domingo, 12 de março de 2023

AO ENTRAR QUE VENHA COM DEUS... AO SAIR QUE DEUS TE ACOMPANHE…

HOMÍLIA DIÁRIA, COMENTÁRIO E REFLEXÃO DO EVANGELHO DO DIA - 12/03/2023

ANO A


3º DOMINGO DA QUARESMA

Ano A - Roxo

Cristo: água que purifica, santifica e dá vida”.

Jo 4,5-15.19b-26.39a.40-42 – Forma breve
OU
Jo 4,5-42Forma Longa

Ambientação

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Irmãos e irmãs, a liturgia de hoje evoca o sentido da água, dom de Deus, que é o próprio Jesus. Tamanha graça nos é concedida de de modo gratuito, pois o Senhor entregou sua vida por amor aos seus.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, o Senhor vem ao nosso encontro neste dia a Ele dedicado. Como a mulher samaritana, à beira da fonte, estaremos em diálogo com Ele. Desejamos beber da água viva para renovarmos nossa graça batismal. Com toda Igreja no Brasil, abramo-nos à conversão de nossos corações para a solidariedade com os que passam fome.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL PULSANDINHO: Irmãos e irmãs, a liturgia de hoje evoca o sentido simbólico da água, dom de Deus, que é o próprio Jesus. Tamanha graça nos é concedida de modo gratuito, pois o Senhor entregou sua vida por amor aos seus. Alegres, supliquemos ao Divino Redentor que reavive em nós o compromisso de batizados, tornando-nos verdadeiros discípulos.

INTRODUÇÃO DO FOLHETO DOMINICAL O POVO DE DEUS: Irmãos e irmãs, o Senhor vem ao nosso encontro neste dia a Ele dedicado. Como a mulher samaritana, à beira da fonte, estaremos em diálogo com Ele. Desejamos beber da água viva para renovarmos nossa graça batismal. Com toda Igreja no Brasil, abramo-nos à conversão de nossos hábitos em relação à preservação e à defesa da vida humana e da Casa Comum.

INTRODUÇÃO DO WEBMASTER: O tema da água que salva volta com frequência na liturgia quaresmal. A partir deste domingo, a Igreja oferece à comunidade cristã que revive seu batismo uma síntese da história da salvação, servindo-se do rico simbolismo da água. Sabemos da importância da água. Sem água não há vida. A liturgia de hoje focaliza a água no sentido simbólico que se apresenta no batismo. Significa o dom de Deus, que é Jesus mesmo. Esse dom de Deus é gratuito: seu representante, seu Filho, deu sua vida por nós enquanto ainda éramos seus inimigos. Receber essa água no Batismo, é deixar-se envolver com esse amor gratuito de Deus em Jesus Cristo, é comprometer-se com essa imensurável bondade. Isso só é possível porque Deus nos amou primeiro.
Fonte: NPD Brasil em 15/03/2020

SEDE DE INFINITO: UMA ESPIRITUALIDADE QUE URGE!

Na liturgia deste Terceiro Domingo da Quaresma a Igreja contempla o Cristo que é a água para nossa sede. A bem da verdade, Ele é a própria fonte: sempre podemos a Ele acorrer com nossa sede de esperança, justiça, vida, fé; com a as- piração de felicidade que está no coração de todos nós. Uma sede de água e de pão nos acompanha, mas também sede de carinho, cultura, respeito, dignidade, justiça, verdade e, acima de tudo, de fé genuína pois, o crescimento tecnológico, faz esquecer a vida espiritual. Os batizados, de alguma forma, devemos preencher a ausência de valores, o vazio interior. O Salmo 42 diz: Como a corsa anseia pelas águas correntes, assim minh’alma anseia por Ti. Minh’alma tem sede de Deus.
Dá-nos água para beber, dizia o povo devorado pela sede, no deserto. Moisés bateu na rocha e jorrou água em abundância. Aquela rocha era Jesus, afirma São Paulo em 1Cor10: era a fonte de água espiritual, oferecida a todos os po- vos para que ninguém mais tenha sede.
O Evangelho fala do encontro da samaritana com Jesus. A sede de água traz presente a sede de vida e de amor. A samaritana somos to- dos nós, sedentos de paz, alegria, repouso, aconchego em Deus. Há uma inquietude em nós: a água do poço de Jacó sacia por um curto espaço de tempo. A água que Jesus oferece sacia para sempre. Essa água viva é o Espírito Santo: uma nascente do divino em nós.
São Paulo, na Segunda Leitura, nos diz: “Por ele fomos justificados. O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”. Há multidões de sedentos que precisam ser saciados. Levemos Deus às pessoas através de um testemunho de alegria pela pertença à Igreja de Nos- so Senhor Jesus Cristo. Em nosso Batismo, recebemos o Espírito Santo: somos templos; portanto, somos profetas. Podemos falar em nome de Deus, proclamar suas maravilhas. Esse tempo já está no meio de nós! Mesmo que sejamos frágeis, quebráveis, não fiquemos na periferia da vida espiritual. Lembrei do cidadão que entrou na loja de jardinagem: - Moça, quanto custam esses vasos? Ela responde: - O bom custa R$20,00 e o ruim R$85,00. - Ué, mas por que o ruim é mais caro? - É porque vaso ruim não quebra! Sigamos, irmãos! Fragmentáveis, mas com os olhos fitos no Senhor. Um dia tudo será colocado às claras. É melhor servir a Deus, hoje, que ser réu de um juízo eterno.
Que nada substitua nossa adesão total a Deus. Mesmo que sejamos aniquilados, que nada nos tire do caminho do Céu. Essa deve ser nossa meta: não perder a oportunidade de um dia estar na casa do Pai, poder olhar para Deus. O que é mais importante que ver a Deus? E é o que nos está preparado desde toda eternidade: a Jerusalém celeste, cidade onde - no último dia - todos os que forem resgata- dos pelo sangue do Cordeiro entrarão, com Jesus, numa oferenda ao Pai. Que nada nos roube aquele momento. Continuemos... atentos, quebráveis, mas inquebrantáveis!
Dom Jorge Pierozan
Bispo Auxiliar de São Paulo

ESTAMOS NA QUARESMA...

O tempo da Quaresma vai da quarta-feira de Cinzas até a Missa da Ceia do Senhor, exclusive. É o tempo para preparar a celebração da Páscoa. “Tanto na Liturgia quanto na catequese litúrgica esclareça-se melhor a dupla índole do tempo quaresmal que, principalmente pela lembrança e pela preparação do Batismo e pela penitência, fazendo os fiéis ouvirem com mais frequência a Palavra de Deus e entregarem-se à oração, os dispõe à celebração do mistério pascal” (SC, n. 109).

Anotações:

1. Durante este tempo, é proibido ornar o altar com flores; o toque de instrumentos musicais só é permitido para sustentar o canto. Excetuam-se o Domingo Laetare (4º Domingo da Quaresma), bem como as solenidades e festas.
2. A cor do Tempo é roxa. No Domingo Laetare, pode-se usar o róseo (IGMR, n.308f).
3. Em todas as missas e ofícios (onde se encontrar), omite-se o Aleluia.
4. Nas solenidades e festas somente, como ainda em celebrações especiais, diz-se o Te Deum e o Glória.
5. As memórias obrigatórias que ocorrem neste tempo podem ser celebradas como memórias facultativas (cf. Anotações Gerais 2.4). Não são permitidas missas votivas.
6. Na celebração do matrimônio, seja dentro ou fora da missa, deve-se sempre dar a benção nupcial; mas admoestem-se os esposos que se abstenham de demasiada pompa.
Fonte: NPD Brasil em 15/03/2020

CONVERSÃO: FRATERNIDADE E VIDA

Sem que recebamos treinamento específico para este fim, nosso coração tem uma sede insaciável de felicidade. São muitas as sedes: temos sede de água, de carinho, de pão digno sobre a mesa, sede de justiça, de verdade, de respeito... Uma sede que perpassa o coração dos batizados é a sede de fraternidade. Quem quiser honrar seu Batismo, deverá criar laços de paz e tolerância, até que a fraternidade possível se torne uma realidade dentro de casa, no ambiente de trabalho, nos locais de lazer, e onde se pratica a fé.
Não raro, constatamos que o crescimento tecnológico faz abandonar a busca de Deus, a nossa sede de infinito. Uma pergunta: como preencher o vazio causado pela ausência de valores? Arrisco dizer: o segredo é nunca aceitar que já esteja saciada nossa sede de Deus. Tenho em mente os santos, esses incansáveis sedentos de infinito. Santo Agostinho, disse, nas suas “Confissões”: “Fizeste- me para Ti, Senhor, e meu coração está inquieto enquanto não descansar em Ti”. Que nossa alma tenha sede de Deus, à moda do Sl 42: “Como a corsa bramindo por águas correntes, assim minha alma está bramindo por Ti, ó meu Deus! Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: quando voltarei a ver a face de Deus?”
“Dá-nos água para beber”, pedia o povo devorado pela sede, na ardência do sol no deserto. Moisés bateu na rocha e a água jorrou em abundância. A Sagrada Escritura nos diz que aquela rocha era Jesus Cristo, a verdadeira fonte de água espiritual, que jorra desde toda eternidade, oferecida desde o princípio da criação, água límpida, capaz de saciar toda sede... para que não mais tenhamos sede!
É sobre uma buscadora de água viva, a Samaritana, que nos fala o Evangelho deste Domingo: sua sede de água era uma involuntária busca de aceitação, de fraternidade, de amor, de vida. Somos nós os “samaritanos”: sedentos de paz e de alegria, de consolo e de repouso, de consolação, de lenitivo, de água viva, de Deus. Olhe as pessoas ao seu redor, na sua casa. Observe os jovens. Há uma grande inquietude “no ar”, qualquer que seja a direção para onde olharmos. Impaciência, desassossego, afligimento, é falta de água, não do poço de Jacó, pois esta sacia por um curto espaço de tempo. Como a corsa suspira pelas águas correntes, devemos almejar o Espírito Santo sobre nós, essa fonte do que Deus tem de melhor; essa água que Jesus oferece e que sacia para sempre.
“O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”, escreveu São Paulo aos Romanos; e o Apóstolo continua a desafiar àqueles que desejam tornar-se discípulos missionários de Jesus Cristo: se há multidões de sedentos que precisam ser saciados, sejamos nós o canal da graça de Deus, a fonte de água saudável, testemunhando a alegria do Evangelho.
Dom Jorge Pierozan
Bispo Auxiliar de São Paulo
Fonte: NPD Brasil em 15/03/2020

Comentário do Evangelho

Iluminada e saciada, ela se torna discípula.

Com o evangelho de hoje estamos, certamente, diante de uma das páginas mais belas do evangelho. Aquela mulher samaritana, ao redor do poço de Jacó, nasceu para a fé em Jesus Cristo, como nós na fonte batismal fomos gerados para a vida de fé, a fim de vivermos como um povo consagrado ao Senhor.
O trecho do livro do Êxodo nos recorda um momento da longa travessia do povo de Deus pelo deserto, ao longo de quarenta anos. O povo que empreendeu a travessia pôde experimentar, não obstante sua infidelidade e suas resistências, a fidelidade de Deus, sua paciência, sua generosidade, seu cuidado, sua ternura. O povo murmura porque não tem água. Nós que ouvimos o evangelho, e renascemos nas águas do Batismo, sabemos que aquela água que faltava ao povo e que lhe foi dada por Deus era a prefiguração da água dada por Jesus Cristo, uma água que mata definitivamente a sede. Sem água a vida está profundamente ameaçada. Não só a vida pessoal, mas a unidade do povo de Deus. Queriam, diz o nosso texto, apedrejar Moisés. Diante da dificuldade, duvidaram de Deus, da sua promessa e da sua fidelidade. Só põe em questão a fidelidade e a lealdade de Deus quem não é capaz de ser fiel e leal. É preciso, sustentados pelo cuidado de Deus que nos acompanha na travessia da história, lutarmos contra o medo, o desespero, a murmuração.
Era meio-dia quando do encontro de Jesus com a samaritana, ao redor do poço de Jacó, lugar de tantos encontros que transformaram a vida das pessoas. Foi lá que Jacó se apaixonou por Raquel. A observação da hora parece querer fazer o leitor compreender que, diante de Jesus, estamos em plena luz do dia. Aquele que é a “luz do mundo” ilumina também a Samaria, desprezada pelos outros judeus. O diálogo entre Jesus e aquela mulher é catequético, cuja finalidade é despertar a fé, o desejo da água que ela não podia recolher de nenhum poço; água que é dada somente pelo único Senhor da vida. Dando ouvidos a Jesus, ela poderá exprimir o desejo pela água que faz viver. O cântaro da purificação é superado pela água do Espírito Santo derramado no coração dela, lei interna da caridade. Iluminada e saciada, ela se torna discípula, testemunha de Jesus Cristo. Essa mesma água nos foi dada por ocasião do nosso Batismo.
Carlos Alberto Contieri, sj
Oração
Pai, em Jesus, tu nos destes um dom precioso. Dá-me a graça de reconhecê-lo e acolhê-lo, cheio de fé, e deixar minha vida ser transformada por ele.
Fonte: Paulinas em 23/03/2014

Vivendo a Palavra

Jesus ensina a superar preconceitos e a substituir discriminação por inclusão, ainda que surpreendendo ao próprio beneficiado como, no caso, a samaritana. Ele goza da plena liberdade de Filho do Pai Misericordioso e quer que também nós desfrutemos dela com alegria e confiança, nascidas na certeza de que somos filhos muito amados.
Fonte: Arquidiocese BH em 23/03/2014

VIVENDO A PALAVRA

Jesus ensina a superar preconceitos e a substituir discriminação por inclusão, ainda que surpreendendo ao próprio beneficiado como, no caso, a samaritana. Ele goza da plena liberdade de Filho do Pai Misericordioso e quer que também nós desfrutemos dela com alegria e confiança, nascidas da certeza de que somos filhos muito amados.
Fonte: Arquidiocese BH em 15/03/2020

Reflexão

I. INTRODUÇÃO GERAL

Deus é a fonte de todos os bens. Acompanha com carinho os seus filhos e filhas na caminhada desta vida. Fornece-lhes alimento e força a fim de que seu projeto de vida digna para todos se realize no mundo. É preciso caminhar com a certeza de conquistar a terra prometida por Deus, onde a justiça e a paz se abraçam. O povo de Deus não pode cair na tentação de voltar atrás e acomodar-se dentro de sistemas que exploram e matam. Deus caminha com seu povo e o liberta das opressões. Os conflitos e as dificuldades fazem parte do processo de construção de um mundo novo (I leitura). Jesus é “Deus-conosco”, a água viva que sacia a nossa sede de plenitude. Ele nos ensina o caminho de superação dos legalismos e nacionalismos que dificultam a aproximação e o diálogo entre pessoas e povos. Ele nos proporciona a possibilidade de reconhecer o rosto de Deus nas tradições e culturas diversas e, assim, adorá-lo “em espírito e verdade” (evangelho). São Paulo, na carta aos Romanos, demonstra que a fé em Deus torna a pessoa justa. Isso acontece por meio de Jesus Cristo, que entregou sua vida por amor a todos nós, pecadores (II leitura). Por ele, caminhamos na esperança que não decepciona, pois ele nos salvou gratuitamente.

II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

1. I leitura (Ex 17,3-7): Deus caminha com seu povo

O povo de Israel caminha pelo deserto, em processo de libertação da escravidão do Egito. O tempo passa, as dificuldades aumentam. O entusiasmo dos primeiros momentos do êxodo dá lugar a reclamações. Aparece a tentação do desânimo e da volta ao regime anterior. De fato, a água é elemento essencial para a sobrevivência do povo. Como não reclamar numa situação dessas?
O povo põe-se na dependência da liderança. Jogam as dificuldades aos pés de Moisés e o condenam por tirá-los do Egito. Moisés poderia argumentar que ninguém os obrigou a sair de lá. Porém não os condena e dirige-se a Deus para expor-lhe o problema que os aflige. Deus sempre ouve a oração quando acompanhada do empenho pelo bem comum. Junto com as demais lideranças (os anciãos), Moisés testemunha a ação gratuita de Deus em favor dos que murmuram. Estes estão em processo de aprendizagem. Ao chegarem à terra prometida, organizados em tribos, saberão organizar uma sociedade nova de forma participativa e administrá-la de forma corresponsável.
A vida itinerante caracteriza-se por inseguranças, perigos, cansaços… A formação do povo de Israel deu-se num processo de caminhada, de tensões entre grupos e de descoberta de princípios orientadores para uma convivência pacífica. A utopia da terra prometida conservou-lhe a resistência e o ânimo para caminhar. Isso seria impossível sem a fé na providência divina.
A rocha representa a impossibilidade radical do ser humano de encontrar, por si só, saídas para suas crises e problemas de toda ordem. É a ilusão de achar que tudo se pode solucionar com os recursos inventados pela lógica humana. Porém, somente a fé em Deus possibilita as verdadeiras soluções que garantem vida para todos os povos. Somente a certeza de sua presença viva faz que a história humana se torne história de libertação. Deus é fonte de vida. É generosamente providente: oferece gratuitamente todos os recursos necessários à vida de seus filhos e filhas.

 2. Evangelho (Jo 4,5-42): Jesus, a água viva

Como sabemos, os samaritanos são considerados inimigos históricos dos judeus. São um povo de raça mista e possuem outra concepção religiosa. Para um judeu, ser chamado de “samaritano” era enorme ofensa. A origem dessa hostilidade remonta ao tempo da invasão assíria no Reino do Norte, em 722 a.C., quando a cidade de Samaria foi destruída e boa parte da população deportada. A região foi povoada por colonos assírios que se casaram com hebreus. Mais tarde, no período pós-exílico, o sistema religioso do templo de Jerusalém exclui os samaritanos.
Jesus passa pela região de Samaria, na cidade de Sicar (antiga Siquém), onde fora enterrado Josué, o sucessor de Moisés. Jesus está fatigado e senta-se à beira do poço que era do patriarca Jacó. Na tradição judaica, o poço representa a garantia da água oferecida por Deus ao povo, como a água jorrada da rocha durante o êxodo. O poço é figura do culto e da Lei judaica, cuja autoria era atribuída a Moisés. Da observância da Lei e do culto brotava a água viva da Sabedoria. A ideia dominante era que o poço da água viva era o próprio templo de Jerusalém.
Jesus está em caminhada. Chega ao local do poço à “sexta hora”, o que corresponde ao meio-dia. É a mesma hora em que Jesus vai ser condenado à morte (19,14). É o final de sua caminhada. Com sua morte, Jesus se torna o Caminho para todos os que o seguem. Jesus, ao sentar-se no poço, está na verdade revelando que ele mesmo é o poço da água viva. Toma o lugar da Lei, do culto, do templo… João vai dizer que Jesus, ao morrer, vai ser traspassado por uma lança e do seu lado sairão sangue e água (19,34).
A mulher representa o povo samaritano com sua tradição religiosa. Os seus “cinco maridos” são uma referência aos cinco deuses cultuados pelos antepassados (cf. 2Rs 17,29-32). Jesus oferece à mulher o verdadeiro culto, que é ele próprio. De fato, quem toma a iniciativa do diálogo é o próprio Jesus, que pede água. Corresponde à atitude do próprio Deus da aliança, que sempre busca o seu povo, apesar de suas infidelidades. A samaritana (o povo impuro e marginalizado), não os líderes religiosos de Jerusalém, reconhece Jesus como o Messias, fonte de onde jorra água para a vida eterna.
A grande novidade de Jesus é a proposta de total mudança de mentalidade com relação a Deus: ele o chama de Pai. E, como Pai de todos, não necessita de determinado lugar para ser cultuado: nem na Samaria, nem em Jerusalém. A mudança de mentalidade também significa entrar numa nova relação com o próximo, a qual derrubará as barreiras entre judeus e samaritanos. Ambos os povos poderão adorar a Deus já não com rituais fixados pela rigidez legalista, mas “em espírito e verdade”.
Sendo Deus a fonte de todo amor e de toda vida, Pai de todos os povos, deseja ser adorado de modo verdadeiro em todos os lugares. Ele busca pessoas que o adorem com lealdade. Jesus, o Filho, viveu o amor desta maneira: na fidelidade ao Pai, deixou-se conduzir pelo Espírito da Verdade. Do coração de todos os que seguem Jesus brotam rios de água viva, pois saberão amar como ele amou.

3. II leitura (Rm 5,1-2.5-8): A nova condição humana

Paulo, nos capítulos anteriores ao texto da liturgia deste domingo, procurou convencer os judeus de que a justificação se dá pela fé, sem a necessidade das obras da Lei. Percebe-se que, mesmo no interior da comunidade cristã, há pessoas de origem judaica, apegadas à tradição legalista, com dificuldades de aceitar a doutrina da graça divina.
A partir do capítulo 5, vemos Paulo debruçado sobre os traços que caracterizam uma pessoa que, pela fé em Jesus Cristo salvador, passou a ser nova criatura. Ele parte da certeza de que fomos justificados pela fé, de forma definitiva. Aceitar essa verdade é entrar numa nova condição humana conferida pela graça de Deus. O primeiro efeito desta é a paz com Deus. Podemos viver agora permanentemente sob abundantes bênçãos divinas. É um estado de bem-estar e alegria. A graça nos confere inteireza pessoal e capacidade de relacionamento fraterno com o próximo.
A paz que provém da fé e é graça de Deus, concedida plenamente em Jesus Cristo, também nos liberta do medo da condenação. Aproxima-nos de Deus de tal modo, que podemos amá-lo e glorificá-lo em tudo o que somos e fazemos. Portanto, o estado de graça nos conserva na harmonia com nós mesmos, com os outros, com a natureza e com Deus. O ser humano, assim, está revestido de imortalidade já nesta vida mortal.
O pecado já não tem poder sobre a graça. A inimizade com Deus foi definitivamente derrubada pela reconciliação que Jesus, pela sua morte, trouxe à humanidade pecadora. Essa regeneração do gênero humano o torna capaz de viver na vontade divina, na certeza da realização plena. Vive-se, então, na esperança que não decepciona. Ela firma nossos passos e não nos deixa na confusão, nem na dispersão, nem na timidez, nem no desapontamento. Ela se alicerça na certeza do amor sem limites de Deus, derramado em nossos corações pelo Espírito Santo e não por meritocracia. Tanto judeus como gentios recebem o dom da reconciliação e da paz. O amor de Deus derramado sobre todos os povos é força ativa, capaz de mudar o mundo.

III. PISTAS PARA REFLEXÃO

– Deus liberta o povo da escravidão do Egito. Caminha com ele pelo deserto. Mesmo quando o povo se queixa e duvida da presença de Deus, este não o condena nem o abandona. Ouve a oração de Moisés e das outras lideranças e faz nascer água da rocha. Sacia a sede do povo para que este não desanime na caminhada para a terra prometida. Essa caminhada de 40 anos é lembrada pela Igreja, de modo especial, neste tempo da Quaresma. É preciso caminhar com perseverança, confiando na presença de Deus. Ele ouve nossas preces, perdoa-nos e nos acompanha na caminhada de nossa vida. É tempo de superar os queixumes e arregaçar as mangas para que a terra que Deus nos deu seja realmente a casa de todos, conforme nos interpela a Campanha da Fraternidade, sem que ninguém seja escravizado, vendido como mercadoria ou explorado.
– Jesus tomou a iniciativa de ir ao encontro dos samaritanos, inimigos dos judeus. Estabelece um diálogo com a mulher, representante do povo da região da Samaria. Do diálogo nasce a mútua compreensão. Por meio do diálogo, Jesus se revela: ele é a fonte de água viva. Para manter a intimidade com Jesus, bebemos de sua palavra e nos alimentamos de seu corpo na eucaristia. Além de nos saciar, tornamo-nos fonte de água viva. Como fez a samaritana, tornamo-nos discípulos missionários, portadores da boa notícia da salvação de Deus para todos
– Uma vez reconciliados com Deus, é impossível não irradiar seu amor. Assim fez são Paulo, a ponto de entregar-se totalmente como ministro da reconciliação. Muitos caminhos que o mundo moderno nos oferece dificultam a compreensão e a acolhida da graça divina e a paz entre pessoas e povos. Vivemos dispersos, divididos, confusos, inseguros, apegados aos bens materiais, à fama, ao que nos satisfaz momentaneamente… Somente a paz que vem do amor de Deus é capaz de construir a família humana e nos realizar verdadeiramente. Para isso, precisamos resgatar o valor do silêncio, da meditação da palavra de Deus, da oração pessoal, familiar e comunitária, da contemplação, do cuidado e da promoção dos direitos comuns.

Celso Lorasch
Mestre em Teologia Dogmática com Concentração em Estudos Bíblicos, professor de evangelhos sinóticos e Atos dos Apóstolos no Instituto Teológico de Santa Catarina (Itesc).
E-mail: loraschi@itesc.org.br
Fonte: Vida Pastoral em 23/03/2014

Reflexão

ÁGUA VIVA PARA SEMPRE

Foi transformador o encontro de Jesus com a samaritana junto ao poço de Jacó. O encontro pessoal com Jesus, o diálogo profundo com ele sobre a sede de Deus e de vida, simbolizados pela água, permitiram à samaritana rever a própria vida e testemunhar a novidade de uma água que sacia a sede para sempre.
Num mundo em que a palavra de ordem é a autossuficiência, Jesus se mostra necessitado. Pede água a uma mulher da Samaria, terra considerada impura pelos judeus. Provoca nela a abertura à sua palavra, chamando ao encontro pessoal, ao diálogo, que é a única forma de as pessoas se conhecerem verdadeiramente. E assim faz a samaritana reconhecer-se necessitada também, não de uma água de poço, mas de algo que sacie a sede de Deus, a sede de vida eterna.
No encontro com Jesus, a samaritana é levada a rever a própria vida revendo as relações, pois a Deus não se alcança num intimismo individualista. Dá pena ver cristãos dizerem que encontraram Jesus apenas quando começaram a frequentar outras denominações cristãs. O que faltou para que tais pessoas tivessem um encontro pessoal e transformador com o Mestre? Por que, para além de doutrinas e regras, não puderam encontrar a pessoa concreta do Filho de Deus?
Um compromisso sério com Jesus é exigente e implica a construção de relações fraternas na comunidade. Exige revisão de vida, para tomarmos consciência dos nossos anseios mais profundos. Afinal, para além da sede de água, que tipo de sede buscamos saciar na vida?
Jesus é a Água Viva que mata a nossa sede de Deus. E a água que ele nos dá se torna em nós fonte de água que jorra pela eternidade. Na comunidade dos que celebram fisicamente em templos de pedra e que adoram espiritualmente na fidelidade ao Espírito Santo, somos chamados a dar ao mundo o testemunho de nossa fé, a exemplo da samaritana. Para que o próprio Espírito continue se derramando pela vida do mundo, por meio de nossa intimidade com Jesus. Uma intimidade que constrói comunidade.
Pe. Paulo Bazaglia, ssp
Fonte: Paulus em 23/03/2014

Reflexão

O ENCONTRO TRANSFORMADOR

Os evangelhos estão cheios de episódios sobre pessoas que tiveram sua vida transformada para sempre ao encontrar-se com Jesus Cristo. Ter um encontro pessoal com Cristo leva a ter a certeza da cura, da libertação, da solidariedade, da salvação, de uma vida nova… Com a samaritana do evangelho deste domingo não foi diferente. O encontro com Jesus no poço de Jacó mudou radicalmente a vida dessa mulher.
É interessante observar o seu progresso na descoberta da pessoa de Cristo. Para ela, no começo, ele era somente um viajante judeu, depois se torna senhor; depois é um profeta, em seguida é o Messias; por fim, juntamente com sua gente, proclama-o salvador do mundo.
“Uma característica comum a todas estas narrações é a força transformadora que encerram e manifestam os encontros com Jesus, visto que desencadeiam um autêntico processo de conversão, comunhão e solidariedade. E um dos encontros mais significativos é o da samaritana”, como dizia João Paulo II. Tudo mudou para ela naquele dia graças ao encontro com o Senhor Jesus, que a deixou abalada a ponto de abandonar o pote de água e correr para anunciar às pessoas da aldeia a sua descoberta e a sua felicidade: “Vinde ver um homem que me disse tudo quanto fiz. Não será ele o Messias?” Por causa do seu testemunho, muitos samaritanos abraçaram a fé em Jesus e ele teve de ficar ali por dois dias.
A exemplo da samaritana, nós também nos encontramos com Jesus Cristo no nosso dia a dia, na celebração da Palavra, na oração pessoal, no trabalho, no campo ou pelas estradas, e ele se manifesta na pessoa de um amigo, de algum desconhecido… Nesses encontros, Jesus tem sempre algo para nos dizer, tem sempre orientações para nos propor que guiam a nossa vida rumo à felicidade e à plena realização. Será que esses encontros com o Senhor transformam o nosso ser? Porque, na verdade, o fato de encontrar Jesus deveria nos transformar em oferendas vivas, em testemunhas vivas de Cristo. E ser testemunha de Jesus é refletir, viver e praticar tudo que ele ensinou: o amor, o perdão, a solidariedade…
Irmãos e irmãs, este tempo da Quaresma é particularmente favorável para que cada um de nós faça um bom exame de consciência e descubra se a própria vida e conduta têm refletido o rosto amável de Jesus Cristo.
Pe. Gilbert Mika Alemick, ssp
Fonte: Paulus em 23/03/2014

Reflexão

Jesus, em suas andanças, chega a uma cidade da Samaria e ali estabelece belo diálogo com uma mulher do lugar. Naquele tempo, um rabino conversar em público com uma mulher, ainda mais samaritana, era algo inédito. Dificilmente os rabinos “perdiam seu tempo” conversando com mulheres. Judeus e samaritanos há séculos não se entendiam. Jesus quebra esse preconceito e dialoga com a samaritana sem nenhum problema. Ao lado do poço de Jacó, o Mestre, cansado e sedento, conduz a samaritana no caminho da fé e nos traz belo ensinamento sobre a “água viva”, que é o próprio Cristo. São Francisco a chamava “irmã água”, e Jesus nos convida: “Quem tiver sede venha a mim e beba”. A água, na Bíblia, é símbolo muito rico: tira a sede, purifica e refresca, além de simbolizar o próprio batismo. Nesse diálogo, Jesus leva a mulher samaritana, desprezada pelos judeus, a se tornar grande mensageira da Boa-Nova. Com a samaritana, rezamos: Senhor, dá-nos sempre dessa água.
Oração
Ó Jesus, Salvador do mundo, tu conheces profundamente as carências do coração humano. Vem preencher nosso vazio interior; sacia nossa constante sede de fé e amor; atende nossa busca de afeto e amizade sincera; realiza nossos sonhos de esperança e paz. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2020 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp (dias de semana) Pe. Nilo Luza, ssp (domingos e solenidades))
Fonte: Paulus em 15/03/2020

Reflexão

A mulher (sem nome) representa todos os samaritanos, tidos pelos judeus como idólatras, pecadores. O poço é figura da Lei e das instituições. Simboliza a sabedoria, o sentido da vida que todos buscam. Jesus pede de beber. Com isso, derruba dois preconceitos: de raça (judeus se julgavam superiores aos samaritanos) e de sexo (está conversando com uma mulher! Homens não falavam com mulher em público). Quebrada a discriminação, Jesus provoca na mulher a “sede”. Ele fala de água viva, seu dom, o Espírito Santo. E ordena à mulher que vá chamar o marido. Ela reconhece Jesus como profeta e entra com o assunto do dia, o Messias. Jesus esclarece que é ele o Messias. Ela, transformada interiormente, começa a divulgar o fato. Muitos samaritanos abraçaram a fé e quiseram que Jesus ficasse mais tempo com eles!
(Dia a Dia com o Evangelho 2023)

Reflexão

«Dá-me de beber!»

P. Julio César RAMOS González SDB
(Mendoza, Argentina)

Hoje, como naquele meio-dia em Samaria, Jesus aproxima-se da nossa vida, na metade de nosso caminho Quaresmal, pedindo-nos como à Samaritana: «Dá-me de beber!» (Jo 4,7) «Sua sede material —nos diz João Paulo II— é signo de uma realidade muito mais profunda: manifesta o ardente desejo de que, tanto a mulher com a que fala como os demais samaritanos, abram-se a fé».
O Prefácio da celebração eucarística de hoje nos falará de que este diálogo termina com uma troca salvífica onde o Senhor, «(...) ao pedir água à Samaritana, já tinha infundido nela a graça da fé, e se quis estar sedento da fé daquela mulher, foi para acender nela o fogo do amor divino».
Esse desejo salvador de Jesus tornado “sede” é, hoje em dia também, “sede” de nossa fé, de nossa resposta de fé perante tantos convites quaresmais à conversão, à mudança, a nos reconciliar com Deus e os irmãos, a nos preparar o melhor possível para receber uma nova vida de ressuscitados na Pàscoa que se nos aproxima.
«Sou eu, que estou falando contigo» (Jo 4,26): esta direta e manifesta confissão de Jesus sobre sua missão, coisa que não tinha feito com ninguém antes, mostra igualmente o amor de Deus que se faz mais procura do pecador e promessa de salvação que saciará abundantemente o desejo humano da Vida verdadeira. É assim que, mais para frente neste mesmo Evangelho, Jesus proclamará: «Se alguém tiver sede, venha a mim e beba, quem crê em mim, como diz a Escritura: ‘Do seu interior manarão rios de água viva’» (Jo 7,37b-38). Por isso, o teu compromisso é hoje sair de ti e dizer aos homens:« Vinde ver um homem que me disse tudo...» (Jo 4,29).

Pensamentos para o Evangelho de hoje

- «Há uma razão no cansaço de Jesus. A força de Cristo te criou, a fraqueza de Cristo te regenerou. Com sua força nos criou, com sua fraqueza veio nos buscar» (Santo Agostinho)

- «No encontro com a Samaritana, junto ao poço, surge o tema da “sede” de Cristo, que culmina no grito da cruz: ‘Tenho sede’ (Jo 19,28). Certamente essa sede, como o cansaço, tem uma base física. Mas Jesus tinha sede da fé de todos nós» (Bento XVI)

- «‘Se conhecesses o dom de Deus!’ (Jo 4, 10). A maravilha da oração revela-se precisamente, à beira dos poços aonde vamos buscar a nossa água: aí é que Cristo vem ao encontro de todo o ser humano; Ele antecipa-Se a procurar-nos e é Ele que nos pede de beber. Jesus tem sede, e o seu pedido brota das profundezas de Deus que nos deseja. A oração, saibamo-lo ou não, é o encontro da sede de Deus com a nossa. Deus tem sede de que nós tenhamos sede d'Ele» (Catecismo da Igreja Católica, nº 2.560)

Reflexão


“UMA FONTE DE ÁGUA QUE JORRA PARA A VIDA ETERNA”

Primeira Leitura: Ex 17,3-7;
Sl 94,1-2.6-7.8-9;
Segunda Leitura: Rm 5,1-2.5-8;
Evangelho: Jo 4,5-42

Situando-nos brevemente

No Ano A, a partir do terceiro domingo da Quaresma, a liturgia da Palavra assume uma vertente mais claramente batismal, acompanhando gradativamente os catecúmenos a celebrar a iniciação cristã na grande vigília Pascal, e toda a comunidade a redescobrir e renovar a graça da própria iniciação. Esta é, pois, um processo dinâmico que nos acompanha ao longo da vida, até a páscoa/passagem definitiva da morte à vida plena no Senhor, constituída por nosso “êxodo” pela morte natural.
O primeiro e o segundo domingo, nos três ciclos A, B, C, temem comum a narração de Jesus tentado no deserto e o evento de sua transfiguração: clara alusão à frágil situação humana, marcada pela original criação à imagem e semelhança de Deus, mas exposta à tentação da auto-suficiência. Deus, porém, não abandona seus filhos e os chama a recuperar aquela beleza original, através da conformação a Jesus, na sua páscoa e morte e ressurreição.
A partir do terceiro domingo, as leituras e em particular os textos do evangelho iluminam os vários aspectos do processo interior que a participação na Páscoa de Jesus, através da iniciação cristã, ativa em nós.
No diálogo com a mulher de Samaria (3º domingo), Jesus revela a si mesmo como a água viva que alimenta a existência da páscoa. Desvela que a nascente desta água perene se encontra dentro do poço profundo e obscuro da própria pessoa, pela presença e pela energia vital de seu Espírito.
O próprio Jesus é a luz: ele mesmo deixa vislumbrar a meta da vida e ilumina o caminho. Com dom do Espírito, Jesus não somente cura, no batizado, a cegueira do pecado, mas também cria nele a capacidade da visão, para enxergar a vida e avaliar as coisas, segundo a verdade de Deus (4º domingo – cura do cego de nascença).
O encontro com Jesus na fé, acolhendo com amor e confiança sua presença de amigo e sua palavra, ativa, no batizado, o princípio de vida nova, a vida segundo o Espírito, que é início de ressurreição desde o presente (5º domingo – ressurreição de Lázaro).
A Quaresma, com o dinamismo interior que se exprime na estrutura ritual, constitui um precioso itinerário espiritual. As celebrações dos domingos, com a sucessão das características próprias, desenvolvem uma pedagogia espiritual capaz de sustentar o crescimento pessoal de cada um e o caminho de toda a comunidade do povo de Deus.

Recordando a Palavra

As três leituras apresentam uma situação de vida na qual cada um pode, facilmente, reconhecer seu próprio caminho. Uma surpreendente pedagogia divina acompanha e estimula o crescimento rumo à plena libertação de toda humana ilusão.
A sede, como a fome, constitui uma das experiências mais traumáticas da vida humana. A procura para satisfazer suas exigências a transforma em potente motor que impede a pessoa a uma contínua busca, até que seja satisfeita. Nesta luta para a vida, se encontra, porém, a tentação de se apegar a tudo o que parece ar resposta imediata ou de buscar solução no passado.
Diante da aridez do deserto, Israel desconfia das promessas de deus, se queixa de insuportável fadiga e sonha com a água e a carne que o Egito lhe garantia, embora em condição de escravidão. Contudo o Deus de Israel é o Deus que constrói o futuro, não somente do passado; é o Deus da libertação, não o Deus da escravidão. Ordena a Moisés que vá para frente e promete que ele mesmo estará lá, pronto para operar novas maravilhas. “Passa adiante do povo (...). Toma a vara com que feriste o rio Nilo. Eu estarei lá, diante de ti sobre o rochedo (...). Ferirás a pedra e dela sairá água para o povo beber”. (1ª leitura: Ex 17,5-6).
Jesus estará sempre à frente dos discípulos no caminho para Jerusalém, renovando seu compromisso com a missão recebida, e pedindo aos discípulos para “segui-lo”, sem voltar atrás (cf. Lc 9,51-62). Ele está sempre diante de nós e nos convida a segui-lo.
O salmo responsorial (Sl 94) constitui a clássica reflexão sobre a peregrinação e Israel no deserto, marcada por inúmeras oportunidades de experimentar a fidelidade e a potência de Deus e por repetidos endurecimentos do coração do povo, incapaz de se abrir ao futuro de Deus. No contexto da Quaresma, este salmo constitui um convite vigoroso a valorizar este tempo de graça, como tempo rico de novas oportunidades de conversão e de crescimento na relação com o Senhor.
Na Carta aos Romanos (2ª leitura), Paulo destaca a gratuidade da iniciativa com a qual Deus estabeleceu o conosco uma relação de autêntica renovação em Cristo Jesus, derramando nos nossos corações seu Espírito, princípio de vida nova, fundamento da esperança e penhor da plena participação em sua vida. “Por ele, só tivemos acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes, mas ainda nos ufanamos a esperança da glória de Deus. E a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,2. 5).
Jesus, em seu encontro com a mulher samaritana junto do poço de Jacó (evangelho), revela a absoluta liberdade com a qual ele se doa a todos e a cada pessoa. Ao mesmo tempo, com delicada pedagogia, ele faz a mulher passar da procura de solução insuficiente às exigências mais elementares da vida, como a água, para a atenção aos mais profundos anseios de verdade, de beleza e de vida, que estão em seu coração, escondidos dela mesma.
O próprio Jesus se faz mendicante e companheiro de procura.
Dá-me de beber”. O gesto de proximidade guia a mulher a descer às profundidades do poço que se encontra nas entranhas de sua própria experiência. “Se conhecesse o dom de Deus e quem é aquele que te diz: ‘Dá-me de beber’, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva” (Jo 4,10). Ela, com surpresa, descobre que o sedento estrangeiro está, de fato, lhe oferecendo uma água que não se pode recolher dentro do balde e sim no coração. “Mas quem beber da água que darei, nunca mais terá sede (...). Senhor dá-me dessa água...” (Jo 4,14-15).
Tal invocação recebe, em resposta, a abertura de uma perspectiva ainda mais inesperada: participar do novo culto a Deus em Espírito e plenitude, superando toda divisão e redução aos critérios religiosos humanos: “Mas vem a hora, e é agora, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade” (Jô 4,23).
Os discípulos são conduzidos a percorrer um caminho de abertura e conversão aos critérios de Deus, parecidos com o caminho feito pela mulher da Samaria. Com estranhamento ao encontrar Jesus falando com a mulher estrangeira, porém solícitos para que o mestre com algo depois de tanta fadiga da viagem, eles são conduzidos por Jesus a mudar de horizonte: “Eu tenho um alimento para comer, que vós não conheceis (...). O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e levar a termo a sua obra” (Jo 4,32. 34).
Esta mudança de horizonte constitui a passagem/páscoa que os discípulos terão dificuldade a cumprir em si mesmos, até que o Espírito converta o coração deles e o próprio Jesus lhes abra a mente depois da ressurreição. Os discípulos, iluminados e fortalecidos pelo Espírito, conseguirão dar testemunho de Jesus, somente depois da Páscoa.
A mulher samaritana, ao contrário, parece mais disponível a deixar-se guiar pela novidade extraordinária encontrada em Jesus, e inicia imediatamente a dar testemunho dele. ‘’Muitos samaritanos daquela cidade acreditaram em Jesus, por causa da palavra da mulher que testemunhava: ‘’Ele me disse tudo o que eu fiz’’ (Jo 4, 39).
Ela se torna a "primeira evangelizadora", antecipando, profeticamente, o alegre anúncio da ressurreição, dado por Maria Madalena e pelas mulheres aos discípulos, na madrugada da Páscoa.

Atualizando a Palavra

A sociedade moderna se torna sempre mais secularizada e espiritualmente árida. Para muitas pessoas, Deus é o ‘’ausente’’. Uma recente análise sobre a situação da pessoa na sociedade atual destaca, todavia, que o homem contemporâneo, mesmo no drama de suas situações existenciais, espera, de maneira confusa, conhecer e encontrar o Deus dos viventes e que dá a vida. Ele sente nostalgia da presença de Deus. Sofre a sede do infinito, embora, muitas vezes, não consiga dar este nome á água que está procurando para saciar sua sede.
A nostalgia nasce das desilusões deixadas pelo que foi imaginado e seguido como ‘’deus’’, capaz de satisfazer a sede de sentido da existência, tão frágil e quase desertificada interiormente. “Em mim desfalece o meu espírito, meu coração se consome (...). A ti estendo minhas mãos, como a terra seca, anseio por ti ‘’(SL 143,4. 6).
O batismo mergulha o cristão na nascente da água viva, que continuará a fecundar toda a sua existência.
Experiência de plenitude, e simultânea urgência de uma sede insaciável, expressão de uma fé, às vezes incipiente, que cresce com o progresso do amor, e leva consigo a força para perseverar na esperança. ‘’Ao pedir à samaritana que lhe desse de beber, Jesus lhe dava o dom de crer. E, saciada sua sede de fé, lhe acrescentou o fogo do amor’’ (prefácio do domingo). A esperança, ao longo do caminho, não decepciona em sua tensão rumo à plenitude, pois ‘’o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado’’ (2º leitura, Rm 5,5).
Jesus dá testemunho do amor de Deus para com todos os homens e mulheres, qualquer que seja a condição deles. Até os ‘’samaritanos’’, os diversos, os problemáticos, os excluídos, segundo as categorias sociais e religiosas vigentes, são destinatários deste amor divino que ‘’tem sede’’ de todos e a todos oferece a possibilidade de encontrar a ‘’água que dá vida’’, aquela que no fundo, eles estão procurando mesmo em seus desvios.
Ao pedir á mulher da Samaria água para saciar sua sede, é o próprio Jesus a se aproximar, partilhando a mesma fraqueza e a mesma necessidade dela e de todo homem e mulher. Com seu gesto, desperta a consciência da samaritana para a procura mais profunda, que ela traz consigo, e acaba oferecendo à sua fé o manancial perene do Espírito que brotará dentro dela mesma (Jo 4,13-15).
‘’Vinde a mim, todos vós que estais cansados e carregados dos fardos, e vos darei descanso. Tomais sobre vós o meu jugo e sede discípulos meus, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vós. Pois meu jugo é suave e meu fardo é leve’’ (Mt 11,28-30).
Esta mesma atitude de Jesus está no centro dos gestos e da cotidiana pregação de Papa Francisco, impelindo a Igreja inteira a  assumi-la com os homens e as mulheres do nosso tempo, para que eles possam se encontrar com o coração de Jesus. Alguns bem-pensantes ficam escandalizados, achando que assim se vai enfraquecer a força das leis da Igreja... como acontecia com Jesus.

Ligando a Palavra com a ação eucarística

Na preparação das oferendas para a Eucaristia, há um pequeno rito talvez percebido por poucos, sobretudo em seu significado simbólico. É o gesto com o qual o sacerdote derrama algumas gotas de água no cálice, misturando-as com o vinho. A água representa nossa frágil realidade humana que se abre ao Senhor, como no mistério da encarnação. O vinho e a água misturados são apresentados ao Senhor, para que, pela força vital de sua Palavra e do Espírito Santo, sejam transformados no sangue vivo de Cristo que sacia a sede de seu povo, pois é a páscoa do Senhor a nascente perene da água viva.
Jesus abre esta animadora perspectiva também para o caminho da nossa vida. Um caminho sujeito a tantas provações, tentações, fadigas e até desvios, como testemunha a dura experiência de Israel no deserto, embora já tivesse experimentado a fiel providência de Deus (1ª leitura - Ex 17,3-7).
No fundo de si próprio, porém, este incerto vagar guarda a saudade de sua nascente e de sua meta, mesmo quando acaba perdendo o contato com a nascente da água viva, para construir, com suas próprias mãos, cisternas rasgadas, atraído por projetos que se revelam inconsistentes e vazios, como lamenta o profeta Jeremias (Jr 2,5).
O salmista, porém, interpreta, com esperança, o que permanece no fundo do coração e que pode abrir novos caminhos: ‘’Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: quando hei de ir ver a face de Deus?’’ (Sl 42,3).
De onde estamos atingindo nossa água: do manancial do Espírito que fica jorrando dentro de nós ou das cisternas rasgadas que o mundo nos proporciona?
A sede da posse sem medida, a cobiça na exploração dos recursos ambientais estão desertificando a vida do homem, as relações entre as pessoas e os povos, ameaçando o desenvolvimento sustentável.
Ainda pior. O tráfico cruel de pessoas chupa, sem piedade, o sangue inocente das vítimas, como nos lembra a Campanha da Fraternidade de 2014. Participando do único cálice do sangue precioso de Cristo na Eucaristia, somos transformados pelo Espírito Santo no único corpo vivente de Cristo, solidários uns com os outros.

Sugestões para a celebração

- A acolhida atenciosa das pessoas, ao entrarem na igreja para participar da celebração, é um ato de grande relevância humana e pastoral, a ser atuado com fé e com cuidado. Do modo como uma pessoa se sente acolhida, pode depender a qualidade de sua participação na celebração. No irmão e na irmã acolhidos, é o próprio Cristo que é acolhido. N o irmão e irmã que me acolhem é o próprio Cristo que me acolhe. Os fariseus se escandalizam com a acolhida cheia de ternura e misericórdia dos pecadores por parte de Jesus. Os discípulos ficam admirados por Ele falar com a mulher samaritana. Em Jesus, porém, cada um encontra sua casa. Assim seja em nossas comunidades e em nossas assembléias, no meio das quais está o Senhor Ressuscitado.
Evidenciar a progressiva dinâmica batismal dos próximos domingos (3,4,5), destacando como ela conduz os catecúmenos, que estão se preparando para receber os sacramentos da iniciação cristã na Vigília Pascal, a mergulharem no grande Tríduo Pascal, e a cada membro da comunidade a renovar a graça e as promessas de seu Batismo. O ato penitencial pode ser acompanhado pela benção e a aspersão da água benta, memória da água batismal.
- A partir da atitude carinhosa e evangelizadora de Jesus para com a mulher samaritana, apresentar o sacramento da Reconciliação como um encontro transformador com o próprio Jesus, uma experiência de acolhida sem reserva e de renovação.
Ao renovar a proclamação da fé, hoje se pode evidenciar que o’’o senhorio’’ de Jesus, destacado com a formulação ‘’Creio em um só Senhor, Jesus Cristo’’, se exprime através do serviço de amor aos mais marginalizados e problemáticos, partilhando suas dificuldades, como fez Jesus com a mulher samaritana
Para dar maior coerência interior à celebração, é conveniente escolher hoje a Oração Eucarística sobre Reconciliação I (Como é grande, ó Pai, vossa misericórdia-Missal página 866).
Fonte: Roteiros Homiléticos da Quaresma, Março e Abril– CNBB 2014 - Ano A
Fonte: Emanarp em 23/03/2014

Homilia do 3º Domingo da Quaresma,
por Pe. Paulo Ricardo



Reflexão

Chamados para amar a Deus

O Evangelho deste domingo oferece-nos a passagem da samaritana. São João relata que, “cansado da viagem, Jesus sentou-se junto ao poço [de Jacó]”, “por volta de meio-dia” e “chegou uma mulher de Samaria para tirar água”. Essa imagem evoca outros trechos do Antigo Testamento: como o ponto de encontro de Isaac e sua mulher, Rebeca [1]; de Jacó e sua esposa, Raquel [2]; e de Moisés e Sefra, filha de Raguel [3]. O poço está intimamente ligado ao amor esponsal, entre o homem e a mulher.
Lendo a passagem da samaritana a partir de um sentido místico, é possível ler Jesus que pede “Dá-me de beber” como um Esposo que sente sede das almas que desposa. Logo depois, porém, Ele revela que é Ele mesmo quem nos quer dar de beber: “Se tu conhecesses o dom de Deus e quem é que te pede: ‘Dá-me de beber’, tu mesma lhe pedirias a ele, e ele te daria água viva”. A samaritana, não compreendendo o significado profundo das palavras de Jesus, dá-lhe ocasião de explicar que o poço de água viva de que fala não é o poço de Jacó, mas Ele mesmo: “Todo aquele que bebe desta água terá sede de novo. Mas quem beber da água que eu lhe darei, esse nunca mais terá sede. E a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água que jorra para a vida eterna”. Essa “fonte de água” na alma dos que creem no Cristo é, como explica Jesus mais adiante [4], o dom do Espírito Santo.
Neste Evangelho, existe também um paralelo muito próximo com o que acontece na Cruz. Assim como Jesus se senta próximo ao poço, pedindo de beber, pendurado no madeiro da cruz, Ele diz: “Tenho sede” [5]. E assim como, depois, Ele revela ser a fonte de que brota água viva, na Cruz, de seu lado aberto, jorram sangue e água [6]. Nessas passagens, Jesus mostra ser a rocha da verdadeira água; a de Meriba, lembrada na primeira leitura de hoje [7], era apenas uma prefiguração. Mostra também ser a fonte maravilhosa que jorra do templo, profetizada por Ezequiel [8].
Aplicando tudo isso à nossa vida, somos chamados a amar a Deus. Ele tem sede do nosso amor: seja à beira do poço, onde acontece o matrimônio místico entre Cristo e a alma esposa, seja no madeiro da Cruz, onde Ele manifesta seu amor infinito por nós e nos pede que O amemos de volta. Deus tem sede de nós, rebaixa-se de modo a necessitar-Se do nosso amor. Fá-lo porque, em Seu amor, é Ele mesmo quem quer Se dar a nós: “Se tu conhecesses o dom de Deus (...), tu mesma lhe pedirias (...) e ele te daria água viva”.
Mas, como corresponder a esse grande amor divino? Precisamos entender que só Deus pode dar-nos a virtude de amá-Lo com verdadeira caridade. Por isso, é importante que Lhe peçamos essa graça, assim como o fez a samaritana: “Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede e nem tenha de vir aqui para tirá-la”.
Do mesmo modo que atendeu ao pedido daquela mulher – tanto que, de seu primeiro amor interesseiro, ela passa a reconhecer Jesus como o próprio Messias, abandonando o seu cântaro à beira do poço para anunciá-Lo [9] –, Ele atenderá o nosso pedido, fazendo-nos evoluir do amor dos principiantes – que começa com a luta sincera contra o pecado mortal, contra o “cavar cisternas fendidas” denunciado pelo profeta Jeremias [10] –, passar pelo amor dos mais adiantados – no combate ao pecado venial e às doenças espirituais, na busca de estar mais a sós com Deus e no amor ao próximo – até chegar, finalmente, ao amor dos perfeitos – no qual, como canta São João da Cruz, “sólo en amar es mi ejercicio”.
Por fim, bebendo de Cristo, brotarão de nós mesmos “rios de água viva”, pois Ele mesmo nos configurará a Si.
Deus quer o nosso amor. Amemo-Lo. O amor é o distintivo do cristão. Como fez a samaritana, tenhamos a coragem de abandonar os falsos ídolos e saciar a nossa sede na verdadeira fonte de água viva: Jesus.

Referências:
Cf. Gn 24, 11-14
Cf. Gn 29, 1-30
Cf. Ex 2, 15b-22
Cf. Jo 7, 37-39
Jo 19, 2
Cf. Jo 19, 34
Cf. Ex 17, 3-7
Cf. 47, 1
Cf. Jo 4, 28
Cf. 2, 13
Fonte: Reflexões Franciscanas em 23/03/2014

Recadinho

Sua vida é um testemunho público de “Jesus que passa”? - Há preocupação com o essencial ou apenas em coisas externas e secundárias? - Você busca sempre a “água” e o “pão” da vida? - Seu exemplo de vida é um testemunho de fé? - Cite um exemplo de como você anuncia que Jesus é o Redentor!
Padre Geraldo Rodrigues, C.Ss.R
Fonte: a12 - Santuário Nacional em 23/03/2014

Meditando o evangelho

O DOM DE DEUS

Jesus tornou-se o dom de Deus na vida da mulher que ele encontrou junto ao poço de Siquém. A descoberta do dom divino deu-se de maneira gradativa. A reação inicial da mulher foi de rejeição, fruto de preconceitos. Ela não podia compreender como um judeu tivesse a ousadia de dirigir-se a uma samaritana, dado a inimizade histórica entre estes dois grupos.
O comentário de Jesus, diante desta negativa, despertou nela um certo interesse. A alusão à possibilidade de obter "água viva" suscitou um mal-entendido: a mulher entreviu a possibilidade de ver-se livre da obrigação de buscar água, naquele poço tão profundo. Assim, quando Jesus falou de uma água que jorra para a vida eterna, ela manifestou o desejo de obtê-la. Para isso, o Mestre colocou como condição que trouxesse consigo seu marido. Foi quando Jesus começou a penetrar na vida pessoal da samaritana, mostrando conhecê-la muito mais do que ela pensava. O Mestre manifestou seu interesse por aquela mulher desconhecida. A partir daí ela começou a se abrir para a fé. O tema da água foi substituído pela questão da adoração a Deus. De modo pedagógico e delicado, Jesus conduziu-a nos meandros da fé, a ponto de fazê-la compreender que tinha diante de si o Messias longamente esperado.
Assim que ela acolheu o dom de Deus na pessoa de Jesus, tornou-se proclamadora de sua presença como Messias salvador. E muitos acreditaram, a partir do testemunho da mulher.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês)
Oração
Pai, em Jesus, tu nos destes um dom precioso. Dá-me a graça de reconhecê-lo e acolhê-lo, cheio de fé, e deixar minha vida ser transformada por ele.
Fonte: Dom Total em 23/03/2014 15/03/2020

Oração
Ó Deus, fonte de toda misericórdia e de toda bondade, vós nos indicastes o jejum, a esmola e a oração como remédio contra o pecado. Acolhei esta confissão da nossa fraqueza para que, humilhados pela consciência de nossas faltas, sejamos confortados pela vossa misericórdia. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Dom Total em 23/03/2014

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. A MULHER SAMARITANA
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Cada um de nós tem o seu “poço” onde em todos os dias se busca matar a sede das realizações humanas, procurando de alguma forma concretizar os nossos ideais. É uma tarefa constante e que se torna  monótona e rotineira, correndo até o risco de perder o seu sentido. Um belo dia se descobre que, aquilo que buscamos de maneira tão insistente, está fora do nosso alcance. É verdade que em nossa trajetória conseguimos chegar a alguns horizontes que vislumbramos, mas onde pensamos ser o ponto de chegada, acaba se tornando ponto de partida porque novos horizontes são vislumbrados. Na infância eu gostava de fazer essa tentativa de ficar perto das nuvens do céu, e certa ocasião, em férias na capital, escalamos o pico do Jaraguá, um lugar muito alto de onde se avista a grande São Paulo, mas que está muito longe das nuvens que eu imaginara poder tocar, na minha visão lá de longe e foi frustrante.
Quando colocamos toda nossa esperança nesses horizontes aqui de baixo, encarnamos o personagem de “Dom Quixote de Lã Mancha”, e corremos atrás de ilusões, uma carreira bem sucedida, no esporte, na arte, na vida profissional, ambições e escaladas de postos que vão sendo galgados, mas quando chegamos ao topo, percebemos que ainda falta algo.
A mulher samaritana, que se encontra com Jesus á beira de um poço, vem dessa busca humana, de algo que a satisfaça plenamente. A água do poço de Jacó, que ela vai buscar diariamente, parecer ser suficiente para alcançar seus objetivos, ela experimenta Deus no cumprimento da Lei e nas Tradições religiosas do seu povo, e isso lhe basta.
A catequese quaresmal nos atiça a mente e o coração para intensificarmos a busca do transcendente. Na história da Igreja, Santo Agostinho, que julgava ter encontrado a plena alegria nos prazeres carnais,  após a conversão irá afirmar, com base nessa experiência; “o meu coração inquieto, só terá sossego quando em Deus repousar...” Todo ser humano traz em si essa inquietude que perpassa toda a existência, corremos sempre atrás de algo que parece inatingível...
Jesus encontra-se diante de alguém que não conhece outro caminho na busca dessa realização, que não seja a esperança humana, fundamentada na tradição, para a mulher, nada é mais importante do que o Pai Jacó, que ouviu de Deus as promessas, e que fez aquele poço para saciar a sede do seu povo. Nós cristãos, às vezes nos apegamos em demasia á igreja Instituição  e esquecemos do essencial que é ser a “Eclésia” dos que conhecem a Verdade e a buscam, não nas ambições humanas, mas Naquele que é a Verdade.
Se não nos acautelarmos, o ativismo pastoral e religioso na igreja ou nos movimentos, poderá ser esse Poço do Pai Jacó, que nos satisfaz por aquilo que somos e que fazemos. Quando por alguma razão, somos tirados de certas funções, parece-nos que falta o chão. Por que será? O poço de água viva em nossas comunidades cristãs, não é o que somos, ou quem somos, ou o que fazemos, mas é Jesus Cristo, quando fazemos com ele e nele essa experiência, o que somos, quem somos ou o que fazemos, ganha um novo sentido e um novo significado.
Mas é preciso um diálogo franco e aberto com o Senhor, por isso esse terceiro domingo do grande retiro quaresmal somos convidados a fazer esse encontro e a compararmos a diferença dessas duas águas, aquela  que nós oferecemos á comunidade, naquilo que somos e fazemos, e a que Jesus nos oferece com sua graça. Em nossas pastorais e movimentos, muitas vezes nos achamos o máximo, mas se alguém disser que a nossa água está salobra o mundo se acaba e desistimos de tudo.
Aquela mulher vai confrontando a sua vida conforme o diálogo com Jesus se aprofunda. Ela não é um personagem isolado criado pelo evangelista João, mas representa o Povo de Israel e as nossas comunidades com todos os organismos e instituições que a compõe. E como essa mulher, muitas vezes não nos damos conta de que na comunidade encontramos Aquele que é a verdadeira e única água Viva. Perdemos tempo enchendo nossos baldes de ambições, prestígio, sucesso, poder. Nossa doação é na verdade um “alisar” o nosso ego e exaltar nosso carisma. Não nos damos conta de que o Reino é muito maior do que aquilo que enxergamos, e que as coisas que fazemos irão passar pois outros virão, melhores do que nós.
A mulher, que começou o diálogo de maneira ríspida, logo se dá conta de que Jesus oferece algo que ela ainda não havia experimentado. Algo que com seu próprio esforço jamais iria conseguir. Quem está á sua frente não é um estrangeiro, nem um homem comum ou Profeta, como chegou a pensar, mas descobre que ele é o Messias, e que Nele poderá encontrar algo muito mais significativo do que as tradições do seu povo, os ritos e a Lei. Sua atitude não é mais a de isolar-se em seu grupo, raça ou cultura, mas agora se torna anunciadora da Verdade na região da Samaria. Parece que o viver em uma religião fechada, com sua doutrina, ritualismo e preceitos, ainda continuam para muitos, a ser o caminho mais fácil de percorrer. A Samaria do mundo aguarda impaciente o grito maravilhado dos cristãos, que fizeram a experiência com Cristo em sua vida, que o encontraram ao encontrarem-se a si mesmo e aos irmãos.
O homem não vai saciar a sua sede com a água salobra dos poços disponíveis, perfurados pela tradição, ou pelas vãs ideologias, todos aguardam ansiosos por esse grito dos cristãos, sobre a descoberta de Jesus, a Água Viva que nos transforma em fontes borbulhantes saciando a todos com quem nos relacionarmos. A grande Samaria nos espera... Vamos em frente, e que sejamos bem sucedidos como a mulher Samaritana, que com seu testemunho conduziu muitos a Jesus.
José da Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmaiol.com

2. A samaritana pediu: Dá-me de beber! - Jo 4,5-42
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Côn. Celso Pedro da Silva, ‘A Bíblia dia a dia 2017’, Paulinas e disponibilizado no Portal Paulinas - http://comeceodiafeliz.com.br/evangelho)

Do deserto da tentação passamos ao monte da Transfiguração e, de lá, ao poço de Jacó, na Samaria. O que temos no poço? Água. Estamos nos encaminhando para a Páscoa do Senhor e no caminho encontramos água, não qualquer água, mas a água que jorra para a vida eterna. Foi mergulhando nas águas do Batismo que iniciamos o caminho da nossa vida cristã. Na Vigília Pascal vamos renovar o nosso Batismo, nossa vontade de estar sempre com Cristo e em Cristo, nossa disposição de sermos cristãos. A água é um elemento material que, juntamente com a Palavra, se torna sinal de algo novo, que está acontecendo e que se vê com os olhos da fé. No fundo das águas ficou a velha criatura e saiu, ressuscitado, o cristão, criatura nova, movida pelo Espírito de Deus. Pare e reflita. Você é o cristão saído das águas para uma vida nova. Pense na sua dignidade, pense na feliz eternidade. Mostre o Espírito Santo agindo em você. Mostre que da pedra dura pode jorrar água para matar a sede do povo.
Fonte: NPD Brasil em 15/03/2020

HOMILIA

O DESEJO DA ETERNIDADE

À samaritana e a todos os que de alguma forma se reconhecem em sua situação, Jesus faz uma proposta radical no Evangelho deste domingo: buscar outra «água», dar um sentido e um horizonte novo à própria vida. Um horizonte eterno! «A água que eu lhe darei se converterá nela em fonte de água que brota para a vida eterna.» Eternidade é uma palavra que caiu em «desuso». Converteu-se em uma espécie de tabu para o homem moderno. Crê-se que este pensamento pode afastar do compromisso histórico concreto para mudar o mundo, que é uma evasão, um «despertar no céu os tesouros destinados à terra», dizia Hegel.
Mas qual é o resultado? A vida, a dor humana, tudo se torna imensamente mais absurdo. Perdeu-se a medida. Se na nossa vida faltar a visão da eternidade, todo sofrimento, todo sacrifício parece absurdo, desproporcionado, nos «desequilibra», derruba-nos. São Paulo escreveu: «A leve tribulação de um momento nos produz, sobre toda medida, um pesado caudal de glória eterna». Em comparação com a eternidade da glória, o peso da tribulação lhe parece «leve» (a ele, que sofreu tanto na vida!) precisamente porque é «passageiro». Com efeito, acrescenta:
«As coisas visíveis são passageiras, mas as invisíveis são eternas» (2 Cor 4, 17-18). Já para o filósofo Miguel de Unamuno, dizia a um amigo que reprovava, como se fosse orgulho ou presunção, sua busca de eternidade, respondia nestes termos: «Não digo que mereçamos um mais além, nem que a lógica o demonstre; digo que precisamos, mereçamos ou não, simplesmente. Digo que o que passa não me satisfaz, que tenho sede de eternidade, e que sem esta tudo me é indiferente. Sem ela, já não existe alegria de viver... É fácil demais afirmar: ‘Devemos viver, devemos conformar-nos com esta vida’. E os que não se conformam?». Não é que quem deseja a eternidade mostra que não ama a vida, mas sim quem não a deseja, dado que se resigna tão facilmente ao pensamento de que aquela deva terminar.
Seria um enorme lucro, não só para a Igreja, mas também para a sociedade, redescobrir o sentido de eternidade. Ajudaria a reencontrar o equilíbrio, a relativizar as coisas, a não cair no desespero diante das injustiças e a dor que há no mundo, ainda lutando contra elas. A viver menos freneticamente.
Na vida de cada pessoa, houve um momento em que se teve certa intuição da eternidade, ainda que confusa. Devemos estar atentos para não buscar a experiência do infinito nas drogas, no sexo desenfreado e em outras coisas nas quais, no final, só permanece a desilusão e a morte. «Todo aquele que beber desta água voltará a ter sede», disse Jesus à samaritana. Deve-se buscar o infinito no alto, não no que é baixo; acima da razão, não por abaixo dela, nas ebriedades irracionais.
Está claro que não basta saber que a eternidade existe; é preciso também saber o que fazer para alcançá-la. Perguntar-se, como o jovem rico do Evangelho: «Mestre, o que devo fazer para ter a vida eterna?». Leopardi, na poesia O Infinito, fala de uma cerca que oculta da vista o último horizonte. Qual é, para nós, esta cerca, este obstáculo que nos impede de olhar para o horizonte último, para o eterno? A samaritana, aquele dia, compreendeu que devia mudar algo em sua vida se desejava obter a «vida eterna», porque em pouco tempo a encontramos transformada em uma evangelizadora que relata a todos, sem hesitar, o que Jesus lhe disse: «Ele disse-me tudo o que eu fiz.».
Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla
Fonte: Liturgia da Palavra em 23/03/2014

HOMILIA

Espiritualidade Bíblico-Missionária

Certamente nós estamos sedentos de vida, de paz, de alegria. A humanidade tem uma fonte aos seus pés, e é preciso descobri-la. A samaritana parecia cansada de buscar água no poço de Jacó, pois até pede para que Jesus lhe “desse dessa água”, para que não precisasse mais vir buscá-la. Jesus fala de outra água que mata a sede de vida. Mais tarde a samaritana compreende o ensinamento de Jesus.
O Evangelho deste domingo da Quaresma nos aproxima da fonte de vida. A caminhada do povo pelo deserto foi difícil, foi dura, a ponto de reclamar a Moisés: “Por que nos fizeste sair do Egito? Foi para nos fazer morrer de sede, a nós, nossos filhos e nosso gado?” A criatura humana é complexa, tem desejos novos insaciáveis.
A samaritana é bem esse coração humano. Será que ela imaginava que havia uma água que podia matar sua sede, seus anseios, seus desejos? Procura a vida e parece não a encontrar, espera o Messias e Ele parece distante ou nunca levou a sério o encontro com Ele.
Será que não somos assim também? Estamos até cansados de beber a água que não nos sacia, mas continuamos a bebê-la, e descuidamos dos dons que Deus infundiu em nós na gratuidade de seu amor. A pergunta diante da água que bebemos e não nos sacia é: Como estamos vivendo nossa fé, nosso batismo? Será que somos como cisternas rachadas que não retém a água, ou estamos satisfeitos com esse modo de viver?
Se há o abandono da “fonte de água viva” que é Jesus mesmo, Ele mesmo nos recorda que precisamos olhar de modo mais largo, ser menos míopes, pois só a infinita bondade e eternidade podem nos saciar completamente. Portanto, o episódio da samaritana e Jesus no poço de Jacó é um apelo veemente para nossa mudança de mentalidade e de vida.
Concluímos essa Espiritualidade com a bela palavra de Pe. Raimundo Vidigal, CSsR: “O encontro pessoal com Jesus na fé é capaz de mudar nosso interior. Encontrar Jesus e reconhecer nele o Salvador significa descobrir que na sua pessoa “o Senhor está realmente no meio de nós”, como alguém que propõe um modo diferente de ver a vida e seus problemas; como aquele que nos dá a água viva que sacia nossa sede, que nos dá sua palavra, fonte de vida. A água viva é ele próprio, enquanto revelação do amor de Deus; e é o dom do Espírito Santo, espírito do amor de Deus, derramado em nossos corações, garantia de uma esperança que não decepciona. O novo Moisés, que fez brotar a água do Espírito que dá vida, está aí, nos esperando pacientemente à beira de um poço. Não faltemos ao encontro! A graça dos sacramentos pascais nos restitua a inocência e a força de uma vida renovada”.
Redação “Deus Conosco”

REFLEXÕES DE HOJE

DOMINGO

Fonte: Liturgia Diária Comentada2 em 23/03/2014

REFLEXÕES DE HOJE

DOMINGO

Fonte: Liturgia Diária Comentada2 em 15/03/2020

HOMILIA DIÁRIA

Jesus é a fonte da água viva!

Jesus é a água viva, quem d’Ele bebe jamais terá sede! Jesus nos sacia dessa sede de eternidade que nós temos e preenche os vazios da nossa alma e do nosso coração.

”Todo aquele que bebe desta água terá sede de novo. Mas quem beber da água que eu lhe darei, esse nunca mais terá sede. E a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água que jorra para a vida eterna” (João 4, 13-14).

O relato do Evangelho de hoje nos mostra o encontro de Jesus com a samaritana, junto ao posto de Jacó. Relato lindo, maravilhoso, cheio de ensinamentos profundos para a nossa vida! Vamos hoje nos deter em um ponto importante: a água que essa mulher vai buscar na fonte.
Como nós precisamos da água, como a água para nós é o símbolo grande da vida, a nossa vida é preenchida pela água, o nosso corpo, o mundo em que nós habitamos! É  impossível pensar na vida sem pensar na água, talvez queiramos viver a vida e não dar tanta importância para ela, mas só existe vida onde a água está. Se a água seca, a vida também seca, por isso, essa mulher vai ao poço, ela vai ali todos os dias buscá-la [água].
Mas, é porque temos a água em nossas casas, tudo canalizado e a água chega com a abundância e nós, muitas vezes, não damos significado e valor a essa beleza da natureza, esse dom, esse presente do céu que significa  para nós.
Entre tantas coisas importantes que a água pode significar, ela é o símbolo da pureza; a água cristalina, pura, límpida; essa água nos lava, cai no nosso corpo, a água com a qual a mamãe lava seu filho,  seu bebê, dá banho nele, é a mesma água que irá nos lavar a vida inteira e não vai permitir que o nosso corpo caminhe em meio a essa terra e seja tomado pelas impurezas e sujeiras deste mundo.
Que dom maravilhoso, que dom precioso é a água! A água, que se faz presente em nosso batismo, como símbolo e como dom do Espírito Santo, a água derramada em nossa cabeça nos purifica e nos lava dos nossos pecados, a água do próprio Espírito, a água que nos redime e faz de nós criaturas novas.
Nesta Quaresma nós precisamos de um banho nessa fonte de água viva, que é o próprio Jesus; Ele vem para nos salvar e nos purificar. E um outro dom maravilhoso da água é que ela sacia a nossa sede. “Dá-me de beber”, diz Jesus.
Essa mulher foi, muitas vezes, buscar essa água para beber, da qual ela bebeu e saciou sua sede, mas você sabe que nós bebemos da água, ela sacia nossa sede momentânea, mas a sede depois volta e nós até, muitas vezes, cansados, ou querendo coisas mais práticas, substituímos água por refrigerante, por sucos, na tentativa de que outras coisas saciem mais a nossa sede.
A nossa alma tem uma sede muito mais profunda, nós temos uma sede de satisfação, nós temos uma sede de realização, nós temos uma sede de eternidade; nós temos sede de coisas mais profundas! Vamos nos preenchendo com coisas momentâneas, vamos nos preenchendo com coisas deste mundo, vamos saciando nossa sede com aquilo que, na verdade, cria um buraco maior dentro de nós e nos deixa ainda mais sedentos.
Jesus é a água viva, quem d’Ele bebe jamais terá sede! Jesus nos sacia dessa sede de eternidade que nós temos, Ele preenche os vazios da nossa alma e do nosso coração e dá sentido à nossa resistência. Que nós também hoje possamos ir ao “poço de Jacó” buscar essa água, que nos lava e sacia a nossa sede!
Que Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 23/03/2014

HOMILIA DIÁRIA

Somente Jesus pode saciar a nossa sede

“Todo aquele que bebe desta água terá sede de novo. Mas quem beber da água que eu lhe darei, esse nunca mais terá sede. E a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água que jorra para a vida eterna” (João 4,13-14).

É um encanto olharmos o relato do Evangelho de hoje. Quando Jesus chega a Samaria, cansado da viagem, Ele vai ao poço buscar água para beber, e a mulher estava ali para tirar a água, mas Jesus não se fez de rogado e disse a ela: “Dá-me de beber”.
Ele não só pede para uma mulher, o que já não era comum, usual ou até bem-visto pela cultura: um homem pedir água para uma mulher. Ainda mais sendo um judeu pedindo para uma samaritana. Por isso, a própria mulher se espanta e diz: “Você não está vendo que sou uma mulher, que eu sou samaritana?”.
Os judeus e samaritanos não se dão, mas Jesus não jamais para nos preconceitos e rivalidades humanas, nas disputas humanas, nos ranços, ressentimentos, nas mágoas e rancores que não são superados, muitas vezes, até multiplicados por anos e vida afora.
Infelizmente, quantos rancores estamos deixando criar barreiras nas nossas relações. Jesus é Aquele que vem e quebra as barreiras para criar pontes de relacionamento, de estreitamente no amor, porque, na verdade, não importa se é judeu ou samaritano, somos um só diante de Deus porque somos Seus filhos.

Só Jesus pode nos saciar, só Ele pode preencher o vazio que, muitas vezes, toma conta da nossa vida

A mulher disse a Jesus: “Senhor, Tu nem sabe a profundidade desse poço para dele tirar água. Como me pede água para beber?”. E Jesus disse: “Mulher, todo aquele que bebe dessa água volta a ter sede, mas quem bebe da água que eu der, nunca mais terá sede”.
Sabemos como é a sede da vida, não é só a sede de água ou de líquidos que tomamos. Há uma sede mais profunda em nós, uma sede de amor, de eternidade, de cuidados, de sermos curados e esse mundo não sacia a nossa sede, pelo contrário, afunda a nossa sede, nos coloca ainda mais secos; e precisamos da água viva que é Jesus e só Ele pode nos dar.
Só Jesus pode nos saciar, só Ele pode preencher o vazio que, muitas vezes, toma conta da nossa vida e da nossa existência. Só Jesus pode curar esse poço ferido que somos nós, manchados e marcados pelas feridas dos relacionamentos, pelas situações não resolvidas da vida e pelo cansaço com a própria vida.
Só Jesus, com a Água Viva, pode lavar, purificar, renovar e restaurar a vida maculada, a vida ferida que está em nós, porque só Ele é a Água Viva que dá a vida pela nossa vida.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
Fonte: Canção Nova em 15/03/2020

Oração Final
Pai Santo, que nós façamos o bem sem discriminações. Livra-nos, Pai amado, de julgamentos, condenações, exclusões de irmãos por quaisquer razões que sejam. Queremos amar a todos, como somos amados por Ti e pelo Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 23/03/2014

ORAÇÃO FINAL
Pai Santo, que nós façamos o bem sem discriminações. Livra-nos, amado Pai, de fazer julgamentos, condenações, exclusões de irmãos por quaisquer razões que sejam. Queremos amar a todos, como somos amados por Ti e pelo Cristo Jesus, teu Filho que se fez nosso Irmão e contigo reina na unidade do Espírito Santo.
Fonte: Arquidiocese BH em 15/03/2020