virtude da união eucarística, a alma do fiel se torna “mais sagrada que a custódia e o cálice, mais até que as próprias espécies sacramentais, que certamente contêm a Cristo, mas sem tocá-Lo e sem receber d’Ele qualquer influência santificadora”.21 E por isso, quem comunga recebe graças para bem viver de acordo com os Mandamentos e depois ter o prêmio da ressurreição com o corpo glorioso: “Aquele que come este pão, viverá para sempre” (Jo 21, 58).
IV – Saibamos retribuir sem medidas
Infelizmente, muitas vezes não avaliamos com profundidade todos os benefícios recebidos nesse sacral convívio com a Eucaristia na qual nosso Divino Redentor está realmente presente como quando operou a transformação da água em vinho nas bodas de Caná, ou quando ressuscitou Lázaro, ou ainda quando expulsou os vendilhões do Templo. O que não daríamos para presenciar um único milagre de Jesus ou ouvir algum de seus sermões? Ou mesmo receber d’Ele um só olhar? Quando chegarmos ao Céu, se Deus nos conceder essa suprema graça, compreenderemos que um instante de adoração eucarística compensa mil anos de sacrifícios na Terra.
E, no entanto, hoje temos Jesus-Hóstia nos tabernáculos sempre à nossa disposição; a qualquer momento Ele lá está nos aguardando com insignes graças, desejoso de receber nossa pobre visita. Se na Encarnação Deus quis Se unir à mais pura das criaturas, na Santa Comunhão Ele celebra suas bodas com cada pessoa em particular, numa união sem paralelo. “A alma une-se de tal forma a Jesus Cristo que perde, por assim dizer, seu próprio ser e deixa viver tão-somente Jesus nela”.22 Perde-se em Nosso Senhor como uma gota d’água no oceano. E a correspondência de nosso amor tornará mais perfeita e profunda essa união.
Peçamos a Jesus Sacramentado, nesta festa da Eucaristia, um amor íntegro e uma entrega total a Ele, única restituição digna por tudo quanto d’Ele recebemos. E transbordemos de alegria e de entusiasmo por sermos tão amados individualmente por um Deus que já nesta vida é a nossa “recompensa demasiadamente grande” (Gn 15, 1).
Mons. Clã Dias
Reflexão
O ser humano necessita do alimento para sustentar a vida; sem comida e sem bebida, a pessoa não sobrevive por muito tempo. Jesus se apresenta no evangelho de hoje como “o pão vivo que desceu do céu”. Ele, Palavra encarnada, conscientiza-nos de que o ser humano não vive somente de pão material, mas necessita também de outro alimento. Comer a carne e beber o sangue dele é inebriar-se de sua mensagem e de suas propostas de vida digna e comprometer-se com a vida concreta das pessoas. Isso significa incorporar Cristo em nossa vida do dia a dia. A oferta de sua carne e seu sangue simboliza a doação total da própria vida. Jesus utilizou o símbolo do pão para mostrar uma realidade mais profunda, além do aspecto físico. É justamente num pedaço de pão que ele quis eternizar-se na Igreja e na humanidade. Ele veio não para dar “coisas”, mas dar-se a si mesmo. O pão oferecido contém sua própria entrega: seu corpo é “corpo entregue”, seu sangue é “sangue derramado”.
Oração
Ó Jesus, pão vivo que desceu do céu, o mistério de tua morte na cruz realiza-se hoje na celebração eucarística: entregas a tua vida, a fim de alimentar a nossa vida. Queres estabelecer íntima comunhão com cada um de nós. Senhor, vem nos sustentar também com o vigor de tua Palavra. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2020 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp (dias de semana) Pe. Nilo Luza, ssp (domingos e solenidades))
Reflexão
Esse discurso de Jesus vai se tornar mais claro à luz da instituição da Eucaristia. Aqui ele fala de comer a sua carne e beber o seu sangue. Era naturalmente linguagem estranha aos ouvidos dos discípulos, pois para eles beber o sangue, centro da vida, era severamente proibido. Ao instituir a Eucaristia, Jesus cumpre a promessa de nos dar o seu corpo como alimento e o seu sangue como bebida. Carne e sangue equivalem à totalidade da pessoa humana. Para realizar seu desejo, isto é, dar a sua vida para a vida do mundo, Jesus escolheu o pão e o vinho, sobre os quais pronunciou as palavras “isto é o meu corpo”, “isto é o meu sangue”. É como se Jesus dissesse: “Isto sou eu: peguem e comam”. A Eucaristia é forte apelo à comunhão dos cristãos. Estes constituem a Igreja, e a Igreja é “corpo de Cristo”.
(Dia a Dia com o Evangelho 2023)
Reflexão
A Eucaristia
Rev. D. Antoni CAROL i Hostench
(Sant Cugat del Vallès, Barcelona, Espanha)
Hoje Jesus anuncia o dom mais precioso que —em seu amor infinito— se dispõe a dar-nos: Ele mesmo, seu próprio Corpo sacrificado e seu Sangue derramado por nossa salvação. Só uma grande fé, só uma grande confiança pode dar crédito a essas palavras. Alguns judeus discutiam e desconfiavam.
O fato histórico é que Jesus Cristo, na Última Ceia, disse: "Este é meu corpo…"; "Este é meu Sangue…". Seu Corpo e seu Sangue, literalmente. Cristo é Deus e pode fazê-lo. Se Ele disse, por que duvidar? A Igreja Católica nunca duvidou. Não nos pede entender o milagre, e sim aceitá-lo. Curiosamente, aqueles judeus que discutiram, pouco antes, se haviam beneficiado da multiplicação dos pães e peixes: um milagre que não discutiram!
—Jesus: confesso que com a Eucaristia "concentras" e perpetuas tua paixão, morte e ressurreição. Eu posso viver tudo isso (até "comê-lo"), simplesmente, recebendo com fé teu Corpo na Comunhão. Maravilhoso!
Recadinho
Como é sua fé? - Que lugar ocupa a Eucaristia em sua vida? - O que você mais pede a Deus? - Você se dirige frequentemente a Deus? Como? - Que lugar ocupam as coisas de Deus em sua vida?
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Comentário do Evangelho
A Festa de Corpus Christi foi instituída pelo papa Urbano IV em 11 de agosto de 1264, em vista de destacar a dimensão sacramental que a tradição romana associou à última ceia de Jesus, já celebrada na semana santa.
A ceia é um momento de alegria, partilha e comunhão. Descartando a manducação do cordeiro pascal, Jesus apresenta-se como o pão que dá a vida, e o vinho que alegra a todos, inaugurando a nova celebração do Reino de Deus. A Eucaristia é a celebração da comunidade viva, animada pelo Espírito, unida em torno de Jesus, empenhada em cumprir a vontade do Pai, que é vida para todos.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Senhor Jesus Cristo, neste admirável sacramento, nos deixastes o memorial da vossa paixão. Dai-nos venerar com tão grande amor o mistério do vosso Corpo e do vosso Sangue, que possamos colher continuamente os frutos da vossa redenção. Vós, que sois Deus com o Pai, na unidade do Espírito Santo.
Oração
Senhor Jesus Cristo, neste admirável sacramento, nos deixastes o memorial da vossa paixão. Dai-nos venerar com tão grande amor o mistério do vosso Corpo e do vosso Sangue, que possamos colher continuamente os frutos da vossa redenção. Vós, que sois Deus com o Pai, na unidade do Espírito Santo.
Meditando o evangelho
O VERDADEIRO ALIMENTO
As palavras de Jesus quanto a “comer a sua carne” e “beber o seu sangue”, causaram dúvidas em seus adversários e até em seus discípulos. O linguajar do Mestre pareceu-lhes duro e exagerado. Quem, em sã consciência, podia fazer tal afirmação? Jesus foi taxativo. Falava, claramente, em mastigar a sua carne e ingerir o seu sangue, no sentido material, e não em sentido figurado. Daí o mal-entendido.
Entretanto, o bom entendedor – o cristão iniciado na doutrina de Jesus – sabe perfeitamente que se tratava do sacramento da Eucaristia. A comunidade que celebra “come o corpo de Cristo” e “bebe o sangue de Cristo”, sob a figura do pão e do vinho. Este gesto, no entanto, tem como efeito gerar uma verdadeira comunhão de vida entre Jesus e o discípulo. Assim como comer e beber tornam o alimento e a bebida parte do organismo humano, ao serem assimilados, o mesmo acontece, quando se participa da Eucaristia: por meio dela, o discípulo entra na mais profunda comunhão com Jesus ressuscitado, tornando-se uma só coisa com ele.
Somente quem participa da comunidade cristã experimenta esta comunhão com o Senhor. Ninguém celebra a Eucaristia sozinho. Vivendo em comunhão com os irmãos e irmãs de fé, os discípulos, pela Eucaristia, têm garantida a vida eterna, que brota do Ressuscitado.
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total).
Oração
Pai, faze que eu entenda cada vez mais o sentido da Eucaristia, sacramento de comunhão transformadora com o teu Filho Jesus. Que ela seja, para mim, fonte de vida eterna.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. CORPUS CHRISTI
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Claro que não temos na Hóstia Consagrada o Jesus Histórico, mas sua presença é real na Eucaristia, não é uma simples lembrança, um mero simbolismo, mas o Pão e o Vinho passam a ser acidente, pela transfiguração transformam no Corpo e Sangue do Senhor.
Certa ocasião, uma Senhora disse ao Sacerdote, "Sabe Padre, eu queria tanto ter a graça de constatar um milagre da Eucaristia, mas parece que Deus me acha indigna desse milagre"
O Sacerdote foi sábio em sua resposta "Quem precisa de um milagre assim, é porque falta-lhe a Fé, basta sabermos que o Senhor está ali na brancura da Hóstia e isso nos basta".
Comer a carne de alguém parece ser algo tão repugnante, todas as culturas rejeitam o canibalismo, beber o sangue de alguém vai nessa mesma linha, é algo repugnante.... Mas...
Na Eucaristia se torna presença real de um Deus que em Jesus se entrega, se rebaixa mais uma vez, tornando-se um pedaço de pão, para fazer parte da nossa vida, para ser uma extensão do nosso Ser e permitir-se também ser Ele uma extensão do nosso. Que maravilhoso mistério, Deus e homem unidos em uma só carne, Humano e Divino tão juntos que é impossível distinguir onde está um e onde está outro.
Eucaristia é a junção de duas coisas totalmente opostas, a riqueza e a Poderosa Graça de Deus, misturando-se as nossas misérias, ou nas palavras de João: é Deus armando a sua tenda, ao lado do nosso barraco, da nossa favela. É quase que a Encarnação de Jesus, acontecendo em nossa Vida, a encarnação do Germe Divino no Ventre de Maria, ecoando em nós na Comunhão Eucarística.
Precisamos nos dias de hoje ter um cuidado com o modo como vemos a Eucaristia, claro que devemos adorá-la no Ostensório, mas que não fique apenas nisso. Esse Jesus que adoramos e damos a público o testemunho da sua real presença na Festa de Corpus Christi, deve fazer parte da nossa vida, deve estar no mais íntimo de nós, deve ser o sentido maior da nossa existência. Senão, caímos na comparação da Dona Gertrudes, da nossa equipe de reflexão "Quem adora a Eucaristia, mas não comunga, é como a pessoa que vai na padaria, olha a vitrine os doces e bolos saborosíssimos, e depois vai embora com água na boca, sem experimentar nada daquelas guloseimas. Jesus, antes de ser adorado, quer ser comungado, o Ostensório mais esplendoroso que Ele deseja estar sempre, é no coração humano dos que o aceitam e Nele crêem ...
E não se confunda a Eucaristia com um belo troféu para quem tem uma moral inabalável e pratica todas as virtudes. Nosso “Papa Francisco escreveu na sua primeira Encíclica “Evangelium Gaudio” que a Eucaristia é o alimento dos Fracos”.
2. Eu sou o pão vivo que desceu do céu - Jo 6,51-58
Experimente ler todo o capítulo sexto do Evangelho de São João. Faça-o hoje, que é feriado de Corpus Christi. É o grande sermão do pão. Jesus é o Pão da Vida, que alimenta o ser humano. Ele alimenta na sua palavra e no sacramento. O sacramento é feito de palavras e de matéria. Neste sacramento as palavras são as da consagração sobre o pão e o vinho no contexto da celebração da Santa Missa. Ao terminar o sermão do pão, Jesus disse que sua carne é verdadeira comida e seu sangue, verdadeira bebida. Por que teve que dizer duas vezes “verdadeira”? Para dar força à nossa fé, para a superação da fraqueza e das dúvidas. Os sentidos podem duvidar, assim como a ciência, e até mesmo a ignorância. Era preciso dizer com força o que era verdade: “Minha carne é verdadeira comida e meu sangue é verdadeira bebida”.
HOMILIA
Meditação da Solenidade de Corpus Christi
Amados irmãos e irmãs em Cristo, o pão vivo descido do céu!
Estamos reunidos em torno da mesa da Palavra e do Santo Sacrifício para fazer memória do Senhor e de sua presença mais real e íntima dentro de nós – a Eucaristia.
A Igreja reserva um dia belíssimo como este para proclamar publicamente a fé na Eucaristia – Corpo e Sangue de Jesus. Neste dia santo e de guarda somos todos os felizes convidados para a ceia do Senhor que também nos convida a estendermos em nossas vidas o mistério celebrado!
Uma das funções ou necessidades mais fundamentais do ser humano é comer e beber! Sem esta condição a vida não pode ser mantida! Quanto mais no deserto onde a escassez de alimento e bebida é intensa. Nesta experiência, o povo de Deus é lembrado da presença e do auxílio de Deus que o libertou, conduziu, instruiu, alimentou, mas também o pôs à prova em sua fidelidade à aliança estabelecida. Quando necessário, por se tratar de um povo de coração fechado e cabeça dura, também o humilhou entregando-o à própria sorte. Entretanto a imagem mais marcante é a memória do povo que é alimentado no deserto com o maná (pão que caía do céu!) pelo próprio Senhor!
A experiência de alimentar-se é necessariamente uma atividade coletiva e porque não dizer comunitária. Como é triste alguém comer sozinho, parece até que o alimento não tem sabor nem a refeição o seu sentido. São Paulo Apóstolo nos lembra que a nossa refeição eucarística no corpo e sangue de Cristo é comum união com o próprio Senhor e com os irmãos também!
Nesta solenidade o Senhor apresenta-se para nós como “o pão vivo descido do céu” (Jo 6,51), sua carne, verdadeira comida e seu sangue, verdadeira bebida são o alimento que nos revigora e nos forma enquanto discípulos-missionários. É o alimento da vida eterna, onde pela fé os nossos sentidos são orientados e ordenados para percebermos no pão e no vinho, eucaristizados, o “pannis angélicus” – o pão dos anjos que se tornou pão dos homens que em sua grande riqueza tornou-se pobre para nos enriquecer e nos alimentar. Comendo e bebendo com o Senhor, permanecemos n’Ele, sua vida divina permanece em nós e nos tornamos no alimento que recebemos para a vida do mundo.
Por tratar-se de uma “refeição festiva” ninguém deve ficar de fora, porém nós temos que avaliar bem se estamos de fato condizentes com o que vamos receber, não por causa de nós mesmos, mas pelo que recebemos – o próprio Senhor. É claro que estaremos sempre aquém, em dignidade; entretanto, o alimento sagrado que recebemos deve ser para a nossa salvação e não para ser motivo de condenação.
No coração da Igreja existe uma profunda dor pelos filhos e filhas que estão privados da comunhão eucarística, por alguma restrição pessoal, contudo será muito útil, pastoralmente, indicar a comunhão na Palavra (Proclamada e Explicada), pois é o próprio Senhor quem nos alimenta, como também na comunhão espiritual onde o nosso coração se une misteriosamente com o coração amoroso de Jesus Eucarístico.
Em Jesus o Bom Pastor e no Coração Imaculado de Maria.
Pe. Fernando Antonio Carvalho Costa – Arquidiocese de Fortaleza
HOMILIA
Espiritualidade Bíblico-Missionária
Eucaristia, presença real de Jesus: A liturgia de hoje nos recorda de maneira especial o significado do mistério eucarístico, que é “fonte e ápice de toda a vida cristã”, tal como nos ensina o magistério da Igreja. Mais do que uma expressão devocional, a Solenidade de Corpus Christi nos remete à presença real do Cristo na vida da Igreja, fortalecendo-a em sua missão de anunciar e testemunhar o Evangelho. As leituras da missa de hoje apontam justamente para a presença misteriosa de Deus no meio de seu povo, sustentando-o e nutrindo-o no caminho de libertação da escravidão (1ª leitura). Essa mesma presença promove a união entre as pessoas, despertando-as para a vida fraterna: “Porque há um só pão, nós todos somos um só corpo” (2ª leitura). Comungando do corpo e sangue de Jesus, estamos assumindo um compromisso de sermos seus discípulos, participando plenamente de sua proposta de vida.
Eucaristia, Sacramento da unidade: Ao comungarmos da vida de Jesus em sua totalidade, não apenas naquilo que nos seja agradável, alçamos a plenitude da vida: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna” (Jo 6,54). A Eucaristia nos une a Jesus assim como Ele está unido ao Pai. Por isso, podemos dizer que a Eucaristia é o sacramento da unidade: ela une a Igreja em torno do Cristo e gera a comunhão entre os irmãos, promovendo a construção de relações saudáveis e fraternas. É a Eucaristia que alimenta a caridade.
Eucaristia, Sinal da Páscoa de Jesus: O mistério pascal de Cristo, sua morte e ressurreição, é o centro de nossa fé. A Eucaristia é o memorial dessa Páscoa de Cristo, o sacramento que nos faz participar desse momento culminante de toda a história da salvação. Ela é, portanto, a síntese da nossa fé. Em cada missa que participamos, atualiza-se no presente de nossa história a obra da redenção. É por isso que para nós nenhuma missa é igual à outra, mas sempre ocasião de renovar nossas forças e sermos enviados em missão. Não há sentido em participar da refeição fraterna da Comunidade sem a disposição de nos tornarmos também alimento de esperança e de vida para a Comunidade. Que nossa participação no Corpo e Sangue de Jesus nos faça cada vez mais unidos a Ele e aos irmãos.
Pe. Fábio Evaristo Resende Silva, C.Ss.R.
REFLEXÕES DE HOJE
QUINTA
HOMILIA DIÁRIA
Na Eucaristia temos a presença amorosa de Deus entre nós!
A Eucaristia é a presença amorosa de Deus entre nós, no meio de nós! Tenhamos cada vez mais uma espiritualidade voltada para a Eucaristia.
“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele” (João 6, 56).
Glórias e louvores sejam dados a todo momento ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento. Nós celebramos hoje a grande Solenidade de Corpus Christi; na verdade, nós hoje nos voltamos naquela Quinta-feira Santa, quando o Senhor, na Última Ceia, nos deu Seu Corpo e Seu Sangue como sinal permanente da Sua presença em nosso meio.
O mistério é grande e ultrapassa a nossa compreensão humana, e, ao mesmo tempo, é profundo e cercado de amor. Esse amor maravilhoso que Deus tem para conosco.
O Senhor não sacrifica animais, o Senhor não quer pele de cordeiros e de touros, é o Senhor mesmo quem se sacrifica, é o Senhor mesmo que se dá a nós; Ele é o sacerdote e, ao mesmo tempo, é o alimento que sacia a nossa fome e a nossa sede.
A Eucaristia é a presença amorosa de Deus entre nós e no meio de nós! Porque se a promessa de Deus é que estará conosco todos os dias, até o fim do mundo, Ele tem muitas maneiras de estar entre nós. Mas existem manifestações, por excelência, de Deus entre nós, existem as manifestações sacramentais e o sacramento por excelência, por meio do qual nós vislumbramos, contemplamos e nos saciamos, até diariamente quando possível, da presença de Deus é no mistério e no Sacramento da Eucaristia.
O pão transubstanciado já não é mais pão, o cheiro, a aparência e a forma são de pão, mas a substância se transformou no Corpo do Senhor [no ato da consagração feita pelo sacerdote na Santa Missa]. Do mesmo jeito o vinho que vem das mãos de nós sacerdotes, o cheiro, o gosto, a aparência é de vinho, mas foi transubstanciado no Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo após a oração. Daí podemos todas as vezes que comungamos, devidamente, exclamar como São Paulo: “Já não sou que vivo, é Cristo que vive em mim”, é Ele que está em mim, pelo Seu Corpo e pelo Seu Sangue. Por isso o próprio Senhor nos afirma, que quem come a Sua Carne e bebe o Seu Sangue, permanece n’Ele.
Meus irmãos, nós hoje somos convidados a permanecer no Senhor e com Ele. Somos convidados a ter em nosso corpo as marcas do Senhor, a presença maravilhosa de Deus entre nós. Sejamos cada vez mais eucarísticos, tenhamos cada vez mais uma espiritualidade voltada para a Eucaristia. E para isso não importa se você pode comungar ou se você não pode comungar, se você tem condições de ir à Missa todos os dias ou não pode. O Senhor está presente nos sacrários do mundo inteiro, mesmo que a porta da igreja esteja fechada, e até quando o ônibus e o seu carro passam em frente a uma igreja, lembre-se de que o Senhor está ali.
Na intenção, no desejo, na vontade, adore o Senhor presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Adore-O realmente, volte para Ele todo o seu coração, toda a sua alma e todo o seu ser para reconhecer esse grande mistério do amor de Deus por nós. Glórias, louvores e exaltações se deem a todo momento na presença maravilhosa de Jesus na Eucaristia!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
HOMILIA DIÁRIA
Deus é o alimento para a nossa vida
“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele” (João 6,56).
Celebramos com muita graça, no dia de hoje, a Festa do Corpo e do Sangue de Cristo, o Santíssimo Sacramento.
Corpus Christi para nós é a festa da nossa fé e da nossa vida. Cremos em Jesus, o Filho de Deus, encarnado no meio de nós. A encarnação de Jesus, no ventre de Maria, se torna ainda mais sublime, porque Aquele que se faz presente na Carne se faz presente no Pão e no Vinho. E não se faz presente por estar ali representado, se faz presente por Ele ser o Pão transubstanciado no seu Corpo e no seu Sangue.
Que beleza é o mistério do amor desse Deus que desce e se encarna! E o Deus que se rebaixa e desce à condição de ser Pão e Vinho para se tornar o alimento da nossa vida.
Deus sabe de todas as carências que nós temos. Fico olhando o quanto sofrem as pessoas que têm carência alimentar, das vitaminas necessárias para a subsistência do corpo, como precisam se alimentar, como precisam encontrar o alimento.
A nossa alma, o nosso espírito e o nosso ser precisam do alimento eterno
Todos nós precisamos de uma alimentação correta, que realmente possa preencher as lacunas da subsistência humana, mas, veja que, não é só do pão que vivemos, do pão que alimenta o corpo, pois a nossa alma, o nosso espírito e o nosso ser precisam do alimento eterno. Por isso, o nosso Deus não só nos dá o alimento, mas Ele mesmo se faz alimento. Ele mesmo torna-se o pão e a bebida para saciar a nossa fome e sede.
A graça é essa porque quem come desse pão come a sua Carne; e quem bebe do vinho bebe do Seu sangue permanece n’Ele e Ele em nós.
Veja que graça sublime é esta: Deus permanece conosco e permanecemos n’Ele pelo mistério do Seu Corpo e Sangue. Nosso Deus não é um Deus distante, Ele é um Deus presente, vivo e presente em nós para que tenhamos comunhão com Ele. E quem come desse pão para sempre viverá.
A Eucaristia é o sacramento que nos introduz e nos coloca na comunhão da eternidade. Viver a Eucaristia é viver em Jesus, é levar a vida n’Ele e celebrá-Lo em nós.
Celebremos, hoje, de forma festiva, seja em nossos lares e onde quer que estejamos, demos glória e louvores em todo momento ao Santíssimo e ao Diviníssimo Sacramento; demos glórias e louvores a todo momento à presença amorosa de Deus, que se tornou o nosso alimento.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Oração Final
Pai Santo, nós te agradecemos pelo grande Dom da Vida – da Vida Plena que se manifestou no Cristo Jesus. E te pedimos, Pai amado, que nos mantenhas fieis e perseverantes no Caminho do teu Reino, já sinalizado na comunhão fraterna que buscamos viver nesta terra. Pelo mesmo Cristo Jesus, teu Filho e nosso Irmão, que contigo reina na unidade do Espírito Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai amado, dá-nos a consciência de que a participação no Mistério do Corpo (Vida e trabalho) e Sangue (sofrimento e Morte) de Cristo significa para nós, mais do que um privilégio. Ela é nosso compromisso de nos lembrarmos sempre que estamos unidos com a Criação e a Humanidade como testemunhas – perante os companheiros de caminhada – de que somos todos amados Filhos teus, com o Cristo Jesus, teu Unigênito que se fez nosso Irmão, e contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Oração
SENHOR JESUS CRISTO, neste admirável sacramento nos deixastes o memorial da vossa paixão. Dai-nos venerar com tão grande amor o mistério do vosso Corpo e do vosso Sangue, que possamos colher continuamente os frutos da vossa redenção. Vós, que sois Deus com o Pai, na unidade do Espírito Santo. Amém.