ANO C
Mt 23,13-22
Comentário do
Evangelho
O caminho que conduz a Deus é Jesus.
O capítulo 23 de Mateus é uma forte crítica aos
escribas e fariseus que, ao longo do evangelho, foram, e continuaram a sê-lo,
os adversários mais importantes de Jesus. O objeto da crítica é a hipocrisia
deles. As lamentações de Jesus contra eles se repetem como um refrão ao longo
do capítulo. “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas!” (vv.
13.15.16.23.27.29). Eles têm autoridade para interpretar e ensinar a Lei de
Moisés (v. 2), mas são hipócritas: dizem aos outros o que tem de ser feito, mas
eles mesmos não o fazem (v. 3) – nisto consiste a hipocrisia deles.
Eles são como “porteiros”: põem tantas proibições
no que diz respeito às práticas religiosas que ocultam aos outros a ação de
Deus na história. Nisto eles desestimulam os outros a entrar no Reino dos céus.
Mas eles mesmos não entram por causa de sua hipocrisia (cf. v. 13). A campanha
proselitista que eles promovem não visa à conversão dos pagãos ao Deus único e
verdadeiro, mas às suas próprias concepções; por isso fazem dos prosélitos
merecedores do inferno. São “guias cegos”, pois desviam o povo do verdadeiro
caminho que conduz a Deus. O caminho que conduz a Deus é Jesus.
Jesus repudia todo tipo de juramento (cf. Mt
5,33-37). Dizer que são guias cegos significa também afirmar que a prática que
eles propõem não vem da iluminação da Palavra de Deus.
Carlos Alberto Contieri, sj
Vivendo a Palavra
Jesus mostra mais uma vez que religião não
consiste em conhecer ou mesmo ensinar Leis, mas em vivê-las. Nós não somos
professores, mas testemunhas da fé. Tentamos espelhar em nossa vida o exemplo
dado por Jesus de Nazaré. Somos seus discípulos encarregados de anunciar a Boa
Notícia do Reino no nosso tempo.
VIVENDO A PALAVRA
Jesus mostra mais uma vez que religião não
consiste em conhecer ou mesmo ensinar Leis, mas em vivê-las. Nós não somos
professores, mas testemunhas da fé. Tentamos espelhar em nossa vida o exemplo
dado por Jesus de Nazaré. Somos seus discípulos encarregados de anunciar a Boa
Notícia do Reino de Deus no nosso tempo.
Reflexão
Muitas vezes, temos dificuldades de ver a
religião na sua totalidade e, com isso, a reduzimos a alguns aspectos que
julgamos mais importantes, mas que são frutos na nossa subjetividade. O
problema é que, na maioria das vezes, nos prendemos ao que é acidental no plano
da fé, como, por exemplo, sinais externos ou formas de espiritualidade e nos
esquecemos dos valores que de fato são essenciais à nossa fé, seja no plano das
verdades, seja no campo da espiritualidade, seja no campo da moral ou da
virtude, de modo que a nossa religiosidade fica sendo superficial e unilateral,
a religião que nós queremos viver e não a religião que Deus quer que nós
vivamos.
Reflexão
Severa
advertência aos líderes religiosos. Com malícia, esperteza e jogo de palavras,
os doutores da Lei e os fariseus distorcem a prática da religião e enganam os
fiéis. Com habilidade, manipulam os ensinamentos da Escritura, não para
beneficiar o povo, mas para tirar proveito da “obediência” do povo. Jesus os
desmascara. Chama-os de hipócritas, isto é, fingidos. Exigem o cumprimento das
múltiplas leis, mas não as põem em prática; aumentam o número de seguidores,
não para orientá-los para a vida plena e a liberdade, mas para mantê-los
prisioneiros de seus caprichos. Jesus os chama de cegos: insistem nos detalhes
da Lei, mas desviam o povo do cumprimento das leis divinas fundamentais.
Benéfica meditação para todos os que têm algum grau de liderança na Igreja.
(Dia a dia com o Evangelho 2019 - Pe. Luiz Miguel
Duarte, ssp)
Meditação
Sou coerente no que digo e no que faço? - Meu
modo de viver demonstra que creio no Reino de Deus? - Busco ídolos falsos
ou Aquele que dá respostas autênticas? - Amo a Deus sobre todas as coisas
e ao próximo como a mim mesmo? - Os que seguem a mesma religião que eu
sentem-se bem com minha presença? - Comente a afirmação: “As palavras comovem,
mas os exemplos arrastam!”
Padre Geraldo Rodrigues,
C.Ss.R
Meditando o evangelho
AI DE VÓS!
A denúncia cerrada de Jesus contra os mestres da Lei e os fariseus
demonstra sua aversão ao modo de pensar e agir destes grupos, cuja influência
religiosa era bem conhecida. Sua pretensa virtude não tinha consistência.
Bastava uma análise mais detida para se perceber que não passava de pura
fachada. Seus ensinamentos, ao invés de colaborar para as pessoas entrarem no
Reino dos Céus acabavam por afastá-las de Deus, uma vez que a doutrina que
ensinavam era enganosa.
Quanto ao juramento, transmitiam uma doutrina complicada, cheia de
casuísmos, para chegar a uma conclusão incorreta. E convenciam as pessoas de
muitas outras doutrinas, que para nada serviam. O esforço para converter muita
gente para o judaísmo tornava-se inútil. A fé judaica, entendida na perspectiva
da hipocrisia farisaica, não era fonte de salvação, mas de condenação.
O discurso de Jesus não se dirigia, em primeiro lugar, aos fariseus.
Estes não estavam minimamente preocupados com o que Jesus pensava a respeito
deles. A destinatária destas palavras fortes era, na verdade, a comunidade
cristã. Essa, sim, devia estar atenta para não se deixar contaminar por um modo
de vida tão contrário à proposta de Jesus. O Reino exigia dos discípulos
sinceridade e transparência, boa fé e honestidade, respeito a Deus e ao
próximo. A comunidade cristã deveria caracterizar-se pela prática destas
virtudes.
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo
Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE –
e disponibilizado no Portal Dom Total).
Oração
Senhor Jesus, dá-me virtude e sabedoria suficientes
para ser honesto no trato com o meu próximo, para eu não querer parecer, o que,
efetivamente, eu não sou.
Comentários do Evangelho
1 - Ai de vós, guias
cegos! - José Salviano
Neste Evangelho, Jesus continua dizendo a verdade
para os mestres da Lei e os fariseus. E Jesus repete a mesma frase: "Ai
de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas!" Jesus acusa os
líderes judaicos de distorcerem a Lei de Moisés, acrescentando itens que lhes
proporcionava o enriquecimento ilícito, explorando o povo inocente, acusam-nos
também de impedir que as demais pessoas entrassem no Reino dos Céus. Ou
seja, nem eles entrariam no Reino dos Céus nem deixavam os demais entrarem! Por
isso Jesus os chamou de hipócritas, e de merecedores do inferno.
Jesus os chamou ainda de guias cegos. Ora, como pode um guia que não tem
visão, que não enxerga, mostrar o caminho a outras pessoas? Como pode
alguém que não sabe ensinar alguma coisa?
Você já reparou na satisfação de uma pessoa
quando nós lhe perguntamos onde fica uma certa rua da cidade? Se a pessoa
conhece bem a cidade, ele vibra, fica toda entusiasmada em lhe explicar nos
mínimos detalhes como você deve fazer para chegar até aquela referida
rua... Porém, ao contrário, quando não sabemos dar uma informação a alguém
que nos pede ajuda, ficamos enrolados, sem jeito e parecidos com um cego que
não pode guiar outros.
Essa crítica feita por Jesus aos mestres da Lei e
fariseus, serve para nós hoje. Como pode alguém que não estudou ou que
não lê, se por diante de uma platéia para explicar alguma coisa? No caso do
catequista, alguém poderia dizer: Não precisa estudar não! Pois o Espírito
Santo vai colocar na nossa mente e na nossa boca, as palavras que deveremos
dizer na homilia. Na verdade não é bem assim que funciona. O Espírito Santo nos
lembra o que Jesus nos ensinou, nos lembra o que nós estudamos. Portanto, se eu
não sei o que Jesus disse, se eu nunca estudei nada, como posso ser lembrado de
algo a que desconheço, de algo a respeito disso tudo?
Além disso, nós pensamos em frases. Quanto mais
frases eu coloco em minha mente através da leitura, quanto maior é a facilidade
que terei de encontrar as palavras ou as frases certas, na hora certa de
anunciar o Reino de Deus, na hora de comentar ou explicar os textos bíblicos.
Para não ser um guia cego, o segredo é: Ouvir,
estudar, praticar para depois ensinar. Jesus criticou os fariseus por eles
acharem que bastava seguir ao pé da letra a Lei modificada pelos mestres da
Lei, para merecer a salvação eterna. Eles deixavam de lado toda e qualquer
prática da caridade.
Para não ser um cego que pretende guiar outras pessoas, também é importante o testemunho de vida. Não basta
decorar a Bíblia como muitos o fazem, não basta ter um conhecimento profundo e
puramente intelectual da Sagrada Escritura, se não pomos esta sabedoria em
prática. E é importante lembrar que até uma criança percebe quando alguém que
está evangelizando, não vive o que ensina. Em cada gesto seu, ele deixa
transparecer o seu interior. Não dá para enganar.
Sal
2 - “somos também guias cegos?” - Helena Serpa
Assim como os fariseus e os mestres da lei, nós
podemos estar fechando o reino de Deus para os que estão chegando, com a nossa
vaidade, orgulho, inveja e egoísmo. Assim fazendo seremos os mais dignos da ira
de Deus e seremos alcunhados também de “guias cegos”. Tornamo-nos guias cegos
quando queremos atrair alguém para seguir a Jesus e depois que o conseguimos
viramos obstáculo para o seu crescimento espiritual por causa dos formalismos,
das leis e de outras invenções. Dizemos que somos evangelizadores e anunciadores
da Palavra de Deus, no entanto impedimos a que as pessoas assumam papel
importante na edificação do reino de Deus porque não queremos perder a posição.
Esquecemos o que é mais importante, o que é essencial e nos apegamos ao
secundário. O essencial é o amor, é o acolhimento, é a misericórdia. Por isso,
precisamos estar atentos (as) quanto às nossas atitudes com os que se convertem
ao reino de Deus, pois o Senhor está vigilante em relação ao nosso desleixo
pelas coisas do reino.
- Qual seria a atitude que poderíamos tomar
e que fecharia o reino de Deus para as outras pessoas?
– Você sabe compreender o erro das pessoas
quando elas estão no início da caminhada?
– Você gosta de censurar as outras pessoas?
– Você que tem mais algum tempo de caminhada se
sente superior àqueles que estão chegando?
Helena Serpa
3 - Se alguém jurar pelo altar... - Alexandre
Soledade
Bom dia!
Gostaria de prender sua atenção na colocação de
Jesus sobre o que fazem as pessoas: “(…) Se alguém jurar pelo Templo, não é
obrigado a cumprir o juramento. Mas, se alguém jurar pelo ouro do Templo, então
é obrigado a cumprir o que jurou.” Tolos e cegos! Qual é mais importante: o
ouro ou o Templo que santifica o ouro? Vocês também ensinam isto: “Se alguém
jurar pelo altar, não é obrigado a cumprir o juramento. Mas, se jurar pela
oferta que está no altar, então é obrigado a cumprir o que jurou”.
Mais do que estar muito bravo com a hipocrisia,
Jesus demonstrava nitidamente decepção com que se apegavam aqueles que se
diziam seguidores das leis. Isso ainda acontece muito hoje.
Alguém já se pôs nu lugar daquele que resolve
voltar ou se arrepender de algo, mas ao dar o primeiro passo da volta pensa
duas vezes como será recebido (a)? Quantas pessoas conheço que trocaram de
religião ou de comunidade em virtude dos “santos” que o receberam no seu
retorno?
Aprendi ao longo dos anos na RCC e ao participar
do Seminário de Vida no Espírito, que há algo maravilhoso em uma das palestras
ou ensinamentos chamados “o pecado e a salvação”. Afirmo e digo que esse
seminário deveria ser feito por todas as pessoas, pastorais ou movimentos e em
especial essa palestra. Nesta palestra, em especial, tomamos noção que o pecado
pode nos afligir ao ponto de fecharmos os olhos para Deus e para sua
bondade em nos perdoar, mas o que me toca nessa palestra é que sim pecamos, mas
muito maior que nossos erros é a vontade gritante do Pai em nos ter de volta…
Ou seja, maior que o pecado é o amor de Deus.
As pessoas erram. Você já errou e eu também e
sempre na volta ou no fundo do posso encontramos a mão segura de Deus a nos
apoiar, mas a pergunta é: E eu? Eu apoio? Eu ajudo a levantar?
Confesso que me entristeço quando vejo irmãos e
irmãos cristãos, sejam eles ou católicos ou evangélicos, caçando bruxas!
Pessoas mal-amadas e mal resolvidas em suas vidas, que tristemente até andam
com a bíblia ou terços nas mãos, que dizem amar o templo, mas sim ao ouro que
está lá depositado. Trazendo a nossa realidade essa colocação, mais preocupados
em ser um poço de falso moralismo do que bons samaritanos.
Não devemos cansar de perseguir e denunciar o
pecado, mas termos a docilidade de acolher ao pecador. É triste ver que a vida
dessas pessoas que perseguem cristãos geralmente não é exemplo para ninguém e
não seria difícil de ver que elas não conheceram a Deus. Geralmente quase vivem
na igreja, perpetuam-se como coordenadores, perturbam as novas lideranças, não
dão espaço para a juventude e se possível for até celebrariam no lugar do padre
se pudessem…
O evangelho de hoje não é só para mim e sim para
todo aquele que se reveste do poder ou da balança da justiça ao invés do
simples e bucólico cajado do pastor. Se dizer cristão assim é ser superficial.
O cristão que Deus quer, deve ir além disso.
“(…) Muitas vezes, temos dificuldades de ver a
religião na sua totalidade e, com isso, a reduzimos a alguns aspectos que
julgamos mais importantes, mas que são frutos na nossa subjetividade. O
problema é que, na maioria das vezes, nos prendemos ao que é acidental no plano
da fé, como, por exemplo, sinais externos ou formas de espiritualidade e nos
esquecemos dos valores que de fato são essenciais à nossa fé, seja no plano das
verdades, seja no campo da espiritualidade, seja no campo da moral ou da
virtude, de modo que a nossa religiosidade fica sendo superficial e unilateral,
a religião que nós queremos viver e não a religião que Deus quer que nós
vivamos“. (Reflexão segundo a CNBB)
Um imenso abraço fraterno.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Quando não se
distingue o importante do secundário
(O
comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Podemos ver neste evangelho um pouco do ambiente tenso que as
primeiras comunidades cristãs passaram no início do cristianismo no seio do
judaísmo. Os Escribas e Fariseus eram os defensores ferrenhos do Judaísmo e da
Lei de Moisés e assim, assumiram uma postura de defesa contra os primeiros
seguidores de Jesus nas comunidades, eles não aceitavam a Jesus e a seu Reino e
tudo faziam para impedir que os outros o fizessem.
Neste evangelho percebe-se como Jesus está exaltado contra esse
tipo de pessoa, que quer ser o guia dos demais, a referência da moral e da
doutrina, criando leis e normas que priorizam coisas que não são tão
importantes e deixam de lado o que é essencial na Vida de Fé.
A reflexão engloba também as comunidades do primeiro século,
principalmente as que tinham em seu meio, Judeus conservadores e aí o
conflito era inevitável. O Evangelho não é um olhar para o passado, mas sim
para o presente, pois nele estamos todos nós como comunidade e como igreja, e
nos dias de hoje sempre é perigoso a influência maléfica do farisaísmo nos
irmãos e irmãs que exercem algum trabalho, principalmente o de coordenação em
alguma pastoral, ou até mesmo entre os ministros ordenados.
Há sempre esse risco de nos desviarmos do essencial que é o amor
traduzido em serviço, essência do projeto da salvação realizado em Jesus, e que
buscamos viver em nossas comunidades. Às vezes nos deparamos com muita
burocracia nos meios pastorais, por causa de normas e determinações que não
levam a lugar nenhum, servindo apenas para exaltar o ego de quem coordena.
Então, diante deste evangelho, busquemos aquilo que é essencial
na Vida de Fé, e que em nossos trabalhos comunitários, sejam eles quais forem,
não tropecemos em nosso próprio ego, mas como Jesus, nosso Mestre e Senhor, nos
disponhamos a servir sempre, levando e conduzindo os irmãos e irmãs á Jesus
Cristo, seu evangelho e seu Reino que é o essencial.
2. Que é mais importante?
Jesus faz um forte sermão contra a hipocrisia dos chefes
religiosos de Israel – e de todos os tempos – com um vocabulário pesado, com
sete “ais”, que vão de hipócritas e condutores cegos até serpentes e raça de
víboras. A forte crítica vale para todos os que se encontram na situação por
ela denunciada, sejam religiosos ou não. É uma oportunidade para a reflexão
pessoal. – Fazemos muitas coisas boas e as pessoas têm de nós uma boa
impressão. Nós mesmos, porém, conhecemos as nossas limitações e nossos defeitos.
Podemos ficar vermelhos ao sermos elogiados porque conhecemos nossa verdade. A
humildade impede que nos gloriemos e nos impele a continuar nosso bom trabalho.
Ao contrário, a hipocrisia leva as pessoas a aparentar conscientemente o que
não são.
Liturgia comentada
Hipócritas! (Mt 23,13-22)
Nesta série de ásperas cominações que Jesus
arremessava contra escribas e fariseus, a razão de palavras tão duras era a
grande distância entre o que eles ensinavam publicamente e o que eles viviam em
seu íntimo. A transmissão da doutrina fora por eles transformada em um aranhol
de minúcias que mais afastava do que aproximava de Deus, enquanto o próprio
coração da Lei não era levado em conta. Na expressão do próprio Jesus,
“coavam a mosca e engoliam o camelo”.
E o pior era a atitude de manter uma fachada
digna de elogios e respeito, enquanto o interior cheirava mal, merecendo para
eles o rótulo de “sepulcros caiados”. O termo “hipócrita”, de origem grega,
designava alguém que interpretava um papel no palco. No teatro grego (e a
Palestina helenizada ostentava teatros de arena nas grandes cidades) o ator
usava uma máscara, que os romanos chamavam de “persona”, pois a voz do ator
“soava” através dela (daí o termo “personalidade”).
Claro, teatralizar é fingir. A atriz chora com a
máscara trágica, mas no íntimo não está sofrendo. O ator ri com a máscara
cômica, mas no íntimo pode estar amargurado. Há um descompasso entre o lado de
fora (a máscara) e o lado de dentro (o coração). É possível que o próprio Jesus
de Nazaré, vizinho de Cesareia de Filipe, tenha presenciado uma dessas
encenações. Daí o termo “hipocrisia”.
Só que nossa relação com Deus não é nenhum
teatro, não inclui encenações. E foi a falta de sinceridade no culto e na vida
dos homens ligados ao Templo o alvo da denúncia de Jesus, o mesmo que sempre
acolhia o humilde rebaixamento de quem não se julgava digno de receber favores
(cf. Mt 8,8; 15,27).
O monge do deserto Macário, o Grande [300-390
d.C.], nos exorta:
“Esforcemo-nos, pois, por nos convertermos com um
coração sincero e nos aproximarmos de Deus. Não desesperemos de nossa salvação.
Se nos parece difícil, até mesmo impossível, converter-nos dos inumeráveis
pecados dos quais já contraímos o hábito, lembremo-nos e consideremos como o
Senhor, em sua bondade, devolveu a vista aos cegos, restabeleceu os
paralíticos, curou todas as doenças, ressuscitou os mortos já quase decompostos
e desfeitos na terra. Quanto mais Ele não converteria uma alma que se volte
para Ele, implore sua misericórdia, peça sua ajuda! Ele em pessoa estará pronto
a nos socorrer. É por isso que Ele é misericordioso, vivificador, curando
paixões incuráveis, realizando a redenção daqueles que o invocam e se voltam
para Ele.”
Somos todos pecadores. Qualquer tentativa de
simular santidade é perda de tempo e de energias. Como Davi, confessemos nosso
pecado...
Orai sem cessar: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro!” (Sl 51,12)
Texto de Antônio
Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
HOMILIA DIÁRIA
Tenho vivido de aparências?
Nós podemos ter nossos
limites, nossas faltas, nossas falhas (ninguém é perfeito), mas devemos buscar
a perfeição e não viver de aparências.
“Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas!
Vós fechais o Reino dos Céus aos homens. Vós porém não entrais” (Mt 23,13).
Jesus, doce, manso e humilde de coração, é firme
quando precisa sê-lo. Sobretudo com a hipocrisia daqueles que exigem viver uma
coisa, mas não a vivem; pior ainda, são duros e exigentes com outras pessoas,
mas eles mesmos não colocam nada em prática daquilo que dizem. São demais
exigentes com os outros, mas facilmente se esquecem dos seus próprios erros,
das suas próprias falhas; facilmente enganam os outros, induzindo-os ao erro,
mas não colocam em prática aquilo que se propõem a viver.
“Guias cegos”, nos diz Jesus. Não são capazes de
esconder nem seus próprios interesses. Sim, porque eles, muitas vezes, aceitam
que se faça o sacrifício no Templo pelo dinheiro, por aquilo que vão obter de
lucros, mas não pelo dom da santificação, do altar ou do templo.
Essa hipocrisia é totalmente condenada pelo
Senhor, por isso Jesus fala, com toda a veemência do Seu coração, condenando
esse tipo de comportamento.
Deixa eu dizer a você: nós podemos ter nossos
limites, nossas faltas, nossas falhas (ninguém é perfeito), mas devemos buscar
a perfeição e não viver de aparências. Temos de corrigir, consertar nossos
comportamentos ou qualquer coisa que fazemos, mas que não são dignas do Reino
de Deus.
A Palavra do Senhor nos convida a sermos mais
autênticos. A autenticidade começa quando conhecemos os nossos próprios
limites, não quando disfarçamos ou fingimos não tê-los; a autenticidade
acontece para valer quando colocamos Deus em primeiro lugar e nos esforçamos
para viver Sua Palavra em nossa vida.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e
colaborador do Portal Canção Nova.
Oração Final
Pai Santo, ensina-nos a tua Lei e nos dá força e
coragem para fazê-la Letra Viva em nossas relações com os irmãos de caminhada.
Que sejamos para eles, mesmo que no silêncio, testemunhas de fé, de esperança e
de amor, seguidores do Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo
reina na unidade do Espírito Santo.
ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, ensina-nos a tua Lei e nos dá força
e coragem para fazê-La letra viva em nossas relações com os irmãos de
caminhada. Que sejamos para eles, mesmo que em silêncio, testemunhas de fé, de
luz, de esperança e de amor, seguidores do Cristo Jesus, teu Filho que se fez
nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.